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História Tormento - O Vilarejo Distante


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Nem demorei nada!
E só tenho uma coisa a dizer a respeito desse capítulo:
TCHARAAAAAANNNN
kkkkkkkkkkk

Boa leitura meus amores :*

Capítulo 8 - O Vilarejo Distante


Fanfic / Fanfiction Tormento - O Vilarejo Distante

Mais uma manhã nascia em meio a todo aquele deserto. O sol que levantava sorrateiro por trás das árvores, lançando seus raios quentes entre as frestas feitas pelas folhas, tocava a pele das garotas com leveza. Camila abriu os olhos delicadamente, a noite apesar de desconfortável, foi suficiente para recuperarem as forças. Sentou-se entre as folhas, que já se distanciavam pelos movimentos noturnos das duas garotas e olhou em volta atenta.

Lauren arregalou os olhos de repente, como em um susto. Sobressaltou-se e olhou ao redor visivelmente preocupada. Seus olhos, após fazerem uma rápida varredura de seus arredores, fixaram-se nos olhos castanhos de Camila e sorriu, como que quem via algo extremamente reconfortante. A latina por sua vez, ria docemente do desespero de Lauren ao acordar e tocou a mão da amiga com carinho, no intuito de relaxá-la.

- Teve um pesadelo? - Camila perguntou curiosa.

- Não… não tive. Pelo contrário, tive um sonho maravilhoso - respondeu.

- Ah é? E sonhou o que?

- Algo tão pessoal que optei por guardar apenas para mim - sorriu marotamente, levantando-se e ficando de pé.

Lauren estendeu as mãos para ajudar Camila a levantar-se. Não lembravam mais para que lado deviam continuar, até verem de onde vinha a água, teriam que seguir pelo caminho do líquido. Queriam levar água para a caminhada, pois precisavam hidratar-se, foi quando Camila teve a ideia de juntar uma casca por cima, para que pudessem tapar a saída facilitada da água. Não era uma solução muito proveitosa, já que caminhariam tendo a todo instante tomar cuidado para que seu conteúdo não escorresse pelas beiradas e acabassem tendo dificuldade com o transporte.

Após todos os cascos serem devidamente enchidos e devidamente tapados, inciaram mais um dia de caminhada, dessa vez esgueirando-se por dentro da mata até a próxima zona aberta. Não sabiam por quanto tempo caminhariam, nem mesmo se caminhavam para uma direção favorável ou desfavorável. Não conheciam até onde os riscos tornavam-se maiores. Lauren sempre a frente, com cuidado, seja pela água, seja pelo medo que corroia dentro de si em deparar-se com o que quer que fosse, onde os criminosos se agrupavam.

Durante o caminho, a cada instante que a sede tomava conta, podiam dar imensas goladas no líquido que se misturava com o sabor suave da fruta que não sabiam exatamente o nome. Camila estava afoita, parecia acreditar fielmente na solução de todo o caso. Seu rosto estava tranquilo e extrovertido, até que o sorriso que emanava em seu rosto desaparecer como névoa. Ela arregalou os olhos, entreabrindo os lábios e ficando visivelmente aflita. Lauren estava da mesma forma, diferenciando-se apenas na postura. A ira tomou-lhe conta, ela estancou o passo, olhou a frente, afastando delicadamente um dos galhos e permitindo que uma cabana feita com barro a sua frente ficasse visível aos seus olhos.

- Droga - deixou escapar.

Camila estava logo a suas costas, sentindo todo desespero de horas atrás, tomar-lhe conta mais uma vez. Sabia que todos os seus sonhos haviam desaparecido, quando avistou um dos homens, com uma barriga relativamente grande, ainda que seu braço todo tatuado e com músculos a mostra, apresentasse uma força que se confundiriam bastante com a gordura que ocupava ao redor de seu abdômen. O homem com densos pêlos no rosto, o olhar enrijecido, mordiscava alguma coisa nos lábios enquanto empunhava em suas mãos um rifle. Ele estava encostado ao lado de uma das portas, tinha um cigarro de palha entre as mãos e cuspia longe de onde estava. Estava claramente despreocupado, apesar do olhar intrigado.

Haviam cerca de cinco casas como aquela, mas apenas uma chamava mais atenção, não só pelo seu tamanho, tinha o dobro que as demais, mas porque esta era guardada por esse homem, ao qual tanto assemelhava-se a uma espécie de guarda. Um segundo homem surgiu pela porta, deu um tapa no braço musculoso do homem que esperava e apontou para o interior. Não havia necessidade de um diálogo verbal, conseguiam se entender através de movimentos discretos. O homem assentiu com um movimento suave da cabeça e seguiu para o interior do casebre. O que agora ocupava seu posto, levou a cabeça para o alto, como se alongasse e em seguida olhou ao redor, analisando a área que provavelmente precisa proteger.

