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História Touch - Capítulo IV


Escrita por: evilynebrochu

Capítulo 4 - Capítulo IV


Delphine se espreguiçou na enorme cama de casal e se deparou com sua melhor amiga dormindo como um anjinho ao seu lado. Niehaus nunca tinha dormido assim, estava calma. Cormier sorriu ao ver aquela imagem e rapidamente se lembrou do sonho. O sonho que tivera com Cosima era algo bobo, elas trocavam alguns beijos curtos escondidas e faziam carinhos uma na outra, num revezamento incrível. Delphine tentou desvencilhar aquele sonho da cabeça sacudindo-a. Não deveria estar tendo aqueles sonhos com a melhor amiga, muito pelo contrário, Cosima era sua melhor amiga e isso não poderia afetar a relação delas.

 

Mesmo sem o terço, Delphine se levantou da cama e fez sua oração matutina, descendo rapidamente para preparar algo para as duas comerem. Era diferente cozinhar para Cosima, ela não se sentia obrigada, e de fato não era, preparou ovos com bacon e suco de laranja. Agradeceu a Siobhan por ter feito compras no dia anterior, aquilo havia salvado a pele das duas garotas.

 

[...]

 

Niehaus abriu os olhos preguiçosamente, estava ouvindo o despertador do celular e deslizou a tela para interrompê-lo. Agradeceu por não estar atrasada. Apesar de já estar com seus olhos abertos e adaptados com a luz do dia, ficou um tempo na cama se lembrando do sonho que tivera. Cosima sonhou com Delphine naquela noite, só que diferente da loira, a morena teve um sonho mais quente. Ela tinha Cormier em suas mãos, literalmente. Fechou os olhos tentando se lembrar da imagem que seu sonho pudera propor e sorriu. Cosima pegou os óculos que descansavam na cômoda ao lado da sua cama e os colocou, finalmente acordando.

 

Desceu alguns degraus da escada e pode sentir o cheiro que irradiava da cozinha. “Delphine cozinhou para mim!” Niehaus pensou e sorriu mais uma vez naquela manhã, estava sendo demasiadamente agradável para uma manhã de uma terça-feira comum, não esperava que poderia se sentir no céu justamente naquele dia da semana tão banal.


 

— Bom dia. —  Cormier disse assim que notou a presença de Cosima na cozinha. - Preparei ovos com bacon e suco de laranja.
 

— Meu prato favorito. —  a morena respondeu com um sorriso ainda maior nos lábios. - Você não se esqueceu.
 

— Como eu poderia me esquecer de algo que você gosta. — apesar da resposta sincera e simples da loira, Cosima sorriu largamente mordendo os lábios. Delphine notou o que havia falado e logo tratou de concluir sua frase. —  Afinal, você é minha melhor amiga. — Cormier deu ênfase no “melhor amiga”, fazendo com que o sorriso de Niehaus se derretesse. —  Vou tomar um banho, pode ir comendo.


 

A loira subiu as escadas indo diretamente a suíte de Cosima, estava sentindo algo estranho no meio das pernas, era uma sensação nova para Cormier que nunca havia experimentado nenhum prazer da carne, não havia nem beijado. Assim, os meninos da escola a enxergavam como “menina para casar”. Delphine tomou um banho gelado tentando se livrar daquela sensação tão estranha no seu corpo, conseguindo depois de um tempo.

 

[...]

 

Cosima estava conversando com Sarah pelo celular, era a amiga mais próxima tirando Delphine. A inglesa conversava sobre o quanto sentia falta de aproveitar a vida no estilo londrino de ser, Manning tinha 17 anos, mas foi morar no Canadá com 14, já tendo aproveitado bastante sua vida.

 

“Poderíamos ir em alguma cidade mais afastada para nos divertirmos um pouco, Cos”

 

“Ainda não sei, Sarah. Estou confusa com algumas coisas acontecendo e não posso contar para Delphine.”

 

“Eu até imagino o que será HAHAHA. Boa sorte, preciso ir me arrumar para escola.”

 

Aquilo martelou um pouco a cabeça de Cosima, mas não precisava ser muito inteligente para concluir que Niehaus estava caidinha pela melhor amiga, mas naquela cidade e naquele contexto, era algo que não existia porque acreditava-se que não existia nenhuma homossexual e por ser uma cidade tão pequena e restrita a novidades, de fato não tinha nenhum homossexual, pelo menos não assumido.

