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História Trato Feito - Aventura em Vegas


Escrita por: sonhodeleitura

Notas do Autor


Boa leitura e até as notas finais (:

Capítulo 16 - Aventura em Vegas


Fanfic / Fanfiction Trato Feito - Aventura em Vegas

Luna se afastou de mim rapidamente, levantando de onde estava e andando até o outro lado do quarto, Ambar fechou a porta atrás de si e adentrou em passos lentos, olhando para mim, eu sorri e a chamei com uma das mãos.

Ambar veio pra perto de mim e eu a abracei, dando chance para que Luna saísse do quarto sem precisar passar por nenhum relatório. Apertei mais firme meus braços em volta de Ambar, mas ela rapidamente se soltou para me olhar.

- Você está bem? – ela perguntou.

- Me sinto ótimo – garanti com um sorriso.

- Ótimo... – ela repetiu – Quero que me explique esse lance das tatuagens.

Eu suspirei baixo, ajeitando-me para me sentar mais ereto na cama.

- São só tatuagens – dei de ombros – Eu sempre quis fazer uma e a Luna concordou em fazer comigo para se tornar algo que fosse símbolo da nossa amizade.

Ambar assentiu em silêncio, desviando o olhar.

- Você faria isso por mim? – ouvi ela perguntar baixo.

- Ah, não sei, amizades são eternas, muitos namoros não – respondi sem pensar.

Logo depois me dei conta do que eu havia dito e arregalei os olhos, preocupado. Ambar ergueu a cabeça para me encarar, sua expressão triste, com os ombros caídos, eu me senti culpado e muito mal por fazê-la se sentir triste. Não era a minha intenção, nunca foi.

Ambar me surpreendeu rindo.

- Bom saber que pensa assim do nosso noivado – disse ela, rindo sem humor.

Ambar sacudiu a cabeça em negação, ouvi seus dentes rangendo e notei que ela estava brava, mas não olhava pra mim, ela não parecia estar brava comigo necessariamente, mas sim com o que eu disse. Eu respirei fundo.

- Está chateada comigo? – perguntei.

- Não – ela respondeu depressa – Claro que não, eu só... Não sei, gostaria deter alguém que fizesse isso por mim.

Ambar se levantou e sai quase correndo do quarto, eu permaneci quieto, sentindo uma dor diferente no peito, eu sabia o que era... Culpa. Eu sou um monstro, não dou o devido valor à Ambar e a prendo comigo impedindo-a de ficar com quem goste de verdade dela.

Eu preciso acabar com isso, não é justo com ela.

***

UMA SEMANA DEPOIS – 8 dias para o casamento

Era sexta feira a tarde, eu estava com tudo pronto para ir para Las Vegas, já tinha ligado para a Luna e ela estava a caminho do aeroporto, o Rafa estava levando ela e eu iria encontrar ela lá para que ninguém soubesse.

Eu saí do hospital naquele mesmo dia no domingo, passei a semana inteira trabalhando e resolvendo coisas do casamento com a Ambar, ela continuava estranha, e eu continuava me sentindo culpado, mas tinha prometido pra Luna que pensaria bem e só cancelaria o casamento quando voltássemos de Vegas, embora eu já estivesse certo da minha decisão.

Para conseguir viajar eu menti para todos meus familiares e para a Ambar, dizendo que eu estava indo em uma viagem do trabalho, enquanto Luna dizia que estava indo passar o fim de semana na casa do pai da Nina com ela no interior, para descansar. Era um plano arriscado, mas era o único jeito. As únicas pessoas que sabiam a verdade eram minha mãe, o Gastón, a Nina e o Rafael.

Nosso vôo era as quatro da tarde, ao chegar no aeroporto me encontro com a Luna e Rafael, nós dois fizemos o check-in e, antes de entrarmos no avião, Luna foi ao banheiro. Rafa e eu ficamos naquele silencio constrangedor até que ele iniciou a conversa.

- Queria te pedir um favor – o ouvi dizer.

- Claro.

- Toma conta dela – pediu ele – Por favor, não brinca com ela e não a iluda.

Eu franzi a testa, confuso.

- Por que está dizendo isso, Rafael? Por que eu a iludiria?

- Matteo eu sei que você gosta muito da Luna, mais do que gosta da Ambar, eu entendo isso – Rafael virou-se para me encarar – Mas você também tem que saber que não é justo, você não pode estar com a Ambar querendo estar com a Luna, isso não é legal com ela, e muito menos com a Luna dizendo que quer ficar com ela, mas ainda está com a Ambar.

- Mas eu já tomei a minha decisão, a Luna é que não deixou

- A Luna está assustada, mas ela ta sofrendo com tudo isso, eu vejo todas as vezes em que ela chora sozinha no quarto – Rafa suspirou, tocando meu ombro – Eu sei que não somos tão amigos, sei que cheguei a pouco tempo, mas eu me importo com as duas, a Ambar é menina incrível que merece muitas coisas, e a Luna é minha amiga de infância, eu sei o quanto ela se sente culpada por tudo o que aconteceu e está acontecendo.

Eu permaneci em silêncio, olhando para baixo.

- Por isso eu quero te pedir que não aumente essa culpa dela – ele continuou – Pense na Ambar também, ela conversa comigo sempre, é uma garota absolutamente incrível! Tudo nela me encanta, desde as manias estranhas até o jeito confiante dela de ser, ela só merece ser feliz... – Rafa sorriu consigo mesmo – Merece ser feliz com alguém que a ame e não ser enganada como está acontecendo. Não pense que estou te julgando, jamais faria isso por entendo que seja muito difícil. Mas nessa viagem não tente nada com a Luna, mesmo já tendo tomado sua decisão, não a beije, não a toque, não a iluda com essas coisas e não a faça ficar ainda mais culpada pela prima. Por favor. Se a ama tanto quanto diz entenda o quanto isso é difícil pra ela.

Eu concordei com um aceno de cabeça, enquanto via Luna se aproximando de novo de nós, toquei o ombro do Rafa, apertando-o.

- Eu prometo – garanti.

