Narração ON
A porta do quarto foi aberta com imensa força.
-Conor! -Gritou a mulher. -Não toque nesse menino! -Esbravejou.
Kellin estava sufocando, seu pescoço tinha a sensação de se partir entre os dedos do mais velho, sua face se encontrava um tanto roxa, anunciando sua morte eminente.
Tudo o que ele pensou se resumiu no sorriso, no olhar e na voz de Victor. Ele iria morrer pensando na única pessoa que lutava por ele.
O nome do mexicano dançava em sua mente a mais bela valsa.
A mulher vendo o estado em que o mais novo se encontrava não sabia o que fazer.
Pegou o abajur do quarto e o segurou como quem segura um taco de baseball e o acertou na cabeça de Conor. O impacto não fora forte, mas o fez paralisar. Kellin sentiu o ar voltar a seus pulmões aos poucos, acariciando com delicadeza cada parte do mesmo.
Conor saiu da cama, sentindo alguns filetes de sangue escorrer por suas costas, nuca e pescoço, onde tinha sido atingido. Sua visão estava turva e por um minuto não sabia o que estava fazendo. Aquele baque o deixou em choque. Definitivamente, era muito sangue escorrendo de si.
-Eeu estou indo embora.-Disse um pouco falhado. -Volto para te buscar semana que vem. -Falou enquanto saía do quarto.
-O'Conor, me espera na sala. -Disse a mulher mais velha explicitamente irritada.-Temos muito o que conversar, mocinho.
Kellin ainda estava deitado em sua cama. Percebendo o sangue de Conor respingado em seu braço e rosto.
Aquilo fora muito rápido para que o mais novo conseguisse processar. E então, se transbordou em lágrimas, se deitando com a lateral de seu corpo. Abraçou a si mesmo.
-Querido, você está bem? -A mais velha perguntou para o menor, tocando no braço do mesmo.
-Eu não aguento mais... -Disse baixo. -Eu não aguento mais...
A senhora logo se lembrou dos danos dos choques que a médica havia dito.
-Todo o sistema nervoso é conectado, o choque percorreu cada célula do corpo do menino, talvez ele fique bem, sem os sintomas, mas se... o choque chegou ao cérebro pode enfraquece-lo psicologicamente falando. Não são evidentes no momento mas situações que possam ser consideradas abusivas e traumáticas podem desencadear algo como... sinto muito dizer, esquizofrenia...
Toda aquela conversa rondou pela mente da senhora. Kellin era como um filho para ela, o filho que nunca teve e vê-lo daquela forma, se debatendo a repetindo frases desconectas, não soube o que fazer, ela não conseguiria acalmar Kellin pois entre os dois quem mais estava chorando era ela.
Saiu do quarto e fechou a porta atrás de si. Conor estava sentado no sofá, tentando estancar seu sangue com sua blusa.
-Idiota. -A mulher disse. -Deixe que eu cuido disso. -Murmurou enquanto andava até a grande estante de madeira escura que decorava a sala. Pegou uma maleta branca e se sentou no sofá, ao lado de Conor. Abriu a maleta e retirou um grande pedaço de algodão.
Molhou um pedaço menor do mesmo com álcool, para desinfetar a ferida. Ela poderia usar água oxigenada, mas o álcool causaria a dor necessária para puni-lo.
Conor se sentou no chão e a mais velha pode começar a limpar os cortes.
-Ah! -Exclamou.
-Isso se chama karma. -A mais velha disse sorridente. -Eu nunca te recriminei pela escolha de seu trabalho. -Disse enquanto pegava um esparadrapo e fazia um curativo. -Mas me ouça. -Pediu acariciando os cabelos do mesmo. -Não toque nunca mais naquele menino. Você não compreende pelo o que ele passou nos últimos meses? Os choques danificaram a mente do pobre rapaz e quando você se aproxima, você fere ele, não somente fisicamente como mentalmente. -Disse baixo e segurando suas lágrimas. -Esse menino não merece a vida que tem... ele é tão dócil e tranquilo e mesmo assim todas essas coisas acontecem com ele! -Disse se rendendo ao choro.
Conor estava enojado com toda aquela preocupação.
Não, ele não se importava com Kellin.
Não tinha nenhum sentimento alí;
Nunca houve;
E nunca haverá.
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