 

A morena subiu até seu quarto se deparando com Delphine tentando vestir uma de suas roupas. Foi engraçado ver a melhor amiga tentando mudar o estilo, ela deu um sorriso e pigarreou assustando a loirinha que estava distraída.


 

— Eu acho melhor você tentar provar essas roupas durante a tarde. — Cosima falou com sinceridade olhando o relógio. —  Mas aproveita que seu pai está longe da cidade, vista algo diferente, tente ser você mesma.
 

— Eu sempre sou eu mesma. —  Delphine respondeu encarando confusa a melhor amiga.
 

— Se você sempre fosse você mesma não estaria provando minhas roupas para saber qual é a sensação de ser “comum” —  fez aspas com os dedos.
 

— Eu não quero conversar sobre isso. — Delphine tirou a calça justa que vestia e colocou uma saia jeans que estava na sua mochila.
 

— Você nunca quer conversar sobre isso. — Cosima bufou pegando a calça e vestindo-a em seu corpo e sentindo o cheiro de lavanda que o corpo da loira emanava. Suspirou.
 

— Pode ser quando chegarmos? — Cormier encarou a melhor amiga suplicando com os olhos.

 

Cosima nada disse, apenas confirmou com a cabeça, sentido-se vitoriosa. Colocou uma camisa enorme e colocou a mochila nas costas. Delphine repetiu os movimentos da amiga e em menos de cinco minutos elas estavam indo em direção ao colégio. Respiraram aliviadas ao verem Felix esperando o ônibus da escola, não estavam atrasadas.

 

— Bom dia, Fee. —  Cosima falou encarando o amigo que parecia um pouco atordoado. - Você parece estranho, o que aconteceu?
 

— Nada demais, Cos. Que milagre você apanhando o ônibus da escola. —  Felix respondeu surpreso.
 

— Meus pais viajaram vão passar uma semana fora, eu acho.
 

— Mas eles não levaram os dois carros, eu tenho certeza.
 

— E não levaram. —  Delphine respondeu pela melhor amiga fazendo com que a morena a encarasse torto com olhos cerrados.
 

— E por que você não está dirigindo, Cos? —  o moreno de lábios carnudo perguntou a morena.
 

— Você acha mesmo que eu vou pegar no carro da mamãe? Ela me mata. Já basta o que aconteceu mês passado. — respondeu fazendo o amigo se lembrar do pequeno acidente que ela causara no mês anterior.
 

— Faz sentido, mas bem que poderíamos fazer uma festa na sua casa. —  Felix continuou com suas ideias.
 

— Não acho que seja uma boa ideia… —  Delphine se manifestou depois de um tempo em silêncio.
 

— Pode ser. —  Cosima cortou a melhor amiga, fazendo com que a loirinha voltasse ao silêncio que estava antes. —  Eu estava conversando com a Sarah mais cedo, estamos precisando de uma festa mesmo, antes da formatura.
 

 

Delphine ouviu aquelas palavras e sentiu seu coração sendo atravessado por uma lança, faltava pouco para ficar sozinha naquela cidade. Como ela queria ter feito mais amizade do que tinha, algumas pessoas ficariam na cidade para continuarem sua vida sem ensino superior. Estava bem próximo de tudo acabar, do ensino médio e de estar perto da sua melhor amiga, ela sabia que aquela sensação era agridoce demais, mas ela fingia um sorriso estampado no rosto quando perguntavam a ela o que estava planejando para o futuro. Ela queria ir para Toronto com Scott e com Cosima, ter uma vida normal estudando o que tanto queria.

 

— E o que você acha, Delph? — Felix chamou atenção da loirinha, despertando-a do sonho acordado.

 

— Por mim tudo bem. — Cormier respondeu mesmo sem saber ao certo do que o moreno falava e quando ia concluir a frase com o que queria, avistou o ônibus chegando no ponto.

 

[...]

 

—  A ideia não é chamar a escola toda até porque muita gente daqui é chata para caralho. — Sarah falava depois de saber por Cosima que haveria uma festa na casa dela.