Rafa sorriu em agradecimento. Luna parou perto de nós e abraçou forte o amigo por alguns segundos, eu fiz o mesmo quando se soltaram e depois seguimos nós dois para o embarque. Luna parecia animada, sorrindo o tempo todo.

- Acho que vai ser divertido – a ouvi dizer.

- Vai sim – eu garanti com um sorriso duro.

A verdade é que agora eu pensava no que o Rafael tinha me dito, eu acho que nunca tinha o visto falar tão serio assim, ele se importa mesmo com a Luna e também com a Ambar. Por um momento imaginei se fosse ele o preparado para a Ambar, a maneira que ele falou dela... Bom, não seria tão mal assim, quer dizer, eu acho.

Suspirei alto e entreguei minha passagem a mulher que nos recepcionava, agora eu só queria focar nessa viagem e nada mais, é tudo o que importa.

***

Sábado, 30 de Janeiro – Las Vegas, Nevada – EUA

 Nosso avião pousou no aeroporto de Las Vegas, a uma da manha na madrugada de sábado, o fuso horário é de três horas a menos que Buenos Aires, ou seja, por lá já deve ser quatro da manha, ou seja, Luna e eu estávamos caindo de tanto sono!

Assim que saímos do avião, fomos direto pegar nossas malas e seguimos nos arrastando até o lado de fora onde pegamos um táxi, o caminho até o hotel foi um pouco longo e Luna me usou de apoio para descansar, eu apenas envolvi seus ombros e prestei atenção no caminho para aprender.

Nós chegamos ao hotel e seguimos com nossas malas até o saguão, uma mulher bem arrumada e jovem nos recebeu com um sorriso. Quem sorri assim a uma da madrugada?! É basicamente impossível!

- Boa noite – disse ela, no idioma local, ou seja, inglês – Em que posso ajudar?

- Boa noite – eu respondi no mesmo idioma que ela – Eu tenho reservas no nome de Matteo Balsano.

- Ah sim, um momento, por favor.

Ela foi checar no seu computador, eu aproveitei para encarar Luna em pé ao meu lado parecendo muito cansada, mas ao mesmo tempo fascinada pela beleza do hotel, eu ri baixo.

- É incrível né?

- Muito – ela concordou, rindo – Deve ser bem caro.

Eu revirei os olhos para ela.

- Luna não fique pensando nessas coisas, por favor – eu pedi.

- Tudo bem, desculpe – ela ergueu as mãos.

- Aqui está – ouvi a mulher dizer, estendendo uma chave para mim – Suíte 502, no sétimo andar. Boa estadia, Sr. e Sra. Balsano.

Eu arregalei os olhos e Luna fez o mesmo, depois eu caí na gargalhada porque foi muito engraçado escutar ela se referir a nós dois dessa maneira.

- Desculpe acho que houve um erro – eu disse logo depois – Nós não somos casados e a reserva seria para dois quartos.

A moça arregalou os olhos por um instante, se recompondo logo depois.

- Perdão Senhor – ela pediu baixo – Eu sou nova aqui e talvez eu tenha cometido um erro, mas já vou concertar isso, estamos tão lotados, mas darei um jeito...

Caramba, aquilo traria problemas para ela, certamente ela está em seu período de experiência e ter um erro desses não seria nada bom. Olhei para a Luna a fim de falar com ela, mas antes que eu pudesse dizer algo, ela segurou a mão da moça, impedindo-a de pegar o telefone.

- Não precisa – disse Luna em inglês, me surpreendendo – Nós somos amigos e acho que não tem problema se dividirmos o quarto. Não precisa ter problemas por isso.

- Exatamente – eu concordei – Nós damos um jeito, entendemos completamente que está em experiência, então fiquei tranquila.

- Muito obrigada – ela agradeceu com um sorriso duro – Peço perdão mais uma vez pelo transtorno e, como agradecimento, o café da manha será por nossa conta.

- Obrigada – assenti, seguindo para os elevadores com Luna, nossas malas já tinham subido junto a outro funcionário.

Ao chegarmos ao andar, nos deparamos com um corretor repleto de quartos e em frente a um deles estava o funcionário com nossas malas, eu me apressei para abrir a porta e entramos, dando espaço para que ele entrasse também.

- Obrigado – agradeci, dando-lhe uma gorjeta.

O homem saiu do quarto, nos deixando a sós. Luna já observava o local e explorava tudo o que tinha ali, havia uma enorme cama de casal muito bem arrumada, tinha um closet pequeno para nossas coisas, uma porta que certamente dava para o banheiro, além de uma TV, uma pequena geladeira e um sofá bastante espaçoso ao lado das janelas.

Aos ver as janelas nós nos deparamos com aquela vista maravilhosa.

- Uau – ouvi Luna sussurrar – Isso é tão lindo!

Eu me aproximei e olhei a cidade, embora fosse tarde ela estava completamente iluminada e movimentada, mas o barulho não chegava até onde estávamos, o que era bom. Eu já tinha vindo para Las Vegas antes com meus pais, mas já fazia muito tempo e nós tínhamos nos instalado em uma casa.

- Gostou? – perguntei, parando ao seu lado.

- Muito – Luna riu – Não vejo a hora de explorar isso tudo, mas agora eu preciso um banho e uma noite de sono.

- Concordo plenamente.

Luna seguiu para o banheiro com suas coisas e eu esperei sentado no sofá, aproveitei para mandar mensagem para minha mãe, para Ambar e para meus amigos avisando que já tinha chegado e que estava indo dormir.

Guardei o celular em um canto e me deitei no sofá, fechando os olhos por um segundo, tudo o que se escutava era o som do chuveiro e minha própria respiração, desse jeito o sono não demorou a chegar. Meus olhos foram se fechando e o corpo pesando...

Sonhei que estava caindo e acordei em um sobressalto, assim que abri os olhos notei que tinha um pouco de claridade entrando pelas janelas grandes cobertas pelas cortinas, um pouco mais ali estava Luna dormindo na grande cama, toda coberta pelo edredom branco, o cabelo castanho espalhado pelo travesseiro enquanto a respiração era calma.

