-Pode deixar a sacola na bancada da cozinha. - disse quando viu que o mais velho ainda tinha as duas caixinhas de leite em mão.
Daehyun andou calmamente até o cômodo e deixou o que tinha em mãos em cima da bancada de mármore. Gostara de ouvir a voz do moreno atrás de si, era calma e melodiosa. Quando voltou seu olhar pela sala, procurando pelo outro, notou que ele tinha saído de onde estava anteriormente e agora se encontrava sentado no sofá. Não demorou para se juntar a ele, sentando do outro lado de modo que um ficasse de frente para o outro.
-E então, como você está? - Daehyun perguntou com os olhos fixos em Youngjae. O mais velho se via cada vez mais impressionado com a beleza do moreno. Também estava mais tranquilo ao perceber que o bochechudo parecia consideravelmente relaxado.
-Eu estou bem, o pior já passou. - respondeu baixinho, tentando não corar com a intensidade do olhar do castanho em si. Tinha percebido como o outro tomara o cuidado de se sentar distante de si, assim como tinha prometido na porta, e por isso a dúvida de como Daehyun ali sabia sobre o seu medo e intolerânca a toques martelava em sua cabeça. Talvez Jongup havia contado? Como uma explicação para tudo o que tinha ocorrido mais cedo.
Youngjae queria perguntar, mas tinha um pouco de receio em dirigir qualquer palavra ao estranho que mexia tanto consigo. Também queria perguntar sobre o sotaque forte que percebia na fala do outro, reconhecia ser o dialeto de Busan, mas não tinha certeza.
-Você mora sozinho? - o mais novo fora desperto de seus pensamentos por outro questionamento do garoto em sua frente.
Estranhou a pergunta inicialmente, até focar sua atenção na sala onde estavam. Sua mãe tinha decorado o apartamento com papéis de parede num tom levemente rosa, na parede estavam pendurados certos porta-retratos com fotos de filhotes. Qualquer um estranharia uma decoração dessas vinda do bochechudo. Principalmente se a pessoa conhecesse o moreno morando ali, Youngjae não era de longe um grande fã de animais.
-Moro com minha mãe. - respondeu simplista. Tinha certa vergonha em admitir tal coisa, afinal era um homem de 23 anos que não trabalhava e ainda morava com a mãe. Mas o que poderia fazer? Inventar um relacionamento ou algo do tipo? “Ah sim, moro com a minha namorado, aquela que não posso tocar em hipótese alguma. Na verdade nós revezamos, sabe? Segunda, quarta e sexta eu durmo no quarto de casal e ela no quarto de visitas, depois trocamos. Mas é só por enquanto, talvez um dia nós redecorrmos o quarto extra do apartamento para o filho que nunca vamos ter!”.
Automaticamente imaginou sua mãe lhe repreendendo por pensar algo assim, não era a maior fã de ser humor ácido.
-Ah isso deve ser bom, sinto saudades da minha, morar sozinho é uma droga as vezes.
Youngjae sorriu com o comentário. Realmente, viver com sua mãe era uma facilidade qual não conseguia se imaginar sem. Por outro lado a ideia de alguém como Daehyun morando com a mãe parecia demasiada absurda. O outro parecia “descolado” demais para depender de alguém. A visão que o mais velho passava para o moreno era de alguém sociável, cheio de amigos, e garotas. A última ideia incomodava Youngjae que fez questão de afastá-la.
-Ah sim, Himchan pediu desculpas por ter trombado em você, ele não fez por mal, acredite, o conheço por toda a minha vida e aquele hyung não faria mal à uma mosca.
Daehyun percebeu o outro estremecer, talvez se lembrando da sensação do café contra sua pele, e se sentiu culpado. Talvez não devesse ter aparecido ali. Talvez o moreno já tivesse esquecido da situação de mais cedo e de si, já seguindo com a própria vida, e agora estava ali para atrapalhar tudo. Será que havia se precipitado demais ao aparecer ali tão de repente sem nem mesmo conhecer o bochechudo em questão? Como poderia se culpar? Estava se torturando por dentro para ver como o garoto estava.
-Tudo bem, já passou.
Youngjae começava a se sentir culpado por Daehyun ser o único puxando assunto ali, mas não conseguia pensar em nada que valesse a pena dizer ou que não fosse o levar a um comentário constrangedor.
-Bom, eu já vou indo então. - o mais velho começou. Gostava da presença do Yoo, mas também não queria se fazer incômodo.
