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História Transgressão - Inconsequente


Escrita por: Amy_Rattlehead

Notas do Autor


Muito obrigada pelo apoio, gente! Nem tenho palavras pra agradecer hahaha
Tem bastante coisa nas notas finais, ok?
Boa leitura a todos!

Capítulo 2 - Inconsequente


                Três dias antes...

 

                As passadas de Loki ecoavam pelo corredor, altas, firmes, que demonstravam muito menos de sua displicência habitual do que ele gostaria que demonstrasse. Porém, naquele momento, não conseguia agir diferente e fingir que nada estava acontecendo. Ainda que fosse uma de suas especialidades, a ocasião não permitia.

                O caminho até chegar a Heimdall pareceu mais longo que de costume. Quando o guarda finalmente se voltou para ele, Loki não pode conter uma risada seca, sem qualquer vestígio de humor, mas que era a expressão sonora de seu estado de espírito.

                — Por quanto tempo vocês esconderam isso?

                Loki apontava diretamente para a Pedra da Alma, contida firmemente na forja da armadura de Heimdall. Por alguns segundos, Heimdall não respondeu. Ao observa-lo, Loki poderia dizer que ele há muito esperava por aquela ocasião, em que teria que justificar sua participação no plano – completamente sem noção – arquitetado por Odin. E como o leal escudeiro que era, teria de dar a melhor resposta a fim de evitar uma nova revolta por parte do deus rebelde.

                — Curioso, não acha? — Tornou Heimdall.

                Com um arquear de sobrancelha, Loki pediu a ele que prosseguisse.

                — Terrivelmente curioso observar deuses e humanos matando e morrendo em busca de um poder maior e inalcançável quando a maior fonte de poder esteve o tempo todo aqui, às vistas de todos. Seu pai tinha razão. O melhor esconderijo são os olhos que não querem ver.

                Um filme se passava na cabeça de Loki. Se, quando se voltou contra Thor, apenas houvesse arrancado a pedra da armadura de Heimdall, talvez tudo fosse diferente naquele momento. Assim como quando Thor precisou de poder. Assim como quando Asgard quase ruiu.

                E era incômodo notar o quanto Odin conhecia a todos. O quanto tinha absoluta certeza de que ninguém nunca notaria a Pedra da Alma presa à armadura de Heimdall. Era incômodo ser subestimado.

                — Como soube senhor Loki?

                Heimdall não se surpreendeu quando ele tornou a sorrir, o mesmo sorriso vazio de antes. De certa forma, sempre teve certeza de que seria Loki a enxergar a Pedra. Loki sempre fora o mais esperto, de mente mais ágil. Heimdall só nunca conseguira imaginar a circunstância em que aquilo ocorreria.

                — Não vem ao caso.

                Embora o sorriso irritante ainda estivesse a postos, Heimdall notou quando a pouca cor no rosto de Loki desapareceu. Quando Loki lhe deu as costas, Heimdall compreendeu imediatamente que o objetivo de Loki nunca fora confrontar a ele ou a Odin usando o fato de terem mantido a Pedra da Alma em Asgard em segredo. Loki apenas queria confirmar de que aquilo se tratava realmente da Pedra da Alma, e Heimdall não deixara duvidas com suas palavras.

                Talvez devesse alertar Odin. Heimdall balançou a cabeça, afastando a ideia. Havia algo nas atitudes de Loki que não fazia sentido com o que Heimdall conhecia até então, e o guarda considerou que, apenas talvez, Loki não intencionasse repetir os próprios erros.

 

                ***

 

                A lenda repassada oralmente através dos séculos sugere que o Coração tenha sido uma tentativa de um dos primeiros homens a conquistar uma deusa. Durante sua jornada de oitenta anos, O Primeiro Homem, em seu ínfimo contato com as Gemas do Infinito, sempre separadamente, logrou a extração de uma mínima quantidade de carga das Gemas. Fontes desconhecidas afirmam que O Primeiro Homem morreu antes de completar sua criação e a deusa que recebeu o cristal que reunia uma parcela diminuta do poder das Gemas se apiedou de seu admirador e nomeou a joia como Coração. E no fim, o Coração dO Primeiro Homem sempre esteve com a deusa.