Eu respirei fundo, passando a mão pelo rosto, obviamente eu dormi ontem e ela não quis me acordar. Chequei a hora no meu celular, era quinze pra seis da manha, eu recebi algumas mensagens, mas não ia olhar agora. Eu precisava de um banho!

***

Depois de banho tomado, roupa trocada e mensagens respondidas, achei melhor acordar a Luna porque, quanto mais cedo tomássemos café, mas cedo poderíamos começar a curtir nosso dia.

- Acorda, preguiça – eu a chacoalhei devagar – Temos muito pela frente.

- Eu odeio quando me acordem me chacoalhando – ela resmungou.

Eu ri baixo e comecei a chacoalhar ela com as duas, fazendo ser bem mais forte.

- Matteo! – ela gritou.

Eu continuei enquanto gargalhava alto, Luna virou-se e agarrou meu braço, cravando as unhas nos mesmo e depois me puxando com força, me fazendo cair na cama. Eu gritei ao sentir suas unhas.

- Essa doeu – resmunguei.

- Isso é pra você aprendeu – ela riu e me empurrou.

Observei enquanto se levantava da cama e se espreguiçava, por um momento me perdi olhando seu corpo, mas precisei me controlar antes que algo que eu não queria acontecesse.

- Você tem cinco minutos! – gritei enquanto ela ia pro banheiro

- Dez! – ela retrucou já lá dentro.

- Oito e não se fala mais nisso!

- Veremos! – escutei ela dizer, a voz baixa pela porta já trancada.

Eu ri baixo, levantando-me da cama e sacudindo a cabeça em negação

- Teimosa – resmunguei achando graça.

Sentei-me na poltrona para esperar por ela, dez minutos depois e lá estava a Luna vestindo shorts jeans, camiseta e tênis, o cabelo preso em um rabo de cavalo e uma jaqueta jeans presa na cintura. Eu olhei no relógio somente para irritá-la.

- Atrasada moça, não vai ganhar sobremesa.

- Nos seus sonhos, Mauricinho – ela retrucou – E ai vamos, ou o velho aqui vai dormir de novo?

Luna riu e eu revirei os olhos, levantando-me.

- Se eu dormi ontem a culpa foi sua por demorar tanto dentro do banheiro, sua mãe não te ensinou a economizar água? – eu disse sem parar, enquanto saímos do quarto – Se meus filhos não tiverem água a culpa vai ser sua por ter acabado com toda a água do mundo!

- Blá, blá, blá, você é muito chato, blá, blá, bláááá.

- Veremos o que a policia da água fala disso – brinquei, chamando o elevador.

Luna gargalhou alto.

- Nem existe policia da água – ela continuava rindo enquanto entravamos no elevador.

- Faço questão de me tornar o policial da água. – brinquei, batendo continência.

- Vai lá Sargento Mijão.

Nós gargalhamos alto enquanto o elevador descia para o térreo. Aquilo era só o começo do fim de semana e nós já tínhamos voltado um pouco a ser como éramos. Era isso que eu queria!

***

- Tudo bem, já tomamos café e agora onde iremos? – perguntei.

- Vamos para o paintball – Luna bateu palmas.

Eu fiz uma careta.

- Nem começa, você concordou com isso – lembrou-me ela.

- Sob tortura sua!

- Deixa de ser exagerado e vamos logo!

Suspirei alto enquanto Luna me arrastava para fora do hotel, nós chamamos um taxi e pedimos para ele nos levar ao lugar mais próximo onde tinha paintball, e isso não levou nem quinze minutos.

Assim que chegamos ao local nós fomos recepcionado por uma equipe divertida e animada, eles nos explicaram como funcionava tudo lá dentro, o tempo, o preço e etc.

- E se a gente quiser ficar em equipe separadas, nós podemos? – perguntei.

Luna franziu a testa para mim, o homem riu.

- Podem sim, nós vamos iniciar com a próxima equipe daqui a 10 minutos.

- Perfeito, então vamos nos separar.

- Por quê?! – Luna perguntou – Não to entendendo, Matteo.

Eu sorri travesso.

- Quero fazer uma aposta com você.

- Ah, lá vem você com essas suas apostas.

- Confia em mim – eu ri baixo – É simples, quem ganhar fica com a cama.

Luna riu alto e assentiu, apertando minha mãe.

- Perfeito. Se prepara para dormir no sofá de novo, Mauricinho.

- Isso nós vamos ver, Menina Delivery.

Nós acompanhamos os funcionários até um locam onde pusemos equipamentos de proteção e tivemos que assistir um curto vídeo de segurança e de como brincar e etc. Depois seguimos separados cada um para sua equipe, eu encontrei com a minha, uma turma de seis adolescentes, todos homens.

- Eai pessoal, eu sou o Matteo – eu me apresentei – Quero fazer um trato com vocês, quando entrarmos nesse campo vamos com tudo! Eu preciso derrotar a minha melhor amiga que está na outra equipe, preciso vencer essa briga contra ela!

- Fica tranquilo cara, nós também queremos vencer as meninas que estão lá – disse um loiro alto.

- Isso ai, elas duvidaram da gente – completou um ruivo.

- Quer dizer que o outro time só tem meninas? – eles assentiram e eu sorri animado – Vamos detonar com elas! Vamos lá time!

- Vamos! – eles gritaram.

O apito soou alto indicando que o jogo tinha começado. Nós corremos abaixados para nos esconder atrás de alguns carros velhos que tinha ali, eu segurei firme a arma em minhas mãos.

- Números 3 e 5 sigam para a zona leste, ataquem! – indiquei – Números 1, 2 e 4 para a zona oeste, defesa, dêem cobertura, para que eu e o numero 6 ataquemos pela zona da frente.

- Vamos lá pessoal! – gritou o numero 6.

Todos assumiram seus postos e os tiros começaram, eu podia ouvir os gritos das meninas enquanto algumas eram acertas, segundo a regra do jogo, com três tiros você está automaticamente fora. Eu me atrevi a olhar rapidamente e vi a luna sendo protegida por duas meninas enquanto a mesma atirava sem parar tentando acertas os garotos.

