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História Touch Me - Eleven


Escrita por: twojae

Notas do Autor


por algum motivo os capitulos estão duplicando aqui no spirit... que saco.

Capítulo 11 - Eleven


JAEBUM

Dois dias haviam se passado e eu ainda não tinha visto Youngjae. Eu sentia na pele, literalmente, a falta que seu sorriso fazia em minha vida. Jinyoung disse que era notável que eu estava mal, ele disse que qualquer um podia ver de longe. Eu tinha muita saudade dos sorrisos, das broncas que eu levava por ser desorganizado, dos beijos, abraços... Tudo fazia uma falta gigante e doía muito em meu coração.

— Jaebum, quanto tempo. — o médico tão conhecido por mim me cumprimentou ao chegar na sala de espera, me tirando dos meus devaneios. — Nunca pensei que viria aqui por alguém, já que não veio por você mesmo. — senti o tom sarcástico na sua sentença, mas ignorei.

— Eu não gosto de hospitais.

— Você não gosta de pessoas, Jaebum. Você deveria ter vindo quando eu pedi. — seu olhar magoado me lembrava muitas coisas, coisas que Youngjae havia me feito ignorar e com o tempo, esquecer.

— Como ele está? Eu posso vê-lo? — perguntei.

— Ele está dormindo. Você não é da família, Jaebum. Sabe que eu não posso te deixar entrar.

— Por favor, pai, me deixe vê-lo. — pedi novamente, suplicando para aquele que eu não via a anos. — Ele me ajudou, ele arrumou aquilo que estava estragado em mim, você precisa deixar eu vê-lo, ele não tem ninguém de sangue aqui.

— Você ainda é um garoto mimado. — meu pai riu. — Yugyeom vai reclamar por eu te deixar entrar e não deixar ele.

— Yugyeom pode pedir pra mãe dele depois. — me levantei, apressado.

— Ela não é a psiquiatra responsável pelo Youngjae, eu sou. Jaebum, se você vai ser o guardião do Choi, eu preciso te informar de todo o estado dele. — ele falou, eu suspirei e assenti. — Venha comigo, depois te levo até o garoto.

Já na sala do meu pai, sentado na cadeira em frente a sua mesa, ele começou a me explicar tudo.

— Youngjae apareceu aqui a um tempo atrás, sua irmã mais velha o trouxe apressada em nome da senhora Choi, ele tinha depressão desde muito pequeno e isso afetou a memória dele, como sabe. O garoto tinha uma relação complicada com os pais e no dia do primeiro e último conflito entre eles, Youngjae resolveu fugir de casa, pedindo ajuda a sua irmã. Tudo deu errado quando ele esqueceu completamente o que eles estavam fazendo no carro e surtou, foi a primeira crise séria que ele teve. Ele foi trazido pra cá logo depois e eu sou seu médico desde então, primeiramente ele foi diagnosticado só com depressão, mas se quer saber isso foi muito questionado por aqui. Ele trouxe um ar diferente a esse hospital. — meu pai sorriu com a lembrança. — Youngjae quer ser músicoterapeuta, ele quer ajudar as pessoas com a música.

— Jae faz isso, por onde passa trás alegria e paz.

— Youngjae é um garoto forte mas carrega muita coisa ruim em sua história. Seus pais foram intolerantes e opressores a sua vida toda, o forçando a ser uma pessoa que ele não era. No meu trabalho, eu vejo muitos casos como esse e é preciso ter uma mente limpa de preconceitos para saber lidar com isso. Jaebum, me disseram que o único período de tempo em que ele esteve bem de saúde foi quando te conheceu. Você compreende o que eu quero te dizer?

— Nós nos ajudamos. Nós damos forças um para o outro.

— Exatamente, filho. Agora, — ele levantou — você quer ver seu garoto, não quer? Eu tenho uma proposta pra te fazer.

— Ele ficará bem?

— Claro, eu disse que ele é um menino forte.

— Qual a proposta?

— Eu te deixo vê-lo se você ficar aqui por um tempo, se me deixar te tratar.