 

Sarah Manning sabia como fazer festas, mesmo sendo menor de idade, ela conseguia bebida e chamava as melhores pessoas da escola, o que era ótimo porque Cosima estava planejando ficar com alguém para esquecer dos sonhos, acordados ou não, com Delphine.

 

— Eu tava pensando em chamar alguns jogadores de futebol. — Felix falou olhando para a punk rock de mechas louras pelo cabelo. — Tô saindo com um dos jogadores e não quero que ele se sinta excluído da minha vida.

 

— Você que sabe, mas fala que vai custar 10 dólares, bebida não brota do chão e meu contato cobra um pouco caro pela bebida, mas vê se eles conseguem comprar alguma coisa também, eles tem dinheiro pra isso.
 

— Tá bem.

 

— Quem vai cuidar das músicas? — Alison perguntou depois de terminar o lanche que estava comendo. — Eu posso ajudar com essa parte, não quero cozinhar.
 

— Pega alguma coisa congelada, Ali — Cosima respondeu. — É mais prático para todo mundo, é melhor.
 

— Tá bem, mas eu ainda quero cuidar da playlist.

 

— Você que sabe. — Sarah respondeu dando de ombros ao posicionamento de Hendrix, não queria discutir.

 

— Quais partes da sua casa serão permitidas, Cos? — Manning estava realmente interessada e motivada para a festa, era até engraçado ver a punk daquele jeito, geralmente era apática.

 

— Pode ser pela casa toda, menos no quarto dos meus pais por motivos óbvios. Vocês vão dormir lá em casa para me ajudar com a bagunça?

 

— Claro! — os três amigos responderam uníssonos, enquanto Delphine permanecia em silêncio no seu canto, apreciando a fatia de pizza que fora servida naquele dia.

 

— Então sexta-feira, Cos?

 

— Sim, por favor, cuidado com quem vocês vão convidar, se eu ver alguém que eu odeio vou me ver com vocês. — Cosima concluiu a conversa olhando fixamente para Delphine.

 

[...]

 

As melhores amigas entraram na enorme casa e fecharam a porta logo em seguida. Cormier não falou muito naquela manhã, talvez estivesse economizando palavras para contar tudo que sentia para Niehaus, a sensação de estar fingindo ser alguém que não era ainda deixava a loira magoada, e isso acontecia desde que ela era muito pequena. Elas haviam passado no mercado e comprado uma lasanha congelada para poupar o tempo das duas, afinal, era uma conversa muito séria.

 

— Eu não sei por onde começar. — Cormier confessou o peso que carregava, não sabia por onde iniciar aquela conversa. —  Eu carrego um fardo terrível, meu pai é essa droga de líder religioso e eu não posso ser uma pessoa da minha idade, tenho que usar essas roupas, tenho que me comportar de tal modo. Eu tenho ódio do meu pai, Cos. — finalmente cuspiu o que estava preso em sua garganta. — Eu sei que é pecado, mas eu o odeio.

 

Delphine não aguentou, seus olhos da cor de âmbar se tornaram escuros e lágrimas começaram a rolar do seu rosto. Cosima nada falou, apenas agarrou a melhor amiga num abraço extremamente lascivo e protetor. Niehaus sabia o quanto era difícil pra amiga finalmente confessar tudo aquilo que ela sentia porque Delphine havia construído um enorme muro de moralidade religiosa protegendo seus sentimentos, protegendo também a verdadeira pessoa que se escondia por trás da filha religiosa do líder da congregação.

 

Além de ter ódio de seu pai, era visível que Delphine odiava sua madrasta. Rachel fazia da vida da garota um verdadeiro inferno, se ela pudesse escolher uma pessoa da casa em que vivia, escolheria Charlotte sem sombra de dúvidas, mesmo com uma mãe tão cruel, a garota de olhos esverdeados era uma criança extremamente doce e espirituosa e Delphine temia porque a menina estava seguindo os passos da mãe.

 

— Eu me sinto como se não pertencesse àquela família, Cos. Desde que mamãe morreu, meu pai me rejeita como se fosse culpa minha. Eu não queria que ela fosse, ela foi uma das poucas pessoas que realmente me amou. Me machuca tanto o fato de saber que só posso vê-la por fotografia.