- Vamos nessa – disse ao garoto.

Ele assentiu e nós levantamos, corremos mais adiante até estarmos próximos o suficientes, nós demos quatro tiros e apenas dois acertaram as meninas em frente a Luna, corremos para outros esconderijos e esperamos pela reação delas, mas elas foram espertas e se esconderam.

Lá de cima os meninos atiravam atacando e se protegendo, acabamos perdendo um dos nossos membros, mas elas estavam piores porque já tinham perdido duas. Estávamos em seis contra cinco.

- Estou vendo uma – sussurrou meu companheiro – Consigo atirar nela, vai ser o terceiro tiro.

- Ótimo, ataque!

Ele assentiu e foi atirando, escutei o grito da menina e o juiz afirmando a terceira perda da equipe feminina. Agora era comigo, eu precisava acertar a Luna, avancei e comecei a atirar, tentando derrubar a protetora dela, mas ela fugiu, deixando Luna desprotegida.

Luna e eu atiramos um no outro tentando acertar, mas não conseguíamos, ela se escondeu atrás de um carro e eu fiquei do outro lado do mesmo carro, eu sorri animado, planejando atacá-la de surpresa.

- Ei! – escutei ela gritar.

Me assustei ao vê-la bem na minha frente, levantei-me depressa preparando-me para atirar, mas ela foi mais rápida e acertou meu ombro, eu grunhi com o impacto e revidei, atirando na perna dela, aproveitei que ela estava distraída e passei embaixo das pernas dela até me enfiar embaixo do carro.

Luna correu para o esconderijo enquanto eu tentava acertar ela, mas foi uma tentativa em vão.

Escutei o juiz informar a segunda perda do meu time, eu bati contra o chão com raiva. Corri até o próximo esconderijo e me juntei novamente ao meu parceiro.

- A protetora é boa – murmurou ele – Mas ela só precisa levar mais um tiro pra cair fora.

- Derrube ela, se a derrubar seremos cinco contra três – disse entre dentes e me levantei um pouco dando mais alguns tiros – A numero sete é minha, eu mesma vou derrubá-la.

- Foi ela que te acertou?

- Foi, mas eu vou me vingar. Peça pra um dos meninos do ataque descer aqui.

Ele assentiu e gritou o numero de um dos amigos, ele desceu pra se juntar conosco, já que não tinha levado nenhum tiro ele tomou a frente, nos protegendo enquanto avançávamos para atirar e nos esconder mai a frente.

Meu parceiro derrubou a protetora, mas foi fraco ao se distrair em comemorar e levou o seu segundo tiro, mais um e ele estaria fora. Ele correu para se esconder.

Agora nós estávamos em cinco contra três, era agora ou nunca. Ficamos nessa por mais alguns minutos, tiro pra cá, tiro pra lá, corre daqui corre lá, elas derrubaram mais um dos nossos e depois nós derrubamos mais uma delas, estávamos em quatro contra duas.

Eu corri atrás da Luna enquanto escutava que meu parceiro tinha sido derrubado, agora era três contra duas. Eu avancei para atacar a Luna, estávamos frente a frente, prontos para atirar, ela só precisava levar dois tiros, assim como eu. Fui rápido e corri até ela, acertando um tiro em seu braço.

Ouvi ela reclamar enquanto eu corria pra me esconder, ela tentou acertar mais uns tiro em mim, mas não conseguiu. Eu me levantei para atirar de volta e ela acabou acertando um tiro bem lá embaixo, sim, exatamente onde vocês estão pensando. Ela acertou um tiro bem no meio das minhas pernas.

- Ah, merda! – gritei caindo no chão – Que droga!

Escutei ela rindo alto e imaginei que ela se aproveitaria para atirar a ultima vez em mim e assim eu estaria fora, mas ao olhá-la vi que estava correndo, agachei-me e apontei a arma para suas pernas, mas uma amiga dela avisou o que eu estava fazendo e depois levou um tiro.

Agora era só eu e Luna que, ao escutar que eu estava logo atrás delas, virou-se para me procurar e escorregou na lama, caindo de costas no chão. Eu aproveitei e corri ate ela, apontando a arma diretamente no seu peito.

- Suas ultimas palavras – eu disse, me divertindo.

- A cama é minha!

- Errado! – exclamei e acertei uma bola de tinta em seu peito.

O juiz anunciou meu time como vencedor e os dois meninos que restavam se aproximaram para comemorar, assim como os que já tinham sido eliminados, nós gritamos e comemoramos a vitória enquanto as meninas ajudavam a Luna a se levantar.

Eu e os meninos recebemos medalhas pela vitoria e tiramos fotos todos juntos. Foi muito divertido!

Alguns minutos depois, após tirar os equipamentos e limpar as marcas de tinta, me encontrei com Luna do lado de fora, eu sorri abertamente mostrando a minha medalha.

- Alguém vai dormir no sofá hoje – eu ri alto.

Luna cruzou os braços e revirou os olhos.

- Você só ganhou porque eu escorreguei.

- Eu já ia atirar em você de qualquer jeito – dei de ombros – Você me acertou em um ponto muito fraco e eu continuei de pé!

Luna riu alto, tentando abafar o riso com a mão.

- Sua cara foi impagável!

Eu ri junto com ela, passando o braço por seus ombros.

- Apesar de tudo foi legal não é? – eu disse.

- Muito legal, poderia brincar o resto do dia inteiro – Luna sorriu – Mas agora eu só quero comer.

- Eu também – concordei e seguimos pelas ruas atrás de uma lanchonete ou restaurante.

A verdade é que aquilo tinha sido mais legal do que eu imaginava e, apesar de ter ganhado, eu não deixaria a Luna dormir no sofá, obvio que eu cederia a cama para ela, mas vai ser legal vê-la achar que vai sofrer um pouco essa noite.