— E-Eu... Não!

— Então, você não pode ver o Youngjae. — ele disse, me chantageando.

— Aish! Quando você ficou assim, pai? Tudo bem, eu aceito.

— Youngjae é como um filho pra mim, mas não posso ignorar meu filho verdadeiro, eu quero que vocês fiquem bem.

— Certo, me leve até ele.

Meu pai assentiu, me levando até o corredor do quarto dele.

Ao chegar na porta, vi dois seres conhecidos falando coisas de forma agressiva um para o outro enquanto uma enfermeira tentava amenizar a situação.

— Wang Jia Er! — Mark gritou o nome chinês do seu namorado, Jackson, proferindo palavras em mandarim logo depois, o outro revirava os olhos e cruzava os braços.

— Isso aqui é um hospital, não podem discutir assim aqui! — meu pai os repreendeu.

— Desculpe. — os dois disseram juntos, agora em coreano.

— Vocês brigam até em chinês? — perguntei.

— A gente briga em todas as línguas que a gente sabe. — Jackson falou irritado.

— Esse idiota não me deixa entrar primeiro! — Tuan reclamou.

— Hyung, me deixa ir primeiro eu estou com saudades do nosso sunshine. — arqueei as sobrancelhas com o comentário do Wang.

— Não precisam brigar, quem vai vê-lo primeiro sou eu. — falei, atraindo a atenção do casal pra mim.

— Quem decidiu isso, Jaebum? — Mark falou, parecendo irritado.

— Eu! — falei aumentando o tom de voz. — Eu sou o guardião dele e mesmo que ele não se lembre, sou o namorado. Eu vou entrar e se agora já liberaram as visitas, se decidam quem será o segundo a entrar. Mas façam isso com mais respeito e fora de uma área com pessoas debilitadas.

Mark era mais velho que eu, mas isso não interferia em nada pra mim. Se fosse pra eu ser como líder no grupo de amigos, eu seria um. Jackson assentiu silenciosamente e Mark apenas murmurou palavras desconexas e saiu de perto, puxando seu namorado para a sala de espera novamente.

Sorri para o meu pai e ele riu baixo, finalmente abrindo a porta.

Youngjae estava acordado jogando algo no celular, usando seus fones de ouvido, ele desligou o celular e nos encarou assim que entramos na sala.

— Olá, senhor Im. — ele sorriu para meu pai e me encarou. — Ah, Jaebum, oi! — ele nos cumprimentou e eu senti meu coração bater forte novamente. Não respondi, apenas fiquei o encarando, ele sorriu pra mim e engatou numa conversa com o seu médico.

— Mas, senhor, porque ele é o primeiro a me visitar? Pensei que seria Yugyeom ou Jinyoung. — ele fez um biquinho e eu me senti mal, ele não me queria ali. Pela segunda vez, ele preferia Jinyoung.

— Youngjae, você lembra qual foi seu diagnóstico quando você entrou aqui? — meu pai o perguntou.

— Sim, foi amnésia e depressão. Mas porque? — ele me olhou e abriu a boca, numa expressão de surpresa. — Eu me esqueci de você, não é? — senti meus olhos lacrimejarem e assenti pra ele.

— Sim, você esqueceu dele, Youngjae. Você sabe qual é o procedimento com você, certo? Nós não podemos te contar quem ele foi pra você, não vamos forçar nada, mas podemos te ajudar a deixar tudo menos confuso, esclarecendo algumas coisas.

Youngjae concordou e eu respirei fundo, puxando uma das duas cadeiras que tinham ali e meu pai fez o mesmo.

— Jinyoung. O que lembra de fazer com ele? — Senhor Im disse.

— Eu lembro de assistirmos filmes com Kim Yugyeom, almoçarmos com Yugyeom e uma vez ele deu uma carona pro Yug até a escola, eu lembro!

— Você não acha estranho que Kim Yugyeom esteja presente na maioria das lembranças que teve com Jinyoung?