-Não! - Youngjae soltou rapidamente, corando ao perceber a expressão surpresa do outro sobre si. Falando em constrangimento… - q-quer dizer, fique mais um pouco, o almoço irá sair daqui alguns minutos, por que não come com a gente? Bom, a-a não ser que você tenha algum compromisso e-
-Não tenho nada, posso ficar. - interrompeu o outro. Daehyun não conseguia conter o sorriso que insistia em aparecer em seu rosto. Tinha adorado saber que o jovem não queria que fosse embora.
-Ah! - chamou atenção do outro novamente. - se você puder não contar nada sobre hoje de manhã para a minha mãe…
-Não contou a ela? - o castanho perguntou curioso.
-Não, bem… Ela só iria ficar irritada e nunca mais me deixar sair de casa.
Daehyun riria da explicação do moreno se não fosse de certa forma trágica. Não conseguia se imaginar numa vida em que não pudesse tocar ou ter contato com alguém, parecia angustiante.
-Daehyun? - Youngjae o chamou, seus olhos que antes estavam focados no chão enquanto falava com o maior agora passavam a encará-lo. O mais velho sentiu seu corpo inteiro se arrepiar com o outro lhe chamando pelo nome pela primeira vez. Encarou o mais novo de volta, as sensações que passavam pelo seu corpo lhe diziam que talvez não fosse a melhor ideia.
-Sim?
-Obrigado por me ajudar na padaria, quando eu estava… Você sabe.
Uma enorme vontade de abraçar Youngjae e enchê-lo de beijos tomou conta do corpo do Jung, ao mesmo tempo em que o coreano queria chorar em frustração por saber que não podia fazê-lo. Também queria questioná-lo sobre o ocorrido, por que o bochechudo não tinha reagido de forma negativa aos seus toques? Será que se o tocasse agora ele não o impediria?
-Eu poderia dizer que faria aquilo por qualquer um, mas eu não tenho certeza disso. Você me deixou realmente preocupado, mesmo sem saber o que realmente estava te deixando daquele jeito.
Pode ver as bochechas do moreno tomarem uma cor avermelhada. Adorável.
-Agora você sabe. - constatou Youngjae. - Jongup te contou?
Daehyun meneou com a cabeça.
-Mais ou menos… Jongup contou ao Himchan que contou para mim. - explicou.
O mais novo murmurou um “aah” e voltou seu olhar para o chão.
Os dois garotos levaram um susto quando um barulho de chave se fez presente do lado de fora da porta. Em segundo a mãe do menor abriu a mesma e se colocou para dentro da casa. Olhou surpresa para o próprio filho e para o castanho agora de pé e em seguida abriu um sorriso.
-Ora, eu não sabia que íamos receber visita, por que não me contou, Jae? - a mulher soltou enquanto se aproximava do Jung e lhe deixava um beijo na bochecha.
Youngjae fez menção de começar a falar mas o outro ao seu lado fora mais rápido.
-Eu que apareci de surpresa, peço desculpas. - explicou com um sorriso tímido no rosto.
-Ah, que isso! Qualquer amigo do meu bebê é bem vindo.
O mais novo revirou os olhos e sentiu seu rosto esquentar em vergonha pelo apelido da mãe.
Daehyun apenas sorriu, achando adorável a expressão aborrecida no rosto do outro.
-Ué, comprou o leite Jae? - a mulher perguntou enquanto pegava a sacola da bancada e guardava as duas caixinhas no armário.
-Na verdade Daehyun quem trouxe. - respondeu.
-Garoto prestativo, já gostei de você.
O castanho abriu um sorriso constrangido. De fato também tinha gostado muito daquela senhora simpática.
-Agora, quero os dois de mãos lavadas, o almoço está pronto.
대재
Daehyun acabou por passar não só o almoço como a tarde inteira ali, conversando, rindo e descobrindo mais sobre Youngjae do que alguma vez pretendeu ao bater na porta da casa do mais novo para entregar aquelas duas caixas de leite. Não que achasse ruim, poderia passar dias ali, ouvindo histórias sobre o bochechudo, que não se sentiria incomodado, e parecia ser isso que a mãe do moreno estava intencionada a fazer. Porém quando a mulher começou a entrar na infância do Yoo, época difícil de sua vida segundo ela, Youngjae pareceu extremamente incomodado ao seu lado. Até que interrompeu a própria mãe e deu a ideia de assistirem um filme.
O castanho deduziu que tivesse algo a ver com a fobia do mais novo, já que pôde ver de relance o menor abraçar ao próprio corpo. Chegou a conclusão de que o medo do outro era uma das coisas mais frustrantes que já tivera presenciado, queria tanto poder abraçá-lo porém simplesmente não podia.
