História Touch of my hand - Medo

Claire Morgan

Liam e eu ainda continuávamos deitados. Nenhuma palavra foi dita até o momento, e acho que ambos temos medo de que qualquer coisa que saia de nossas bocas... Acabe estragando o que acabamos de viver.

Não foi romântico, mas foi tão profundo... Pelo menos para mim. É como se Liam soubesse exatamente onde me tocar, como se já conhecesse meu corpo. Não foi preciso muito para fazê-lo sentir desejo por mim, e isso me tocou, aliás, me toca de um jeito interno que não sei explicar.

Eu já o amo, e não vou mentir dizendo que não quero que ele sinta o mesmo. Infelizmente minha situação é algo que eu sempre estarei em dúvida. Não estou me menosprezando, mas sei que ele teria quem quisesse e...

- No que está pensando? – sua voz sai num sussurro enquanto seus olhos encaram os meus.

Ergo meus olhos, encontrando os dele que fitavam-me com intensa atenção.

- Nada. – ele não precisa saber da minha insegurança. – Na verdade estou pensando no quão sortuda sou por estar aqui com você. – rio me apoiando a cabeça em seu peito.

Liam ri e começa a fazer carinho em minha cabeça, passando os dedos suavemente pelos meus cabelos. Seu toque suave me faz fechar os olhos para apreciar melhor o ato.

- Tem certeza que precisa voltar para os USA? – noto sua respiração ficar mais pesada e sua mão para de mover por uns segundos.

- Ainda temos dois dias. – respondo tentando não ficar tensa.

Liam se remexe abaixo de mim, enquanto faço círculos com as pontas dos dedos em seu peito.

- Vou estar um pouco ocupado esses dois dias. – abro os olhos.

Ou seja... Não terá tempo para mim.

- Acho que terei que me acostumar com sua agenda apertada. – brinco, mas Liam não ri. – Olha eu não quis...

- Tudo bem. – apoio o queixo em seu tórax e lhe fito. – Amanhã vou participar de uma entrevista. – informa passando a carícia de seus dedos para meu braço.

- Se você não se incomodar posso lhe acompanhar.

- Não achará entediante?

Finjo estar pensando a respeito e Liam arqueia a sobrancelha.

- Talvez eu fique. – aproximo meu rosto do seu. – Mas estarei com você e isso me basta.

Ele me puxa para mais perto e cola seus lábios nos meus.

-- Estou realmente gostando de você. – admite e sorrio.

- Não me iluda Liam Payne. – beijo seu pescoço. – Já sou apaixonada por você há mais de cinco anos.

- E me conhece demais até. – ele troca-nos de posição, ficando por cima de mim. – Estou em desvantagem aqui.

Sei que é verdade, por isso não lhe retruco. Suas mãos alisam a lateral de meu corpo, e quando penso que Liam vai me provocar, ele se levanta levando o lençol consigo. Seu olhar novamente percorre meu corpo e dessa vez sinto vergonha.

Ele percebe.

E ri.

- Vamos tomar banho... Preciso me alimentar.

- Pensei que já estivesse alimentado. – lhe provoco passando por si.

- Você me surpreende. – ouço-o dizendo atrás de mim.

- O que? Você não comeu nada antes de vir? – faço-me de desentendida entrando no banheiro.

Liam não responde e entra no box, ligando a ducha. Penso em ir para a banheira para contraria-lo, mas deixo isso para depois. Prendo meus cabelos num coque firme e lhe acompanho. Ficamos calados e banhamos um ao outro, provocando aqui e ali... Quando terminamos, Liam volta a vestir suas roupas, enquanto eu visto uma calça preta com alguns rasgos na coxa, uma blusa de alcinha azul e um casaco fino preto por cima. Liam não desgruda seus olhos de mim, o que acaba me deixando um pouco nervosa. Calço meu allstar preto, passo rímel e solto meus cabelos, que ficam ondulados.

- Pronta?

- Sim. Vamos comer aonde?

