História Traga-me para a vida (HIATUS) - Prólogo

Traga-me para a vida

Prólogo

Por: AlimacSeug

Definitivamente seu dia havia sido um dos mais estressantes de sua profissão; a última consulta havia tomado mais de si do que imaginara, e isso, não somente em relação ao tempo, mas também de suas energias psíquicas e emocionais. Havia se abalado juntamente com o paciente, e ele não poderia permitir tal coisa, vendo-se obrigado a encerrar a sessão. Olhou para o relógio após a saída de seu paciente e constatou que já estava uma hora atrasado para o encontro que havia marcado com os amigos. Não tinha o costume de ir à bares, no entanto, após muita insistência por parte destes, acabou cedendo. Os motivos? Bem, apesar de não admitir, sabia que estavam corretos ao dizer que sua carga horária estava excessiva e que precisava de um tempo para si mesmo, pois sua vida estava tornando-se a vida de seus pacientes, uma vez que só retornava para casa apenas para dormir e estava se alimentando apenas de rámen. Suspirou pesadamente uma última vez, pegando seu casaco e colocando o espaço em ordem, pois sua secretária tinha horário fixo para sair e como ele sempre passava o horário de atendimento, era ele quem deixava tudo organizado para o outro dia. Finalizando a organização, encaminhou-se para o local onde já deveria estar.

(...)

Já havia um tempo que estava sentado à mesa com seus amigos, mas não estava se divertindo como o esperado. Estava cansado, já estava tarde e para ele, já deveria estar em casa há um tempo, descansando e se recuperando para mais um dia de trabalho, afinal, sua vida se resumia a isso: trabalhar e dormir quando não estava em trabalho.

- O que se passa, Naruto? Está quieto demais, não te chamamos aqui para você nos olhar com essa cara de tédio, mas sim para se divertir conosco! – Sukura o despertou e seus devaneios, analisando o loiro que sentava a sua frente. – Vamos, nos acompanhe desta vez. – Sinalizou para o garçom para que este trouxesse mais uma rodada.

 - Até mesmo eu estou falando mais que você, baka... – Sasuke provocou-o, recebendo um olhar intimidador por parte do loiro, mas apenas o ignorou.

Olhou ao redor e sorriu para todos. Estavam todos os seus amigos queridos reunidos naquela mesa e ele sentiu-se egoísta por não estar fazendo parte do encontro, pois sabia que todos havia escolhido um dia em que todos pudessem ir, uma vez que todos tinham suas ocupações. Estavam ali por ele. Para que ele pudesse se distrair e se sentir acolhido como nos tempos de faculdade. Tinha sorte de tê-los em sua vida e não deixaria que um simples cansaço o impedisse de aproveitar aquele momento.

- Vocês estão certos! Vamos aproveitar essa noite, esvaziar vários copos e quem sabe não flertar com alguém também, hum? – Riu acompanhado dos demais, pois somente ele do grupo estava solteiro. Mas é o que ocorre quando o grupo é formado por um número ímpar, não é mesmo...?

- Sobre esvaziar os copos eu até concordo, mas sobre a parte do flerte eu acho que não vou precisar... – Sorriu discretamente fitando a loira do seu lado, que lhe deu um selinho discreto.

- Exatamente Gaara-kun... – Ino passou seu braço entorno do ruivo em um ato de posse.

            - Aproveite enquanto pode, Gaara! – Mostrou-lhe a língua e em seguida o garçom veio com mais cervejas para eles. Ah sim, ele poderia facilmente se acostumar novamente com os amigos mais ativamente em sua vida.

A noite seguiu com várias conversas e piadas que faziam o loiro se esquecer de qualquer preocupação existente em sua vida. Naquele momento era como se ele voltasse no tempo. Sentia-se nostálgico e feliz em ver que o tempo e todas as mudanças que o mesmo fizera não fora capaz de acabar com a união que havia entre eles.

Naruto havia acabado de completar 26 anos e há 4 atuava como psicólogo, sendo que em pouco tempo era um dos mais requisitados de Konoha, pois como muitos costumam afirmar, o Uzumaki é mais humano que os outros de sua profissão. Até mesmo ele reconhecia que se esforçava para demonstrar que estava ali, considerando tudo o que seus pacientes lhe diziam, mas isto, claro, sem se deixar – ou ao menos não evidenciar – ser abalado ou influenciado de qualquer forma. Às vezes, era difícil, entretanto, esforçava-se ao máximo e no fim, tudo acabava dando certo. O preocupar-se e o querer bem era o segredo de seu sucesso, aliados, é claro, há muitas pesquisas e dedicação para cada caso. Sabia que havia optado pela profissão certa e que era bom no que fazia, pois amava seu trabalho e para ele, isso é o mais importante.

