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História Tormento - Em Fuga


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Foi através dos comentários e dos estímulos, que de 60 iniciais capítulos, a fanfic 30 Dias finalizou com 121. Meus resumos e projetos para O Tormento, eram inicialmente de 20 capítulos! Diante dos comentários e do carinho que ando obtendo com alguns leitores constantes aqui, a Fic já tem planos para os 40 capítulos! Obrigada de coração por cada comentárioo e pela paciência na espera!
Aos novos leitores, fico feliz que tenham chegado até essa Fic e gostado, espero poder continuar agradando a leitura de todos vocês!!!!!!!!
Um beeeeeeijo enormeeeeeee
:*

Capítulo 19 - Em Fuga


Haviam caminhado até a lua subir ao alto e iluminar o caminho. Quando tornou-se escuro demais para continuarem e o receio de ligar as lanternas para seguirem, chamando a atenção de quem estivesse por perto as impediram de continuar. Sarah estava em silêncio, nada disse durante todo o percurso. Aquietou-se em um canto e estendendo uma grande lona, sentou em cima.

- Não montaremos a barraca hoje - disse ela pensativa - receio não haver tempo para fuga caso apareçam de repente. Essa lona irá manter a temperatura agradável, sem contato direto com o chão, seja ele quente ou frio. Dessa forma dormiremos mais confortavelmente.

- Estamos voltando mesmo, Sarah?

- Sim, Lauren.

O olhar dela era vago e apreensivo. Talvez falasse a verdade, mas havia algo naqueles intensos olhos castanhos ao qual Lauren ainda não tinha certeza. Camila sentou-se ao lado de Ellen e deitou a cabeça em um moinho feito pelas folhas secas embaixo do material.

Engraçado como ambas as garotas eram semelhantes às mulheres que as protegiam. Ellen deitou-se cerrando os olhos, enquanto Sarah e Lauren permaneciam acordadas encarando o céu estrelado, envolvidas pelo silêncio da mata, ouvindo gostosamente a respiração delicada das duas ao seus lados. Curiosamente Sarah e Ellen não estavam lado a lado, o medo de que algo o corresse a noite e as garotas fossem assassinadas fazia com que cada uma dormisse em um lado mantendo ambas no centro. Camila em posição fetal, tinhas as costas coladas na lateral do corpo de Lauren, enquanto as mãos pareciam segurar o braço de Ellen com força. Esta por sua vez, tinha os olhos fechados e ressonava tranquila, o rosto virado para o lado oposto delas e seu peito subia e descia lentamente.

Lauren virou-se para Sarah ao seu lado e espantou-se ao vê-la encarando-a com curiosidade. Ambas se olharam por alguns minutos, até que a comandante, em uma respiração forte voltou a olhar para cima. Havia alguma coisa em seu olhar que deixou a mente da cantora em constante trabalho, longe do relaxamento que procurava.

- Eu entendo você, Lauren - disse ela em um sussurro discreto, sem fitá-la.

- Acho que não.

- Sabe que sim.

- Escuta, Sarah - virou-se visivelmente irritada - Eu fui jogada aqui e por muita sorte Camila e eu estamos vivas agora. Não estaríamos, então acabar tudo isso morta, mas dando um basta é muito mais interessante que voltar pra casa, deixando tudo inacabado aqui, sabendo que outras pessoas passariam pelo mesmo que passamos, sem a mesma sorte que tivemos. Por acaso me imagina deitando a cabeça no meu travesseiro com penas de ganso com a mesma paz e tranquilidade de sempre? Ou até mesmo me imagina batendo papo pelo celular com amigos como se nada houvesse acontecido antes. Eu sei que não conseguiria e ir embora, deixando tudo isso aqui é quase impossível.

- Mas por favor, me entenda também - Sarah virou-se para ela receosa, baixando ainda mais a voz - Acha que eu dormiria bem se algo lhe acontecesse? Vim até aqui para salvá-la e me pede que arrisque sua vida. Isso está errado.

- Eu não pedi para vir, Sarah.

Fora o suficiente. Sarah olhou-a boquiaberta. Sabia que não era a intenção da cantora dizer aquilo com aquelas palavras, mas não podia deixar de incomodar-se, já que realmente pensava na sua segurança acima de qualquer coisa. Lauren percebeu o que havia dito e um misto de arrependimento e amargura tomou-lhe conta. Porém a raiva ainda lhe tomava o âmago e a impediu de desculpar-se.

