Os toques entre a nerd e a punk eram intensos, Cosima realmente precisava, de alguma forma, se sentir amada e desejada por alguém. Óbvio, Sarah era atraente, tinha estilo e era gostosa, mas Manning não era Delphine e estava muito longe de ser. Os dedos da punk trataram de subir novamente a saia de Cosima, deixando sua coxa em contato com a calcinha da nerd. A luxúria deixava um cheiro diferente no ar, Niehaus sabia o que Manning queria, sentia o calor e a umidade crescendo no meio das suas pernas, eventualmente gemia de maneira abafada, não podia correr o risco de alguém ouvi-las. Sarah sabia o que fazer, já havia ficado com algumas garotas antes de se mudar para o Quebec e havia aprendido muita coisa. As mãos da punk estavam correndo pelas coxas da nerd quase alcançando a calcinha de algodão, Manning podia sentir o calor que emanava de Cosima e os sons emitidos pela nerd já anunciavam o tesão.
— Sarah… — a respiração de Niehaus estava pesada, os gemidos faziam com que sua fala ficasse cortada. — Por favor…
— Por favor, o que? — Sarah tinha uma voz rouca, estava embargada pela luxúria, enquanto falava com Cosima. Sua coxa estava aquecida pelo calor da nerd.
— Podemos fazer isso depois. — tentava lutar contra seu próprio corpo que a denunciava, seu corpo precisava daquilo, mas a mente não.
— Por que? Está tão bom… — beijava o pescoço de Niehaus lentamente, fazendo a garota gemer e rebolar contra sua coxa.
— Podemos fazer amanhã… Alguém pode nos interromper… — procurava justificativas para dizer não, mas estava tão bom.
— Ah, Cosima, você me deixa louca, sabia? Vamos fazer isso rápido, você vai ver…
Apesar da insistência da punk, Cosima não se entregou naquela noite. Algo dizia em seu ouvido para esperar. Depois de alguns beijos e mais algumas carícias, ambas desceram as escadas e voltaram para o deck. As órbitas de Cosima procuraram por todo ambiente e encontraram Delphine conversando com Felix, a loira parecia um pouco triste. Os olhos também procuraram pelo quarterback, mas não encontraram. A morena de cabelos cacheados estava preocupada com a melhor amiga, mas não podia fazer nada, fez essa escolha no momento em que estava com Sarah. Niehaus percebeu alguns olhares da melhor amiga para si e se sentiu desconfortável. Dawkins, que percebeu pelo tom de voz da loira, não aguentou e puxou Delphine para o centro do deck para dançar e ela surpreendeu todas as pessoas presentes na festa. Cormier sabia dançar muito bem, e as batidas eletrônicas que saíam das caixas de som, todos ficaram surpresos inclusive Niehaus. De fato, as bebidas haviam ajudado.
Cosima não quis ficar para trás, entrou na pista de dança e acompanhou o ritmo da loira. Felix deu um pequeno sorriso de canto e sumiu com o garoto que estava ficando. A morena de cabelos cacheados nunca deixaria Delphine por nada, nunca a trocaria. Enquanto dançavam, Niehaus sussurrou vários pedidos de desculpa, que logo foram aceitos por Cormier. Elas não sabiam ficar brigadas.
[...]
Donnie foi o último convidado a deixar a festa, havia ficado com Alison a noite toda e a morena de franja estava suspirando por todos os cantos da casa. Os amigos estavam cansados demais para arrumarem a casa, então se jogaram no chão da sala para organizarem as coisas na manhã seguinte. Delphine dormiu enroscada nas pernas de Cosima, que estava feliz por ter sido perdoada. O fato é, Delphine Cormier sempre iria perdoar Niehaus desde a coisa mínima até os maiores absurdos que a morena poderia cometer.
— Acordem, acordem. — as palmas de Alison Hendrix, junto com sua voz estridente acordaram todos os amigos.
— Ai! — Delphine sentiu uma pontada na cabeça assim que a levantou.
— O que foi? — Niehaus perguntou toda preocupada com a melhor amiga.
— Estou com dor de cabeça. — a loira respondeu, recebendo um sorriso de Cosima como resposta. Ela estava sem entender nada.
— Conheça a famosa ressaca. — Manning respondeu com a voz mais rouca do que a normal. — Porra, você tá tendo a pior ressaca de todas, a ressaca de tequila. — propositalmente a palavra tequila foi falada quase como num sussurro. Cosima encarou a melhor amiga estranhando a Delphine da noite anterior.
— Você tomou tequila? — indagou a nerd, colocando seus óculos.
— Tem outra razão teórica para Delphine ficar com Paul? — Felix levantou-se ficando sentado no chão da sala. — Fala sério, não que ele seja feio, mas ele é uma droga de pessoa. — fez uma cara enojada ao se lembrar de Dierden.
