Com um beijo forçado e uma batida nada educada na porta da frente, JeongGuk sobe as escadas arrastando os pés, ouvindo o chamado de sua mãe na cozinha, provavelmente para perguntar como fora o encontro, mas como estava sem paciência pra nada, apenas a ignorou e deixou-se cair na cama, com o corpo cansado.
Ouvi dizer que você tem alguém melhor
Que nunca te abandona e não te deixa só
Que o cara é dedicado e sua mãe ‘tá adorando
Já sei o que você anda pensando
Detestava a ideia de saber que seus pais gostavam mais do seu namorado do que si próprio.
Todos amavam Choi DongYoo, e com palavras de sua mãe: "Ele é um garoto tão amável, Gukkie, agora sim, você arrumou um homem de verdade", a sra. Jeon pôs tanta ênfase nas últimas palavras, que chegara a assustar Kyo, que saiu latindo e correndo pela casa.
Ela nunca gostara da ideia de ter um filho gay, pelos deuses, não poderiam, família tradicional coreana, de alta classe social, composta somente de advogados e médicos, um filho gay é a pior coisa que poderia acontecer.
É, claro, se o namorado do filho fosse Park JiMin.
JeongGuk às vezes pensava que o problema de seus pais não era o fato de ele ser gay, afinal seu primo também era, e eles lhe davam apoio, o problema mesmo era um certo ruivo, de vestes largas e palavreado nada apropriado ao meio em que a família Jeon vivia. Pois quando contou, em um almoço de família, que estava saindo com o mais velho dos Choi, por pouco sua mãe não soltou fogos.
Eles eram uma das famílias mais importantes de Busan, e como a ambição de seu pai não tinha limites, quase quiseram marcar o casamento já na hora.
O menino Jeon concluíra que o fato de não gostar tanto de seu namorado, era que seus pais o amavam até de mais. Na verdade não o amavam, amavam o crédito que a família Choi possuía, e sem dúvida, que eles possuiriam, se conseguissem juntar seu filho ao herdeiro destes.
O povo 'tá falando que você 'tá bem
'Cê deve 'tá pensando isso de mim também
Mas sei de um detalhe que você nunca esquece
Que quando chega a noite, é que a saudade aparece
DongYoo, para todos, é o ser perfeito, vindo de uma família de políticos, candidato como o pai, honesto, ajudava a todos, era bonito, frequentava a igreja sempre; é, o filho e genro que toda mãe quer ter.
Hoje, eles tinham completado um ano juntos, e como todo garoto perfeitinho, Yoo o tinha levado a um caro e refinado restaurante, e antes de servirem a sobremesa, ele tinha pedido a atenção de todos e aos músicos que trocassem a música, pela a que estava passando quando foram apresentados.
Ao fundo de Someone like you, exageradamente ensaiado, o Choi se ajoelhou e ofereceu uma caixinha de veludo preto ao mais novo. A ficha de JeongGuk, do que estava fazendo, só caiu quando ouviu sua voz rouca de surpresa, responder 'sim' ao pedido de casamento do outro.
E agora, deitado em sua cama, olhando o dedo anelar com a fina aliança de ouro branco, JeongGuk pensava em como tinha ferrado com sua vida: Tinha apenas 20 anos, não estava nem no meio da faculdade, ainda morava com os pais, e já ia se casar. Sem sombra de dúvidas, seus pais adorariam a ideia, o sobrenome Jeon só cresceria, acompanhado do Choi, mas JeongGuk sabia que realmente não queria isso.
Fez o que sempre fazia quando acontecia alguma coisa, boa ou ruim, e no caso, quase péssima.
Ligou para seu melhor amigo.
E aí você rola na cama tentando me encontrar
Abraça o travesseiro, pensando me abraçar
E liga 'pra um amigo pra poder desabafar
Reconhecendo que só 'tá tentando se enganar
As palavras meio sussurradas, meio choradas, são ouvidas calmamente por TaeHyung enquanto o outro narrava o que tinha acontecido durante o dia, desde quando acordou com a mensagem do namorado, o convidando a passar um dia no parque, terminando com o jantar, e este deu um grito audível à quilômetros quando soube que o amigo estava noivo. E a partir daí, a conversa foi, basicamente, o loiro brigando e o xingando pela burrada que ele tinha feito, e o mais novo chorando baixo, sabendo que era tudo verdade. E como não podia faltar, Kim TaeHyung gritou para o resto do mundo ouvir, o quanto JeongGuk ainda amava Park JiMin, e que ainda era muito novo para se casar, e que esse cara que não deve ser tudo o que mostra 'pro mundo, porque ninguém é tão perfeitinho não combinava em nada consigo.