O silêncio pairou entre elas e logo entregaram-se ao sono. O corpo já exausto pelo constante esforço e falta de alimentação rendeu um cansaço que há anos não sentira. Não haviam sonhos naquele luar, não haviam imagens felizes entre sorrisos contentes, mas uma noite fria estrelada. Sentiu uma mão gélida lhe apertar o ombro e Lauren arregalar os olhos sobressaltada. Ellen tinha o dedo nos lábios implorando por silêncio e Camila estava atrás dela trêmula. Levantou-se silenciosamente e avistou Sarah mais a frente com a arma em riste.

Neste exato momento um homem atravessa a mata e cai ao chão visivelmente ferido. Sentiu a mão da tenente apertar a sua e Camila assustada dar um gritinho delicado. Sarah avança por trás dele e puxa seu braço com força para, impedindo-o de mover-se. Mas ele não se moveria, estava muito ferido para isso. Lauren olhou atentamente, enquanto Sarah tirava de seus bolsos pequenas amarras de plástico, essas encontradas facilmente para vedar cabos. Travou um de seus pulsos e predeu o outro ao plástico, fechando em seu outro pulso.

- Eu não farei nada - gaguejou ele.

- Quem é você? - Sarah perguntou.

- Eu estou fugindo. Eu não farei nada!

- E como veio parar aqui?

- Eles me encontraram na estrada, roubaram meu carro, me bateram e eu me fingi de morto antes que resolvesse atirar no meio da minha testa!

- Quem é você?

- Meu nome é Luciano, sou policial do 13º distrito da cidade do México. Fui enviado para investigar o desaparecimento de jovens moças nessa região e sob constante ameaça dos homens daqui, resolvi abandonar o caso. É algo muito perigoso para um cara sozinho. Antes que pudesse deixar o vilarejo, eles me encontraram, me impedindo de sair da cidade. Deus me ajudou a escapar, pois eles acreditaram feito idiotas da pré-escola que eu estava morto. Eu não...

Ele moveu-se e olhou ao lado, avistou as duas garotas protegidas de perto por Ellen que ao notar o olhar surpreso do homem, sacou a arma pousada em sua cintura e mirou-a em direção a ele. Isso não fora suficiente para fazê-lo mudar o foco, pois boquiaberto tentou levantar-se.

- São elas - disse ele chocado - Elas!

O homem apontou para as duas garotas a sua frente, como uma criança que aponta para os amigos imaginários. Ele agia como se as mulheres não pudessem vê-las ali e ele estivesse ficando louco.

- Mas como?

- Acho melhor você ficar bem quietinho aí, rapaz - disse Sarah desconfiada.

- Sério, elas deviam estar mortas, ao menos é o que eles disseram. Que a missão havia sido completada com sucesso, mas não sabiam por quem… mas elas estão… elas estão…

- Vivas - Ellen disse firme - Diferente do que será de você.

- Pelo amor de Deus, não me matem - pediu desesperado - Eu sou um de vocês… o bom moço.

Lauren até então ficara quieta. Olhava-o atentamente e não sentia uma boa intuição perante a ele. Poderia dizer o quanto quisesse ser um deles, poderia dizer que era policial, detetive, o que fosse, aquele não era uma boa pessoa. Ele estava surpreso com a imagem das duas, mas nada de uma boa surpresa e sim um descontentamento ou até mesmo um orgulho. Camila apertava sua mão com força, ainda gelada pelo susto noturno. Ao longe o céu já dava indícios de receber o sol de braços abertos, enquanto naquele local a escuridão pairava no medo e confusão.

- Para onde estava indo?

Sarah jogou ele ao chão, fazendo-o sentar-se de forma desconfortável por conta das amarras que lhe prendiam o pulso. Feito isso olhava-o diretamente em seus olhos, como fosse capaz de pescar qualquer informação que não lhe fosse dita. Luciano se endireitou a medida que foi capaz, ainda permanecendo levemente inclinado para o lado.

- Eu estava indo para o sul. Lá essa peste não alcança.

- Que peste?

