História Torture - Margaret, Part I

 Nas primeiras noites que passei no Mississipi tive que dormir na rua. Ou eu gastava meu dinheiro com comida, ou com uma pensão bem furreca. Escolhi a comida. Encontrei emprego após aproximadamente quatro dias. Como já disse antes. eu era inexperiente. Nem passou pela minha cabeça a possibilidade de que poderiam me encontrar, e, eu nunca ouvi falar sobre alguém encontrado enterrado na minha casa, então não acho que seria preso por isso.

 Eu trabalhava em um bar. O emprego não exigia muito de você. Você tinha apenas que ser machista o bastante para aprovar a atitude idiota de homens batendo em suas esposas e rir de piadas ofensivas. Lá iam sempre as mesmas pessoas. Tinha o senhor Smith, que era um homem velho, gordo e cheio de lamúrias. Ele sempre estava cabisbaixo, não conversava com ninguém. Apenas bebia, bebia, bebia. Tinha o senhor Bukowski, ele era nazifascista e socialista. Estava sempre criticando a loja ao lado que foi criada por judeus, e sempre falava sobre politica. Contava histórias sobre sua infância e falava sobre o que ele teria feito se fosse Hitler. Tinha o senhor Thompson, um homem musculoso que batia na mulher e ia beber e contar sobre coisas que o levaram a achar que ela o traia. Tinha os fumantes, os bêbados que estavam sempre rindo, as piriguetes que sentavam no colo de quem pagasse bebidas a elas, e Margaret. 

 Margaret era velha e feia. Mas ela estava sempre acompanhada de homens ricos. Ela parecia estar sempre feliz. Sempre usava jóias e uma maquiagem exagerada. Eu não sabia como ela fazia aquilo, pois, no mundo atual, a única coisa que importa é a beleza exterior.  Um dia, estava servindo ela e um homem magro que usava terno. Então, após muito tempo, decidi perguntar.

 -Senhora, com licença.-disse eu

 -Sim?-ela respondeu

 -Sempre a vejo com homens aparentemente ricos, e eu não entendo como consegue pois desculpe lhe falar mas a senhora não é bonita.

 Ela riu e pediu licença ao homem que a acompanhava. Me levou até um dos cantos do bar e disse:

 -Bem, quando acaba seu expediente?

 -Meia-noite.

 -Eu lhe esperarei.

 Quando o bar já estava quase fechando, Margaret ainda estava lá. Ela estava sozinha. Não vi quando o cavalheiro foi embora. Ela estava tomando cerveja. Meu chefe era safado e folgado. Mandou que eu fechasse o bar e eu não poderia fechá-lo sem que ela fosse embora. Sentei-me ao seu lado. Estava com medo pois ela poderia tanto me dar uma lição de moral quanto ser gentil e me responder.

 -Como é seu nome?-perguntou-me

 -Carl.

 -Muito bem, Carl. Eu sou Margaret.-ela falou sorrindo e pegando na minha mão que estava em cima da mesa-Beleza não é a única coisa que importa. A maioria das pessoas só pensa nela, mas quando se está apaixonado, não é uma coisa tão insignificante que vai fazer com que você abandone a pessoa. O que eu quero dizer é que, eu sou gentil e segundo o que me dizem, legal.  Isso faz com que as pessoas gostem de mim.

 -Entendo. Amanhã você virá?

 -Eu sempre venho.