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História Tormento - A Entrevista


Escrita por: trishakarin

Capítulo 55 - A Entrevista


A casa estava pronta, seus pais observavam tudo atentamente, os seguranças estavam em todas as entradas da casa e Jess preparava o sofá e sala para receber os convidados. Camila sentou-se onde fora ordenada, testaram as imagens, foi quando a campainha tocou e sua mãe apressou-se em atender. Olhou para o lado, para ver de quem se tratava e seu coração disparou ao ver o rosto desanimado e ansioso de Lauren. A garota que tinha o rosto baixo, os olhos pesados, ergueu-os encarando Camila ao fundo. Um sorriso tímido e frágil. Sua mãe abraçou-a e Jess abriu um enorme sorriso.

- Graças a Deus, Lauren – disse indo em sua direção e abraçando-a – Muito obrigada, eu realmente não sei como te agradecer.

- Não estou aqui por você – disse friamente surpreendendo a todos – Eu vim por Camila. Jamais a deixaria invadir lembranças tão ruins sozinha e já que ninguém pensa em tudo que morreu dentro de nós, eu devo estar ao seu lado.

Jess silenciou-se, caminhou timidamente e continuou arrumando tudo. Ela sabia que Lauren estava certa, mas ela não era como Larry. O antigo empresário sequer pensaria nas duas, sequer perguntaria, informaria o dia e a hora que deveriam dar a entrevista e pronto. Jamais perceberam a frieza do homem até passarem por tudo o que passaram.

Mais uma vez a porta se abriu e dessa vez era ela. Era Oprah. A maior apresentadora do país, mais conhecida mundialmente. Ao seu lado entrou um rapaz de cabelos loiros, segurando o equipamento. Não havia mais alguém, somente os dois. A mulher tinha uma postura surpreendente, sorriu radiante e trazia um brilho próprio que jamais esperou.

- Camila, Lauren. Minhas queridas – abraçou-as com força – Não imaginam o prazer que tenho em vê-las saudáveis.

- É um prazer tê-la em minha casa – Camila respondeu docemente.

- Eu que tenho esse prazer, querida. Eu – tocou o peito com emoção – Obrigada por nos receber com tanto carinho.

- Com licença – o rapaz intrometeu-se – Perdoe-me. Eu colocarei três câmeras. Um direcionada a Lauren, outra a Camila e outra em você Oprah. A quarta câmera ficará em minha mão, caso precisemos de mais imagens. Vou arrumando tudo enquanto a Oprah passa o cronograma da entrevista.

- Sim.

- Desculpem o profissionalismo dele, parece insensível, mas o fígado dele será doado se algo sair errado – disse sorrindo – Eu pensei em algo leve, não quero sobrecarrega-las com lembranças trágicas. Eu compreendo o trauma que tenha ficado e o que seja difícil remoer tudo o que aconteceu, depois de tantos testemunhos a polícia local e internacional – ela realmente sabia tudo – Existe um ponto que terei que discutir, mas somente após aprovação de vocês, teremos o direito de divulgar. Eu acompanhei cada dia de investigação, liguei para conhecidos e confesso ter usado de meu nome, para conseguir mais informações. Infelizmente, muitas dessas informações reforça uma desconfiança minha.

- Que desconfiança?

- Existe alguma possibilidade, do empresário Larry Rudolph estar envolvido no sequestro de vocês?

- Como? – Jess interrompeu – Do que está falando?

- Vejam bem... existe um vídeo que sensibiliza os fãs e o mundo inteiro tratando do sequestro. Houve uma frieza por parte dele, assim como existe um projeto muito bem elaborado de informações – Oprah continuou.

- Oprah querida, isso não estava em nosso contrato.

- Eu sei, por conta disso informei que apenas seria divulgado se...

- Eu quero saber... – Lauren apressou-se – Eu quero saber o que descobriu, Oprah.

A apresentadora encarou Lauren satisfeita, mas ao mesmo tempo temerosa. Sorriu docemente e tocou suas mãos com força.

- Eu não desconfio da veracidade de todo o ocorrido, querida – disse ela – Se ele ignorou a segurança de vocês pensando somente em lucros, quando todas vocês estão no auge da fama, isso sim é algo que quero me meter.

- Ele...

- Eu odeio dizer isso – Oprah interrompeu Camila – Vamos esperar as câmeras. Nessas horas odeio minha profissão... mas sinceramente? Eu quero acabar com aquele canalha – ela sorriu.

As luzes foram ligadas, as câmeras estrategicamente posicionadas e Oprah sentou em uma poltrona próximo as garotas. Estava tudo pronto. Em outra poltrona, o rapaz segurava uma câmera apoiada em um tripé. Parecia aproximar do rosto de Oprah, e deu um sinal de positivo.