— Ah, acho que não, eles sempre foram muito próximos.

— Foi aí que você se confundiu, Youngjae, Jinyoung não é seu namorado, mas do Yugyeom.

— Como? — ele parecia mais confuso que antes, eu queria abraça-lo até ele se lembrar de tudo. Mas sua expressão mudou em questão de segundos. — Ahhh, é por isso que Yug ficou tão bravo quando eu beijei o Jinyoung hyung e também é por isso que... — ele disse e fechou seus olhos rindo. — Ahhh!

— Entendeu agora? — perguntei.

— Entendi, Jaebum hyung! Yugyeom deve ter ficado tão chateado comigo. — ele disse fazendo um biquinho triste.

— Ele vai perdoar, tenho certeza. — eu disse, lembrando do quanto eu havia ficado triste e irritado por ter visto aquela cena e mesmo assim, ele não lembrava de mim o bastante pra se desculpar.

— Hyung, você... Você não pode mesmo me dizer o que era meu? — ele me perguntou com uma voz que tinha um misto de curiosidade e manha.

— Não, infelizmente. Queria muito poder te contar...

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ele falou:

— Eu sinto sua falta. — Youngjae disse com lágrimas nos olhos e eu arregalei os meus, o que era aquilo agora? Ele fez uma expressão confusa novamente e colocou uma das mãos na cabeça. — Porque eu disse isso? Eu estou tão estranho, me desculpem.

— Não tem problema, isso é até bom. Antes você demorava mais pra começar a lembrar das coisas, você demorou menos dessa vez. Talvez em um mês você esteja totalmente de volta. — meu pai disse e eu não consegui dizer nada.

— Woah! Tão rápido e então vou poder ir pra casa? — ele disse sorridente.

— Sim!

— Um mês? Como eu posso esperar um mês? — falei e os dois voltaram a atenção pra mim. — É muito tempo.

— Não é, hyung, da última vez demoraram quatro. — ele disse cruzando os braços.

— Quatro? — eu disse me desesperando. — Meu Deus, eu quase morri em dois dias sem te ver, como você acha que eu posso sobreviver por meses?

— Vou sair pra olhar outro paciente, volto depois. Im Jaebum, se controle, não faça besteiras.

Ele saiu da sala e eu levantei da cadeira, chegando perto de Youngjae.

— Hyung?

— Eu não vou suportar ficar dentro desse hospital por quatro meses, ainda mais se eu precisar ficar... — "sem te beijar" eu pensei em dizer, mas desisti.

— Se precisar...?

— Youngjae, eu não posso dizer mais nada. Eu vou ter que te ajudar a melhorar se eu quiser sair logo daqui com você e ir pra nossa casa.

— Nossa casa. — ele sorriu. — Hyung, obrigada.

— Pelo que?

— Por estar aqui comigo. Muitas pessoas não teriam paciência nessa coisa de ser esquecido. Eu não escolhi me esquecer e tenho certeza que você é uma pessoa muito importante pra mim, eu sinto isso. — sorri em agradecimento. Youngjae continuava a ser gentil como na primeira vez que nos vimos.

No mesmo dia, o senhor Im nos disse que seria a primeira reunião entre os pacientes, onde todos contariam o que quisessem uns para os outros, como num grupo de apoio. E eu decidi que mesmo que não fosse da forma que eu imaginei, Choi Youngjae saberia agora qual era minha história. Era hora de deixar aquilo sair de mim.

Sentados no grupo, em roda, todos pareciam próximos entre si. Alguns pareciam entediados outros sorriam para Youngjae, ele realmente era uma garoto famoso entre os pacientes. Eu estava quieto, ansioso e com medo do que viria a seguir, eu nunca havia contado a ninguém sobre o que tinha acontecido comigo, todos que sabem, estavam perto, com exceção de Park Jinyoung, que ficou sabendo pelo meu pai. Era um grande momento pra mim.

— Olá, pessoal. — meu pai dizia com um sorriso fraco, ele estava agora vestido de forma mais casual, talvez para deixar todos mais confortáveis. — Como estão?

