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História Tormento - O Confronto


Escrita por: trishakarin

Capítulo 22 - O Confronto


Luciano parecia ter notado que havia algo diferente nas garotas. Ambas se aproximaram do local onde o rapaz encontrava-se preso, agora com uma corda no tronco largo de uma árvore sem frutos. Ele as olhou curioso e foi nesse instante que Ellen e Sarah piscaram para as garotas e seguiram por um outro beco. O homem encarou-as como se avaliasse as duas, o incômodo do seu olhar fora tão grande que Lauren passou a rir chamando a atenção da companheira.

- Vocês duas vivas - ele riu desdenhoso - Vocês duas devem ser fortes para as policiais deixarem sozinhas comigo aqui, caso contrário jamais teriam chegado até aqui com vida, enquanto todos sabem que estão mortas?

Lauren ergueu novamente os olhos e o encarou tentando entender a intenção daquela conversa. Antes mesmo de chegar a alguma conclusão, Camila tocou o braço da amiga e puxou para um pouco distante do rapaz, mantendo-o em seu campo de visão, percebendo que o mesmo as encarava atentamente e sua visão focada nos lábios das garotas, o que levou a latina cobrir suavemente com as mãos.

- Ele que alertar os demais sobre a nossa situação - disse Camila em sussurro que até mesmo Lauren teve dificuldade para ouvir - Agora eles sabem que estamos vivas e pior que isso, sabem que estamos sozinhas com ele.

- Mas não sabem onde estamos, Cam.

- Lolo, eu não sei até onde é a tecnologia que eles utilizam aqui. E se esse microfone também se trata de um rastreador?

- Com a condição em que vivem?

- A condição em que vivem é uma economia enorme, eles podem acabar investindo mais nessa parte. Viu o armamento que eles tem e a quantidade de pessoas que estão envolvidas.

- Mas de onde vem o dinheiro?

- O importante agora é pensarmos em todas as possibilidades, Lolo.

- Eu sei, mas…

- Vamos nos esconder e deixar ele sozinho, duvido que venha um grupo inteiro atrás de nós.

Naquele momento ao qual planejavam uma provável fuga, estouros ecoam cerca de dois quilômetros dali. As luzes e explosões chamam a atenção de ambas, inclusive de Luciano, que tentou agachar-se mas não conseguiu devido a corda que o prendia contra o tronco da árvore. Lauren imediatamente agarrou Camila, na intenção de proteger a garota. Sons de metralhadoras, tiros e mais tiros que não cessavam e ecoavam com uma altura enorme, a ponto de acreditarem estar se aproximando do local onde estavam.

Isolando os sons do conflito armado, as garotas puderam ouvir alguém correr por entre os arbustos e embrenhando-se em direção onde estavam. Avançaram contra Luciano, e rasgando um pedaço da roupa do rapaz, com pressa, machucando-o com o tecido e em seguida vendando seus olhos impedindo-o de enxergar a sua frente. Logo em seguida, Lauren correu para uma das árvores, que as folhagens eram mais densas e ajudou Camila a subir enquanto o rapaz gritava com raiva.

- ELAS ESTÃO FUGINDO! ELAS ESTÃO FUGINDO! QUE MERDA - ele gritava a todo pulmão.

Lauren foi bastante rápida, assim que ajudou a latina a subir, agarrou-se a um tronco mais firme e puxou todo seu corpo para cima, com as forças do braço. Enquanto ainda escalava a madeira, ouviu os passos mais altos e dois homens surgirem com camisas cobrindo o rosto, impedindo que as garotas pudessem reconhecer ou até mesmo ver quem eram.

- Caramba, Hugo - um deles falou.

- LUCIANO SEU IDIOTA.

- Que Luciano, mané? - um deles tirou a venda.

- Elas vão desco…

No momento em que o pedaço de pano foi retirado, Luciano olhou em volta tentando encontrar as garotas e não as avistando, sua ira foi enorme. Ele berrou de raiva e se debateu numa tamanha agonia, que mais parecia uma criança pequena querendo algum doce que sua mãe recusara-se a comprar. Os dois homens apressaram-se em soltá-lo dali e ajudando-o a ficar de pé.

- MERDA - voltou a gritar - Aquelas putas fugiram de novo. Eu quero saber até quando essas cretinas vão fugir de nós!

- Elas estão vivas?

- NINGUÉM OUVIU ESSA MERDA AQUI? - arrancou o microfone que tinha dentro da camisa e jogou no chão furioso - Quem estava ouvindo alguma porcaria do que aconteceu?

- Era o chefe, senhor.

- Que chefe? Que nessa merda eu que sou o chefe? Eu arrisco a porcaria do meu pescoço pra pegar essas filhas de uma puta e vocês não estavam ouvindo nada? Não checaram nada? Como vieram parar aqui, então?

Lauren e Camila permaneceram silenciosas em uma tática que anteriormente havia funcionado e que naquele momento repetiam rezando para que funcionasse da mesma forma. A revolta de luciano era tão clara, que ele sequer se deu ao trabalho de tentar ouvir ou correr para onde seus ouvidos atentos puderam captar movimentos das duas garotas. Mas ele não o fez, permaneceu onde estava, esbravejando raiva e estourando com os dois homens que pareciam obedecê-lo naquele momento.

- Por que vieram até aqui?

- Não sabíamos que o senhor estava aqui, Hugo. As duas mulheres apareceram no acampamento, mataram o Miguel e o Yuri, invadiram a base. Fugimos, pois conseguiram acertar em dois bujões de gás, que explodiram. Não sei quantos estão vivos, senhor.