Sobre sua vida amorosa apenas afirmava que não tinha espaço em sua vida para algo que não fosse seu trabalho. Sabia que isso não estava certo e que não era nada saudável par si, todavia, não saía de casa e não possuía vida social, portanto, como arranjaria alguém? Uma de suas pacientes? Definitivamente não, sua ética profissional e pessoal não permitiria tal coisa. Havia ainda, sua secretária, Shion, que já tinha falado com ele sobre seus sentimentos, mas ele nada disse. Apenas respondeu dizendo que em sua vida não poderia haver um espaço para relações amorosas, pois no momento ele estava concentrado em sua carreira e que não seria justo com ela e nem mesmo consigo. Se sentia inveja da relação de seus amigos? Algumas vezes. Todos tinham uma carreira de sucesso e a quem amar e isso, era incrível; tão incrível que para Naruto, era utopia. Simplesmente não o via e nem conseguia pensar em como faria com tudo. Não tomaria ninguém para si por simplesmente dizer ter alguém e não fazer parte da vida desta pessoa e vice-versa. Tinha inúmeras queixas a respeito disto em suas consultas e ele estava decidido a não entrar na lista de pessoas a serem queixadas por abandonar o parceiro (a) por trabalho.

Já era madrugada e eles eram um dos poucos no estabelecimento a continuarem ali. Devido ao excesso de bebida, riam sem motivo aparente. Riam por estarem juntos. Riam das caretas que cada um fazia e principalmente: riam por estarem, depois de longo período, todos juntos novamente. Sentiam-se uno, e aquela, com certeza, era uma das mais belas sensações. Logo, a noite que antes estava parecia ser um empecilho na vida do loiro, tornou-se uma das mais especiais; sentia-se livre.

Não demorou muito mais e cada um encaminhava-se para suas casas. Os casais tomaram o mesmo taxi, já Naruto seguia seu caminha a pé. Morava perto do local e por mais que estivesse bêbado, não estava tão bêbada ao ponto de esquecer onde vivia. Em meio a passos lentos e cambaleante, seguia determinado para sua residência passando por ruas desérticas engolindo em seco, receoso de passar por algumas ruas que possuíam partes muito escuras, porém, não daria chance ao azar de mudar o caminho e eventualmente, se perder.

A alegria de antes dera lugar ao gosto ácido que se formava em sua boca, sentia-se levemente enjoado, mas não definitivamente não vomitaria. Quando estava quase em sua casa parou um pouco para tomar ar. Os enjoos estavam mais fortes. Fechou os olhos tentando concentrar-se apenas em sua respiração, mas fora tirado de sua concentração ao sentir alguém chocar-se contra seu corpo. Abriu seus olhos na mesma hora e deparou-se com uma pequena garota desesperada. Seus olhos estavam arregalados, sem um foco fixo, a respiração estava acelerada e a boca entreaberta.

- Tudo bem com você? – Questionou apreensivo, ignorando totalmente seu mal-estar fitando-a atentamente. Estava preocupado com a garota, e se possível, gostaria de ajudá-la.

Esperou pacientemente por uma resposta, mas esta não veio. A cada minuto que se passava sentia seu corpo tencionar-se mais diante a apreensão daquela situação. Ela simplesmente nem olhara para ele, parecia atordoada, até mesmo perdida, entretanto, se nem ao menos lhe respondera aquela simples pergunta, não a forçaria tentando retirar informações dela. Respeitaria o limite que lhe era imposto; limite esse que era bem evidente afinal.

Pela primeira vez, ela o encarara. Olhos nos olhos, o homem surpreendeu-se com o tom diferenciado os olhos dela, que eram perolados. Jamais havia visto um olho de tal cor antes e isso o impressionara. Aparentemente, estava mais calma, então disse:

- Peço que não comente com ninguém que o senhor tenha me visto, onegai. – Falou firme, ainda mantendo o olhar sobre ele. Naquele instante, não parecia a garota que há pouco, estava desesperada, mas ele, enquanto psicólogo sabia muito bem que ela poderia estar simplesmente fingindo para lhe retirar a impressão anterior.

Antes que pudesse falar alguma coisa, ela saiu correndo pela rua, por onde ele tinha feito seu caminho até ali. Dentre muitas coisas que sentia no momento, a mais incisiva era a confusão. Estava confuso com toda aquela situação que acabara de lhe ocorrer. Estaria ficando louco? Rumou para casa tentando esquecer o episódio, falhando terrivelmente em sua tentativa.

Ao deitar-se pensou uma última vez nela, aturdido com tantas hipóteses que passavam em sua mente. Tinha medo de que no fim, tudo tinha sido apenas um confuso sonho, não saberia bem dizer, e, pensando bem, ela parecia um anjo. Seria seu anjo da guarda? Não, não. Riu de si mesmo com este último pensamento e permitiu-se adormecer tranquilamente, sem mais nenhum pensamento incoerente.