É claro que ele sabia, e só tinha saído com o mais velho, por insistência do próprio Kim, dizendo - mais 'pra gritando - que não deveria ficar largado nos cantos por que tinha terminado com JiMin. E agora, esse mesmo TaeHyung, brigava consigo por ter aceitado se casar. JeongGuk entendia, mas ao mesmo tempo estranhava a atitude do amigo. Claro, era burrice se casar agora, mas também fora ele próprio quem tanto ficara no seu pé 'pra poder namorar novamente.
E JeongGuk sabia, ninguém nunca seria igual à JiMin.
Nenhum relacionamento se compararia a intensidade do que tinha sentido com o ruivo. Desligando a ligação, com um suspiro, e uma promessa do loiro de que a conversa ainda não tinha terminado, o moreno joga a cabeça no travesseiro, e pega novamente o telefone, olhando o tão conhecido número brilhar na tela.
E aí você digita o meu número do celular
Prende a respiração, desliga antes de chamar
Sabe que esse cara parece perfeito
Mas trocaria tudo pelos meus defeitos
E ficou nessa repetição de discar, desligar; discar, desligar; por pelo menos uns dez minutos, quando estava com o dedo em cima, para tocar no verde da tela, perdia toda a coragem, jogava o telefone na cama e gritava abafado contra o travesseiro, frustrado. Já estava a ponto de realmente desistir, e contar a sua mãe que iria se casar, quando se assusta com uma chamada.
Seu susto só aumentou ao ver de quem era a foto que piscava na tela. Estava tão diferente nessa foto, sorriam verdadeiramente, abraçados e tinha sua bochecha beijada por JiMin, que tinha o mais belo dos sorrisos. Sorriu como bobo ao relembrar aquele dia, estavam fazendo seis meses de namoro, e JiMin o tinha levado ao parque, ficaram o dia todo deitados em baixo de uma das árvores, e sendo romântico como só, JiMin tinha esquecido a cesta de piquenique, então comeram dois cachorros-quentes cada um, com uns dois litros de Pepsi, e como sempre JiMin reclamava por estar engordando, mas também não parava de comer. Fora um dos melhores dias, tiraram tantas fotos, que perderam a conta. Quase brigaram para escolher quais colocariam no contato um do outro, ficou que JeongGuk escolheria a foto do celular de JiMin, e este decidiria a do telefone do moreno.
Passou tanto tempo olhando a foto, e relembrando o dia, que a chamada caiu, e pegou o telefone quase discando de volta, mas novamente a momentânea covardia o impediu. O telefone tocou novamente, antes sequer de pensar, já tinha atendido.
Não falou nada, queria somente ouvir a voz do garoto.
Prendeu um arfar ao ouvir o outro sussurrar com falsa timidez um "Kookie" como faziam antigamente, e quando percebeu, já estava conversando com ele, como se o tempo não tivesse passado, como se não tivessem ficado esses quase dois anos sem se falar. E como antigamente, foram dormir quase com o dia amanhecendo, com JeongGuk reclamando que que tinha aula de manhã.
Quando puderam ir, realmente dormir, o herdeiro dos Jeon já havia se decidido.
Não ligaria para o que seus pais achariam, ou o que a mídia falaria, muito menos pensou em qual seria a reação de DongYoo, só sabia que quanto o mais rápido possível, voltaria para JiMin.
TaeHyung estava certo e errado o tempo todo.
Jeon JeongGuk sempre pertenceu, e sempre pertenceria a Park JiMin. Assim como o ruivo tinha provado ainda pertencer a ele, quando passaram a noite no telefone. Tudo mudaria, JeongGuk voltaria a ser quem ele realmente era, ao lado de quem ele realmente amava.
Park JiMin.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.