— Estamos ótimos, Senhor Im. — uma das pacientes disse por todos sorrindo. Alguns assentiram concordando, mas vi um garotinho revirar os olhos.

— Que ótima notícia. — Im respondeu. — Então podemos começar. Quem quer ser o primeiro? — ninguém se manifestou. — Ninguém? — todos olharam pra Youngjae sorrindo, esse que estava ao meu lado, negou com a cabeça.

— O novato Im pode começar. — o garotinho disse, parecendo debochado, eu suspirei pesadamente, atraindo o olhar de todos para mim. Enquanto alguns diziam-se surpresos por eu ser um Im.

— Então eu começo. — falei, e meu pai me meu um sinal para que eu começasse. — Meu nome é Im Jaebum, tenho 22 anos. Como já devem ter percebido, sou filho do médico. Eu nunca vim aqui, eu sempre detestei hospitais e viver com um médico que sempre tentava me diagnosticar, me deixava estressado. Eu tenho depressão pós-traumatica e um tipo de fobia social. Quando eu tinha 19 anos, — respirei fundo — comecei a receber umas mensagens... — senti minha visão ficar embaçada e pensei em fugir, uma ideia que foi descartada quando Youngjae segurou minha mão, quando eu o olhei, ele tinha aquele olhar de apoio, o mesmo olhar que me ajudou tanto. — Alguém me ameaçava e ameaçava minha família, eu escondi isso de todos por um ano. Um dia, recebi uma que dizia pra ir até um prédio abandonado. Ele disse que estava com meu melhor amigo lá, isso tudo porque eu havia contado para meus pais e feito um boletim de ocorrência na polícia. Era minha culpa, novamente. Eu disse a meus pais que iria até lá e eles me disseram que isso era loucura, que aquilo era coisa da minha cabeça e que era impossível Park Jinyoung ter sido sequestrado. Eu não ouvi e fui até o lugar, determinado a salvar meu melhor amigo. — eu já chorava, obviamente. — Quando cheguei, o prédio estava vazio. Eu entrei, mas meu amigo não estava lá, ele nunca esteve. No fim, eu acabei encontrando com meu ameaçador. Era meu tio.

Todos tinham a boca aberta, inclusive Youngjae. Meu pai tinha um olhar culpado, mesmo ele sabendo que a culpa não era dele.

Limpei as lágrimas e continuei.

FLASHBACK

Eu corria o mais rápido possível, tentando achar a casa abandonada. Eu não podia viver sem Jinyoung, ele era meu melhor amigo, como eu poderia o deixar morrer?

Meus pais não acreditavam que alguém havia o sequestrado, me chamaram de louco e me disseram para parar de imaginar coisas, mas eu sabia que poderia ser verdade, eu precisava verificar.

Quando finalmente cheguei ao lugar, gritei por Jinyoung, mas ninguém respondeu. Eu corri pelo lugar, tentando achar o quarto e obviamente me surpreendi ao achar o quarto que estava ocupado.

— Onde ele está? — perguntei me desesperando.

— Jaebum. — ele disse rindo.

— Onde ele está, tio? — eu chorava.

— Você é realmente um idiota, como acha que eu conseguiria sequestrar aquele garoto? — ele balançou a cabeça em negação e sorriu de uma forma perversa. — Você é muito ingênuo Im Jaebum. Por isso preciso te tirar desse mundo, entende? — ele se aproximava de mim, ainda com aquele mesmo sorriso. — Para que não se torne um traidor como sua mãe. — eu tinha meus pensamentos confusos, por isso quase não vi quando ele me atingiu com o primeiro soco no rosto, seguido por um no estomago, me fazendo cair.