Até a noite os dois haviam trocado números de celular e se adicionado nas redes sociais. Daehyun já chamava o outro de “Jae” e insistia que o moreno o chamasse pelo apelido também. Houve certa resistência por parte do mais novo, mas em menos de minutos Youngjae estava usando “Dae” para se referir ao mais novo amigo e até zombando do sotaque de Busan que o mais velho uma vez ou outra deixava escapar.
Falando nisso, era evidente a amizade, ou talvez algo a mais, que estava se formando ali. E apesar de ser algo totalmente novo para o bochechudo, não podia negar que estava adorando. O Jung era definidamente o tipo de pessoa quem o bochechudo não se importaria de ver todos os dias, na verdade, até gostava da ideia. E como que lendo a mente do mais novo, o castanho passou a aparecer por ali praticamente todos os dias.
Daehyun tinha faculdade de manhã e de noite trabalhava em um cinema. As tardes que antes ele passava em casa assistindo tv, estudando ou até saindo com Himchan, agora ele as dedicava a certo moreno com fobia de toques. Em menos de três meses tinham se tornado tão próximos que pareciam se conhever à anos. Era incrível como os dois eram tão diferentes um do outro mas ao mesmo tempo se davam tão bem, se completavam. E nos momentos em que não estavam juntos estavam trocando mensagens.
A única coisa que martelava na cabeça do Yoo e o preocupava até nos momentos em que parecia totalmente relaxado ao garoto de Busan era a dependência que estava criando sobre Daehyun. Sabia que o maior aproveitava os momentos que passavam juntos tanto quando si, mas quem garantia que o mais velho levava aquela amizade na mesma importância que o outro? Youngjae tinha chegado num ponto em que se não falasse com o amigo num dia, esse dia se tornava ruim. E pior do que a necessidade de ver o Jung eram as outras vontades que surgiam em si ao estar perto dele. De tocá-lo e até mesmo de beijá-lo. Estava completamente apaixonado pelo jovem e tinha consciência disso. Só podia estar ficando louco, teve medo de toques por toda a vida e do nada um desconhecido em três meses começara a criar vontade de contato humano em si.
Perguntas do tipo “E se ele enjoar de mim?”, “E se ele aparecer com uma namorada?”, rondavam a cabeça do mais novo. Aquela coisa de passarem a tarde inteira assistindo filmes ou de sair apenas de vez em quando para tomarem sorvete já estava se tornando repetitiva, e além disso Youngjae nunca tinha chegado a perguntar para o castanho se ele de fato era gay. Não sabia nem sobre a si mesmo, era gay ou não era? Vai saber! A única coisa qual tinha certeza era de que queria o garoto de Busan para si. Queria tocá-lo, mas tinha medo de surtar e deixar o outro assustado, e a última coisa de que precisava era do rapaz se distanciando.
-Hey, Youngjae! - a voz do jovem que não saia de seus pensamentos chamou sua atenção. - está todo avoado, no que está pensando?
Abriu um pequeno sorriso e pegou a vasilha de M&Ms do colo do castanho, levando uma quantidade à boca.
-Nada, só estou com sono. - inventou.
Daehyun arqueou uma sombrancelha ainda observando o mais novo.
-Você dormiu até o meio-dia, como pode estar com sono?
O moreno deu de ombros e deixou a vasilha de volta no colo do outro. Estavam sentados lado a lado na frente da televisão da sala, com uma distância “segura” entre os corpos.
-Nunca ouviu falar que quanto mais você dorme, mais você quer dormir? - perguntou retoricamente, recebendo em troca um aceno negativo da mesma forma.
Dando de ombros fixou sua atenção na tv enquanto sentia o olhar de Daehyun queimar sobre si. O castanho fazia isso sempre, mas ultimamente parecia ainda mais constante. O ato deixava Youngjae evidentemente desconfortável, corava na maioria das vezes. Coisa que o mais velho dos dois achava demasiado fofo.
-Pare de me encarar! - pediu aborrecido.
O Jung riu baixinho e se aproximou mais do outro, sem tocá-lo.
-Desculpe, Jae, eu não consigo… Você é muito bonito.
O bochechudo tinha certeza de que se ainda estivesse com os chocolates na boca teria engasgado. Sentiu o sangue subir à cabeça, devia estar vermelho como um pimentão. Por instinto virou seu rosto em direção ao castanho e imediatamente se arrependeu. Daehyun estava ainda mais perto.