***

Luna e eu aproveitamos a tarde de sol em Las Vegas, fomos a muitos hotéis famosos, alguns parques de diversão, museus, muitos pontos turísticos do lugar, tiramos centenas de fotos, comemos de montão, rimos, dançamos, nos divertimos pra caramba.

Mas a noite á estava chegando e nós tinha um plano em mente, que era entrar no clube de strip-tease, Luna não estava nem um pouco animada com a ideia de se vestir como um homem, mas ela já tinha concordado e não poderia dar para trás.

- Prefere essa? – mostrei uma camisa minha pra ela, já era a terceira.

Luna gemeu baixou e sacudiu a cabeça em negação, eu revirei os olhos.

- Escolhe logo! – eu exclamei – Você já ta me enrolando.

- Matteo eu não quero fazer isso! – ela reclamou – Por que você não chamou o Gastón? Ou então foi sozinho?

- Porque o Gastón tem uma namorada que não deixaria vir, e sozinho não tem graça!

- Ah claro e com sua melhor amiga vai ser super divertido, como se eu amasse ver mulher tirando a roupa – ela revirou os olhos – Você poderia ter chamado o Rafael.

- Sim, poderia, mas chamei você e você concordou.

Luna bateu o pé, cruzando os braços.

- Vai Luna, por favor, vai ser rápido, a gente vê um tempinho como é e depois vamos embora, eu prometo.

- Se me pegarem lá dentro vai ser a maior confusão! Eles são capazes de nos bater.

- Eles não vão pegar a gente, agora toma – entreguei um conjunto de roupas minhas para ela – Vai se vestir.

Luna saiu bufando para o banheiro, levando a roupa com ela. Alguns minutos depois ela estava de volta, usando minha calça jeans escuro – a mais apertada que eu tinha – e que ficava super grande nela, uma camisa azul escura, uma das minhas favoritas, e também boné escondendo o cabelo.

Eu olhei para ela, mas não conseguia imaginá-la como um garoto, talvez porque eu já sabia da verdade, ou talvez por conta dos seus olhos... Não sei, mas precisava de mais.

- Coloca os óculos escuros.

- Quem usa óculos escuros a noite, mauricinho?!

Eu revirei os olhos.

- Se alguém perguntar diz que é conjuntivite e fim.

Luna colocou os óculos e cruzou os braços, com raiva.

- Perfeito – sorri.

- Eu te odeio.

- Também te amo, agora vamos.

Sair do hotel com a Luna vestida daquele jeito foi com certeza o maior desafio, afinal, eu tinha entrado com uma linda morena de olhos verdes e agora estava saindo com um marmanjo de óculos escuros, eu precisei me segurar para não rir.

Luna e eu pegamos um taxi até a o clube de strippers, ao chegarmos lá tínhamos que mostrar nossos documentos, então me apressei em puxar a Luna de canto e entreguei a ela um documento do Gastón.

- Essa é a carteira de habilitação do Gastón.

- Você pensou até nisso?! – ela sibilou – Ninguém vai acreditar que sou o Gastón.

- Eles nem vão te olhar direito.

Eu segui na frente e na hora de entrar mostrei minha identificação, eles logo me deixaram passar, mas não sem antes me perguntar se eu era noivo ou algo assim e eu disse que sim, eles me deram um cartão que valia algumas bebidas grátis para noivos que vão ali. Eu entrei no lugar e fiquei em um canto esperando pela Luna, demorou um pouco, mas ela entrou.

- Eu disse que ia dar certo. – eu sorri.

- Por enquanto.

Nós adentramos mais o local e eu observei aquilo, era um clube bem grande e espaçoso, com muitas mesas, sofás espaçosos e um palco, muitos homens estavam ali, bebendo, vendo as garotas e abraçando algumas delas, no palco tinha uma garota loira que dançava e tirava a roupa. Eu arregalei os olhos, talvez não tenha sido uma boa ideia.

Luna se apressou para se sentar o mais longe possível daquilo tudo, eu fui me sentar com ela, mas antes que eu pudesse ela sacudiu a cabeça e apontou para frente, mandando-me sentar ali. Eu revirei os olhos para a sua cara de brava.

Sentei-me mais a frente um pouco e pedi uma bebida ao garçom, não demorou muito para chegar e eu saboreei o drink enquanto olhava a linda moça dançar sensualmente. Todos os homens piravam por ela jogavam notas de dinheiro para ela.

- Temos um noivo na casa essa noite, façam-no feliz, meninas! – gritou o DJ.

Logo vieram duas moças até mim e começaram a querer me abraçar e a dançar pra mim, eu simplesmente não sabia o que fazer.

Eu só conseguia pensar em quão absurdo era aquilo, quer dizer, nada contra a quem sobrevive dessa forma, mas existem mulheres que sofrem por estar nessa posição. Como os homens podem achar isso tão maravilhoso? Definitivamente eu sou o homem mais estranho do mundo porque aquilo não me é tão agradável assim.

- Acho que não foi uma boa ideia – sussurrei para mim mesmo.

Não era nem de longe a sensação que os filmes transmitiam. Bufei alto e olhei para trás, procurando pela Luna para poder ir embora. Mas me assustei ao notar que tinha um homem perto dela, falando algo com ela e apontando para o boné dela enquanto Luna parecia assustada, eu arregalei os olhos e me levantei pronto para intervir.

Mas Luna se levantou também e tentou sair dali, mas o homem a puxou pelo braço, fazendo o boné os óculos caírem com a força, revelando seu cabelo grande e seus lindos olhos verdes.

- Ai, merda! – resmunguei.

Corri para perto deles a tempo de ouvir o homem reclamar horrores enquanto a Luna tentava se explicar, todos do clube passaram a prestar atenção e até a música parou.

- Calma, calma – Luna pediu – Eu posso explicar.

- Estou esperando – homem cruzou os braços.

Luna olhou apreensiva para mim e depois sorriu, jogando o cabelo de lado.

- Eu sou a noiva dele – mentiu ela, ainda sorrindo – Eu vim fazer uma surpresa para ele, sabia que estaria aqui e quis fazer algo inesquecível pra ele.