Ele desferiu socos e chutes em mim, eu não podia contar quantos haviam sido, pois apenas alguns haviam sido o bastante para me deixar desacordado. Depois de alguns minutos eu acordei com um forte cheiro de fumaça. Eu não conseguia gritar, sentia o calor do fogo em minha pele, me cercando. Meus olhos doíam e eu conseguia sentir o suor e o sangue escorrendo pelo meu rosto. Eu sabia que eu morreria ali, eu não queria aquilo mas me sentia satisfeito por ter a certeza que Jinyoung e minha família estavam bem. Foi com esse pensamento que eu encarei as chamas pela última vez e desmaiei.

FIM DO FLASHBACK

— Meu tio Im Woobin, era obcecado pela minha omma e quando ela acabou ficando com meu pai, as coisas desandaram pra ele. Eu fui fruto de um amor muito invejado. Pra Woobin eu era como o reflexo da minha mãe, tinha algumas características parecidas, o jeito também era igual e ele se sentiu mal. E acabou ficando obcecado por mim também. Naquele dia, ele me espancou e botou fogo no lugar. Me abandonando pra morrer. — contei.

— Meu Deus. — ouvi alguém dizer e encarei meu pai.

— Eu não conseguia sair do lugar. Eu pensei que morreria ali mesmo, mas, minha omma apareceu e me tirou de lá. Nós ficamos bem e Woobin foi preso. Disseram que eu estava delirando, imaginando. Mas era verdade e eu quase morri. Depois disso, eu passei a ter medo de pessoas, toda vez que alguém encostava em mim, eu me lembrava daquele dia, quando meu próprio tio tentou incendiar um prédio comigo dentro e minha pele queimava. Eu me isolei do mundo depois disso, me mudei para um apartamento e só depois de quase três anos, fui capaz de começar a dividir com alguém. — olhei para Youngjae e ele também chorava, mas não havia soltado minha mão.

— Mas, Jaebum-ssi, você melhorou? Vejo que Youngjae está te tocando. — uma senhora perguntou.

— Eu conheci uma pessoa a um tempo, que me ajudou sem que eu percebesse, sua alegria e jeito de agir me fizeram perder o medo dele, porque nem todas as pessoas são como Woobin. — Youngjae apertou minha mão e sorriu, eu acho que no fundo, ele sabia que eu estava falando dele.

— Jaebum! Foi a mesma pessoa que você dividiu o apartamento? Ela é sua namorada? — uma garotinha disse.

— Ele era um garoto, mas ele era meu namorado sim. — falei e algumas pessoas fizeram um 'aaaah' em conjunto.

— Alguém quer dizer algo para nosso Im Jaebum? — meu pai perguntou.

— Você deveria dizer algo. — o mesmo garoto disse olhando para meu pai. — Você é pai dele. — deu de ombros.

— Certo. — ele se levantou e veio na minha direção. — Meu filho, me perdoe por não ter acreditado em você naquela época, a culpa não foi sua em nada do que aconteceu, você foi uma vítima do meu irmão. Não deixe o passado afetar seu futuro, — ele disse olhando nos meus olhos — e isso eu digo a todos vocês, não se deixem abater por um trauma, vocês precisam superar, precisam ser fortes. Não pensem que a vida acaba quando chega aqui. O hospital é só o começo, todos viverão bem e saudavelmente depois de saírem daqui. A vida é longa, por isso vivam sem arrependimentos.

O resto da reunião foi mais tranquila, sem muitas histórias chocantes. Mais tarde descobri que o garotinho intrometido se chamava Kang Chan-Hee, um órfão de 14 anos que havia sido diagnosticado com síndrome borderline.

— Jaebum, Youngjae! — ChanHee veio correndo até Youngjae e eu, nos fazendo parar de andar. — Vocês vão ficar aqui por quanto tempo?

— Até recebermos alta. — respondi.

— Aigoo! Que sem graça. — revirou os olhos. — Youngjae hyung, quando nós podemos fugir?

— Como assim? — Youngjae riu.

— Ya! Você me prometeu, lembra? Que me levaria com você da outra vez, você está me devendo, Youngjae-ssi. — ele cruzou os braços. — Eu era um bebê mas ainda lembro, cara, eu preciso sair daqui. Eu não sou louco e você prometeu.

