História Tracing Destination - Todo dia é uma segunda chance

      Seattle Washington, 09:15 PM 2015

    Dizem que Deus está no controle de tudo, e que ele sabe o que faz, mas porque fazer isso comigo? Porque me transformar nessa pessoa desconfiada que mal consegue confiar na própria sombra? Eu só  queria entender o porque dela ter me abandonado, eu nunca deixei faltar nada para aquela mulher, a amei como se a cada minuto fosse o último da minha vida.

    Estava indo a um jantar em família que teria na casa da Dona Pattie. Quando adentrei na rua onde eu morava com Rachel, que aliás era inevitável deixar de passar, pois minha mãe insistia em não vender a casa -que ficava na mesma rua- por ter decorado do jeito como ela sempre quis. Parei o carro e fiquei olhando aquela casa no escuro, do mesmo jeito que Rachel deixou quando foi embora. Do mesmo jeito como ela me deixou.

    Entrei no carro e segui a casa cuja estava cheia de carros à frente, assim que entrei as risadas cessaram e alguns passaram a me olhar com pena, e já sentia minha cabeça latejando, meus olhos ardiam, e eu sabia o motivo, mas eu não podia me entregar novamente as lágrimas.

    - Senta aqui filho - sai dos meus devaneios ouvindo minha mãe chamar, beijei sua testa e me sentei cumprimentando a todos com um boa noite.

    Todos voltaram ao normal, as gargalhadas continuaram, e eu só desejava pra que aquilo acabasse logo.

    - olha se não é meu neto favorito! - meu avô sempre de bom humor chega me abraçando de lado enquanto eu olhava um ponto fixo no jardim com as mãos no bolso

    - pensei que eu fosse o único né vovô, andou pulando cerca? - meu avô com certeza era o homem que eu mais admirava, não só por ter ajudado eu e minha mãe, mas também por ser um homem sábio, de bem com a vida, enfrentando todos os problemas de frente.

    - oh meu neto, quanto tempo, Não? - sorrio meio triste por ter me afastado das poucas pessoas que realmente me amavam.
  
    - É.. Me afastei do mundo - falei pensativo

    - Você não me parece bem meu filho, ainda por causa daquela mulher? - ele diz com desprezo

   - Sim vovô, por causa daquela mulher, eu não entendo porque ela fez isso comigo. - ele me olha sorrindo e eu não entendo o porque

      - Porque está sorrindo?

    - Porque você amou meu neto, viveu sem medo! Eu imagino que não seja fácil seguir em frente, sendo que você quer o que ficou pra trás, mas filho, todo dia é uma segunda chance, se liberte. - ele diz me deixando sozinho refletindo.

[...]

    Entrei no carro e parei em frente aquela casa me dava um frio na barriga, como se eu fosse encontrar Rachel ali.

 

      Flashback on

 
    Assim que estacionei meu carro na garagem, notei a casa toda escura. Entrei tirando o terno e segui até o abajur aceso, peguei o bilhete que havia ali e subi as escadas procurando Rachel.

    - Amor, cheguei! Onde você está?

    Procurei na casa inteira e não a encontrei. Abri o bilhete em minhas mãos, que mais parecia uma carta.

    " Muitas coisas aconteceram, está difícil encarar toda essa dificuldade. Não sei se você irá me perdoar, mas agora, só isso me resta. Sinto muito por não esperar e dizer tudo como dois adultos, mas eu não conseguiria! Ser sincera agora é o que há, pra que continuar com algo que está Morto? Da morte nada volta. Eu sempre fui sincera, eu sempre quis o mundo, desculpe, mas seu amor não foi suficiente pra mim. Vou embora para que eu seja livre, para que você seja livre. Você tem uma vida pela frente, e eu também. Se apenas um ama, tão fortemente, e o outro não liga, o fim sempre chega. E o fim chegou para nós. Perdão"
 

      Flashback off

   
    E dirigindo me veio a frase que meu avô citou, todo dia é uma segunda chance, chegou a minha vez de seguir em frente!