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História Tormento - O retorno da dupla


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Ontem tentei como uma condenada postar o capítulo, mas a internet tava o cão de ruim e nunca vi tanto a tela avisando que não podia carregar por falta de conexão. Até cheguei a pensar que tinha espírito ruim atrás, de tanto piscar dos postes e das luzes de casa me seguindo, foi então que a energia caiu de ver, então não era espírito nenhum não... eu acho hehehehe

Então me desculpem e aí vai o capítulo!!

Capítulo 6 - O retorno da dupla


O sol nasceu com toda força às 5 horas da manhã. Lauren foi a primeira a acordar, com o corpo todo suado devido a intensidade do calor. Camila, ao sentir que a parceira mexia-se, abriu os olhos levemente assustada, sentindo uma dormência no lado direito do corpo, por conta do chão duro e sua falta de costume em dormir desconfortavelmente. Lauren levantou-se olhando ao redor, sua barriga roncava de fome e sua cara já não era lá das melhores. Camila foi delicada, sentou-se e observou-a.

O medo voltou a tomar conta das duas. Estavam literalmente no meio do nada, sozinhas, com fome, com sede e completamente perdidas. Não havia castigo pior que esse. Não sabia se havia sido melhor ou pior pular daquele caminhão. Talvez se estivesse em algum cativeiro, a polícia poderia encontrá-las mais facilmente. Ninguém permitiria uma violência tão grande a pessoas aparentemente tão reconhecidas. Lauren estava ficando desesperada, até o momento que olhou para Camila. Seu olhar era tão puro, tão inocente. Ainda que a diferença de idade fosse somente de um ano, a garota parecia desprotegida, meiga e doce. Sentia uma intensa necessidade de protegê-la.

A novidade que agora tinha em sua vida, foi resultado daquela experiência. Talvez acontecesse tudo isso que aconteceu durante a noite. Talvez depois do show teriam entrado no quarto de hotel em um envolvimento completamente diferente do convencional. Mas aquilo ali era algo muito mais forte. O cuidado e todo amor que ambas tinham uma pela outra, parecia ter triplicado naquele momento, naquela situação. Não conseguia olhar para Camila da mesma forma que olhavam pouco antes do sequestro. Ela era mais forte do que esperava e emanava uma delicadeza, que amolecia o mais duro dos corações.  

- E agora? - Camila perguntou com a voz baixinha.

- Vamos continuar seguindo até a estrada. Reto! - disse animadamente, uma surpresa para a latina.

- De dia vão nos ver.

- Ainda que nos vejam, eu não acredito que voltem. Pior será se formos pela mata, com certeza vamos nos perder.

- E se formos pela mata ao lado da estrada?

Lauren sorriu olhando-a. Ela estava certa. As chances do caminhão vê-las beirando a estrada eram muito maiores que as chances de vê-las por dentro da mata. Camila começou a recolher a lona, rezando para que não precisassem mais usá-la, mas seria útil para colocar sobre a cabeça devido o sol escaldante.

As duas silenciosamente começaram a caminhar. Havia uma área de céu aberto até a estrada. Nesse ponto o sol parecia queimar com força a pele. A caminhada foi longa até a estrada, mas nenhuma das duas reclamava de nada, até mesmo porque não resolviria. Camila caminhava com esforço, estava nítido em seu rosto a exaustão. Caminharam por cerca de duas horas até chegarem à uma área asfaltada. Até a próxima área era deserta, sem nenhuma árvore para lhes cobrir com sombra, a próxima zona arborizada era um pouco longe, caminharam com pressa e o coração acelerado. Em dado momento, os pés latejavam, o ar faltava, e as costas doíam. As duas sentaram em um canto embaixo da sombra, frente a estrada. Por horas nenhum veículo passou por ali. Devia ser uma estrada abandonada ou qualquer caminho para o nada, onde as pessoas possivelmente evitassem.

- Nenhuma alma vai passar por aqui?

- Eu não sei pra onde essa porcaria leva. Vamos continuar andando.

- E se estivermos indo pro caminho errado?

- Como assim? - Lauren questionou confusa.

- E se estivermos nos distanciando?

