- Pode entrar senhor, a Doutora já está te aguardando.
Lugar silencioso esse, nem parece que trata de pessoas com distúrbios de comportamento. Fui até a sala depois de assentir para a recepcionista, abri a porta e me deparei com uma figura pequena demais para uma mesa tão grande, de olhos baixos num papel que parecia interessante. A psicóloga da vez, então, seria ela? Franja tapando a testa, óculos grandes, só restando metade do rosto visível. Se a visse em algum lugar, julgaria como uma mulher tímida e simplória, que se encolhe ao olhar direto de um estranho.
Ela não moveu um músculo após ouvir a porta, não disse "olá" e nem sequer pediu que eu sentasse. Me incomodei com isso, afinal, ela estava prestando serviços. Tomei a iniciativa de ir para um canto do cômodo com um espaço que tinha duas poltronas e uma mesa de centro próxima. Depois de me acomodar e deixar minha mochila no chão, o silencio continuou, ela estava na mesma posição e eu poderia ver claramente de onde estava.
Talvez eu possa negociar com ela, não preciso de consultas, só uns remédios. Esse comportamento deve ser resultante da falta de paixão pela profissão, tédio, ou quem sabe alguma frustração. Positivo não é, o silêncio está me incomodando, por incrível que pareça. Me obrigo a olhar mais vezes para ela, nada muda, e minha cabeça faz inúmeras críticas a essa estranha. Quando me dou conta, o estado "nada" dela tomou minha total atenção e devo reconhecer, nem com frases inteligentes, quase para nível de filósofos, algum psicólogo fez isso. Será um truque? Se for, deu certo.
Finalmente, largou os papéis na mesa, deixou os óculos ali, ainda sem olhar em minha direção, levantou. Enquanto ela se direcionava a poltrona próxima à minha, engoli em seco. O corpo da mulher era cheio de curvas, em uma roupa discreta e ainda assim incapaz de esconder a beleza. Quadris largos, seios fartos e cintura fina, perfeita. Um corpo bonito não deve por em vantagem, mesmo assim, o fato de ela poder ler os parceiros.
Imagino que psicólogos não amam. Não, impossível. Se podem ver os podres todos, que nós instintivamente cobrimos para socializar, por que se relacionariam com alguém?
Ela senta e me olha. Minha vez de ficar paralisado. Os olhos dela são tão claros que parecem duas luas, densas e abismais. Ela não vacila o olhar e diz:
- Olá Sasuke, tudo certo? - Com um sorriso tímido pude notar a doçura e firmeza na voz, mas calma... Ela perguntou se está tudo certo? Sério? Passo tempo demais desconcertado e quando percebo logo respondo um "sim" com a cabeça.
- Bom, eu também acho que está tudo certo contigo. Por isso vou cortar sua medicação.
- Como?
- Isso mesmo. Vamos fazer isso, claro, diminuindo aos poucos. Mas esse é o objetivo. Já estou te informando porque meus métodos são diferentes.
- Então quer dizer, doutora, que se acha tão capaz quanto os efeitos da química em mim? Que pode me curar com palavras? Que o diploma que seu papai lhe ajudou a conquistar move a vida de pessoas? Isso mesmo, deusa? - Ironizei, tinha que apelar, não posso ficar sem esses malditos remédios, a louca aqui deve ser ela.
Ela riu com a última palavra minha, baixou os olhos rapidamente e depois me olhou séria e satisfeita:
- Sim. Eu sei tudo sobre você Sasuke. Inclusive que estará aqui na semana que vem, sentado nessa cadeira. Falando comigo ou não, você é um livro de fácil acesso.
Ela tocou o meu braço, se aproximou e disse:
- Se acalme. - O perfume dela me fez querer chegar mais perto, mas me contive. - É inevitável. Até a próxima.
Deu as costas para mim e voltou à sua mesa. Olhei no meu celular, realmente o tempo esgotou e eu estava ali, frustrado, irritado e comovido pela sessão de tratamento psicológico mais sem noção da minha "história". O mal estar não me impediu de olhar o rebolado da bunda empinada daquela mulher. Faz tempo que eu não rasgo calcinhas e feito o satã, fodo uma mulher. Faz tempo que não sinto vontade, talvez seja a necessidade falando. Pego minha mochila e saio da sala com o pau duro mesmo. Estou pouco me fodendo se ela ou a recepcionista loirinha de olhos azuis viu, que se explodam. Não diga que sou um rebelde ou revoltado, você está num lugar bagunçado lendo e relendo coisas que saem frescas da minha mente. Não me dê palpites. Eu estou pouco me fodendo.
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