Lauren e Camila ficaram sem ação, paradas por trás do mato que as escondiam, olhavam atentamente o homem que circulava pela varanda de madeira, empunhando uma arma entre as mãos, pronta para atirar naquilo que apresentasse qualquer ameaça. Elas eram uma ameaça, não tinham dúvidas. O risco de levarem um tiro sem esperar, não era nenhuma novidade, então o medo era grande, a ponto de até prenderem a respiração.

Como passariam por aquela área sem serem vistas? Voltariam por onde haviam vindo ou tentariam contornar a vila e correr adiante? Lauren não sabia o que fazer e pela expressão perdida nos olhos da latina, tampouco ela tinha alguma ideia boa. O desespero começou a tomar conta, até que uma espécie de luz parecia ter brilhado mais a frente e seu coração acelerou violentamente ao perceber que um Jipe de cor verde escuro, estacionou frente a casa.

O homem que agora ocupava o posto de guarda, olhou com as sobrancelhas arqueadas e uma expressão curiosa. Duas mulheres desceram do automóvel, seguidas de perto por dois rapazes, uma delas com óculos escuros que escondia seu rosto sério, visivelmente irritado. Ela tinha uma postura rígida, firme, causava um pouco de acanhamento a quem a enfrentasse, a pele corada, dourada como uma digníssima latina e os cabelos presos a um coque, no alto de sua cabeça, escondidos pelo pequeno boné verde. Pela farda, eram brasileiras e pelas cores, claramente militares do exército. A outra fechou a porta do carro com força, a pele clara, sem óculos, de longe podia notar seus olhos claros brilhando sobre o sol escaldante daquelas terras. Os homens pelo contrário, pareciam policiais, não militare e com certeza eram americanos. Provavelmente a polícia mais importante do país e com melhor preparo.

Parecia a salvação das garotas. Era uma luz de esperança avistada no fim do túnel. Lauren deixou um largo sorriso escapar de seu rosto. Camila parecia eufórica, mas ao mesmo tempo tinha um pé atrás. Não conseguiam ouvir o que diziam, conversavam entre curtas palavras e em seguida foram educadamente levados ao interior. Lauren percebeu o homem voltar para a parte externa e lentamente seguir até a esquina da varanda e acenar para os fundos. Apertou os olhos forçando a vista e um grupo de aproximadamente 15 pessoas se aproximava da cabana empunhando armas grandes nas mãos. Era um bote, elas seriam cercadas e mortas e toda a esperança parecia esvair de suas faces.

- Eles vão matá-los - Camila choramingou baixinho.

O homem da guarda parecia alertar, para que apenas ficassem atentos, mas que não fizessem nada. Eles se espalharam, curiosamente sabiam exatamente onde se esconder. Aparentemente, a qualquer alerta disparado pelo guarda, eles avisariam. Lauren sabia que não poderia correr de encontro as duas mulheres, caso contrário, elas não seriam páreas para aquela quantidade de criminosos. Mas aquela chance era tão importante, parecia brilhar sobre elas e de repente como uma luz, piscou e desapareceu. Não poderiam estar salvas naquele momento. Parecia até irônico, uma piada de mal gosto. Os olhos de Camila se encheram de lágrimas, ela tremia, a agonia e o medo se misturavam e causava até um arrepio na nuca. Queria chutar tudo, gritar o mais alto que pudesse, mas não podia. Por sorte estavam distante e escondidas e ainda tinham uma chance de escapar.

Cerca de vinte minutos depois que entraram, o homem musculoso deixou o interior da casa acompanhado dos visitantes indesejáveis. Uma delas olhava para os lados como se analisasse cada canto daquele lugar atentamente. A outra não parecia confortável, claramente incomodada com ambos os homens. Olhava para as armas que empunhavam, uma expressão incrédula de como deveriam aceitar isso. Eram duas pessoas que pareciam não ter acreditado sequer em uma palavra dita por aqueles homens. Diferente dos policiais, que finalizavam a conversa e acompanhavam as militares até o carro. Lauren queria correr de encontro a elas, claro que estavam ali pelas garotas, por qual razão não estariam?