- Muito bem, então já podemos começar – ela disse animadamente, tossindo suavemente – Hoje vamos relembrar momentos de sofrimento e tristeza, misturados a notícias de imensa alegria. Há algumas semanas fomos pegos de surpresa com o sequestro de duas integrantes do grupo de garotas Fifth Harmony. As cantoras Camila Cabello e Lauren Jauregui foram levadas violentamente para longe, onde passaram dias tentando fugir. Recebemos a triste notícia de que seus corpos foram encontrados e logo em seguida, um vídeo feito por Camila, foi disponibilizado em suas redes sociais. Então descobrimos seu paradeiro e que as garotas estavam, graças a Deus, vivas. Uma história confusa, que carrega versões dos fatos, muitas vezes criados com o intuito de informar ou acalentar. Mas hoje, estou acompanhadas das próprias garotas e quem sabe, podemos esclarecer muitas dúvidas. Muito obrigada por me receber em sua casa, Camila e muito obrigada por aceitar esta entrevista, Lauren. Sejam bem vindas.

- Nós que agradecemos – Camila apressou-se em dizer.

- Primeiramente, como está se sentindo, querida? – perguntou direcionando a Lauren – Fui informada que levou um tiro durante a fuga, correto?

- Sim – tocou o ferimento com remorso – Eu estou me recuperando bem.

- Fico feliz com isso. Eu sei que a ferida maior está nas lembranças de todo o ocorrido e eu confesso me sentir envergonhada de estar aqui pedindo esta entrevista, mas a história é tão confusa e cheia de brechas, que infelizmente eu tive que passar por cima da minha moral e pedir por isso.

- Claro, claro. Sem problemas – Camila sorriu mais uma vez – Ficamos muito felizes de ser você a pessoa a nos entrevistar. Sabemos que não passará por cima de nada apenas por sensacionalismo. Sabemos da seriedade de seu programa e jamais ignoraríamos um pedido seu.

- Fico muito feliz e aliviada com isso. E acredito que a primeira pergunta, ainda que seja de extrema dor fazer, é... – ela olhou atentamente para as expressões das duas garotas e com pesar perguntou – O que aconteceu no dia em que foram levadas. Houve algum sinal, alguma coisa que acreditaram fazer alguma ligação com o sequestro?

- Não havíamos percebido nada no dia. Nem mesmo no momento em que fomos levadas. Fizemos o ensaio, tudo correu bem e estivemos prontas para dar o melhor de nós ao nosso público – Camila disse.

- Houve uma coisa... – Lauren interrompeu e Camila a olhou surpresa – Houve. Na noite anterior. Nós fomos jantar em um restaurante, após uma entrevista e havia esse homem sentado próximo a cozinha. Ele encarava de uma forma estranha, aquilo havia me incomodado, mas... – ela olhou para Camila apreensiva – Eu o encarei, porque sabia que quando as pessoas encaram sem notar, percebem quando são encaradas de volta, mas ele não mudou o olhar. Ele tinha esse olhar vazio, sem sentimento, sem bondade. Ele tinha... meu Deus – como jamais associou aquilo? Como jamais lembrou daquele homem, depois de tudo o que aconteceu? – Meu Deus Camila e se ele estava nos observando desde que chegamos?

- Calma, Lolo – Camila pediu nervosa – Talvez não era nada... fosse só.

- Calma, querida – Oprah interrompeu – Vamos por partes. Eu não sou detetive e nem sou da polícia. Mas sou jornalista e eu sei investigar. Havia este homem na noite anterior ao sequestro. No dia do sequestro... o que aconteceu exatamente?

- Parte de nossa apresentação é a forma como entramos e abrimos o espetáculo. A Lauren e eu deveríamos entrar por pontos estratégicos do palco e esses caminhos existiam na parte inferior dele, ou seja, entraríamos passando por baixo de toda a estrutura – Camila narrou.

- Foi aí que a minha frente vi um vulto aproximar-se de Camila. Inicialmente achei que fosse algum segurança ou acompanhante, pois estava escuro. Mas a maneira como ele tomou-a nos braços era nítido não se tratar somente disso. Foi quando me dei conta que poderia ser um agressor ou algum fã louco. Eu gritei.

- O grito dela me assustou e me fez entender o que acontecia de fato – Camila completou – Quando ouvi o grito desesperado de Lauren, olhei para trás e percebi que o mesmo acontecia com ela. Ela estava sendo levada da mesma maneira.

- Sem nenhum cuidado fomos jogadas dentro desse furgão. Eu não estava entendendo nada, mas sinceramente me passou pela cabeça que eles jamais conseguiriam deixar aquele espaço. Que haveriam seguranças mais a frente que impediriam a saída, mas infelizmente não foi isso que aconteceu.

- Perguntei aos organizadores do evento e eles informaram todos os veículos que entraram e saíram da área. Até onde fomos informados, o furgão se tratava da entrega de material de higiene pessoal do show. Toalhas, sabonetes, perfumes, tudo que era necessário para abastecer os camarins e as áreas de acesso.