                A nova função de Loki em Asgard era observar os exilados que eram enviados a Terra. Embora fosse entediante a maior parte do tempo, era absolutamente engraçado observar como deuses e guerreiros eram capazes de se dobrar e se curvar à humanidade em um tempo tão curto. Depois de semanas sendo obrigado a vigiar os exilados, Loki finalmente começou a achar graça em sua nova tarefa.

                Até alguns dias atrás.

                Quando Loki viu o Coração nas mãos de um dos grupos de exilados que, ele sempre suspeitara, certamente daria mais trabalho a Asgard, a tarefa entediante que beirava a bizarrice adquiriu uma nova forma. Mesmo que o Coração tivesse seus poderes limitados, um pouco de destreza em seu manejo seria suficiente para destruir Asgard. Tudo fazia absoluto sentido, uma vez que se tratava de um grupo rebelde que dificilmente aceitaria o exílio tranquilamente como fizeram.

                Aceitaram porque era a chance de roubar o Coração e aprender a manipula-lo na Terra, longe dos olhos curiosos, para só então retornar e dizimar Asgard. Loki se perguntava como ele, assim como todos os guardas e o próprio Odin, foi tão estúpido a ponto de se deixar enganar.

                Então Loki passou um longo tempo tentando entender qual a peça que faltava naquele quebra-cabeça. O Coração certamente estava incompleto, do contrário os rebeldes não perderiam tempo indo para a Terra para tentar utiliza-la, correndo sério risco de não ter como voltar. E se a lenda fosse verdadeira, como Loki lera em inúmeros livros diferentes, a única hipótese que fazia sentido era que ainda faltava a Joia da Alma, ou O Primeiro Homem não teria morrido antes de completa-la.

                Perceber que a Joia que faltava estava em Asgard aos olhos de todos foi relativamente fácil. Porque Loki estava genuinamente assustado e sua mente passou a trabalhar inconscientemente com as piores hipóteses possíveis. Até que sua memória se ateve ao detalhe de que Heimdall existia desde o princípio dos tempos e que havia um ponto em sua armadura que destoava da forja. Loki ainda estava incrédulo quando se forçou a falar com o guarda, e quando retornou ao castelo sentia como se o chão sumisse de seus pés pouco a pouco.

                Se os rebeldes tivessem a mínima noção do quão perto estavam de atingir seu objetivo... Loki jamais poderia contar aquilo a ninguém, ou haveria uma rebelião sem precedentes entre os deuses que desejavam destronar Odin. Também era arriscado permitir que o portal de acesso a Asgard permanecesse aberto, uma vez que sendo Heimdall o guarda, uma invasão era exponencialmente perigosa. E Loki não poderia pedir permissão para descer à Terra sem levantar suspeitas ou questionamentos. A situação não poderia ser mais complicada.

                — Pensando demais, irmão?

                Thor sorria. Loki gostava de vê-lo sorrir. Era como uma faísca de esperança em meio à gigantesca confusão em que se metera ao descobrir aquilo tudo.

                — Preferia quando não pensava em nada. — E, involuntariamente, Loki sorriu. Não o sorriso de escárnio que sorrira há pouco ao falar com Heimdall. Era genuíno, e Loki não gostava muito de lidar com emoções genuínas.

                — É algo que não se pode controlar, mas não quer dizer que tenha de ficar por isso mesmo. Talvez se você agisse ao invés de pensar, sua mente pudesse se aquietar um pouco.

                Thor deu dois tapinhas ligeiros em seu ombro antes de se afastar e Loki permaneceu estático por alguns segundos até absorver as palavras. Thor tinha um coração bom, e tinha também uma maneira simples de ver a vida que mexia com Loki de alguma forma.

                Uma ideia se desenhou na mente de Loki, e antes que ele pudesse afasta-la já sorria apenas com o pensamento. Porque, embora estivesse realmente preocupado, ainda era o deus das travessuras, e já fazia um tempo desde a última vez que havia envolvido Thor em algum mal feito.