Eu permaneci pasmo com toda aquela mentira enquanto a Luna ainda falava com o homem que agora ria animado.

- Se prepare meu amor – disse ela pra mim – Você não vai se esquecer jamais dessa noite.

Luna seguiu confiante para o palco e eu fui arrastado de volta ao meu lugar, os homens ali comemoravam por mim o fato da minha “noiva” estar ali e me chamavam de sortudo, e eu apenas fiquei em choque.

Observei atento enquanto Luna subia no palco e sorria para a garota que estava lá, que depois saiu, deixando-a lá em cima sozinha. Luna respirou fundo e virou-se de costas, uma música diferente começou a tocar, eu reconhecia, era aquela da Ariana Grande, bem sensual, não lembro o nome da música, mas falava sobre se sentir uma mulher perigosa.

Luna começou a se mexer devagar, de um lado para o outro com o quadril. Eu não estava acreditando que ela estava mesmo fazendo aquilo, será que ela vai só dançar? Juro que se ela tirar a roupa eu arranco ela dali de cima.

Ela virou-se sorrindo e começou a desabotoar a camisa, abrindo a mesma, eu arregalei os olhos vendo-a daquele jeito toda sensual, tirando as peças de roupas e sorrindo pra mim, por um momento eu me esqueci onde estávamos e que estávamos rodeados por pessoas, eu só tinha olhos para ela.

Eu só tinha olhos para seu belo corpo se movendo de um lado para o outro, jogando o cabelo de um lado para o outro, suas mãos que passavam por seu pescoço, por seu peito e descia pela barriga. A camisa já estava no chão e notei que ela já estava descalça.

Luna se aproximou da barra de ferro e girou segurando-a com apenas uma mão, eu me inclinei para frente sem conseguir desviar o olhar, assim como ela, que desci e subia, girava e – surpreendentemente – se pendurava na barra, ela parecia estar se divertindo, porque olhava para mim e gargalhava.

Era impossível não rir junto.

- Vai garota! – gritavam.

- Que sortudo hein – dizia outro, me chacoalhando.

Eu apenas sacudi a cabeça achando graça. Luna continuou a rebolar e sensualizar ao som da musicam ela era realmente muito boa naquilo. Vi que ela começou a desabotoar a calça e arregalei os olhos com medo, pronto para tirá-la dali a qualquer momento, mas depois notei que tinha um short fino por baixo, o que me deixou mais aliviado. Ninguém a veria daquele jeito, nem sob meu cadáver.

Luna agora estava apenas de short e sutiã. Alguns enxeridos bêbados quiseram passar a mão nela e aquilo me encheu de raiva, estava pronto para levantar, mas Luna desceu depressa do palco e veio até mim, empurrando-me para me sentar novamente. Ela subiu em cima de mim e começou a dançar em cima de mim, esfregando seu corpo no meu.

Eu prendi a respiração e senti o doce cheiro da sua pele, nós nos olhamos por um instante enquanto ela ria travessa para mim, eu segurei firme na sua cintura, sem tirar os olhos dela. Vi quando ela se inclinou mais e senti seus lábios quentes em meu pescoço, fazendo-me arrepiar e engolir em seco.

“Se controla, Matteo. Se controla!” – dizia a mim mesmo.

- Você vai criar uma coisa que não se deve – sussurrei entre dentes.

Luna continuou a beijar meu pescoço até a linha do maxilar, eu estava indo a loucura com aquilo tudo.

- Hora de sair daqui – escutei ela sussurrar em meu ouvido, me fazendo abrir os olhos – Se levanta, me agarra e corre pra longe daqui.

Eu ri baixo em seu ouvido.

- Pensei que estava gostando disso.

- Cala a boca e anda logo com isso – respondeu rindo.

Assenti em silêncio e me levantei, afastando-a de imediato, todos nos encararam curiosos, eu sorri e me abaixei, passei o braço por seus joelhos e a ergui do chão, jogando-a por cima do meu ombro. Luna deu um grito de susto.

- Agora é comigo! – gritei para que todos ouvissem.

Eles gritaram em comemoração e eu corri com Luna em meus ombros para fora daquele lugar nojento. Uma vez lá fora eu a coloquei no chão e dei uma camisa jeans minha que eu usava para que ela cobrisse seu corpo.

Nós começamos a rir alto, lagrimas se acumulavam em meus olhos de tanto que eu ria.

- Caramba, você é louca!

- Ou eu fazia isso ou você levaria uma surra – ela riu, abotoando a camisa – Não sei por que você quis vir nesse lugar, é tão nojento, tão... Não sei, não é o seu estilo.

Eu suspirei baixo.

- Você tem razão, eu me arrependi da minha decisão – sacudi a cabeça – Me desculpe Luna, não queria que passasse por isso.

- Tudo ok, já passou – ela deu de ombros – Agora vai ter que me compensar com uma ótima festa.

Eu ri animado e concordei depressa.

- Seu desejo é uma ordem... Táxi!

***

Luna e eu passamos no hotel para ela trocar de roupa e depois seguimos para uma casa noturna muita badalada ali de Las Vegas, o lugar estava bem cheio, todos dançando, bebendo e se divertindo, a música era bem agitada e me animava. Nós fomos direto para o bar e pedimos dois drinks.

- Só não vamos exagerar igual a ultima vez – disse Luna e tomou todo o liquido do seu copo.

Eu concordei enquanto tomava o meu, deixando o copo vazio no balcão do bar.

- Dessa vez nós vamos saber como se controlar, porque já passamos por isso antes – eu disse um pouco alto para que ela pudesse me ouvir por sob a música – Vamos pra pista, quero você dançando daquele jeito de novo.

Luna gargalhou alto e nós seguimos para a pista e dança, o lugar estava mesmo muito cheio, era quase impossível não esbarrar em alguém, mas o pessoal nem ligava pra aquilo, só queriam saber de dançar e se divertindo, assim como nós dois.

Eu dancei e pulei animado, assim como Luna que gritava e sacudia a cabeça ao ritmo da musica, eu segurei sua cintura e comecei a me mover no ritmo dela, de um lado pra outro, dando pulos animados e alguns gritos de comemoração.