- ELAS O QUE?

Mais uma vez o homem revoltou-se e gritou histérico. Lauren e Camila preocuparam-se no mesmo instante, se as duas não conseguiram fugir a tempo, também poderiam estar feridas. Seus corações aceleraram imediatamente e o medo de que novamente ficassem sozinhas tomou-lhes conta.

- Precisamos voltar - Luciano disse - Preci…

Sua voz calou-se após um estouro, seguidos de outros dois estouros que levaram os três homens ao chão. Lauren gritou com um susto, mas logo tapou os lábios tentando conter-se. Os homens que tinham seus rostos cobertos caíram ao chão quase no mesmo instante, ficando um sobre o outro. Luciano pendeu lentamente, caindo de joelhos e deitando-se para o lado em seguida. Podiam ver uma poça de sangue surgir-se por baixo de seu rosto e o mesmo acontecia com os outros dois.

Por entre a mata, Sarah surgiu com o corpo coberto de poeira negra, o rosto completamente sujo e uma arma empunhada a sua frente, pronta para atirar no primeiro que surgisse a sua frente. Apressada, correu em direção aos dois, para certificar-se que estavam mortos, em um deles, ao qual acreditava ainda estar com vida, Sarah mirou em um ponto específico do rosto, tirou a camisa e dobrou sob a arma atirando sem que fizesse muita sujeira. Logo atrás de Sarah, Ellen apareceu armada olhando em volta.

- Elas não estão para esse lado, Sarah - avisou apreensiva.

Lauren após ouvir a mulher, até então não conseguia mover-se devido ao seu estado de choque. Camila imediatamente agarrou-se a um tronco e desceu, sendo seguida logo depois pela amada. Ellen olhou em direção ao ruído da árvore e apontou sua arma, baixando-a logo que notou a presença da cantora e correndo em sua direção, abraçando-a com enorme carinho.

- Graças a Deus - disse ela aos prantos - Eu achei que eles tinham matado vocês duas.

- Nós nos escondemos quando ouvimos as explosões e percebemos que alguém estava vindo… - Lauren disse abraçando Sarah.

- Achamos que eram vocês, mas ficamos com medo - Camila complementou.

- Fizeram bem, fizeram muito bem!

- O que aconteceu lá?

- As coisas são mais complicadas do que esperávamos - Sarah continuou, soltando Lauren e pegando as armas dos homens - Muito mais complicadas.

- O que aconteceu?

Sarah estancou o passo e entregou em suas mãos uma das armas que recolheu do homem morto ao chão. Lauren pegou visivelmente surpresa e viu a comandante entregar a outra para Camila. Seu olhar era tenso e preocupado. Sabia que fazia a coisa certa, que era tarde demais para mudar os planos que as levaram até ali. Era importante manter-se focada e precisavam pensar muito antes de dar qualquer novo passo. Camila segurava a arma ainda esperando qualquer coisa, qualquer sinal de que tinham algum plano.

- Eles são muitos, explodimos o acampamento e muitos deles correram, claro. Os demais serão avisados e agora precisamos estar preparadas para esse tipo de ataque.

- O que faremos, Sarah?

Antes de continuar, a comandante olhou para o chão e encontrando o que procurava, pisou com toda força, torcendo o pequeno microfone contra as pequenas e finas pedras que se misturavam com a areia sob seus pés.

- Vamos criar uma armadilha. Não podemos invadir a sangue puro os acampamentos, por mais que sejam pequenos, estão cheios desses idiotas - disse apontando para os corpos no chão - Eles não se importam em morrer. Ao invés de fugirem, aqueles homens avançaram contra nós, sendo eles mesmo responsáveis pela explosão do acampamento.

- Como assim?

- Nós unimos as escondidas os dois bujões de gás - disse Ellen calmamente - Iríamos atirar a distância, mas um deles nos viu e sem que Sarah e eu pudéssemos notar, ele avisou os demais.

- Era só um tiro que precisava. Deixei o gás escapando e quando nos encontraram corremos o mais depressa que pudemos e um deles atirou - disse Sarah respirando fundo - Foi quando tudo explodiu, antes que estivéssemos longe.

- Mais a frente vimos dois deles entrarem na mata em direção a onde deixamos vocês. Não queríamos que eles percebessem que estávamos vivas e corremos por outro lado, seguindo até aqui. Quando ouvimos os gritos, notamos que vocês não estavam com aquele homem e meu medo era que outro grupo levassem vocês duas para longe - Ellen completou.

- Grupo?

- Essa região não é direcionada a apenas uma equipe. Existem outras pessoas que desejam a mesma coisa, que acreditam na mesma coisa. Vimos que eles tinham sequestrado um jovem rapaz, que para mim fazia parte do grupo deles. Mas eles o agrediram de tal maneira, que não podia ser um deles. A maldição existe talvez, eles acreditam, nos querem longe.

- Não, Sarah, eles nos querem longe - Lauren interrompeu.

- Nós não somos daqui, Lauren - Sarah firmou - Eu sou imigrante ou visitante, tanto quanto você. Tanto quanto você, acham que mereço morrer.

- E que outro grupo é esse?

- Todos nos querem com vida. Querem nos fazer sofrer. Se nos querem tanto, precisamos armar uma boa armadilha para unir o máximo de pessoas possíveis.

- Vai usar uma de nós?

- Precisamos tentar todas as alternativas que temos, Lauren.



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