                Estava com saudades.

 

                ***

 

                Dezesseis horas antes do interrogatório...

 

                Já fazia um tempo desde que a festa começara, e Loki sentia-se a única criatura sóbria naquele castelo. Os asgardianos tinham ainda mais problemas em lidar com o álcool do que os humanos, e Loki se limitava a conter um sorriso enquanto observava homens e mulheres dançando sem as barreiras que o bom vinho já há muito derrubara. Loki ainda achava graça em como, mesmo estando ligeiramente alterados, alguns casais compostos por iguais ainda não se deixavam levar, temendo uma punição. Respirou fundo. Era muito tarde para voltar atrás com o plano.

                Ao notar que a alteração de Thor estava no ponto necessário, Loki se escondeu dos olhares curiosos. Inicialmente, pensou em adquirir a aparência de Lady Sif, uma vez que a guerreira já estava fora da festa e não haveria risco em encontra-la. Porém, Loki optou pela alternativa menos arriscada, e do cômodo escuro onde se escondera saiu uma jovem bela e aleatória que vira durante sua estadia na Terra, com o detalhe de vestir roupas típicas de Asgard.

                Loki desceu até o saguão e literalmente puxou Thor pelo braço. A risada alta e a falta de resistência do deus do trovão fizeram Loki engolir seco. Mas era só uma brincadeira, que por sinal tinha razões bastante altruístas para ser feita. Nada poderia dar errado.

                Ou ao menos era o que acreditava.

                Thor sorria abertamente quando Loki o puxou para um quarto qualquer. Sem compreender as próprias reações, ficou surpreso ao notar o quanto estava ansioso, e o quanto seu coração batia descompassado. Era óbvio que Thor o perdoaria pela brincadeira, já o perdoara por coisas muito piores. Por que estava assustado?

                Ou talvez não estivesse exatamente assustado.

                Incomodado com o próprio pensamento, Loki finalmente criou coragem e puxou Thor para um beijo, ainda estando sob a forma da garota morena que vira na Terra. Thor correspondeu, e embora notasse o quanto sua visão se diferia do tato, estava alterado o bastante para ignorar tal detalhe. Então Thor o jogou na cama, subindo em seu corpo para prosseguir com o beijo.

Por um segundo, Loki cogitou desistir do plano. O que era para ser uma brincadeira estava afetando-o profundamente, seu corpo em chamas não o deixava mentir. Mas era muito tarde para isso, e sequer imaginar um plano B, de tão certo que estava de suas escolhas.

                Preparado para levar um soco muito forte no rosto, Loki desfez a ilusão e aguardou em silêncio.

                Aquela devia ser a hora em que Thor se afastaria, tão irritado quanto bêbado, e seus gritos atrairiam guardas que levariam Loki para a prisão que antecedia ao exílio na Terra. Era esse o plano. Ser exilado por um tempo depois de atentar contra a integridade de um deus, ter o portal para Asgard selado durante esse tempo e manter seu lar em segurança enquanto dava cabo dos rebeldes que roubaram o Coração. A ideia de Loki era a prova de falhas.

                Exceto que ele nunca considerara as decisões de Thor.

                Quando Thor continuou em cima dele e continuou a beija-lo, Loki compreendeu que já não se tratava mais de uma brincadeira. Era uma decisão que traria consequências. E isso porque se Thor não havia recuado, ele, Loki, não o faria. Fora ele quem começara, e Loki não conseguia se enganar o bastante a ponto de agir como se não desejasse aquilo.

                Thor se livrou das próprias roupas com uma rapidez que não condizia com o sabor acentuado de vinho em sua boca. Ele despia Loki em meio a beijos sôfregos, durante os quais Loki apertava seus cabelos entre os dedos com força, como se quisesse se agarrar àquele momento para todo o sempre.

                Engoliu seco quando Thor colocou suas pernas sobre os ombros, sem desviar o olhar do seu. Ainda o encarava quando interrompeu toda a sequência afobada de ações para tentar minimizar o desconforto de Loki. Os minutos pareciam horas, mas se aceleraram repentinamente quando Thor interrompeu a preliminar e voltou a beija-lo, agora com mais fome e desejo, antes de enfim uni-los.