Vez ou outra eu ia até o bar e pegava mais bebidas para nós dois, alguns garrafas de cerveja e drink deliciosos, continuamos dançando, e dançando, e dançando sem parar, eu nem sabia quanto tempo tinha se passado estava completamente suado, mas me recusava a sair dali porque estava demais!

Luna estava se divertindo muito e isso era obvio dado ao seu sorriso enorme no rosto que ia de orelha a orelha, eu sorri animado em vê-la feliz e depositei um beijo amigável em seu rosto.

- Obrigado por isso – gritei.

Ela sacudiu a cabeça.

- Não precisa agradecer – ela gritou de volta – Só vamos dançar!

Eu concordei e bebi mais um pouco da minha cerveja, depois continuei dançando, a cada musica nós nos soltávamos mais e bebíamos mais, chegou a um ponto em que eu sabia que tínhamos que parar de beber, mas estava tudo tão animado que eu não queria cortar o barato.

De repente alguém esbarrou nas costas de Luna, jogando-a para cima de mim, nós dois viramos para encarar quem era ao mesmo tempo em que a pessoa se virava para pedir desculpas.

- Perdão! – gritou a mulher muito alta e loira.

Eu arregalei os olhos e escutei Luna arfar.

- Só pode ser brincadeira – murmurei chocado.

- Frankenstein?! – Luna quase gritou

- Nanica! – a mulher riu.

Automaticamente Luna agarrou meu braço, puxando-me discretamente até que eu ficasse na sua frente, eu quase ri daquilo, ela estava com medo, afinal, aquela era a mesma garota que tinha socado seu nariz seis anos atrás.

- Fica calma eu não vou te bater – a loira riu.

Mas aquilo não foi o suficiente para Luna me soltar.

- Que mundo pequeno né – eu ri nervoso.

- Nem me fale! – a Frankenstein riu – Aliás, eu sou a Cristina.

- Eu sou o Matteo e ela é a Luna.

Luna acenou de trás de mim, eu comecei a rir e a puxei para meu lado, segurando sua mãe.

- Que fofos – disse Cristina – Vocês ainda estão juntos desde aquele dia.

- Somos amigos – Luna sorriu amigável – Ele vai se casar no próximo sábado.

Não, na verdade eu não vou não. Mas preferi ficar quieto.

- Meus parabéns – a ouvi dizer e depois um home alto e ruivo parou ao lado dela – Ah, esse é meu namorado Jorge.

- O que aconteceu com o Luiz? – Luna perguntou curiosa.

Cristina revirou os olhos e se aproximou.

- Menina você tinha razão, dois meses depois daquela confusão eu peguei ele me traindo! – exclamou ela – Eu devia mesmo ter acreditado em você, me desculpe pelo soco.

- Ah não liga não, acontece – Luna deu de ombros parecendo mais relaxada – Esses homens não prestam! Naquele dia ele deu em cima de mim e não me disse que tinha namorada.

- Ele é um cafajeste eu dou graças por ter me livrado dele.

- Pois comemore muito mesmo! – Luna riu, parecendo amigas de anos – Já passei por isso, eles te iludem, dizem que te amam, deixam você se apaixonar, mas tem outra. Tipico. Não é, Matteo?

Luna virou-se para mi, sorrindo sínica e eu revirei os olhos.

- Engraçadinha – resmunguei com raiva.

Elas riram e saíram se arrastando para fora dali enquanto conversavam. Eu olhei para o ruivo na minha frente e demos de ombros.

- Que tal bebermos algo? – ele sugeriu.

- Claro.

Então nós fomos para o bar e começamos a beber e conversar, assim como as garotas.

Duas horas depois e nós estávamos gargalhando de tanto dar risada, só não me pergunte do que porque eu simplesmente não me lembro, mas nós bebemos pra caramba, dançamos mais ainda e rimos tanto, mas tanto, que o namorado da Cristina literalmente molhou a calça.

Já passava das três da manha quando nós saímos do clube, parecíamos quatro amigos de infância, completamente bêbados, agindo feito idiotas felizes. Eu agarrei a Luna pela cintura e a mantive perto de mim, já pensou perder ela em Las Vegas?! Ia ser o meu fim.

Não sei como, mas nós acabamos em uma capela, eu estava parecendo uma criança feliz realizando o sonho de ser padrinho de um casamento em Vegas, eu não posso acreditar!

- Uma foto de lembrança – gritou alguém.

- Xis! – dissemos juntos

E o flash claro me cegou.

***

31 de Janeiro – Las Vegas, Nevada – EUA

Antes que eu pudesse abrir os olhos, senti a pontada forte na minha cabeça, gemi baixo e coloquei a mão sobre a mesma, tentando amenizar a dor, mas não adiantou em nada, só me serviu para checar que ela estava extremamente quente.

Abri os olhos devagar tentando me acostumar com a claridade que vinha diretamente em mim, levou um tempo até eu recuperar toda a consciência, mas me sentei onde estava e olhei ao redor. Levei um susto ao perceber que eu estava no meio do nada, embaixo de uma arvore, mas com eu tinha ido parar ali?

Ao meu lado Luna dormia desajeitada, eu suspirei alto, não conseguia me lembrar de muita coisa de ontem depois que saímos da balada, e tentar imaginar o que tinha acontecido me deixava com medo.

Chacoalhei a Luna, tentando acordá-la. Ela pulou assustada e me encarou.

- Temos um problema – murmurei.

Ela se sentou e olhou ao redor, arregalando os olhos assim como eu.

- Onde estamos? – ela perguntou.

- Não sei – confessei – Não sei onde estamos e nem como viemos parar aqui.

- Ah meu Deus! O que será que nós fizemos? – ela se levantou e eu fiz o mesmo – Eu não consigo me lembrar, nós saímos da balada e... Alguém se casou?

Então a pequena lembrança voltou a cabeça como um flash.

- Claro! A Frankenstein queria se casar e nós acompanhamos.

