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História Tormento - A Descoberta


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Amoooores, já encontro-me em terras quentes brasileiras!!!!
Foi basicamente IMPOSSÍVEL postar antes por conta da dificuldade em encontrar tempo e espaço. Idioma diferente e confusão no momento de escrever também me impediram de escrever algo para vocês. Agora consegui sentar, reler e recuperar o ponto da escrita e trouxe agora para vocês!
Mais uma vez eu devo desculpas pela demora, e que não tenham perdido a animação com a Fic, caso tenham eu prometo fazer com que amem a história novamente!

Um beijo no coraçãozinho de vocês!!!!!

Capítulo 18 - A Descoberta


As quatro voltam a embrenhar-se por entre as árvores da floresta, retornando ao local do ataque para recolher seus pertences que lá ficaram. Lauren e Camila não haviam percebido o quanto haviam corrido desde que deixaram a cabana no meio do nada, para fugir do homem que empunhava uma arma entre as mãos e ansiava pela morte das jovens. Eram quase vinte minutos de caminhada, quando encontraram a cabana improvisada. O som de bater de asas dos insetos que já encontraram o corpo inerte do homem que levara Ellen. Ele, com um tiro certeiro no centro de sua testa, já não sangrava mais, permanecia com o rosto sujo de um líquido escurecido e endurecido pelo curto tempo que lá o deixaram. O corpo pendia para o lado, a cabeça baixa e seus olhos cerrados. Sarah pediu para que parassem e empunhou sua arma a frente, enquanto atravessava a distância de aproximadamente três metros, até a entrada da cabana.

Lauren e Camila a seguiram, logo atrás vinha Ellen, como se escoltasse as garotas até o ponto onde Sarah estava protegendo-as pela frente. As garotas ficaram do lado de fora, sob a companhia da tenente, enquanto Sarah, empunhando ainda sua arma, entrava no local. O cheiro forte de barro úmido lhe fez tossir, antes que acostumasse com o aroma estranho. Havia um colchonete mais ao fundo, ao lado de um balde de metal, que parecia conter pedaços queimados de madeira e um arame de ferro, aparentemente assava alguma coisa com aqueles objetos. O colchonete já surrado e sujo devido ao tempo, ficava próximo a um tronco de madeira. A frente alguns objetos talhado na faca, formavam figuras de pequenos soldados, como brinquedos antigos. Cuidadosamente bem talhados, em alinho a um pedaço de papel jogado ao chão. Sarah aproximou-se e percebeu se tratar de uma espécie de carta. Cuidadosamente pegou entre as mãos e esforçou-se em ler, tamanha fonte ruim que encontrava-se ali. “Cuidado com o Bode”.

- Cuidado com o Bode - repetiu dessa vez em voz alta.

- Com o que?

Sarah olhou assustada para o lado e percebeu o olhar curioso de Lauren sobre si. A garota era forte, pensou ela, jamais desistiria enquanto estivesse ali, de descobrir a razão de terem sido sequestradas. Lembrou-se então dela mesma e da força de vontade de Ellen. Tão imatura era a policial, tão enérgica e esforçada. Lauren tinha os mesmos traços ousados que sua esposa.

- Não entendo a razão do que está escrito aqui… mas este homem esperava algo.

No chão havia nada mais ali, não fosse um desenho feito na própria areia que cobria o chão. Era um animal com longos chifres. Uma bíblia ao chão, suja com barro, ao lado de pratos de metal sujos com comida estragada. Algumas roupas jogadas em um saco plástico furado pelo tempo. Por fim o mais importante, embaixo daquela humilde sacola com roupas, havia um envelope amarelado e úmido. Sarah adiantou-se ouvindo os passos curtos de Lauren entrarem no lugar, enquanto pegava o envelope.

Colocou a arma na cintura novamente e abriu o pedaço empoeirado de papel. Era uma carta escrita a mão, uma letra mal desenhada, quase em garranchos. Podia notar que a mão que escrevia tremia bastante, dificultando a qualidade em sua escrita. Mas imediatamente sua respiração lhe faltou, quando leu as primeiras palavras.