Nenhuma parte de seu corpo se encostava no do outro. Quis bater em si mesmo por se incomodar com o fato, queria sentir a pele quente do garoto de Busan em contato com a sua. Youngjae quase surtou quando o rapaz passou a língua entre os lábios ressecados. Não se sentia enjoado com a aproximação de Daehyun e a ansiedade que tomava seu corpo definitivamente não era por causa de sua fobia. Era como se o outro fosse imune ao seu medo, como se seu pavor de toques não se aplicasse a ele, como se ele fosse a excessão.
O mais novo queria meter o foda-se no mundo e atacar aqueles lábios cheinhos que estavam tão perto de si, mesmo que nunca tivesse beijado na vida e não fazia a menor ideia de como fazê-lo. Chegou a conclusão de que o Jung não lhe tirava apenas o medo como a sanidade também.
O estômago de Youngjae dava voltas e seu corpo inteiro congelou com o roçar de lábios dos castanho com os seus, mas antes que pudessem finalizar o ato qual tanto ansiavam para acontecer um som alto se fez presente. Os dois coreanos pularam no lugar em susto, ambos se encarando com uma expressão surpresa e confusa.
Demorou em média um minuto até que Daehyun acordasse do transe em que estava e percebesse que o responsável por aquele barulho alto e constante era seu celular. Tirou do bolso o aparelho e encarou aborrecido a foto da pessoa no ecram. Himchan tinha que ligar justo naquela hora?
-Alô. - atendeu o amigo enquanto se levantava do sofá e se dirigia à cozinha. Não dirigiu seu olhar ao Yoo durante o percurso, tinha medo de que se colocasse os olhos no mais novo nunca mais desviaria.
-Daezinho! Finalmente consegui falar com você, estou te ligando desde ontem.
O castanho queria revirar os olhos e responder seu hyung num tom bravo, mas sabia que nada de bom viria em ficar nervoso com o ruivo. Também sabia que se fizesse tal coisa era muito provável que o mais velho respondesse num tom irritado igual e ainda por cima começasse com uma super lição de moral em como dongsaengs devem se dirigir aos seus hyungs com respeito.
-O que foi, Himchan? - perguntou sério. Só porque não conseguia ficar irritado com o outro não quer dizer que não perdia a paciência com o mesmo.
-Nossa, que seco! - reclamou. - só queria perguntar se você não quer ir no parque de diversões que montaram na saída da cidade, levar seu namorado para se divertir um pouco.
-Ele não é meu namorado, e estamos bem hyung. - acrescentou mentalmente um “infelizmente” ao negar aquela relação com o bochechudo.
-Tem certeza? Você adora parques de diversões.
Daehyun mordeu o lábio inferior com a afirmação. Realmente adorava parques, montanhas-russas e brinquedos do tipo, mas a seu ver passar o resto da tarde e começo da noite com certo moreno valia muito mais a pena.
-Tenho sim, hyung, mas obrigado pelo convite.
-Você quem sabe, qualquer coisa me liga. - e finalizou a ligação.
O garoto de Busan guardou o celular de volta no bolso e finalmente dirigiu sua atenção ao moreno que o encarava de pé ainda na sala.
Youngjae estava confuso, sua cabeça estava um nó só. Tinham acabado de quase beijar, e isso era simplesmente inacreditável para alguém que surtava em pânico com um simples esbarrar de mãos. Mas apesar disso Daehyun havia acabado de afirmar que não eram namorados, pelo menos deduziu que era de si que ele estava falando. Tudo hem que eles, na verdade, não eram namorados coisa nenhuma, mas o Jung havia negado com tanto convicção que chegou a doer no menor. A ideia de estarem juntos o incomodava tanto assim?
-Quem era? - perguntou tentando afastar os pensamentos anteriores. O mais velho olhava Youngjae com tanta intensidade que o bochechudo teve a sensação de que o outro poderia ler seus pensamentos se quisesse.
-Himchan hyung. - respondeu simplista.
Ah, Himchan, o ruivo que tinha derrubado café em si e começado tudo aquilo. O mais novo não negava que aquele hyung o incomodava bastante, mas isso não se devia ao fato do acidente na padaria e sim ao quanto ele e Daehyun pareciam próximos. Nunca tinha perguntado sobre o outro para o castanho, apenas sabia que eram melhores amigos, mas apenas o fato de que o de cabelos avermelhados tinha uma convivência muito maior com o garoto de Busan já era mais do que o suficiente para não ser muito fã do tal. O que deveria ser denominado ciúmes, o Yoo definia como desconfiança. Nunca tinha tido aquele sentimento na vida, e não era possível que Daehyun fosse ser o primeiro a desencadear isso em si também.