Deveria haver alguma forma de entrar naquele carro, ele não parecia distante de onde estavam, mas ao mesmo tempo seria impossível alcançá-lo sem serem vistas. Lauren ouviu suas vozes, percebeu que conseguiriam ouvir suas conversas, pois de onde estavam a distância era mais curta.

- Como eles são autorizados a empunharem armas como aquelas? - a mulher de pele alva e intensos olhos azuis perguntou.

- Não podemos critiar as regras deste país, senhorita Ellen - o homem comentou dando de ombros e abrindo a porta do veículo militar - Temos somente que respeitar. Recebemos a permissão para as buscas, não para interferir na ordem.

- Não se trata de ordem, oficial - a outra mulher criticou rispidamente, postando-se de frente para Ellen - Se trata de estarmos aqui para resgatar duas pessoas inocentes que foram cruelmente sequestradas e sabe-se lá se ainda estão vivas. Eu não vi a polícia local mover um dedo para encontrá-las e agora conversamos com líderes criminosos ao qual devemos respeitar? - ela cerrava os lábios irritada, tirou os óculos com agressividade e apontava o dedo sobre o peito do policial - Se estão aqui e fomos convocadas pelo presidente para encontrá-las, temos que nos meter nas leis deles sim, até as encontrarmos.

- As coisas não funcionam assim - ele disse com ignorância - Entrem no carro de uma vez e vamos resolver nossos problemas.

O homem entrou no carro acompanhado do outros. As duas soltaram os braços irritadas, um entreolhar deixou claro a insatisfação das duas com o que estava acontecendo. Elas tinham razão, não havia motivo para que não interferissem nas leis, já que eles o fizeram primeiro. Duas garotas foram sequestradas, ninguém sabia se estavam bem, se estava feridas ou sequer se ainda estavam vivas. Mas sabiam que estavam por ali, o que era algo maravilhoso. Mas se não pudessem ir a fundo, sabiam que logo morreriam. Ou de sede e de fome ou sendo pegas por aqueles homens ruins.

- Eu não consigo ficar de braços cruzados como esses dois idiotas, Sarah - Ellen comentou.

- Por enquanto é a única ajuda que temos - a mulher respondeu impaciente - Vamos logo, vamos ver o que eles querem fazer e depois resolvemos do nosso jeito.

- Do nosso jeito? Que jeito?

- O único que conhecemos tão bem - Sarah piscou para Ellen em um sorriso maroto.

Entraram no carro em seguida e Lauren se jogou para trás onde estava escondida. Dois homens estavam por trás da casa aguardando qualquer sinal para que pudessem disparar. Mas a mão, disfarçadamente colocada para trás, avisava para esperarem e quando o carro deixou o espaço, o aviso de debandar foi dado e todos voltaram aos seus afazeres comuns. O ruído do motor ficou distante, Camila observava atentamente por onde o carro havia partido e uma ideia surgiu-lhe a cabeça.

- Eles vieram de lá.

Era lado contrário de onde vinham, mas ainda assim não seria uma linha reta e sim uma curva acentuada para a direita. Lauren entendera o que a garota quis dizer, assentiu com a cabeça, concordando com a ideia que lhe surgira e caminharam, acocoradas. Caminharam com cuidado, qualquer ruído entregaria suas posições e com certeza morreriam com uma bala cravada em seus corpos. Ainda que não acertassem, aquelas armas eram grandes o suficiente para conseguirem fazer um enorme estrago.

Tinham a respiração presa e ainda seguravam com força as garrafas improvisadas com cascas de Annona. Abraçavam em seus corpos como se fossem partes importantes de suas sobrevivências. Camila um pouco mais desastrada, bateu-se contra algo no chão que rompeu em um ruído alto. Lauren olhou para trás e com um gesto pediu para que a garota agachasse ainda mais. Olhou em direção a casa, mas o som não parecia ter chegado até eles. Como se pedisse desculpas, a latina respirava forte, ofegante. Lauren olhou para os seus pés e não conteve um sorriso largo. Havia uma sacola de lixo, com uma caixa velha de leite que cheirava azedo e algumas garrafas de sucos e cervejas.

- Estou ficando cansada de coisa boa e coisa ruim.

- Que dirá eu? - Camila esboçou exausta.

Lauren pegou as garrafas de plástico com cuidado, deixando somente as de vidro. Segurou-as procurando não fazer mais nenhum ruído. Mas não conteve, ao lado ouviram um quebrar de galhos que as assustou, fazendo-as virarem para o lado mirando a área onde o som disparara. Havia alguém ali deitado, podiam ver as botas surradas e sujas de lama. Havia alguém ali sim, estava deitado, como se dormisse. Era o fim da linha.



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