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História Transphobia - O3 - Bebidas e Cartas


Escrita por: jooniepetals

Notas do Autor


Desculpem a demora para atualizar as fanfics, não desistam de mim ):
Beijinhos e boa leitura. <3

Capítulo 3 - O3 - Bebidas e Cartas


Hoseok POV

 Eu nunca lidei muito bem com pessoas bêbadas. Acho que nem conseguiria lidar, nem com meus amigos. Era algo muito estranho e diferente de se fazer, afinal tu não fica bêbado todo dia.

 Namjoon comentou conosco sobre uma festa na casa de um rapaz. Jay parecia o nome? Não sei, os amigos do Namjoon eram estranhos, principalmente nós. Quando Namjoon comentou sobre bebida, lembro-me de Yoongi pedindo para que eu o levasse na festa e eu não conseguia negar. Talvez fosse melhor do que ter de ficar em casa sozinho, mesmo que eu tivesse passado boa parte ali daquela forma. E claramente eu não o confiaria com Namjoon. Ele era o que puxava todo mundo para beber até não aguentar mais, a dizer loucuras ou até mesmo fazer loucuras. Resumindo, ele era a influência da festa.

 Quando chegou o dia da festa, tive alguns pressentimentos e a vontade de comer sorvete assistindo algum desenho inacabado meu aumentava cada vez mais. Se não fosse pela boa memória de Yoongi, ficaria em casa o dia todo. Então, enquanto arrumava-me, pensava nas possibilidades dos outros rapazes também terem dificuldades para cuidar um dos outros quando se tratava de bebida. Ao menos, Yoongi não era igual à Taehyung que já era estranho por si, bêbado então nem se fala. É tudo muito estranho.

 Talvez eu não deveria ter deixado Yoongi junto de Namjoon. Alguém havia puxado-me e, de alguma forma, teria tentado me beijar. Mas como eu beijaria alguém se nem ao menos havia visto o rosto desse ser? Minha capacidade de pensar é estranha, pude perceber isso assim que vi Namjoon puxar Yoongi para beber uma bebida muito estranha. Taehyung dizia que aquela bebida é a que pisca e ainda cantava sobre isso, "Traz a bebida que pisca" ficou na minha cabeça por um longo tempo e eu só podia dizer para Taehyung que ele é uma pessoa ruim.

 A festa estava um saco. Pessoas bêbadas e invasivas, músicas estranhas e água. Muita água pelas minhas roupas. Maldito seja aquele rapaz que me empurrou para tentar fazer com que eu desse alguns beijos nele. No fim, eu o fiz, mesmo que estivesse cem por centro sem animação. Não era algo que eu gostava tanto, principalmente se alguém havia de me encharcar. Precisava de outra pessoa, não aguentava ficar mais um minuto naquela festa.

 Quando vi Yoongi, ele parecia até outra pessoa. Estava nada sóbrio e sua camiseta levemente aberta, mostrando um pouco do binder que usava por baixo. Naquele momento, eu podia matar Namjoon por ter embebedado Yoongi igual um louco. Tive de arrastá-lo para fora daquela casa e o levar embora, uma coisa difícil já que Yoongi se mexia demais. Um banho longo e frio para nós dois não havia sido suficiente, vendo os fatos de que eu pensava nas formas de matar Namjoon sem machucar tanto o Jin e Yoongi ainda estava bêbado.

 Os atos dele estavam me deixando um pouco nervoso. Ele ficava entre minhas pernas, esfregava seu nariz no meu pescoço e, vez ou outra, ameaçava a me beijar. Eu, de alguma forma, não conseguia me mover. Talvez pelo cansaço ou pela tensão. Merda, o que Yoongi estava fazendo?

 Até que eu ouvi algo. Algo que me fez pensar o tempo todo e deixou a voz de Yoongi na minha mente.

 Ele murmurou para mim um "Eu te amo" naquela noite. Yoongi disse que me amava. Nos meses que se passaram, Yoongi jamais havia dito que me amava. Será que a bebida o deixou tão mal assim? Eu não sabia o que fazer. Aquela voz baixinha e manhosa dizendo que me amava ficou na minha mente até o dia seguinte.

 Yoongi acabou tendo uma forte ressaca e ficou o dia todo deitado na cama, comendo alguns biscoitos que eu levava em sua cama e assistindo algum desenho de uma menininha com capa laranja e seu irmão. 

 Eu estava tão chocado com o dizer de Yoongi que tive de consultar o especialista em relacionamentos: Seokjin. Ele era ótimo, mesmo tendo apenas dois relacionamentos em toda sua vida. Seus conselhos eram ótimos, mas ele não os realizava quando acontecia com si mesmo. Típico. Mas, pela primeira vez, Seokjin me deu um dos piores conselhos.

 "Fala com ele sobre isso."

 Porra, Jin. Isso não ajuda muito.

 E eu, como um grande medroso, não falei. E eu me odeio por isso.

