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História Tornado Negro - "Mamãe disse que sou forte"


Escrita por: Sarinha_huebr

Capítulo 19 - "Mamãe disse que sou forte"


Fanfic / Fanfiction Tornado Negro - "Mamãe disse que sou forte"

-Por que as coisas tem que ser assim? Por que toda vez que eu estou começando a ficar feliz vem um vendaval e derruba tudo? - disparo o gatilho da arma e atiro contra o tronco de árvore que estava a cerca de 6 metros de mim - Por quê...?

Eu não consegui segurar. Involutariamente meus olhos transbordam e lágrimas rolam pelo meu rosto.

Eu sabia que isso viria à tona uma hora ou outra. Eu deveria estar preparada. Eu deveria estar pronta. Eu deveria estar tantas coisas mas não estava nem pelo uma delas.

Desabo no chão coberto por folhas secas e paulatinamente as gotas das lágrimas se misturam com as de chuva. Você sabia que, por mais que aparente ser, as lágrimas se distiguem uma das outras? De acordo com um projeto chamado "A Topografia das Lágrimas" descobriu-se que existem muitas diferenças de lágrima de acordo com o nosso sentimento. Cada gota da mesma carrega um microcosmo de experiência humana e que, tomado o conhecimento de dois pesquisadores, existem três tipos principais de lágrimas: as basais (aquela que o corpo produz para lubrificar os olhos), as reflexivas e as psíquicas (desencadeadas por emoções). Todas elas carregam substâncias orgânicas, incluindo óleos, anticorpos e enzimas. Elas funcionam como impressões digitais, nenhuma lágrima é igual à outra. Dessa forma, na atual circunstância, concluo que minhas lágrimas não são basais e sim reflexivas e, sendo mais específica ainda, de angústia.

Sinceramente, eu não sabia o que fazer. As palavras daquela mulher, daquela mãe, suplicando para que eu desaparecesse de New York porque eu era "o" culpado de ter derramado o sangue inocente de seu filho, não saem da minha cabeça. Pietra me dissera que salvou o vídeo no pen drive assim que o visualizou para não correr o risco dele ser deletado da internet pelos meus fãns e que, quando vizualizou, já tinha chegado a mais de 500 mil deslikes comparado a 1 único like deixado pela própria moça do vídeo. Eu não repreendo seu comportamento, me esconder aquilo seria pior, mas também não estou feliz por ela ter me mostrado. Passado e presente são tempos verbais completamente distintos, não é possível que... eu não sou um monstro... pelo menos não foi o que eu planejei ser.

A chuva engrossa interrompendo meus pensamentos melancólicos fazendo com que meu cérebro crie novas sinapses para se levantar e agir a vida. Tomo a arma em minhas mãos e observo-a atentamente à medida que vou caminhando pela trilha da mata. Um simples objeto que contém um grande potencial de destruição,  potencial esse que não possuo. Todavia, será necessário tomar tal coragem para impedir que esses assassinatos sem sentido continuem? Será preciso me utilizar de técnicas horrendas para ter que colocar as pessoas em segurança? Passado e presente são tempos verbais completamente distintos, eu não posso misturar as coisas novamente.

-O que você está fazendo aq... - e a fala de Kevin é interrompida assim que avista a arma que eu estava segurando - Olha, eu juro que não vou te azucrinar novamente se me deixar viver. - com as mãos para cima ele faz uma expressão de pânico.

Olho para seu rosto incrédula com sua reação e prossigo meu caminho.

-Não vá me dizer que vai se matar logo agora que eu gastei um dinheirão para transformar você no que está agora. - como sempre, Kevin não muda.

-Não lhe interessa o que vou fazer com isso! - grosseiramente respondo-o.

-Ok, não precisava ser tão grossa... - ele sai da minha frente com um olhar abatido. Ele não tinha culpa do que estava acontecendo e do turbilhão que, por mais uma vez, insistia em morar na minha cabeça.

-Me desculpa, eu não estou bem. - curtamente peço perdão.

-Você me pedindo desculpas... tem certeza que não vai se matar? - aonde estava aquele olhar abatido de agora pouco?

-Kevin, eu não vou me matar e nem muito menos matar alguém - pelo menos até eu tomar uma decisão - mas se continuar a me irritar eu posso muito bem mudar de ideia. - dou um sorriso maléfico.

-Então se não vai fazer nada disso, porque está com calibre 38 nas mãos?

Aiai Kevin, se você pelo menos do enredo que se trata toda essa história.

-Eu encontrei ela na mata enquanto estava andando desapercebidamente.

-Desapercebidamente? Do jeito que está com esses olhos inchados e ensopada desse jeito, você não estava simplesmente passeando pelos campos enquanto o lobo mau não vem.

