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História Transgressão - Incongruente


Escrita por: Amy_Rattlehead

Notas do Autor


Perdão pela demora! Eu fiquei dias sem conseguir escrever por causa dos estudos :C
Capítulo fresquíssimo! Espero que gostem desse final!
E desculpem os erros! Caso encontrem algo, me avisem para que eu corrija, ok?
Boa leitura!

Capítulo 3 - Incongruente


                — Está na hora.

                Era a voz de Nick. Enquanto se recompunha da noite às claras mal acomodado na cadeira de interrogatório, Loki deu uma risada baixa e breve, sem um pingo de animação.

                — Hora de que?

                Apesar de soar insolente e extremamente irritante aos ouvidos de Nick, havia uma tristeza genuína nas palavras de Loki que Nick não conseguiu ignorar. Não conhecia os costumes asgardianos e não tinha imaginação suficiente para supor o que acontecera de fato. Tampouco iria perguntar. Era uma dúvida que certamente seria apagada pelo tempo e pelas preocupações. Tinha mais em que pensar.

                A julgar pela tonalidade do céu visto da janela, era seis da manhã. Amanhecia, e Loki não sentia o mínimo sono ou cansaço. O coração estava pesado, a mente cheia de dúvidas e incertezas. Não o aceitariam na Terra, claro que não. Seres humanos eram criaturas rancorosas, e jamais seria perdoado pelo que fizera no passado. Entretanto, agora era um transgressor, e não poderia voltar para casa. De certa forma, não queria voltar. Não sabia se conseguiria encarar Thor; não tinha ideia de qual seria o olhar com que Thor o encararia de volta. Se o encararia.

                — Está pronto? — Nick perguntou enquanto caminhavam pelos corredores, já bastante próximos de uma espécie de portal que Loki desconhecia.

                — Faria diferença se não estivesse?

                Nick suspirou.

                — Não. Não faria.

                Loki balançou a cabeça em negação. Humanos eram realmente esquisitos. Ele foi solto das algemas especiais e conduzido a uma pequena escada com três degraus que o direcionava para o portal.

                Fazia tempo desde a última vez que sentira medo.

.

                — Você não tem ideia do que está falando!

                — Você não entende! Eu não posso abrir uma exceção apenas porque se trata dele! O que diriam os demais?! Como eu poderia exigir algo deles se abro exceções?!

                Era cansativo quando alguém parecia tão ridiculamente cego a ponto de não ver o erro do outro. Cansativo e preocupante, de fato. E foi por conta desta preocupação que as palavras simplesmente fluíram, gritadas:

                — Ele fez você cair em uma armadilha!

                — Eu estava lá porque quis! Ou não detalharam isso pra você, como fizeram com todos os outros fatos?!

                A resposta ferina foi um grito ainda mais alto, mas não demorou muito até que ele se recompusesse. Estava completamente alterado, e não tentava esconder, mas precisava se manter em condições de convencer alguém, ou toda aquela discussão de nada valeria.

                — É exatamente esse o seu erro. — A voz saiu como um murmúrio extremamente decepcionado. — Você o julga esperando sempre pelo pior, sem nunca deixa-lo provar que existe algo além das atitudes que ele toma.

                — O que está acontecendo?! Você nunca se insubordinou dessa maneira!

                Pior do que ter que lidar com rebeldia, era notar o tempo todo o quanto o outro parecia desapontado consigo, algo inédito em milhares de anos. A sensação geral era de que cometera um erro grave, e ele detestava cometer erros.

                — Heimdall me contou sobre a Pedra.

                Prendeu a respiração e se ajeitou na cadeira, em seu trono. E quando o deus asgardiano jogou no assoalho aos seus pés as anotações e livros que encontrara no quarto do irmão de criação, o chão sob os pés do deus supremo ruiu. Nunca duvidara da inteligência daquele que criara como seu filho, mas jamais imaginou que ele chegaria tão longe em prol de algo que não envolvia diretamente os próprios interesses. Era graças a ele e sua atitude estranha e condenável que a existência naquela dimensão – e em outras – permaneciam estáveis – apenas tendo que lidar com o caos de todos os dias.

                — Eu confiei em Heimdall.

                — E mais do que nunca ele está se provando confiável impedindo uma injustiça. — A resposta veio com profundo desgosto.