                ❅   

 Desde o começo das férias do trabalho e os projetos que eu estava a fazer, pude perceber o quão Yoongi tinha mudado de humor. Quando eu estava ocupado, ele não fazia barulho algum e, quando eu falava com ele, ele demonstrava estar mais triste. Largou as camisetas de manga curta e passou a usar camisetas de manga comprida ou suéteres, e ficava de calças até na hora de dormir, o que era estranho.

 Certo dia, Yoongi chegou perto de mim e havia me dito que odiava. Foi uma das frases que mais me acertara em cheio e encheu meus olhos de lágrimas desde o dia que eu ouvi xingamentos dos meus parentes.

 “Eu te odeio, Jung Hoseok.”

 Aquelas palavras foram o motivo para que eu pudesse sentir minhas mãos ficarem trêmulas e meus olhos marejarem. Eu não estava preparado.

 Aquele foi um dia horrível. Eu e Yoongi discutimos de uma forma horrível pelos meus atos. Eu fui uma péssima pessoa. Ele sentia a minha falta e eu não pude perceber isso. Eu me senti horrível e culpado, afinal eu realmente era. Eu o afastei.

 Não consegui terminar meus projetos e a vontade de trabalhar era mínima, eu só conseguia pensar em Yoongi. Em como eu havia deixado aquilo acontecer. Associei tudo e eu vi que me tornei uma das coisas que levou o pequeno garoto para o fundo do poço, e eu me odeio por isso. Eu me odeio por ter levado Yoongi ao fundo do poço junto com seus problema, eu me odeio por ter feito Yoongi sangrar novamente, por ter feito Yoongi parar de comer, por ter feito Yoongi chorar. Eu me odeio por tudo.

                ❅   

 Não sei como Yoongi não havia me mandado para a puta que pariu depois de tudo. Talvez ele realmente não queria falar comigo e tenha me retirado da sua lista de amigos. Tudo bem, eu merecia.

 Eu o ouvi falar com Jimin – essa frase soara realmente perturbadora – e descobri algo. Yoongi criou, em sua mente, pessoas que o amam e um outro ele, e ele escreve cartas, como se estivesse a receber elas, mas não para si e sim para o outro ele, o Yoongi que ele havia inventado em sua mente. Yoongi só queria se sentir amado. Eu sou tão idiota por não ter feito isso.

 Quando ele finalmente dormiu, eu escrevi para ele.

 Sentei-me sobre o sofá e peguei um caderno e uma caneta, e escrevi. Escrevi tudo que eu tinha e que Yoongi merecia ouvir. Cada palavra era sincera, cada adjetivo a ele era sincero. Era uma carta escrita com meu coração e com a minha alma, era escrita com tudo que eu queria dizer a ele, a minha pequena salvação nos dias ruins.

 Eu demorei horas escrevendo aquela carta, me rendeu quase quatro folhas do meu caderno, sem contar seu frente e verso. Eu queria dizer muita coisa à Yoongi e eu pude fazer isso com aquela carta. Por minha sorte, Yoongi ainda dormia em seu colchão e eu tinha aquele momento. Adentrei o nosso quarto, fazendo pouco barulho para não acordá-lo e deixei aquela carta, dobrada e grampeada, ao lado dele e pude sentir as lágrimas rolarem pelo meu rosto ao ver seu braço mais descoberto pelo suéter, cheio de marcas de seus recentes cortes. O rosto dele estava um pouco vermelho, talvez ele tenha chorado por um bom tempo ali dentro. Seu corpo estava descoberto e, então, peguei seu cobertor e o cobri, cobri dos pés até seus ombros, deixando um longo selar em sua testa e suspirando baixo ao sair do cômodo, voltando à sala e, rapidamente, dirigi-me ao banheiro. Descobri as lâminas e os remédios para dormir que ele usa, estavam escondidos na bolsinha que ele guardava sua escova e pasta de dente, que eu surpreendentemente não acreditava que ele ainda a usava.

 Eu guardei aqueles objetos em um lugar que Yoongi não poderia e não iria descobrir. Eu não queria vê-lo se machucar novamente. Eu o amava demais para que isso acontecesse. Eu não queria vê-lo mal. Eu só queria que ele me perdoasse e deixasse que, agora, eu estivesse com ele, eu queria que ele não chorasse por minha causa.

 Eu só queria que Yoongi sorrisse novamente e que sorrisse por minha causa. Eu queria ser a causa dos sorrisos de Yoongi e queria tirá-lo daquele fundo ruim, e mostrasse que ele era a mais bela palheta de cores e que eu era o monocromático, que recebeu cores na chegada daquele menino em minha vida. Yoongi me tornou colorido, quando eu não conhecia nada mais do que cinza. E eu só tinha de agradecê-lo por isso. E eu iria, eu agradeceria e faria minha parte por Yoongi ter me feito sorrir novamente.



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