Meus lábios se curvam em um sorriso. Apesar de ser quem era, Kevin estava se tornando um grande amigo, melhor até do que eu esperava.

-É legal de sua parte se preocupar comigo. - olho para o céu nublado e logo fecho os olhos. Gotas de chuva batem deslizando pelo meu rosto - Acho que já está na hora de começar a confiar em você.

-Confiar em mim? - sinto que ele para de me acompanhar - Pensei que já confiava. Hashtag decepcionado.

-Não comece com drama por favor, agora não é momento para isso. - deposito minhas mãos na testa e balanço a cabeça negativamente - Mas me diga, o que estava fazendo andando por essas redondezas?

-Eu estava correndo. Corro para aliviar o estresse e arejar a cabeça. Se perceber, estou com meu maravilhoso tênis de corrida azul e verde e uma camiseta da Adidas oficial. - ele força uma tosse e prossegue com entonação - Oficial!

-Foda-se se você simplesmente precisa ter algo original para ser feliz. Eu não ligo para essas coisas banais. - reviro os olhos.

-Já que parece que piorei seu humor pode me conceder dois desejos? - ah, com toda certeza, se você tiver deixado alguém irritado, você irá pedir um favor à essa pessoa.

-Você não tem, sequer, algum senso de noção né? - dou um peteleco em sua cabeça.

-Posso pedir? - sua mão esquerda massageia o local em que eu dei o peteleco.

-Vai logo!

-Encaricidamente lhe rogo, devolva essa arma em algum posto policial. Se te pegarem portando tal objeto vai ficar muito chato a situação para a sua mãe.

Ele estava preocupado comigo e tinha razão, porém não sabia de completamente nada. Eu não podia fazer isso.

-Prometo. - minto - E qual é a próxima coisa?

-Aposte uma corrida comigo até a nossa casa. - ele começa a alongar o braço como se já se preparasse para correr.

-E o que eu vou ganhar com isso se vencer?

-Além de minha digníssima compania irá ganhar o que quiser de mim. - sensualizando ele passa as mãos pelo seu corpo mordendo o lábio inferior.

Reviro os olhos em sinal de reprovação ao seu comportamento vulgar.

-E se eu perder?

-Eu vou ganhar um beijo seu na bochecha.

Não era tão ruim assim. Depois de tudo que ele fez por mim, bem que estava merecendo algo do gênero. Mas... eu não iria perder.

-Se prepare para comer poeira justin bixinha falsificado. - abro um grande sorriso ajeitando meu corpo para correr - Em suas marcas...

-Preparar... - ele fica ao meu lado confiante.

-Apontar...

-Fogo! - e é dada a largada.

Eu não iria perder. Não era a toa que eu tinha arrumado uma profissão do nível que arrumei. Se bem que não era uma profissão, estava mais para um hobby que sou obrigada a fazer. Ou nem tanto.

Ultrapasso os carros que estavam parados no semáforo seguindo em frente. Kevin está bem atrás de mim, determinado e sorridente. Como ele conseguia sorrir o tempo todo? Não existe nada no mundo que consiga tirar aquele sorriso desgraçado da fuça dele. Estou começando a achar que ele tem um sério parentesco com o Coringa.

De repente minha velocidade cai bruscamente. Avisto Christian do outro lado da rua conversando com uma garota afro-descendente e pelo visto, ela era muito bonita. Meu coração palpita fortemente e sinto que começo a suar frio. Que palhaçada era aquilo que eu estava sentindo? Meus pés se estagnam na calçada repleta de poças d'água e paro para observar toda a cena enquanto a chuva teimava em correr pelo meu rosto. Vagarosamente ele se aproxima ainda mais da menina e se curva para perto de seu rosto e sem qualquer sensatez, com aquele sorriso sexy, ele a beija voluptosamente.

-Venha, vamos sair daqui. - Kevin puxa meu braço carregando-me novamente para longe de sua presença.

Eu sou tão trouxa assim? O que eu achei que estaria fazendo ao tentar provocá-lo ensinuando que estava namorando seu irmão? Eu perdi a noção...

-Ei casca grossa, não era você quem era a forte? - ele me solta e dá um leve soco em meu ombro.

-Me deixa em paz Kevin... - olho para o lado dando as costas para ele - Não me venha com gracinhas agora.

Respiro profundamente e insinuo dar um passo para sair perto de sua presença porém as mãos teimosas de Kevin adoram me incomodar. Viro-me com os olhos pegando fogo de ódio. Eu não queria ser incomodada, eu só queria ficar sozinha.

-Só não faça besteira com a arma tá? - ele sorri amigavelmente para mim. Eu odiava aquele sorriso dele tanto quanto odiava jiló.