- A maldição de Montezuma. Há muitos anos as pessoas começaram a passar mal, filhos de imigrantes ou herança de outras terras ou cidades. Essas pessoas foram amaldiçoadas e toda a cidade passou pelo mal. Nunca ouviram falar? - todos balançaram a cabeça negativamente - Depois de algum tempo, eles começaram a fazer sacrifícios. Esses sacrifícios acredita-se que tenham sido para purificar as almas que já habitavam essas terras.

- Que tipo de sacrifícios?

- Eles matam imigrantes, em suas maioria, jovens mulheres.

- Só falta dizer que precisavam de mulheres virgens - Lauren balbuciou desdenhosa.

- Não, claro que não - ele adiantou-se - Mas mulheres que vieram de outras terras e aqui pisaram.

- Que crença idiota - Sarah irritou-se - Por causa de crenças a gente está aqui? Sério? Eu pensando que era uma gangue da pesada, disposta a matar a tudo e a todos. Não passam de religiosos?

- Não se trata de religião. A maldição existe, a forma como a impede de continuar que é algo atual. Esse tipo de situação existe há muitos anos. A polícia não tem acesso a essa área em respeito aos enfermos. Médicos não são enviados, nada acontece aqui. Essa cidade é abandonada por toda a população e até mesmo excluída do mapa.

- Que cidade?

- A cidade de Montezuma.

- Deram o nome de uma maldição a cidade?

- Repito, isso não é algo que ocorre recentemente, mas sim há muitos e muitos anos. Meus avós fugiram de Montezuma há mais de cinquenta anos atrás. Conseguiram deixar a cidade após casarem-se e isso já é algo quase impossível.

Sarah arregalou os olhos e olhou para Ellen, que ainda de braços cruzados olhava para o homem com certa desconfiança. Se o que ele dizia era verdade, o que aconteceria então?

- Eu acho que você está bêbado - Sarah disse por fim.

- O que?

- Que droga de maldição o que - levantou-se - Você e seu povo são doentes. Matam pessoas inocentes por loucura, por prazer. Eu vi a cara daqueles homens, eu vi o que fariam a minha esposa, então não me venha com histórias para boi dormir e dar aos homens ruins uma razão romântica do motivo pelo qual matam jovens inocentes.

Luciano ficou em silêncio. Sarah tinha razão. Ainda que a história tivesse seu fundo de verdade e a crença existisse de fato, sendo mantida ano após ano e passada de pai para filho. Pagavam por algo que acontecera séculos atrás e se achavam na obrigação de continuar a praticá-lo.

- Nem todo o povo desse país é assim, senhora.

- Não? E o que você está fazendo aqui? Anos que desaparecem inocentes…

- Não… você não entendeu.

- O que eu não entendi?

- Eles não matam nosso povo. Eles não matam jovens nascidas nessas terras, mas jovens que aqui pisam vindas de terras distantes.

- Fale a minha língua, idiota.

- Eles matam turistas, senhora.

Todas olharam para ele de olhos arregalados. Lauren olhou para Camila como se uma luz suave houvesse brilhado em suas mentes. A boca entreaberta, os olhos brilhando em uma dor que vinha de seu âmago. O coração disparado, Lauren abriu o braço permitindo que sua amada se aninhasse em seu abraço.

- Por isso a raiva deles - Lauren disse - Por isso não queriam que pisassemos nessas terras.

- Eles conquistaram uma raiva maior ainda de imigrantes… entendam…

- Você por acaso sabe o que são imigrantes? - Sarah questionou inquieta.

Luciano olhou para ela surpreso. A pergunta não parecia ter sido inserida em um script. Ele não estava preparado para respondê-la, nem mesmo sabia o que poderia dizer. Sarah riu com desdém, visivelmente irritada.

- Imigrantes são pessoas que vêm a terra para morar. Para aqui ficarem! As pessoas que matam, já que disse se tratarem de turistas, são turistas, pessoas andantes, que apenas passam por esse lugar sem a menor intenção de ficar. Se a lenda que você diz existir, realmente exista, vocês estão amaldiçoando essa terra ainda mais…

- Eu não sou um deles… eu…

- Conhece bem demais o que se passa nessa terra para nunca ter buscado socorro.

Foi o suficiente para calá-lo. Sarah não acreditava em sua palavra e impediu-se de falar em sua defesa.



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