                Logo que soube a respeito do exílio, adiantado por motivos sem nenhum fundamento, Heimdall pediu-lhe que viesse a seu encontro através de um guarda do castelo. Depois de muito tentar não quebrar o sigilo a respeito da Pedra, acabou por ceder à pressão do deus do trovão e revelar o que sabia – e era apenas tudo o que sabia que poderia desfazer a arbitrariedade cometida por uma corja de hipócritas.

                Posteriormente, precisou somente de um pouco de lógica para unir as informações ao visitar o quarto do irmão – e não tinha muita certeza se ainda deveria se referir a ele desta maneira – e encontrar dezenas de anotações e livros suspeitos que batiam perfeitamente com o que Heimdall lhe dissera.

                Um suspiro cansado foi a réplica do deus supremo.

                — Faça o que quiser.

                Como era esperado, ele não esperou após ouvir as palavras do pai. Saiu da sala do trono com uma pressa que era quase palpável, e o caminho até Heimdall nunca fora tão incrivelmente longo. Sentia a energia do selo se dissipando, era tão denso e deveras seguro que podia ser notado a distância.

                Ao menos seu pai realmente não estava tentando impedi-lo.

                Porém, o problema maior não era exatamente a discussão, ou as conversas escusas que vez ou outra captava – porque, afinal, ele era a vítima do transgressor, claro! –, e sim sua própria mente que não o deixava em paz.

                Ele poderia ter acabado com tudo no momento certo, agido conforme o previsto. Conforme o normal. A questão era que não se sentia de fato normal, não quando o deus das travessuras estava diretamente envolvido.

                O amava, nunca tivera dúvidas da veracidade daquele sentimento. No entanto, tampouco se questionara sobre a natureza daquele mesmo sentimento. De modo genérico e geral, sabia que não importava onde estivesse, ou com quem estivesse, largaria tudo para ajudar o irmão de criação, se necessário. Largaria tudo para salva-lo. Largaria tudo... Por ele, não importava muito a instância. E se conseguira chegar longe o bastante a ponto de dormir com ele – e não era covarde o suficiente para culpar o álcool a esse respeito –, certamente algo havia dado errado naquele perfeito equilíbrio criado por seu pai quando decidira ocultar a verdadeira origem do deus das travessuras e cria-los como irmãos.

                Mas não fazia sentido pensar sobre aquilo. Teria tempo o bastante para fazê-lo quando Loki estivesse seguro e em seu devido lugar.

.

                Ainda estava preso no clarão. Não sabia dizer quanto tempo havia se passado desde que Nick o conduzira para o portal, mas não ousou olhar ao redor durante todo o processo. Seus olhos estavam fixos em um ponto indistinguível no chão coberto de luz. Engoliu em seco. De fato, era uma nova realidade com a qual se depararia, uma nova vida resultante de uma punição por tentar fazer algo certo ao menos uma vez em toda sua existência. Uma vitória – ou derrota, dependendo do ponto de vista – mais agridoce que aquela era impossível.

                Uma forma começou a se destacar em meio a luz, se mostrando mais escura e opaca que o clarão branco que era o portal criado pela S.H.I.E.L.D. Loki respirou fundo, angariando toda a coragem que julgava possuir – não tinha muita certeza a esse respeito – e levantou a cabeça, fisicamente preparado para o que estava por vir.

                Mas o que viu o fez desmoronar por dentro.

                Por quê? Por quê?! Nunca entenderia! O que precisaria fazer para afasta-lo, para destruir toda a confiança que Thor ainda depositava nele?!

                Eles se encararam por longos segundos. Havia muito mais naquela troca de olhares do que Loki gostaria de admitir, e era ridiculamente nítido o quanto Thor estava orgulhoso – apostara as fichas no asgardianos certo, afinal –, mas a única frase que permitiu que escapasse, sonorizada por uma voz ligeiramente trêmula, foi:

                — Vamos para casa.

                E Loki concordou.


Notas Finais


Eu gostei demais desse clima de “vamos descobrir que merda a gente fez e por que a gente quer continuar fazendo” desse final oijasojxoasjcoajscoja me sentindo feliz com o resultado geral dessa fic! Valeu mesmo a oportunidade de escrever por mais um fandom e não ser ignorada hahaha vocês são foda!
Muito obrigada a todos que acompanharam até aqui! E que venha o Ragnarok ojoxijoioqjiwjoqjd *-*


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