— Você tem borderline, ChanHee, até você cooperar com os médicos, não te tiro daqui. — Youngjae disse sorrindo.

— Woah! Você ficou chato igual ao gigante. — ele apontou pra mim. — Você era muito mais legal antes, onde está o Yugyeom? Você era mais interessante perto dele. — ele saiu de perto, pisando forte.

— Quem esse pirralho tá chamando de gigante por aí? — falei, ameaçando ir atrás dele.

— Você é bem alto mesmo, hyung. — Youngjae deu de ombros e riu.

— Vocês que são dois anões, eu não tenho culpa disso.

— Anão. Não se têm mais respeito hoje em dia. — ele começou a andar em direção ao seu quarto e eu o acompanhei.

Ao chegarmos na porta, ele parou, bloqueando minha passagem.

— Você vai entrar? Porquê?

— Porque eu quero entrar, não posso? — respondi.

— Pode, hyung. Entra. — ele disse e me deu passagem, entrando e sentando em sua cama.

— Porque ChanHee quer tanto sair daqui?

— Ele não gosta de hospitais, terapia, médicos, pessoas, nada disso. Ele quer ser livre ou pelo menos ter uma vida normal. Ele fica na ala infantil com as outras crianças órfãs, mas vive passeando por aqui. — Youngjae disse, me olhando. — Ele se parece um pouco com você, no comportamento.

— Comigo? Eu não saio por aí pedindo carona pra fugir e nem chamo ninguém de gigante.

— Mas você não gosta de hospitais, pessoas, médicos e terapia. E revida a provocação de uma criança de 14 anos a chamando de anã. — ele disse, dando de ombros. — Você e ChanHee são muito parecidos.

— A diferença é que eu sou lindo. — falei, tentando arrancar um sorriso dele.

— Você é muito convencido, hyung. E ele ainda não passou pela puberdade, talvez ele tenha um futuro bom. — sorriu.

Eu e Youngjae conversamos mais um pouco sobre a condição de ChanHee, ele me explicou que borderline era como uma bipolaridade, mas com oscilações de humor mais fortes. Eu senti pena pois ele era um garoto muito novo para ter tantas preocupações.

Depois de um tempo, uma enfermeira entrou no quarto dizendo que eu tinha que ir pro meu próprio quarto, pois não eram permitidos pacientes da ala psiquiátrica permanecerem no mesmo quarto, ou seja, meu plano de ser colega de quarto de hospital de Youngjae estava cancelado.

— Parece que eu tenho que ir, Jae. — falei depois da enfermeira sair do quarto. — Boa noite. — falei me levantando do sofá.

— Sim, hyung. — ele sorriu. — Boa noite, a gente se vê amanhã?

— Claro, eu venho te visitar. — sorri de volta, recebendo um aceno dele. — Tchau, dorme bem.

Saí do quarto com um sorriso no rosto, sendo acompanhado pela mesma enfermeira de antes.

— Está feliz, Jaebum-ssi? — ela perguntou.

— Estou, sinto que ele vai melhorar logo e poderemos voltar pra nossa casa. — sorri sem saber que eu estava enganado.

— Vocês ficarão bem.

— Tenho certeza que sim. — entrei no meu quarto e deitei na cama.

— Mais tarde volto pra trazer algumas roupas pra você, durma um pouco. — ela disse e eu assenti em resposta.

Eu achava fácil estar ali, era um hospital enorme, parecia um shopping, eu sabia quem era o dono e quem seria o futuro dono, eu conhecia aquela família a anos. Já havia visitado aquele lugar antes de sair de casa, era familiar pra mim.

E de repente eu achei engraçado como todas as histórias se cruzavam.

Eu era filho dos médicos, minha família era amiga da família de Park Jinyoung, este filho do dono do hospital. Park namora Yugyeom, filho de outra médica. Yugyeom é um dos melhor melhores amigos de Youngjae, meu namorado e paciente do meu pai. Jackson, Mark e Bambam não tinham nada a ver com o hospital, mas eram amigos de Youngjae.