Na verdade, havia um motivo maior para Cormier ter ficado com Dierden naquela noite. Um motivo que ela estava escondendo faz um tempo e sentia que não poderia falar para ninguém, muito menos para Cosima.
Os amigos arrumaram a casa rapidamente, felizmente, os convidados que queriam transar foram para seus carros, deixando tudo muito mais fácil de limpar e organizar. Sarah e Scott arrumaram os copos de bebida jogados por toda parte da casa. Alison e Felix limparam dentro da residência, enquanto Delphine e Cosima ficaram limpando o deck da piscina.
— Eu não sabia que você dançava. Eu pensava que conhecia tudo sobre você. — Niehaus iniciou a conversa com a melhor amiga.
— Tem algumas coisas que você não sabe sobre mim, assim como tem coisas que eu não sei sobre você. — aquela frase soou como uma indireta para Cosima, sentiu até sua alma gelar com aquela acusação.
— O que você quer saber sobre mim? Eu sou um livro aberto. — segurou o cabo do esfregão como uma lança, fazendo uma pose de guerreira.
— O que você e Sarah estavam fazendo lá em cima ontem? — foi direta, queria qualquer pergunta menos aquela, ela estava com vergonha. Niehaus suspirou e abaixou a cabeça.
— Eu posso te contar depois? Quando todos forem para casa?
Cormier não respondeu, apenas concordou. Havia chegado o dia para Cosima finalmente falar o que sentia pela melhor amiga. Ela sabia que poderia perder Delphine para sempre, mas depois de ter trocado alguns beijos e carinhos com Sarah, ela havia sentido uma epifania em seu corpo, e não queria esconder da pessoa que mais gostava no mundo. Afinal, melhores amigos compartilham todas as coisas.
[...]
Alison foi a última a deixar a residência dos Niehaus. A senhora Hendrix fora buscar depois do expediente ter terminado na loja que era dona. As unhas de Cosima já estavam em carnes vivas de ansiedade. O momento da verdade havia chegado, mas ela tardou o máximo que pôde. Guardou suas angústias o máximo que aguentou.
Delphine estava deitada na cama de Cosima, desenhando mais flores em seu moleskine. Amava desenhar a natureza, ajudava a acalmar os ânimos. Niehaus saiu do banho com um peso prestes para descarregar das costas. Ela sentou-se de costas para Cormier, não queria encará-la, estava prestes a se expor totalmente, sua alma estava sendo despida.
— Você quer saber o que aconteceu comigo e com a Sarah ontem, certo? Bem, nós nos beijamos, Delph. — Cosima não quis contar tantos detalhes, os beijos estavam quase indo para o próximo nível.
A loira fingiu surpresa, mas só pelas palavras de Sarah na noite anterior, já havia percebido que algo estava acontecendo entre elas duas. Ela deu um sorriso fraco e suspirou pesadamente encarando a verdade, estava perdendo Cosima para Manning.
— E eu gostei, como eu gostei! — assumiu dando uma descarga em todos seus sentimentos, as lágrimas começaram a aparecer em seus olhos. — Mas eu não gostei porque era Sarah, ela é minha amiga, eu gostei porque era um corpo feminino, e Deus! Eu nunca havia sentido aquilo quando beijei aqueles garotos, e eu ia gostar ainda mais se eu estivesse beijando você.
Naquele momento, Delphine realmente ficou surpresa. Já tinha criado teorias sobre a sexualidade da melhor amiga, mas não sabia que Niehaus estava apaixonada por ela. Ela buscou ar naquele instante porque havia sido pega de surpresa, não havia entendido o que estava acontecendo, mas sua barriga gelou, e como se tivesse mil borboletas dentro do seu corpo, ela deu um sorriso involuntário, no mesmo momento em que Cosima virou para observar a reação da melhor amiga. O rosto de Delphine estava um misto de alegria e imparcialidade.
— Eu não sei o que dizer, Cos. — foi sincera depois de ficar alguns momento em silêncio.
— Não precisa dizer nada, Puppy. Está tudo bem, eu só sentia que se eu não falasse isso com você, seria capaz de explodir.
— Qual é a sensação?
— É boa, você é minha melhor amiga, é sempre bom desabafar com você. — a morena respondeu pensando que a pergunta que a loira fez se referia ao peso que largou.
— Não é isso, sua boba. — Delphine estava tomando coragem para fazer aquela maldita pergunta que mudaria o curso da sua vida. — Qual é a sensação de beijar uma menina? — mesmo com a casa vazia, aquela pergunta saiu mais baixo do que deveria, Cosima precisou de alguns segundos para raciocinar a questão, era pior do que quando ela ia responder uma pergunta de álgebra avançada.