- Precisamos de um lugar com gente, com telefone, com policiais. Não interessa se estamos indo para longe ou para perto, apenas precisamos ir para algum lugar.

- E se ninguém gostar de nós? Se todos pensarem como aqueles homens?

- Aqueles homens eram doentes, não acredito que outras pessoas hajam como eles.

- Será que estão procurando por nós?

- Se não estiverem eu vou ficar muito puta. Saio do grupo.

- A gente monta uma dupla - Camila comentou de repente.

Lauren olhou-a rindo. Jamais passou pela cabeça das duas seguirem carreira sem a banda. Claro que ainda não havia dado tempo para isso, ainda assimilavam a nova vida. O sucesso que conquistaram com aquele grupo fora tão grande, que nem de longe se imaginavam longe dele. Havia mais que um trabalho em equipe envolvido, era uma família que se formou e agora eram amigas, confidentes, uma união que não seria tão fácil separar.

Respiraram por alguns minutos, a sede chegava a ser insuportável, mas ignoravam ao máximo esse pequeno detalhe. A pele já corada, tanto pelo sol que lhes cobriam a pele, como pelo esforço sem a menor proteína para sustentar. Pararam por um momento, Camila levou as mãos a cintura e olhou para o céu azul, irritada com o calor. Lauren limpou o suor que lhe cobria a testa e olhou para a cantora.  

- Vamos continuar?

- Sim - Camila disse ainda sem forças.

Nesse instante ouviram o barulho de motor. Ficaram a postos, prontas para se jogarem na estrada a procura de socorro. Lauren olhava atentamente o veículo que vinha em sua direção. Era grande, e seu coração disparou ao perceber se tratar de um caminhão de pequeno porte. Camila esquivou-se, deu um passo para trás visivelmente assustada.

- Lolo… é o caminhão.

- Eu sei.

Lauren pegou as coisas e afastou-se da estrada. Ele reduziu a velocidade e próximo de onde estavam pararam o veículo. A cantora agarrou Camila pelo braço e arrastou-a para o chão de areia. A área coberta estava mais a frente, a tensão que cobriu seu corpo foi tão grande que o suor de calor que escorria pelo seu rosto parecia ter gelado. Ouviram de longe o bater de portas e o grito dos homens.

- Não vai dar para ficar aqui… - Lauren disse tensa.

- O que faremos?

- Precisamos correr, Cam.

- Eles vão nos alcançar - a garota estava nervosa, os olhos se enchiam de lágrimas.

- Vamos correr para a área com vegetação. Lá podemos nos esconder.

- Com a luz do dia? Vão nos pegar.

- Não temos outra alternativa, Cam.

Lauren levantou a cabeça com cuidado, procurando saber qual a distância que os homens tinham das duas. Era cerca de vinte metros, uma distância considerável, para que pudessem sair dali. Camila olhou para Lauren completamente nervosa e quando a garota desceu e encarou-a em seus olhos, procurando saber se teria coragem em correr, recebeu uma confirmação com um balançar suave da cabeça. Camila foi a primeira a levantar e disparar, sendo seguida por Lauren. Ouviram os gritos dos homens a suas costas e correram o máximo que puderam até a zona de mata fechada que ficava aproximadamente cem metros de distância. Entraram com velocidade dentro da mata e Camila sentia os pequenos galhos pelo caminho arranharem suas pernas, braços, ainda que por cima da calça e em alguns momentos, até seu rosto. Sentiu remorso ao saber que Lauren estava de short e os arranhões deviam ser muito mais dolorosos que para ela. Mais a frente seria impossível fugir, perceberam que a mata mais uma vez se abria e eles as veriam de longe. Se estivessem armados, seria ainda mais fácil que pegar um animal.

- Venha, Camila.

Lauren puxou a latina para um área mais densa. Correram por cerca de cinco minutos, até avistarem mais a frente um tronco seco caído. Lauren não hesitou, cavou o que precisava e deu passagem para Camila entrar no buraco embaixo do tronco. Estava apertado, mas se enfiou logo depois da latina e com pressa puxou a areia e a folhagem para fechar. Estava quente e abafado, era difícil respirar ali, com o cheiro quente de árvore.