- Onde quer ir? – pergunta saindo do quarto.

- Acho que um fastfood cairia bem. – lhe acompanho e ele segura minha mão.

- Ótimo então.

Saímos do hotel e espanto-me com a quantidade de paparazzi que se encontravam na porta do local. Liam anda um pouco mais rápido ignorando as perguntas que eram jogadas em cima de nós. Mas eu consegui entender a maioria delas. Ele passa seu braço pelos meus ombros e aproveito para esconder o rosto em seu peito. Céus, ouvir eles perguntarem sobre Cheryl me deixa enojada. Eles terminaram. E ele não a traiu comigo. Mas parece que isso já é uma falsa realidade. Liam nos guia até seu carro, que mesmo perto, parecia estar longe. Ele espera eu entrar primeiro para depois dar a volta e sentar-se no volante.

- Como você não fica nervoso com isso tudo? – indago quando ele dá partida.

- Na verdade eu fico. – me fita de relance. – Mas compreendo que é o trabalho deles e... Bem... É a minha vida, teria que me acostumar um dia.

- Nossa. – massageio minha testa.

- Você acha que dá conta disso?

- Não sei. – sou sincera. – Talvez.

Liam não fala mais nada e pergunto-me se disse algo que lhe incomodou. Viro-me de lado no banco e pouso minha mão em sua perna. Ele me olha e deixa sua mão por cima da minha, tirando apenas nos momentos em que precisa manusear o cambio. Apesar do gesto, Liam ainda continua calado. O que respeito.

Não demora muito para chegarmos num fastfood. Liam segura minha mão novamente e me abraça de lado enquanto aguardamos nossa vez. Sinto os olhares das pessoas, mas ele parece não se importar. Já deve ter se acostumado com isso. Realmente não sei se aceitaria essa vida numa boa. É tanta invasão de privacidade...

- O que vai querer?

- O mesmo que você.

Liam faz os pedidos e logo estamos acomodados numa mesa de canto. Ele está estranhamente calado e isso me incomoda, pois sei que é devido a resposta que lhe dei. No entanto, não sei como voltar ao assunto. Sinto que se fizer isso poderemos ter nosso primeiro desentendimento e não quero isso, temos pouco tempo para aproveitarmos.

- Que horas será a entrevista? – pergunto a ele trazendo sua atenção de volta.

Talvez com outro assunto eu consiga arrancar algo dele.

- Na parte da tarde. – sua resposta é curta.

Calmamente deixo meu lanche de lado, que a essa altura já perdi a fome e busco seus olhos, até que eles se foquem em mim.

Sou paciente, mas não muito.

- Você está bem? – pergunto gentilmente.

- Desculpa. – respira fundo. – Estou sendo um babaca.

Concordo. Mas permaneço quieta. Liam olha ao redor e acena para um grupo de meninas que nos fitavam do outro lado.

- Não posso te culpar por não estar acostumada com isso tudo. – termina encolhendo os ombros.

Olho para as meninas e volto a encará-lo.

- E nem eu posso te culpar por ser famoso. – lhe conforto. – Até porque se não fosse por isso talvez nunca tivéssemos nos conhecido. – argumento.

Liam sorri e fico feliz por ter causado esta reação. Sua mão segura a minha levando-a até os lábios onde ele deposita um beijo. Uma coisa que aprendi com o relacionamento de meus pais é: se puder evitar um conflito, evite.

Depois de tudo resolvido, finalizamos nossa refeição com mais tranquilidade e clareza. Já no carro de volta para o hotel, em determinado momento, meu celular é bombardeado de mensagens... De Alex. Abro a nossa conversa e uma chuva de prints, tanto de sites de fofoca, como blogs de fãs, carregam, mostrando fotos minha e de Liam.

- “Parece que fila andou para Liam Payne: pouco tempo depois de terminar com Cheryl, o cantor é visto com uma jovem em momentos íntimos.” – leio a chamada em voz alta, fazendo Liam me encarar por segundos. – Isso é muito engraçado. – rio. – E sádico de certo modo.