 

Cosima sentou-se no sofá com a sua melhor amiga ao seu lado, com a cabeça apoiada no ombro da morena, Cormier continuava a chorar chegando até a molhar a camisa da amiga. A ponta do nariz de Delphine estava vermelha.
 

— Infelizmente eu não posso te ajudar loirinha. — Cosima começou seu discurso momentos depois que a loira se acalmou. — Eu tenho que esperar você ficar maior de idade pra poder vir te buscar e fugirmos para Toronto.

 

Delphine desencostou sua cabeça do ombro da morena e a encarou com um sorriso de canto, era uma promessa e Cosima nunca quebrava promessas. Ela só precisaria esperar alguns anos para finalmente se ver livre daquela cidade e daquela moldura de gesso que a impossibilitava de ser ela mesma. Niehaus ofereceu seu colo e acabou passando o resto da tarde afagando a loira que se acalmou depois da promessa porque sabia que ela se tornaria verdade.

 

[...]

 

— Você tem certeza sobre a festa? — Cormier perguntou vendo Cosima entrar no banheiro do enorme quarto. — Quer dizer, eu não sei. Prefiro quando estamos sozinhas — confessou mais baixo, era um segredo que estava falando alto demais.

 

— Não vejo porquê não fazermos. Meus pais só voltam na segunda, seu pai só volta na terça… Vai ser na piscina, só vai ter pessoas legais…


 

A morena ligou a ducha e sentiu a água morna alcançando suas costas, era uma sensação maravilhosa de alívio, mas não demorou muito no banho porque odiava fazer Delphine esperar. O termo irmã siamesas poderia ser diretamente aplicado na vontade de Cosima em ter a loira por perto para nunca mais soltá-la e poder protegê-la do mundo. Era agridoce, ela não podia realmente proteger Delphine do modo que ela queria porque constava em ter que violar as leis da moralidade religiosa da loira. Niehaus queria ter Cormier em seus braços como mulher, não apenas como amiga.

 

A morena havia esquecido da toalha para enxugar seu corpo e foi assim que apareceu para Delphine que estava distraída com seu moleskine desenhando algumas flores aleatórias. Cormier arregalou suas órbitas âmbar e lambeu os lábios mordendo-os em seguida. Seu corpo a denunciava em vários aspectos. Não bastava a falta de descrição ao olhar a melhor amiga, suas maçãs do rosto estavam vermelhas como um fruto maduro, e a sensação voltou. A sensação entre o meio das suas pernas que a fez cruzá-las rapidamente e pressionar o centro. Ela só queria entender o que estava acontecendo.

 

— Eu esqueci a toalha. — Cosima falou assim que notou o incômodo da sua melhor amiga ao vê-la sem nenhuma roupa.

 

Niehaus pegou a toalha felpuda e começou a secar seu corpo. Delphine não falou nada apenas acompanhou a melhor amiga com os olhos, olhos até que sedentos. Quando Cosima virou para trás para poder escolher um pijama, Delphine encarou as nádegas da melhor amiga. Eram perfeitas. Eram redondas e proporcionais ao corpo da morena, acima havia duas covinhas que tornavam aquela parte do corpo de Cosima extremamente sexy. Mesmo negando para si mesma, Delphine precisava falar que a melhor amiga era sexy.

 

A loira já havia tomado banho, mas seu corpo estava flamejando de uma maneira que ela nunca sentiu. Era uma sensação até que boa, a aqueceu. Ela tirou a calça dos pijamas que havia pegado emprestado com Cosima para aliviar o calor que estava sentido. Ao ver Delphine se despindo na sua frente, Niehaus só conseguia visualizar a loira se despindo para ela, num momento de entrega mútua. Queria muito encarar aquela cena, mas não podia. Apenas abaixou a cabeça e não vestiu um shorts. Ficou de calcinha e camisa, assim ficando igual a sua melhor amiga. Deitou ao lado da loira e abraçou por trás inalando o cheiro que emanava dos cabelos dourados de Cormier.

 


Notas Finais


gente, eu não tenho palavras pra explicar o quanto vocês são incríveis, obrigada pelo feedback tanto em closer, quanto em touch
vocês me motivam a continuar criando essas histórias incríveis <3

online 24hrs no twitter evilynebrochu


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