“Senhor eu rogo. Perdoe-me todo mal, perdoe-me toda descrença. Receba minhas filhas e minha esposa em seus braços, cuide e proteja-as como não consegui. Aqui vos deixo minha vida, para que leves quando assim desejar. Não serei causador da minha morte, se desejas que eu sofra, sofrerei então. Recolhendo-me ao teu perdão, assim que for de sua vontade.”.

Lauren já estava ao seu lado e a olhava atentamente. Entregou para a garota o pedaço de papel. Esta o leu repetidas vezes, antes que seus ombros caíssem descrentes. Possivelmente era do homem que havia sequestrado Ellen e possivelmente ajudava em tudo que vinha acontecendo. Sensibilizar-se com alguém que cometera tamanho mal a duas jovens inocentes não era lá algo a deixar de se pensar, quando lido um texto tão comovente. Não, jamais sentiria pena de alguém que ajudara a fazer o que fizera. Socar o rosto de um homem com uma pedra. Um homem que nunca viu na vida, um homem que nem sabia o nome ou até mesmo as formas de seu rosto antes de desfigurar-lhe a face. Não parou para observá-lo ou até mesmo pensar no que estava fazendo. Já aquele homem, ele sabia por qual motivo estava lá. Poderia ter ido embora, buscado por perdão em atos bondosos e não mantido-se ali, onde cometia diversos crimes e maldades contra pessoas inocentes. Jamais acreditaria na bondade daquele homem. Aquela carta tão religiosa ia em contraste com o que fazia. Jamais acreditaria naquele Deus que recusava a levar a alma daquele homem, permitindo que matasse ou torturasse pessoas inocentes. Não, aquilo não era obra de Deus.

- É engraçado - Sarah comentou pegando a bíblia jogada ao chão - Sabe, eu tenho crenças, apesar de não parecer, mas jamais entenderia o que se passa na cabeça desses fanáticos. Há objetos bíblicos por toda parte, olha isso.

Era curioso como Sarah tratava Lauren como adulta, conversando e discutindo como se fossem pessoas da mesma idade e experiência. A garota pegou o livro que a comandante lhe estendia, já na página desejada e curiosamente o texto marcado com caneta falha dizia: “Oséias 13-16 Samaria virá a ser deserta, porque se rebelou contra o seu Deus; cairão à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas grávidas serão fendidas pelo meio.”

Com os olhos arregalados, Lauren a olhou, Sarah deu de ombros e olhou mais ao fundo.

- Ele se sentiu castigado?

- O mal feito, jamais será desfeito - disse sem olhá-la.

- Mas a ponto de acreditar que pagou pelo que fez?

- Religião e crença é algo que jamais poderá ser discutido. Não acho que Deus é o que esse livro diz ser. Se o fosse, a maldade dele chega a ser maior que do próprio Diabo. Grávidas serão fendidas pelo meio? Isso é ridículo. Mais ridículo ainda é este homem acreditar que não há mais o que fazer e continuar causando tanto mal as outras pessoas.

- Mas Sarah…

Não conformada, Lauren folheou as finas páginas contendo letras tão pequenas e percebeu mais um trecho marcado com a mesma caneta. A marcação quase rasgara a página. Mas antes que pudesse ler, Ellen entrou na cabana com o rosto apreensivo.

- Vamos, temos que sair daqui o mais depressa possível - disse ela eufórica.

- O que houve?

Perguntou Sarah sem estancar o passo, apressando-se em deixar a cabana. Confiava na esposa e jamais questionaria antes de agir conforme ela pedia. Deixaram a cabana rapidamente, Lauren encontrou Camila já seguindo para um canto de mata fechada, aguardando a aproximação das demais. Em poucos instantes juntaram-se a ela e adentraram na mata.