Balanço a cabeça afirmativamente e resolvo prosseguir com o passo. Minha próxima parada? Se importar com pessoas que realmente precisam de mim.

♤◇♤

-VOCÊ SAIU NO JORNAL DA ESCOLA KATYYY!!! - Pietra grita com todas as letras e fonemas possíveis na gramática normativa no refeitório escolar fazendo com que todos direcionem os olhares para nós.

-Qual a parte de manter segredo você ainda não entendeu? - cochicho extremamente brava.

-Desculpa, é que eu fico muito animada toda vez que vejo minha criação nas manchetes. Dá vontade até de chorar! - seus olhos teimam em se encher d'água.

Sorrio. Apesar de ser um megafone ambulante ela era uma grande amiga que estava me animado mesmo sem saber.

-O que vai jogar na Olimpíada escolar? Já se decidiu? - ela me observa atentamente esperando ansiosamente para que a resposta seja: futsal.

-Sim, eu já me decidi. Vai ser futsal. - tampo os ouvidos o mais rápido possível que consigo.

-EU NÃO ACREDITOOOOOO!!!! - sua voz às vezes conseguia ser extremamente irritante - Deixando bem claro para as inimigas que com Katy no futsal temos uma grande chance de ganhar os jogos. - ela balança a cabeça metidamente jogando o cabelo de lado.

-Falando em jogos, temos que correr para a educação física se não nós iremos nos atrasar. - olho para o relógio de pulso em seu braço.

-Meu santo padim ciço, você tem toda razão! Nossa campeã precisa treinar incansavelmente para ganhar. - ela suga o suco de melancia de caixinha em uma chupada só - Vamos, vamos!

Me levanto quase sendo arrastada pela minha amiga e em menos de quatro passos estava fora do refeitório e se encaminhando para o vestiário feminino. Como não sou o tipo de pessoa que não demora a se arrumar, logo estava pronta e na quadra central de apresentação.

-Katherine Perkins, será que você me ajudar? - uma mulher adulta, baixinha, cabelos castanhos e presos em um rabo de cavalo chega perto de minha pessoa - Sou a nova professora de futsal e fiquei sabendo que você é muito boa de bola.

-Claro que posso ajudar. - se tem algo que não rejeito é ajudar as pessoas - No que posso ser útil?

-Preciso que vá ao galpão e encontre esses equipamentos. - ela deposita um pequeno papel com um monte de letras embaralhadas em minha mão.

-Ok! - sorrio e me distancio dela indo em direção ao galpão - Traves laranjas pequenas, saco de bolas, mini cones amarelos e bambôles... - sussurro enquanto meus pés adentravam o galpão.

Um frio percorre minha espinha. A última vez que havia pisado o pé ali foi no oitavo ano do ensino fundamental, lugar do qual eu passei uma das piores experiências da minha vida.

Balanço a cabeça me distanciando de tais pensamentos e me concentro no meu serviço. Aquela fase já passou e agora sou uma nova Katy, uma outra pessoa. Aos poucos vou encontrando todos os equipamentos citados na lista e juntando todos eles em um canto.

-Finalmente acabou! Até que não demorou muito. - contente sigo em frente para as portas do galpão.

Empurro com determinada força e nada. Com toda certeza eu não devo ter empurrado direito. Largo os utensílios no chão e empurro novamente. Sem sucesso. Começo a ficar desesperada e minha falta de ar começa a aparecer. Uso toda a força existente e literalmente me jogo contra a porta. Nada.

-Não...não...de novo não... - continuo me jogando contra a porta e lágrimas surgem em meus olhos. Eu estava passando pela mesma situação novamente e não conseguia manter o controle - Ninguém vai tocar em mim de novo, eu não vou deixar ninguém me bater, eu não vou... - em prantos, sem qualquer esperança e força, me jogo no chão. Meu desespero aumentava e meu pulmão se comprimia cada vez mais - Eu sou forte agora, eu não vou deixar ninguém bater em mim. Posso vencer vocês, eu posso acabar com a raça de vocês seus vigaristas...eu posso...

-Katy!

♤♧♤

Estou presa no galpão e com muito medo. Eu preciso manter a calma, alguém vai me ajudar e me tirar daqui.

-Achou que estava sozinha Katy? Achou mesmo que íamos deixar passar barato o que fez com nosso líder? - um garoto magricelo chega cada vez mais perto de mim e portava um objeto metálico grosso e pesado.

-Nós vamos acabar com a sua raça sua porquinha para você aprender a nunca mais mexer com gente como nós. - outro garoto, um pouco cheinho, segurava nas mãos um líquido azul.

- Me deixem em paz! Eu não derrubei porque eu quis, foi um acide... - levo um chute na barriga com muita força.

