Eu realmente não esperava que estivesse sendo daquele jeito. Por que tudo estava voltando ao começo? Agora, era como se aquela cena em minha cama tivesse acontecido há poucas horas e a mesma dor agoniante estivesse destruindo meu coração novamente.
Já tinha algum tempo desde que eu fitava, imóvel, o para-brisa de meu carro, porque meu corpo simplesmente estava se recusando a ligar o automóvel, dirigir para casa, inventar qualquer desculpa e não sair da cama pelo resto do dia.
Como se aquilo fosse melhorar meu estado.
- E eu achei que eu fosse forte. – Suspirei, abrindo um sorriso sarcástico para mim mesma. - Bela ilusão.
Aquele momento na escola não saia de minha cabeça. Involuntariamente, minha mente o estudava criteriosamente, tentando encontrar algo a mais entre cada palavra dita ou cada gesto feito. A fala da Taegeuk e o pingente que Taehyung ainda usava, eram os que mais me deixava intrigada com aquilo tudo.
Com isso, abri o porta-luvas e retirei de lá a minha metade de pingente. Eu o guardava ali como se fosse uma espécie de amuleto da sorte. Admito que eu me sentia trouxa por pensar daquele jeito, mas ao saber de que Taehyung também carregava a sua metade consigo, acabou me fazendo soltar um sorriso aliviado.
Minha mente pedia para outra conversa com ele. Eu precisava saber os motivos reais de ele ainda usar o pingente e daquela frase de sua filha. Minha mente não sentia essa sensação há muito tempo, e era horrível, igual a um sentimento insaciável de dúvida permanente; já que não era apenas chegar a um computador e digitar no Google: Por que o meu ex-marido continua usando um pingente que serviu para ele me pedir em namoro e sua filha disse que ele frequentemente fala sobre mim?
E mesmo se tivesse uma pesquisa para isso, provavelmente os resultados seriam algo bem desestimulante como: “Por que ele acha bonito.” e “A pirralha apenas te confundiu com alguma atriz pornô.”
Passei o pingente por meus dedos. A safira brilhava maravilhosamente bem com a luz do sol que invadia a frente do carro e banhava meu corpo com uma sensação quente de primavera. A brisa fria entrava pelas brechas nos vidros e as árvores balançavam ao som baixo do meu CD antigo do 5SOS.
E foi aí que eu me dei conta de como o dia estava ótimo.
Pena que aquilo não bastava para melhorar meu humor.
ʚĭɞ
Depois de uma meia hora, consegui reunir coragem para mover meus músculos e dirigir até meu último compromisso: Fazer as compras.
- Só isso e eu poderei ir para casa. – Murmurei para mim mesma, enquanto revisava o pdf com a lista de compras que minha Chae-rin enviara. – Pelo menos são poucas coisas.
Adentrei no estabelecimento e logo me arrependi por não ter cobertos meus braços, eu havia me esquecido de que o clima dentro daquela loja parecia ser alguns graus abaixo da estaca zero.
Pouco tempo depois, consegui reunir todos os pedidos até notar que faltava apenas um.
- E um sabonete íntimo – Eu disse enquanto procurava entre as sessões do supermercado. – Hm... Talvez na sessão íntima?
Dirigi-me para o local e comecei minha procura pelo sabonete até minha visão perceber um ser conhecido, porém não amigável, remexendo na prateleira de camisinhas. Ele me notou também, e não parecia mais simpático do que eu.
A figura deve ter percebido minha cara de paisagem, pois catou uma camisinha escrita “ Com espermicida ” e passou pelos dedos, fazendo uma estúpida expressão de: Eu que transarei com ele, não você.
- O que está olhando, querida? – Min-Ki sorriu inocentemente, fazendo seu rosto parecer o de uma cobra. – Está com inveja?
- Estou olhando sua estupidez. – Eu respondi, dando de ombros.
- Ai! – Ela fechou um dos olhos em uma expressão ridícula de dor, mas logo voltou a sorrir. - Depois ainda se pergunta por que foi corna.
- Na verdade, eu me pergunto por que ele foi resolver me trair justo com você. Tem tantas mulheres melhores. – Eu não poupei aquela frase, apesar de não gostar de ficar comparando mulheres com outras, mas Min-Ki havia tocado em uma ferida e eu não deixaria aquilo passar reto. – Abaixa a bola.
- Ui, vem abaixar, Alysson – Min-Ki cantarolou em uma voz enjoada, ignorando tudo que eu falei anteriormente. – Admita, está com inveja.
- Então, você continua a mesma. – Eu suspirei, fechando rapidamente os olhos. – Ainda não sei o motivo de não ter te mandando embora na primeira vez em que te peguei paquerando o Taehyung.
- Foi porque você acreditou que ele não corresponderia.
Toda vez que eu pensava naquela frase, meu coração apertava. E mesmo eu não deixando aquilo transparecer, por dentro, meus nervos pediam para que eu saísse daquele lugar agora mesmo.
- Você está certa. – Eu dei de ombros, tentando ao máximo não desviar o olhar da mulher. - Lerdo erro.
- Então, você admite? – Min-Ki colocou um dedo no queixo e tombou a cabeça para o lado, fazendo os cabelos curtos caírem um pouco por seu rosto. - Curioso, achei que você fosse uma daquelas mulheres que ficam revoltadas com a traição.
- Me revoltar para quê? – Eu perguntei, com a expressão indiferente grudada no meu rosto moreno. - Não mudaria em nada.
- Verdade. – Min-Ki respondeu e se aproximou levemente de mim. – E só mais uma coisinha. – Ela de uma pausa e abaixou o tom de sua voz. – Eu percebi seu olhar para ele no dia da cafeteria. – Ouvir aquilo fez meu estômago dar duas piruetas. - Continua apaixonada por ele, não é? – Ela riu. – Se toca, Alysson. Ele não te ama, nunca te amou.
- Cala a boca. – Eu disse, cerrando os punhos em uma maneira de controlar inconscientemente o tom da minha voz. – Você não sabe de nada.
- Se ele te amasse não teria te traído. – Min-Ki começou a se afastar e depois riu que nem uma bruxa.
- Cala a boca, Min-Ki. – Agora lágrimas brotavam em meus olhos e controla-las exigia uma força que agora, me faltava.
É incrível como palavras, que nem podem ser tocadas, tem um poder de machucar gigantesco.
- E você só é muito orgulhosa para admitir isso. – Ela acrescentou. - Não é, Alysson?
Eu abaixei minha cabeça, não em concordância, mas porque eu não queria deixar Min-Ki ver o poder que sua lábia tinha em meu psicológico. Senti as lágrimas começarem lentamente sua descida.
- E você ainda tem a pachorra de ser caída por ele. – Como se não bastasse toda aquela ladainha, a mulher ainda falou novamente. - Você não tem vergonha não, sua puta?
Foi à gota d'água.
Contra os meus princípios da paz, usei minhas aulas de Muay Thai para lhe dar um soco doloroso no rosto a fazendo ir ao chão. Ela deu um berro enquanto caia, mas logo se levantou vindo em minha direção.
E eu não sabia que eu brigava tão bem.
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