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História Traída ( Kim Taehyung ) - Prólogo


Escrita por: birdgirl

Notas do Autor


<3

Capítulo 1 - Prólogo


Eu fechei a porta silenciosamente.  

Por um momento eu não consegui me concentrar em nada, pois nada parecia real. Tudo ao meu redor estava borrado e só era visível os olhos de jabuticaba do meu cachorro, que me encarava, do solado da porta, como se não soubesse reagir tanto quanto eu.

Eu juro que tentei chorar, tentei gritar, cair de joelhos, mas apenas fechei a porta silenciosamente.

Meu corpo havia parado por um momento; meus olhos focaram e desfocaram em uma imagem que provavelmente nem meu coração apaixonado, nem meu cérebro pessimista seriam capazes de formar: Meu marido e a empregada. Juntos. Na minha cama.

Doeu. Doeu muito. Doeu tanto que eu não consegui expressar.

A porta fechada parecia simbolizar o que meu coração decidiu fazer naquele momento.

Eu caminhei até a sala, Akira me seguiu na ponta de suas patas brancas, e me sentei no sofá, colocando as mãos na cabeça. Puxei a raiz dos meus cabelos, tentando pensar em algo; não para falar ou fazer, mas sentir. De repente, todos os sentimentos foram arrancados de mim, em uma só imagem.

E então olhei para frente, para uma peça de vidro marrom em cima da mesinha de centro e em um instinto de voltar a focar, a escutar ou sentir alguma coisa, me levantei e peguei o cristal nas mãos, o atirando em uma parede distante, para proteger meu cão dos cacos.

Ele não latiu com o barulho, parecia entender o que eu estava fazendo.

E assim fui fazendo, com qualquer coisa que visse pela frente. Uma chuva de vidro, descia pela cerâmica acompanhada de uma chuva de lágrimas, que desceram sem esforço pelo meu rosto.

Eu não percebi que estava chorando, apesar disso.

Não conseguia mais enxergar nada além da minha própria visão enquanto quebrava tudo que via pela frente. Em um momento, encontrei um porta retrato em cima da estante. Eu e Taehyung, na praia, no dia do casamento.

As pontas dos meus dedos sentiram a moldura escura e então começaram a pressionar o vidro que cobria a foto, cada vez mais forte, a cada vez que o conteúdo da memória de um minuto atrás vinha a minha mente. Eu não percebi quando o vidro estourou. Minha palma de repente ficou vermelha.

E alguém puxou meu braço com força para trás, me fazendo soltar o porta-retrato, agora quebrado na metade e segurado apenas por uma fina camada de madeira.

Taehyung me olhava abalado. Seus olhos, sempre tão elegantes, pareciam não conter mais vida por trás das pupilas dilatadas. Pálido, ele parecia que havia visto um fantasma enquanto segurava minha mão, tremendo como se estivesse congelando.

- Não foi o que você viu. – Foi tudo que ele conseguiu falar, antes que eu o cortasse, gritando para que parasse.

- CALE A BOCA. – Eu disse, me soltando dele com raiva. Eu queria soca-lo, queria gritar mais do que minha garganta podia, queria de alguma forma expressar toda a angústia que havia dentro de mim. – CALE A BOCA, SEU MALDITO FILHO DE UMA PUTA.

- Alysson, não foi o que você viu. – Taehyung tentou novamente agarrar minha mão, mas eu desviei. Sua camisa branca estava amassada e desabotoada, o que só tornava toda aquela situação pior. – Por favor, me deixe explicar, por favor.

- VAI SE FODER. CARA, VAI SE FODER, EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ... – Nessa hora, o choro pareceu finalmente atacar minha garganta e me impedir de falar mais. Meu tom abaixou, e um grande nó tapou minha voz. – Eu não acredito que você... Você...

Uma borboleta azul entrou na minha sala pela varanda, azul da cor do mar em frente ao meu apartamento, e pousou em uma das cadeiras da sala; como se tivesse vido assistir a um dos piores momentos da minha vida.

A majestosidade daquele inseto só me fez desviar a atenção por meio segundo, e então minha cabeça afundou novamente.

Taehyung tentava por tudo encontrar alguma forma de me tocar e nós dois ficamos rodando pela sala, como dois animais raivosos.  

Entretanto, em uma dessas voltas, Taehyung conseguiu agarrar meu pulso firmemente e me levou ao encontro de seu peito. Seu coração batia acelerado, e sua respiração ainda mais; fazendo seu tórax subir e descer rapidamente. 

- Me... - Ele fungou antes de continuar. Eu nem havia percebido que ele também chorava. - Escuta.. Por favor, meu amor.