Comprimo a dor em uma respiração fechando os olhos. Mamãe disse que eu sou forte, eu acredito na mamãe.

-Não podem fazer isso comigo! Eu não sou...

-Cale a boca sua porquinha ou prefere que eu lhe cale com meu porrete? - o garoto magricelo me ameaça partindo para cima de mim sem nem pensar duas vezes.

Suprimo a dor em um gemido. Eu sou forte, mamãe disse que eu sou forte, eu posso suportar qualquer dor.

-Isso é para você aprender a nunca mais mexer com a gente sua pirralha. - o magricelo me atingi pela última vez com sua barra metálica nas pernas.

-Ninguém nunca vai gostar de você, diferentona. Você nunca vai ter amigos ou um namorado. - o garoto mais cheinho derrama o líquido azul em minha cabeça - Porque você não se mata logo?

Eu não conseguia falar. A dor era muito grande e tudo que eu conseguia sentir era pingos do líquido azul escorrendo pelo meu rosto.

-Até a próxima sua otária! - eles saem pela porta do galpão, agora aberta, com um ar triufante, à medida que todos os alunos riam de mim e diziam o quanto eu era horrível.

-Enquanto eu não me matar, vocês nunca poderão sentir o gosto da vitória. Eu venci mais uma vez. Eu sou forte. Mamãe estava certa, ninguém pode me vencer a menos que eu deixe. - sussurro e os meus olhos se fecham gradativamente - Ninguém...

♤♡♤

-Katy, Katy, Katy, pelo amor de Deus acorde e pare de falar sozinha enquanto dorme. - ouço uma voz um tanto quanto familiar.

-Christian? O que está fazendo aqui? - desorientada me arrumo para sair de seu colo.

-Eu ouvi seus gritos do lado de fora do galpão e pensei que algo grave tinha acontecido. - desajeitado ele procura um lugar para conseguir olhar - Estou aliviado em saber que está tudo bem.

Minhas bochechas estão quentes e meu coração bate acelerado. Essa sensação é esquisita demais.

-Me desculpa por ter sido tão escroto com você, principalmente ontem à tarde. Eu estava chateado em saber que era verdade a história de você estar namorando o Kevin. Isso realmente me deixou indignado.

-Por que as garotas semprem querem você de prontidão né? - ele faz que sim com a cabeça - Eu não sou como as outras garotas Christian e parece que só você não entendeu isso.

-Eu posso tentar te entender, porque não tenta me explicar? - nossos olhares se cruzam e ambos ficamos corados. Aquela outra sensação estranha de borboletas na barriga começa a aparecer. Isso é terrível - Ninguém pode te vencer, todavia eu posso tentar te entender.

-Você acabou ouvindo o que... - ele deposita o seu dedo indicador em meus lábios me interrompendo.

Por qual razão eu não conseguia fazer ele se afastar de mim, ou pior, porque eu mesma não conseguia me afastar dele?

-Você está tão linda... - suas mãos insensatas percorrem meu rosto chegando à minha nuca. Sua respiração estava ofegante e eu podia sentir seus batimentos cardíacos se acelerarem cada vez mais. Sua boca se contorcia e percebi seu hesitamento - Promete não me bater? - ele me pergunta estando a menos de cinco centímetros de minha boca.

-Ela eu não sei, mas eu prometo dar um belo soco nessa sua cara se tentar algo com minha namorada, irmãozinho. 


Notas Finais


O que acharam do capítulo? Uma mistura de emoções e sim, até eu chorei escrevendo. Não posso dar muitos spoleirs mas o passado da Katy é muito ruim, então fiquem espertos nos próximos capítulos.

Me perdoem pela imensa demora. Estava muito preocupada com vestibulares e principalmente com o temido ENEM*.

Obrigado por não desistirem de mim e continuarem firmes e fortes.

*ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio. Uma prova que consta conhecimentos gerais e te faz entrar em uma universidade dependendo de sua nota.

P.S.: Para aqueles que ficaram interessado na matéria das lágrimas que coloquei na história, o link é esse: http://m.megacurioso.com.br/corpo-humano/43219-estudo-revela-que-as-lagrimas-mudam-de-acordo-com-nosso-estado-de-espirito.htm

Porém, caso não consigam acessar por aqui, é só pesquisar na internet "Megacurioso: Topografia das Lágrimas".

P.S.S.: O outro capítulo ja está pronto, só falta a criatividade para fazer a tirinha.

P.S.S.S.: Agora que estou de férias irei atualizar pelo menos uma vez por semana. É PARA GLORIFICAR DE PÉ IGREJAAAAA!! Kkkkkk

Agora chega de conversa mole, fui!


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