Caminhavam a passos largos, enfrentando pequenos galhos que lhes roçaram a pele. Logo Ellen estendeu a mão e pediu para que todas se escondessem em uma área mais densa. Lauren imediatamente sentiu-se revivendo algum momento, tal tensão lhe tomava conta. Em questão de segundos, um grupo de aproximadamente cinco homens se embrenhavam entre as folhagens, pisando cuidadosamente na vegetação seca aos seus pés. Carregavam fusíveis, armas de grande porte e até mesmo em alguns casos, facas enormes. Lauren soltou um gemido que logo fora abafado por suas próprias mãos.

Como diabos saíriam daquele lugar com segurança se estava escoltado de uma ponta a outra? Camila agarrou-se ao braço de Lauren, que o abriu imediatamente abraçando-a em uma demonstração pura de carinho e proteção. Era disso que a latina mais gostava, um cuidado que há muito já não sentia. Ellen e Sarah estavam preparadas. Se a qualquer momento invadissem a pequena vegetação onde se escondiam, agiriam rapidamente.

Os homens sequer olharam na direção onde estavam. Avançavam a frente, a passos rígidos e expressões furiosas. Alcançaram a pequena cabana, olhavam para os corpos no chão. O homem com uma bala certeira no meio da testa e o outro mais a frente, ao qual Lauren não conseguiu olhar direito.

- Mas que caralho - um deles bravejou - Não conseguem pegar duas mulheres? Não conseguem manter duas garotas? Qual o problema de vocês?

Ele virou em direção aos demais, a expressão feroz e bastante incomodada. Aparentemente era o líder, talvez não de tudo, mas daquela área em específico. As quatro ficaram em silêncio, procurando não permitir que nem mesmo a respiração chamasse a atenção deles. O líder caminhou até o corpo sentado com a cabeça pendida. Chutou fazendo-o cair para o lado inerte. Visivelmente alterado e uma revolta lhe tomando conta, o homem chutou a cabeça do morto sem qualquer respeito.

- A gente vai achar essas duas vagabundas - disse apontando a arma para os homens - E se a gente não encontrar essas filhas de uma puta, eu dou um tiro em cada um de vocês.

Foi suficiente para causar um tremor e cochichos revoltosos contra ele. Ainda assim, nenhum deles foi capaz de levantar a voz contra o líder. Vasculharam por mais alguns minutos e não encontrando nada que lhes fosse útil, deixaram o local seguindo a frente, onde possivelmente encontrariam o corpo do outro rapaz, ao qual tinha sua face completamente desfigurada. Aparentemente não voltariam a dormir em paz, já que agora procuravam pelas oficiais. O jogo havia invertido naquele instante e toda tranquilidade e permissão de liderarem por ali, havia acabado em um piscar de olhos.

- O que faremos? - sussurrou Camila preocupada.

Pela primeira vez desde que se encontraram, Lauren percebeu o semblante de Sarah mudar-se. Agora assumia uma expressão de preocupação e dúvida. Um misto de inquietude que assumia um corpo ainda mais firme. A comandante olhou para o chão, como se buscasse em seu íntimo uma resposta para aquela situação. Ellen, em um apoio visivelmente costumeiro, tocava seu ombro com as mãos sujas de terra e sangue.

- Vamos continuar com nosso primeiro plano - disse ela - Seguiremos até o posto policial de onde saímos, Ellen e eu depois vamos investigar o que se passa nessa merda de lugar.

- Vão voltar pra cá sozinhas? - perguntou Lauren incrédula.

- Sim - disse Sarah convicta.

- Se forem investigar alguma coisa, iremos com vocês - disse Lauren recebendo um olhar de extrema desaprovação.

- Como? Está louca? Não. Vocês vão para casa sã e salvas.

- E pensar que as duas mulheres que nos salvaram a vida estariam mortas? Não, obrigada. Eu ficarei aqui e irei com vocês. Mas concordo de irmos ao posto, para que possamos ao menos salvar a vida de Camila.

- Como é? - irritou-se Camila.