-O que ele queria? - perguntou meio aborrecido.
O maior arqueou uma sombrancelha com o tom usado pelo mais novo. Havia percebido que a menção de Himchan sempre deixava Jae incomodado, mas o aborrecimento do outro naquele momento estava muito evidente. O bochechudo não era do tipo que guardava rancor, tinha percebido, então o que poderia fazer com que Youngjae desgostasse de seu melhor amigo?
-Nos chamar para ir no parque de diversões que está na cidade, mas eu disse que não, temos um filme para terminar, não é? - respondeu já se aproximando do moreno.
A expressão incomodado no rosto do bochechudo deu lugar a uma expressão confusa. Assistiam filmes praticamente todo dia, saie um pouco seria ótimo. Será que Daehyun tinha medo de que algo acontecesse consigo?
-Nós deveríamos ir, Dae, eu nunca fui num parque de diversões.
-Não acho que seja uma boa ideia.
O Yoo se aproximou do amigo com um olhar pidão. Não que não gostasse de passar os dias com o jovem dentro de casa, mas a ideia de ir num parque de diversões com o outro o deixava mais animado do que deveria.
-Vamos Dae! Vai ser divertido, a gente nunca sai de casa.
O mais velho não se conteve em arquear as sombrancelhas mais uma vez, novamente por causa do tom usado pelo pequeno.
-Jae, não acho que você se daria muito bem num espaço cheio de gente.
-Mas é um campo aberto, não é? E você vai estar lá para cuidar de mim.
Daehyun estava assustado com a atitude do amigo, geralmente Youngjae era quieto, só abria a boca para fazer comentários irônicos e piadinhas. Sem falar do outro lado do mais novo que corava com facilidade para qualquer coisa que dissesse.
-Você quer tanto assim?
O moreno balançou a cabeça em sinal de afirmação. Também não queria ser o responsável por privar o castanho de se divertir com os amigos, sabia que já fazia tempo que o rapaz à sua frente não se encontrava com o colega de infância. Por mais que não se sentisse confortável com Himchan não queria de forma alguma atrapalhar a amizade dos dois.
-Ok, vou ligar para o Chanie. - o mais velho se deu por vencido, já tirando o celular do bolso novamente.
O bochechudo repetiu o apelido usado pelo garoto de Busan para se referir ao melhor amigo várias vezes em sua cabeça. Daehyun também o chamava pelo apelido, não tinha que se sentir incomodado com isso, mas seu coração parecia entender justamente o contrário. Será que durante todo esse tempo de amizade os dois nunca tiveram nada?
-Vocês são bem próximos, não é? - quando viu já tinha soltado a pergunta. Queria se enterrar no chão.
-Ah sim, conheço Himchan desde sempre, não tenho uma memória da minha infância em que ele não esteja junto. - o castanho respondeu. Abriu um sorriso ao se lembrar do amigo quando criança, o de cabelos vermelhos sempre fora o “palhaço” entre os dois.
-E vocês… Nunca tiveram nada? - Youngjae perguntou desviando o olhar para o chão. Não sabia de onde tinha tirado coragem para tirar as dúvifas que tanto o atormentavam.
-O que? Claro que não! Eca! Himchan e eu? Da onde voc- o maior se interrompeu ao perceber o quão vermelho o amigo com medo de toques estava enquanto encarava o chão. Não estava entendendo as perguntas do mais novo e muito menos suas reações, até que a fixa caiu. - espera, Yoo Youngjae você está com ciúmes?
O bochechudo ficou ainda mais vermelho e arregalou os olhos com o questionamento. Abriu a boca duas vezes com a intenção de dizer algo mas nada saiu. Na verdade nem ele sabia, estava com ciúmes de um garoto que tinha conhecido fazia apenas alguns meses? Aquele que tinha sido o primeiro a lhe tocar sem provocar nenhum tipo de terror em anos? Se recusava a acreditar que já tinha sentimentos pelo outro em tão pouco tempo. Onde estava seu senso?
-O que?! Claro que não, Daehyun! Pelo amor de Deus…
O castanho não conseguia conter o enorme sorriso que se formava em seus lábios. Queria muito poder abraçar Youngjae naquele momento.
-Você não sabe nem disfarçar, está vermelho como um tomate!
Imediatamente as mãos do moreno foram às próprias bochechas. Sabia o quão fácil podia corar, e odiava ser incapaz de esconder o que estava sentido no momento.
-E-Eu vou me trocar. - disse e saiu com pressa em direção ao seu quarto.
-Ei, Youngjae! Espere aí!
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