Eram várias famílias e histórias ligadas por um hospital, a maioria delas ligadas a Choi Youngjae.

Tudo aquilo era uma coincidência incrível, pra não dizer destino.

...

Algumas horas se passaram, eu não sabia quantas, mas pude ver ao olhar no relógio que já era outro dia. Tinham algumas roupas na mesinha ao meu lado, na direita. Roupas feias de hospital, fiz uma careta.

— São horríveis. — olhei pro meu lado esquerdo, vendo meu amigo ali, sentado no sofá. — Horripilantes, você vai ficar parecendo um saco de arroz azul. — ele disse e eu arqueei as sobrancelhas.

— O que está fazendo aqui? — eu ainda estava nervoso pelo que aconteceu com ele e Youngjae.

— Não me trate mal, já estou sofrendo o bastante com o Yugyeom. — ele suspirou, parecia cansado. — Ele me proibiu de entrar na casa dele, acredita? Não posso nem chegar perto do lugar sem ser perseguido por no mínimo três seguranças. — eu ri, resolvendo esquecer a confusão dele com Youngjae. — Eu odeio aquele riquinho.

— Você é bem mais rico que ele. — falei.

— Do que isso importa se não posso comprar o perdão dele? — ele deu de ombros.

— Você merece isso. — retruquei.

— Se fosse pra alguém ser ignorado, esse tinha que ser Choi Youngjae. Já é a segunda vez que ele me agarra.

— Você está querendo por a culpa nele, sério? — falei.

— Não, mas eu não mereço receber a culpa, também.

— Daqui a pouco ele te perdoa, relaxa. — eu ri.

— Relaxa? Ontem encontrei Mark, Bambam e Jackson na frente da casa de Yugyeom. Como se não bastasse fugir dos seguranças tive que fugir dos três idiotas também.

— Deve ter sido uma cena engraçada. Eles conseguiram te pegar?

— Bambam conseguiu, mas ele me ajudou a fugir, disse que Mark e Jackson iriam me matar porque eu estava fazendo Youngjae ficar confuso. — ele se levantou da cadeira, indignado. — Eu? Ele já é confuso por natureza. — eu escutava ele reclamar, eu queria rir, mas estava me segurando. — Jackson ainda disse que eu era um traidor duplo porque havia traído meu namorado e o "leadernim" do grupo. — ele fez aspas com os dedos. — Desde quando você é o líder do grupo? Estamos em Mean Girls e você é a Regina George? — ele cruzou os braços, se sentando novamente. — Eu não mereço isso, eu quero voltar com o Yugyeom, já se passaram meses. — ele choramingou.

— Passaram-se quatro dias, Jinyoung. — eu revirei os olhos.

— Parecem meses pra mim que está com saudade. — ele deitou no sofá.

Eu ri do desespero do meu amigo, mas de fato, pareciam meses, eu estava com tanta saudade dele, da minha casa. Eu sentia saudades até do meu trabalho.

— Eu também sinto a falta dele. — falei, encarando a parede e ouvindo Jinyoung suspirar. Seriam dias longos, eu teria que me adaptar. — Pra você é mais fácil, Yugyeom vai te perdoar logo, mas eu não sei quando Youngjae vai se lembrar de mim.

— Eu espero que ele lembre logo, sinceramente. Youngjae não merece passar por isso e nem você. — ele falou ainda deitado. — Mas hyung e se ele não lembrar?

— Se ele não lembrar? — encarei a parede novamente, eu não gostava nem de pensar naquela possibilidade. — Eu terei que reconquistar ele, reescrever nossa história novamente.

— Você está vendo muitos dramas, ficou até um merda romântico. — falou e eu ri.

Mal sabia ele que eu não via muitos dramas e nem lia romances, aquele meu lado apareceu quando conheci Choi Youngjae, por isso eu havia me tornado um merda romântico.

E droga, eu sentia falta dele.


Notas Finais


eu revisei, mas podem conter erros.

desculpem a demora e obrigada por todos os comentários ♡


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