- Você vai pra casa contar tudo, Cam.

- Eu não vou a lugar algum sem você, Lauren.

- Mas alguém precisa saber o que se passa aqui. Se todas nós morrermos aqui, nunca saberão o que acontece nesse lugar e pessoas inocentes continuarão morrendo.

- Eu vou com você aonde você for. Se formos para casa, ótimo. Se ficarmos aqui, ótimo também.

- Cam…

- Não, Lauren. Se quer ser louca de arriscar sua vida, serei louca junto com você.

Lauren olhou-a incrédula. Sabia que não conseguiria mudar sua postura. Ela sempre fora bem cabeça dura quando decidida a postura que tomaria. Entendia seu lado igualmente, jamais conseguiria separar-se da garota depois de tudo o que viveram. Sentiu um aperto e percebeu que no instante que decidiu se afastar de Camila, foi para que assim ela continuasse com vida. Era mais importante que cuidar da sua própria, se ela estivesse bem, sentiria-se igualmente bem.

- Parem com isso - Sarah vociferou levantando-se e saindo.

- Sarah - Ellen chamou-a insegura.

- Eles se foram - olhou para o lado - Já estão longe. Vamos seguir pelo caminho contrário, para não correr o risco de nos deparar com eles.

- Espere - Camila saltou e foi em sua direção - O que faremos?

- Vamos levar vocês para casa e depois iremos montar um plano mais sólido.

- Vocês têm equipe aqui? - Lauren perguntou curiosa - Disseram serem de outro país, então não existe ninguém aqui para ajudá-las.

- Essas pessoas são uma facção, Sarah - Camila comentou - São algo grande. Nunca conseguiriam cuidar disso sem serem mortas. A polícia daqui serve a eles e não a nós.

Sarah olhou-a curiosa. Ela falava a verdade. Ainda que conseguissem escapar com vida, aquele problema iria existir para todo sempre. Havia algo muito grande naquele lugar, algo extremamente sério. Quantas garotas já não foram sequestradas e mortas por aqueles homens e sabe-se lá o que eles faziam com essas moças? Começaram a caminhar sem direção, a princípio voltariam para o posto, mas a dúvida pairava de maneira confusa. A sensação que deviam a tantas vítimas uma solução, ir lá e acabar com todos eles. Ninguém seria preso, isso não aconteceria, Sarah sabia. Já vira isso acontecer em outros carnavais. Mas o que poderia ser feito? Matar a todos?

- Matar todos eles - Lauren disse chamando a atenção de todas para si.

- Como? Do que está falando, Lauren - Sarah preocupou-se.

- Sinto-me mal por ter acabado com a vida daqueles homens. Mas vendo o ódio deles e a vontade deles em matar vocês… que nada têm com isso tudo, o que posso fazer? Acho que se jamais seriam presos, ao menos iriam pagar pelo que fizeram.

- Traduzo sua atitude tão somente como vingança, Lauren - Sarah repreendeu e Lauren ficou surpresa.

Havia no tom de voz de Lauren toda uma postura de orgulho, de vitoriosa e de repente sentiu seus ombros caírem e seus olhos se arregalarem. Sarah estava firme, caminhava com sofreguidão e não olhava para trás, quando o fazia, seu olhar era maternal. Não havia no tom dela algo desdenhoso ou irônico, mas realista. E ela estava certa. A raiva que Lauren sentia era profunda. Haviam tentado machucá-las e agora que percebia a quantidade deles e como eles eram ruins, não conseguia sentir nada além de ódio. Esse ódio crescia a cada passo, a cada folha seca pisada ou noite mal dormida. Seu estômago gritava e a noite caia brutalmente. Aquele dia foi tão cheio, tão agressivo, que seus olhos logo entregaram-se as lágrimas silenciosas. A raiva cegava sua mente, sentia o coração disparado, enxugou-as e continuou caminhando.


Notas Finais


Na terça volto com mais um capítulo e retomamos os dias normalmente!


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