Camila ficou surpresa com a notícia que jamais lhe fora dada. Sempre ficou em dúvida com a capacidade que tiveram de deixa-las serem sequestradas com tanta facilidade o quanto foi.

- Infelizmente deve-se haver uma monitoração de cada veículo que entra e sai. Mas se eles realmente entraram com todo o material que informaram, sair com o veículo vazio era algo corriqueiro e a notícia do sequestro foi dada alguns minutos seguintes ao ocorrido, foi quando impediram a saída e entrada de qualquer veículo dentro da área do show – esclareceu – Mas seguinte a isso, o que aconteceu?

- A gente passou um bom tempo com o veículo em movimento – Camila iniciou, conseguindo ver tudo o que aconteceu – Mais de uma hora, se não me engano. Foi quando eles fizeram essa parada – disse ela sentindo suas mãos esfriarem – Conseguimos planejar uma fuga e executar logo em seguida.

- Eu preciso interromper – Lauren falou em voz alta – Eu sei que o mundo todo quer saber o que houve e que parte dele entende que possa ter sido tudo planejado para elevar a fama do grupo. Muitos sequer acreditam em cada dia de sofrimento ao qual passamos, que o tiro dado em mim é puramente fictício, assim como a perda de peso eminente de Camila. Eu li e reli comentários de pessoas que claramente não tem o que fazer, onde diziam o quão falso foram todas essas notícias e a prova era estarmos vivas. Eu não acredito que dar essa entrevista, que narrar cada segundo de terror e medo que passamos, vá mudar o que muitos acreditam. O que podemos dizer, e peço licença para deixar que essas palavras saiam da minha boca... – Lauren olhou para Oprah, que confirmou com um movimento delicado na cabeça – Cada noite, olhando as estrelas que pairavam no céu, pareciam as últimas, não houve sono, não houve descanso, pois o medo da descoberta de nossa localização era superior ao cansaço que aflorava em nossos corpos. A sede, o frio, o medo e a completa falta de esperança tomaram conta de nós, que por alguns dias, acreditávamos não sairmos com vida. Agradeço do fundo a minha alma e Ellen e a Sarah, que não desistiram um segundo até sermos devolvidas com vida a nossas famílias e amigos. A polícia recusa-se a coordenar uma operação que coloque fim a esse tipo de violência. Seres humanos inocentes estrangeiros que pisam naquela terra, são mortos de forma bastante cruel quase todos os dias. Poderiam ser qualquer outra integrante do grupo, mas fomos nós. Agora estamos aqui tentando justificar a veracidade dessas informações, enquanto os policiais não movem um dedo para resolver este caso, enquanto proíbem o envolvimento das duas militares que literalmente nos salvavam, estamos aqui... tentando provar que tudo o que ocorreu, que já foi divulgado por policiais que garantem suas imagens em televisores, em redes sociais, como interesse único de se promover, onde declararam toda a história que ocorreu de maneira que seja bastante duvidosa acreditar nela.

- Mas Lauren, não foi bem... – Oprah tentou interromper, mas Lauren estava irritada.

- Eu assisti todas as declarações, de empresários, da equipe, de funcionários do show e de todos... mas de todos os policiais, Oprah e me desculpe se estou sendo arrogante ou agressiva, mas todas essas declarações, caem para a dúvida de um circo armado por nosso empresário, Larry. Se ele armou ou não esse sequestro, o qual acredito fielmente nisso, não reduz o fato que sofremos sim, que nos traumatizamos sim, que não sei te informar, quando pisarei novamente em um palco. Larry é o culpado? Essa dúvida é tão minha quanto de vocês. E se for realmente um plano armado por ele, nós estivemos a um passo de morrer, por algo armado por alguém que esteve constantemente ao nosso lado. Compreende a dificuldade dessa situação?

- Acredita que seu empresário é o mandante do sequestro? É isso que está nos dizendo?

- O que estou dizendo, é que claramente a polícia não está movendo um dedo para solucionar este caso. Existe um vilarejo, acampamentos espalhados pelo interior do país, no qual nenhuma autoridade se viu no dever de dar fim. Enquanto isso permanecemos aqui, sabendo que esse local existe, que ainda está lá e que infelizmente permanecerá lá, matando pessoas inocentes. Me perdoem os mexicanos, mas jamais pisarei meus pés neste país, enquanto as autoridades não resolverem isso. Enquanto cada um daqueles homens não estiver atrás das grades. A crença deles é muito forte, pés de imigrantes sujam sua terra, trazendo tudo de ruim em uma maldição antiga. Essa é a realidade! Pessoas morrem todos os dias, enquanto estamos conversando sobre isso, alguém está morrendo nesse exato momento.



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