— Eu não sei, quer dizer, foi legal. Eu disse que foi legal, mas é que sei lá. Eu não consigo falar dessas coisas com você, Delph! Eu sinto muito…
— Por que você não consegue falar disso comigo? Eu sou sua melhor amiga, Cos!
— Eu queria que você fosse mais que isso. — foi honesta deixando a loira de boca aberta mais uma vez.
Niehaus pensou em pedir desculpas, mas ela não poderia se desculpar por sentir uma coisa tão boa por outra pessoa, ela não podia se desculpar por amar alguém. Delphine ficou encarando aquele rosto por algum tempo, ainda sem palavras. Um silêncio extremamente barulhento e perturbador se instalou no lugar. Era fato, Cosima Niehaus amava Delphine Cormier como mulher, mas a morena não sabia se era recíproco. Havia algo que ela estava escondendo e não poderia corresponder esse sentimento no futuro, mas elas estavam sozinhas, e ela confiava demais na morena de cabelos cacheados para recusar. Então, numa dose de coragem, como se estivesse bêbada novamente, ela falou algo que mudaria o curso da sua vida.
— Eu posso ser mais que isso. — respondeu ainda num sussurro, mas devido o silêncio do quarto, Niehaus pôde ouvir cada letra.
A morena a encarou com os olhos cheios de lágrimas. Ela pensava que era algum tipo de pegadinha, ela pensava que estavam brincando com ela. A loira mordia seus lábios violentamente tentando esconder a vontade de agarrar a melhor amiga, mas só tinha beijado Paul naquela noite. Ela queria que seu primeiro beijo tivesse sido em Cosima. As duas pareciam estar com as mãos acorrentadas, o silêncio parecia uma peça de mobília do quarto da morena. Quisera Niehaus ter a audácia de Manning para tomar sua melhor amiga em seus braços e enchê-la de beijos.
Cormier se levantou, ficando sentada ao lado do corpo branco. O braço da sua melhor amiga estava encostando no seu. Cosima ainda encarava o armário, enquanto Cormier deu-lhe um beijo suave, mas ao mesmo tempo arrepiante, em sua bochecha. O beijo demorou mais do que o normal, Niehaus fechou os olhos sentindo a boca quente lhe dar carinho e sorriu. Por que aquilo parecia tão errado, mas ao mesmo tempo era tão bom? Era a pergunta que Cormier fazia a si mesma. Quando terminou aquele beijo extremamente caloroso, Delphine apoiou a cabeça no ombro de Cosima enchendo seus pulmões de ar. Foi tão diferente com Dierden, o rapaz simplesmente a beijou e ficaram assim no sofá, mas Niehaus era tímida para essas coisas. Era tão tímida quanto Cormier. A mão alongada de Delphine pousou na cintura da morena, as unhas curtas arranharam um pouco por ali. O suspiro pesado de Cosima indicaram o quanto ela estava gostando daquilo tudo. Quando Niehaus, finalmente, virou sua cabeça encontrou o rosto que tanto amava sorrindo tímido para ela. Era o momento, e como se tudo fosse uma dança perfeitamente sincronizada, elas encostaram seus lábios, ainda sorrindo uma para outra, e os selaram pela primeira vez.
Seus corpos sentiram ondas elétricas circulando pela corrente sanguínea. O beijo era calmo, afinal, ninguém iria atrapalhar aquele momento. Os lábios estavam quentes e Cosima se viu abrindo os olhos durante o beijo para saber se aquilo estava acontecendo ou era mais um sonho que estava tendo com Delphine. Cormier estava nervosa com aquela situação toda, parecia extremamente errado, mas ela sentia que se não fizesse aquilo, sua alma nunca seria feliz. O beijo ainda era lento, mas Niehaus tentou invadir a boca com sua língua, e rapidamente foi aceita. As línguas dançavam sincronizadas com calma e o beijo estava carregado de paixão, e pela parte da loira, havia um dissabor de culpa, mas majoritariamente o beijo estava com um sabor delicioso, parecia amor. Era amor.
Elas precisaram se separar um pouco para recarregar o pulmão com ar, com o órgão repleto de oxigênio, elas olharam e sorriram uma para outra. O sentimento era recíproco, mas o medo fazia com que Cormier pensasse duas vezes antes de fazer o que precisava fazer. A loira voltou a apoiar a cabeça no ombro da amiga e ficou observando o como o corpo de Cosima subia e descia procurando ar, a fibrose cística afetava a garota até quando ela beijava.
[...]