- S-Só me diga o porquê. - Minha voz falhava miseravelmente por conta do choro. - Só isso. 

- Por favor, acredite em mim. Eu não raciocinei tempo suficiente pra fazer alguma coisa. - Ele me apertou ainda mais, sem me dar uma resposta concreta. Eu não o abraçava de volta. - Não fui eu... Ela me empurrou pra cam’

Eu o interrompi. Não queria mais ouvir nenhuma daquelas palavras. 

Ficar perto dele agora me causava nojo.

Não existe desculpa para traição. Ele mesmo havia me dito aquilo. 

- Ah, quer que eu diga então o que você estava fazendo? Está precisando de ajuda pra enxergar o que você fez? - Respondi com desprezo, olhando em seus olhos e me afastando dele bruscamente, o empurrando com uma força que nem eu sabia que tinha. As lágrimas haviam parado de descer. - Você me traiu, Taehyung. Me traiu com a porra da Minki. 

E então ele caiu de joelhos na minha frente. Seu rosto agora não fitava mais nada. Por conhece-lo, sabia que estava prestes a ter um ataque de pânico.

A borboleta estranhamente ainda estava em cima da cadeira.

- Por favor, acredite... acredite em mim. – Ele continuava falando, quase em um múrmuro contínuo, sem olhar para mim.

Pensei que qualquer coisa assustava esses insetos.

- Não vá embora... - Taehyung levantou os olhos puxados para mim, vermelhos como pétalas de rosas. - Por favor, por favor, por favor não vá embora.

- Mas como... – Uma risada me invadiu naquela hora. Uma amarga e seca, vinda das profundezas do meu coração. – COMO VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE FALAR UMA MERDA DESSAS? - Gritei em resposta, batendo o pé no chão e fechando as mãos em punhos, voltando a tentar controlar a voz. - Eu desprezo tanto, mas tanto você, Taehyung. 

Ele não respondeu.

- E eu te amo. - Disse ele. - Eu te amo mais do que amo minha vida. 

Minha respiração desregulou e eu não consegui controlar as lágrimas mais uma vez, que desceram em rio. A raiva, a angústia e a tristeza brigavam para ver quem me controlava mais. 

Eu me sentia vazia e tão cheia de sentimentos que eu nunca havia conhecido antes.

Eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar, não sabia o que pensar, tudo estava tudo muito dolorido para realizar qualquer ação. Nada parecia ser suficiente ou simplesmente eficiente naquela situação.

O sentimento era agonizante.

A única coisa que eu sabia era que eu deveria sair dali.

- Se levante. - Por fim, toquei em seus fios arroxeados com a ponta ensanguentada do meu dedo, o fazendo olhar para mim. 

Seus olhos eram tão lindos. Ele era tão lindo. E aquilo só doeu ainda mais. 

- Eu não mereço ficar da mesma posição que você. - Disse ele, pegando na minha mão, virando a palma ensanguentada para si e chorando ainda mais. – Meu Deus por quê? Por que isso está acontecendo?

- Se levante, por favor. - Eu repeti, puxando o ar de volta junto com minha mão. Taehyung se levantou por fim.

Mecanicamente, eu toquei as laterais de seu rosto. Sua pele encontrou minha palma, que estranhamente o aconchegou.

Pessoas confusas com seus sentimentos fazem coisas tão estranhas.

Com o polegar enxuguei uma lágrima pendente em seu olho direito. Os momentos que tive com ele, passaram como um filme em minha mente me fazendo abrir um sorriso triste. Não consegui conter o choro novamente. Doía tanto olhar para ele daquele jeito, era quase impossível ter que aceitar aquela situação. 

Era impossível eu ter imaginado que ele poderia ter feito aquilo comigo. 

Nem nas minhas piores crises pessimistas.

Então era aquele o preço de se confiar tanto em uma pessoa?

Mas eu não queria mais saber, não queria mais pensar em nada. Meu coração não iria aguentar mais um minuto naquela sala.

Meus lábios tremiam, enquanto minhas unhas encontraram sua bochecha e se cravaram lá.  A raiva foi a que tomou controle das minhas mãos, e eu as puxei de volta, deixando uma marca avermelhada em sua pele que tinha a cor de caramelo.

Ele não mudou a expressão, continuou me encarando com medo em seu olhar.

- Adeus, Taehyung.

Peguei meu cachorro no colo e a chave do carro em cima da mesa. Dei uma última olhada para trás e nossos olhos se encontraram e congelaram por um tempo, em uma brisa gelada vinda do mar.

Eu queria deixá-lo naquele quarto para sempre. Queria que aquela porta nunca mais se abrisse.

E a borboleta azul voou.

ʚĭɞ

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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