- Agora fique quietinha.

Ouviram os passos distantes se aproximarem.

- Olha pra lá, Boca - um deles disse empunhando uma arma entre as mãos e caminhando cuidadosamente - Se achar atire.

- Elas devem estar correndo ainda, idiota - o homem apelidado de Boca disse irritado - Tá com preguiça de correr é?

- Cala a sua boca, imbecil. Elas nem comeram, nem beberam, você acha mesmo que vão ficar correndo por aí? Larga de ser idiota. Se ver qualquer coisa atira, caralho.

- Mano, tu não manda em mim, não - o homem disse irritando-se.

O homem que parecia ser mais velho, mirou a arma na direção do Boca. O rapaz imediatamente baixou a arma dele visivelmente nervoso. Ambos pareciam estar sob alguma pressão que as duas jamais saberiam o motivo. Mas agora sabiam a insistência de ambos em encontrá-las e não poderiam deixar de ficar atentas.

- Você vai me obedecer, se não quiser acordar com a boca cheia de formigas, garoto estúpido - ele disse com os olhos visivelmente enfurecidos - Anda… vai atrás dessas putinhas, idiota.

- Velho mandão. O chefe tá na vila esperando a gente, você vai se foder com ele, já que eu só te obedeço. Imbecil!

- Se eu não encontrar essas duas ainda hoje, quem vai se foder aqui é você.

- E até parece que elas estão perto da vila… a gente tava bem longe daqui, mané.

O ruído de uma pancada na pele disparou e os dois haviam iniciado uma agressão corporal, até o som ensurdecedor do disparo soar. A mata reagia à aquele som, os pássaros levantaram vôo, suas asas batendo podiam ser ouvido longe dali, assim como o estouro da arma. Lauren sentiu Camila estremecer ao seu lado e grudar seu corpo ainda mais ao da garota. Eles não estavam para brincadeira. Não podiam ver se algo havia acontecido a algum deles, até que a voz do senhor mais velho quebrou o silêncio que havia se formado.

- Próxima palhaçada, Boca, essa bala vai no meio da sua testa.

- Desculpa, patrão.

- Larga de ser cuzão e procura essas garotas, senão você vai se ver comigo.

- Pode deixar. Mas ainda acho que temos que procurar essas duas lá na zona, pô. Eu duvido que elas estejam por aqui, senão os vigilantes do patrão iam ver as duas.

Lauren e Camila se entreolharam visivelmente preocupadas.

- Então vamos pra lá, estrupício.

- Sim, senhor.

O rapaz caminhou mata a dentro, cada um seguindo por um lado. Teriam que esperar eles irem embora para que pudessem deixar o esconderijo. Seria muito perigoso saírem ali e correrem o risco de ambos vê-las. Sabiam que eram bastante perigosos, sabiam de suas armas e ainda pior, sabiam que a área deles era próxima dali e logo se deparariam com algum vilarejo perigoso. Em poucos minutos puderam ouvir o ronco do motor do veículo, em seguida se distanciava suavemente, até não poderem mais ouví-lo.

- Eu estou sem ar - Camila reclamou em um burburinho.

- Deixa eu sair primeiro.

Lauren empurrou a areia e folhagem para longe, até abrir um vão e sair. Olhou em volta, ainda com receio de que algum deles estivesse por ali, enganando-as. Foi aí que esticou o braço para auxiliar Camila a sair dali. A garota estava suada e amolecida, ela sentia muita fome e uma sede sem limite. Infelizmente teriam que continuar, não podiam ficar paradas, nada mudaria a situação infeliz a qual tinham sido colocadas.

- Temos que continuar, Cam.

- Eu sei. Meu Deus, que difícil.

O sol começava a ficar ainda mais forte. Sua pele latejava com o calor e o suor brotava em seus poros com força. Haviam perdido a lona na correria. Já não sabia mais onde havia deixado e não teriam chances de procurar. Estavam a própria sorte do destino e as esperanças de saírem dali com vida, ia esvaindo-se a cada passo que pisavam no chão duro e arenoso.



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