Agora o silêncio era cúmplice do momento, tudo que se podia ouvir na residência dos Niehaus era o barulho das árvores, devido a grande ventania, e os estalos dos beijos das garotas. Elas estavam deitadas de frente uma para outra de mãos dadas, e quando se beijavam, Cosima puxava a loira para ficar próxima. Se Niehaus pudesse, iria fundir aqueles dois corpos em um só. A vontade da morena era essa, fundir os corpos para que elas nunca se separassem. Desde que os lábios se tocaram, ela sentiu seu coração afundar num oceano de tristeza, estava partindo para Toronto e Delphine também sentiu seu coração sendo esmagado, estava guardando um segredo tão pesado que ela não queria estragar aquele momento. Elas encontraram uma na outra uma paz que jamais conseguiriam com outro alguém, mas as garotas mal sabiam o que o futuro reservava para elas.
— Eu não sei o que deu em mim. — confessou a loira olhando as órbitas castanho-esverdeadas em sua frente. — Mas é uma sensação tão boa beijar você. — disse selando os lábios novamente. — Acho que tem a ver com nossa amizade. — havia uma omissão nas palavras de Delphine, ela realmente estava escondendo algo.
— Você sabe que tem mais coisas que proibiram a gente. — Niehaus respondeu pondo a mão no rosto quase albino. — Infelizmente, nascemos nessa cidade, você vê o que acontece com o Fee, ele precisa ficar escondido com alguém que ele gosta, isso é tão doentio.
— Eu tenho medo que algo possa acontecer com ele um dia. O mundo é tão malvado, Cos! — o timbre da voz de Cormier estava trêmulo, duas lágrimas correram no rosto da mais velha.
— Ei, o que é isso?
— Nós não podemos ficar juntas desse jeito. — a culpa pesou uma tonelada nas costas da loira. Estava tensa e seus olhos vidrados de medo repleto de lágrimas. — Meu pai nunca vai deixar, ele vai dizer que é pecado.
— É pecado amar alguém? — Cosima se afastou um pouco do afago da loira. — Para mim, pecado é você odiar uma pessoa, não amá-la. — foi sincera falando sua opinião sobre a homofobia alheia. — Esquece o que eu falei sobre o François morrer, você vai morar comigo em Toronto o mais rápido possível, eu não posso deixar você aqui, agora que eu sei que o que eu sinto é recíproco.
Cormier aproximou o corpo que estava afastado do seu, as covinhas no rosto da loira se formaram e ela sorriu. Nem ela acreditava que o sentimento estava sendo correspondido, desde que ela assistiu aquele documentário romantizado, estava começando a compreender o que estava acontecendo consigo mesma, agora crescida. Óbvio, ela se sentia atraída por Cosima, mas também se sentia atraída por garotos. Delphine achava que estava confusa, mas aquele documentário serviu para a loira se descobrir como bissexual.
— Como você descobriu essa paixão por mim? — Cosima perguntou depois de terminarem mais um beijo terno.
— Eu não sei, acho que sempre esteve dentro de mim, sabe? — Niehaus concordou sorrindo. — E você sempre me provocava, sei lá.
— Te provocava? Como assim?
— Você sempre aparece sem roupa na minha frente, é impossível não olhar seu corpo... — a loira ruborizou violentamente ao falar aquelas coisas, a morena só conseguia segurar o riso por alguns momentos.
— Enquanto você se esconde de mim…
— Eu não me escondo, e você não me deixou concluir… Eu sinto algo quando você aparece sem roupas para mim.
— O que é?
— Eu não sei, mas é uma coisa boa. Parece ser bom, mas eu não posso me tocar, é pecado… — Cosima revirou os olhos fazendo uma careta horrível.
— Estavamos no primeiro ano quando eu te dei aquelas anotações sobre sexualidade, certo? — a loira confirmou. — Devem ser seus hormônios, baby. Você nunca sentiu isso? Sério? — Delphine confirmou e Niehaus deu um sorriso todo bobo.
— Não fica rindo de mim. — Delphine abaixou a cabeça com vergonha.
— É que é legal você sentindo essas coisinhas por mim. — sorriu novamente exibindo os dentes perfeitos graças ao aparelho.
— Onde vamos chegar com isso? — perguntou encarando bem a face tão conhecida e tão amada.
— Onde você quiser. Você precisa entender que eu amo você. — Cormier sorriu largamente com aquela declaração maravilhosa.
— Eu também amo você, amo você nesse sentido. — falou sabendo que o amor que estava sentindo era amor carnal, ia além do carinho que sentia pela melhor amiga.
Voltaram a se beijar e Cosima foi passando a mão por todo corpo da loira. Delphine apenas correspondia os beijos e soltava leves gemidos entrecortados, estava adorando estar sendo aquecida por Niehaus, estava adorando aquele momento com todas suas forças. Finalmente, estava sendo feliz.
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