                Loki apenas registrava o ranger da cama e a sensação de ter Thor indo e vindo dentro de seu corpo. Ele ouvia o irmão de criação ofegar, enquanto mantinha os olhos fechados a fim de vivenciar o momento ao máximo. Apenas voltou a olhar para Thor, que o encarava com profusa avidez, no momento em que sentiu cada parte de seu corpo estremecer enquanto chegava ao clímax. Deixou os músculos relaxarem e não pediu para Thor parar até que este se sentisse tão satisfeito quanto ele se sentia.

Thor ainda o beijou uma última vez antes que Loki se levantasse da cama, e estava pronto para desaparecer daquele quarto, imerso em pensamentos, quando a porta – que ele se esquecera completamente de trancar – foi aberta por um dos guardas de Odin, e, estando óbvio o que acabara de acontecer, o guarda acabou por leva-lo, mesmo estando sob efeito do álcool, para a prisão, depois de muito gritar enquanto Loki se vestia de qualquer jeito.

O barulho atraiu a atenção de mais pessoas. A confusão foi tão grande que um dos poucos juízes sóbrios de Asgard foi acordado às pressas e Loki passou pouquíssimo tempo na prisão antes de ser jogado na Terra. O juiz achou por bem adiantar o exílio, antes que todo o cenário se convertesse em uma bagunça sem precedentes.

                Na Terra, Loki iniciou o plano como idealizara desde o início. Ainda conseguiu ajudar Natasha Romanoff por tabela. Entretanto, mesmo que tentasse desviar a atenção do que se sucedera enquanto estava com Thor, ali, sentado naquela cadeira de interrogatório, Loki sentia como se uma parte de seu coração estivesse despedaçada.

                Não gostava de imaginar a razão, mas a resposta era nítida demais para ser ignorada. E dolorosa demais para sua pouca amplitude emocional. Não estava acostumado a sentir muitas coisas ao mesmo tempo e não desejava sentir aquilo justamente naquele momento, e, menos ainda, quando a situação toda envolvia Thor.

                — Você realmente não vai nos falar mais nada?

                Era a voz de Natasha, arrancando-o de seu estado catatônico.

                — Não tenho mais nada a dizer. Não tinha desde que pisei aqui.

                Natasha suspirou exausta. Saiu da sala em seguida, deixando a porta aberta. Tinha certeza de que Nick e Bruce também já estavam com a paciência esgotada e não se demorariam ali. Se Loki estivesse planejando algo, dariam conta do problema depois. Agora tudo o que ela desejava era dormir.

                Bruce foi o último a sair, e Loki apenas ouviu a porta sendo trancada. Não havia dúvidas de que havia ali uma tecnologia similar à cela em que fora preso há algum tempo, mas considerou que os Vingadores estavam perdendo tempo. Não havia porque fugir. Não tinha para onde voltar.


Notas Finais


Como não poderia deixar de ser, o Loki mentiu pros Avengers sobre o Coração hahaha
.
Esse tipo de condenação que o Loki sofreu foi inspirada na forma como as pessoas do antigo Egito lidavam com relações homossexuais. Lá não era crime ou considerado errado, desde que você fosse o ativo. Homens passivos sofriam um preconceito caralhudo e ser chamado de “homem que fica embaixo” era um dos piores xingamentos que você poderia proferir contra um cara.
Vai entender \o/
.
Isso de a Pedra da Alma estar na armadura do Heimdall não foi ideia minha, claro. É uma teoria do fandom que eu apoio pacas, pra ser sincera.
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Meus lemons ultimamente estão saindo meio velados, isso porque essa coisa de ficar descrevendo atributos físicos de um e de outro me dá calafrios hahaha espero que não tenha sido muito decepcionante :/
.
Falta só a conclusão agora! E eu tô com dó do Loki ansinioano aquela pessoa que gosta das ondas erradas hahaha
Um beijo e até breve!


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