- Ás vezes é necessário rir. – diz balançando a cabeça. – Minha preocupação é você ser assediada por eles.

Não lhe respondo e volto a ler as mensagens de Alex, que está um pouco desesperado. Tenho em mente de que se algum dia eu for abordada por um paparazzi, simplesmente lhe ignorarei. Mas na teoria é uma coisa, já na prática... Termino de ler as mensagens de Alex e opto por não respondê-lo no momento. Quando chegamos no hotel, Liam me acompanha até o quarto.

Ele não entra.

- Roman vem lhe buscar antes das onze. – informa colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha.

- Por que você... – interrompo-me balançando a cabeça. – Tudo bem. – conformo-me.

- O que foi babe? – se aproxima encostando-se no vão da porta.

Sinto-me aflita com a aproximação e engulo a seco, evitando fitar seus olhos castanhos. De certa forma quase pedi que ele dormisse aqui comigo. Agradeço por ter me controlado. Não sei ao certo até onde posso ir, até onde estamos de fato íntimos um do outro. Tudo bem que já até dividimos a mesma cama, mas... Ao mesmo tempo parece que existe uma barreira entre nós e talvez, esse espaço seja devido a nossa diferença de estilo de vida. Que foi comprovado hoje.

- Nada. – solto a lufada de ar que sequer tinha percebido que estava preso em minha garganta. – Estarei pronta antes das onze. – garanto depositando um leve beijo em seus lábios, embora Liam não tenha desfeito a carranca. – Devo vestir algo... Formal? – continuo deixando a sua dúvida de lado.

- Vista o que se sentir melhor.

Dizendo isto, Liam me beija, antes de partir. Observo-o desaparecer dentro do elevador e fecho a porta.

- Você é uma burra Claire Morgan.

Liam Payne

Quando disse a Claire mais cedo que estava gostando dela... Realmente não estava mentindo. Primeiro admiti a mim mesmo que de fato, estava me apaixonando por ela, para depois comentar sobre. Depois de termos nos entregado um ao outro, foi impossível não pensar no sentimento que cresce dentro de mim. Só de pensar que Claire irá embora depois de amanhã, sinto-me ficar quase desesperado por dentro.

Era assim com Cheryl.

Não estou comparando o relacionamento e sim os sentimentos, até porque as duas são completamente diferentes. Cher já era famosa e estava acostumada com a pressão da mídia, já Claire não conhece nada deste mundo e apesar de ter sofrido – porque sei que sofreu – com os jornalistas hoje, ela não surtou. Fui um idiota por ter ficado ressentido por ela simplesmente ter dito que talvez não se acostumaria com aquilo. Claro que isso mexeu comigo, afinal, se ela não se acostumar, logo não duraremos muito. Entretanto, tenho que ser paciente e confiar que Claire pode muito bem lidar com a mídia.

Talvez eu esteja pensando muito a frente.

Entro no estúdio que tenho em casa e sento-me no piano. Dedilho algo, mas logo desisto.

Pego o celular e vejo a última mensagem de Cheryl.

“Amanhã voltarei a ativa :)”

Sorrio feliz por ela. Cher é uma mulher maravilhosa.

“Parabéns, fico feliz por você.”

“Saudades também.”

Entro no quarto de Bear, e seguro o pequeno urso que está em seu lugar. A saudade dentro do meu peito aperta, assim como meus dedos envolta da pelúcia. Queria poder ter mais tempo com ele. Bear está crescendo e estou perdendo todos os momentos. Sinto-me péssimo por isso.

O celular no bolso vibra e sorrio ao ver a imagem que Cher manda. Bear está dormindo tranquilamente.

“Também sentimos saudades.”

Leio a mensagem.

If this life is one act

(Se esta vida é um ato)

Why do we lay all these traps

(Por que colocamos todas essas armadilhas?)

We put them right in our path

(As colocamos bem no nosso caminho)

When we just wanna be free

(Quando só queremos ser livres)