Luna riu baixo e eu fiz o mesmo, sacudindo a cabeça. Quem diria que nós reencontraríamos com ela e acabaríamos acompanhando ela no seu casamento em Vegas, o mundo é mesmo muito pequeno. Espero que daqui um tempo a gente se lembre de tudo o que ocorreu, ou que tenhamos tirado alguma foto.

Claro, o celular!

Procurei pelo meu no meu bolso, mas de muito não adiantou, estava descarregado. Luna checou o dela também, mas estava exatamente como o meu. A única saída era andar até encontrar alguém que nos ajude ou algum lugar.

- Vamos nessa, temos um longo caminho pela frente – suspirei.

Dei a mão para ela e a ajudei a sair daquele pedaço onde estávamos deitados, era um pouco mais fundo. Depois caminhamos até a estrada e seguimos na direção que nos parecia correta, tínhamos que voltar para Vegas e logo.

- Tem alguma ideia de que horas são? – perguntei a ela.

- Pelo sol quente eu diria que entre onze e meio dia – Luna deu de ombros – É difícil saber, mas deve ser algo assim

- Precisamos nos apressar, nosso vôo é as três da tarde e se perdermos pra conseguir outro vai ser difícil.

- Não posso faltar no serviço amanha, estou em observação.

Eu franzi a testa e diminui o passo para olhar para ela, sua maquiagem da noite anterior ainda estava lá e um pouco borrada, a roupa amassada e suja, seu cabelo bagunçado e cacheado, era incrível que ela fosse tão absurdamente linda até mesmo depois de acordar em um lugar desses, eu mordi o lábio tentando conter o sorriso, e voltei a minha curiosidade.

- Em observação por quê?

 Luna respirou fundo.

- Eu ia te contar e acabei não tendo chances...

Eu parei de andar e me preocupei, seu tom de voz não parecia ser muito bom.

- Contar o que? – perguntei baixo, com medo.

- Meu supervisor e, mentor, me chamou para uma conversa na sexta feira, antes de virmos pra cá – ela começou a explicar, me olhando nos olhos – Ele disse que dentre todos ali eu e meu colega temos o melhor desempenho e tivemos as melhores notas nos anos da faculdade. E então ele... – ela suspirou alto de novo – Bem, ele nos fez uma proposta.

- Que proposta?

- De ir pro Haiti – ela sussurrou com um sorriso – Lá eles precisam de médicos e precisam de voluntários para ajudar as pessoas, você tem visto as noticiais não é? E, ah, eu estou tão animada! Fazer minha residência no Haiti, ser medica lá junto a uma equipe, por dois anos inteiros! É fantástico não é?

Eu não respondi, permaneci em choque observando o seu lindo e grande sorriso deixando claro o quanto ela quer aquilo, claro que ela queria, sempre foi o sonho da Luna ser médica e agora ter a chance de ser médica em lugar onde ela poderá ajudar tantas pessoas, é como seu próprio premio da loteria.

- Então ele disse que ficaremos em observação mais uma semana inteira e se ocorrer tudo bem iremos na outra semana para o Haiti, conhecer o lugar e nos preparar para a mudança.

- Uau – eu sussurrei, rindo – Isso é incrível Luna, incrível! É tudo o que você sempre quis.

- Eu sei e por isso estou tão animada! – ela sorriu ainda mais.

Eu ri mais alto, concordando com a cabeça.

- Percebo – murmurei – Mas... Dois anos?

Vão nos separar de novo? Não, de novo não! Eu preciso agir, eu não posso impedi-la é o sonho dela, mas o que posso fazer para ficarmos juntos? Ir com ela?! Não sei se essa seria uma boa escolha... E quanto ao meu trabalho? Merda, eu preciso pensar em algo.

- Matteo! – Luna quase gritou e notei seu pânico, enquanto procurava algo em si mesma – Matteo, minha medalinha! Minha medalinha! Onde está?!

- Não está nos seus bolsos?

- Não, não tenho bolsos. Onde está?! Que droga.

Luna correu de volta para onde estávamos e eu a segui até lá, nós procuramos por ali para ver se encontrávamos algo, mas não tinha absolutamente nada. Luna estava visivelmente em pânico e eu tentei tranqüilizá-la.

- Calma, talvez tenha esquecido no hotel.

- Não, eu estava com ela na balada – respondeu – Perdi ela nessa parte esquecida por nós dois sobre ontem a noite.

- Talvez se formos aos lugares que estávamos ontem nós encontremos – sugeri – Podemos ir até a capela e procurar por lá, se não acharmos continuaremos a procurar.

Luna suspirou triste, e um bico se formou em seus lábios.

- Acha que nós vamos encontrar? – ela perguntou baixo.

Eu segurei seu rosto entre minhas mãos.

- Eu prometo que vamos encontrar! – disse firme e beijei sua testa.

Agarrei a mão de Luna e nós voltamos a andar na direção em que estávamos indo, mas aquele caminho não parecia ter fim, nós andávamos e andávamos, mas parecia que quanto mais passos nós dávamos mais longe as coisas ficavam, alguns carros passavam depressa por nós e ignoravam nosso sinal de ajuda.

Era frustrante, eu estava completamente desesperado, eu não sabia se conseguiríamos encontrar a medalinha da Luna e se a perdêssemos para sempre o culpado seria eu por tê-la metido nessa confusão toda.

- Um caminhão – Luna avisou.

Eu virei-me e vi o grande caminhão em nossa direção, começamos a pular e acenar com as mãos na intenção de ele parar, e deu certo. O caminhão parou um pouco mais a frente e nós corremos até lá, eu me inclinei sobre a janela aberta e vi o homem grisalho de óculos que estava dirigindo.

- Olá senhor – eu disse – Estamos indo pra Vegas, poderia nos dar uma carona?

- Claro, estou indo pra lá, entrem!

- Obrigado.

Eu sorri e acenei para a Luna, abri a porta e entrei primeiro, assim eu ficaria entre ela e ele, afinal eu não sabia quem ele era e como ele era então eu precisava protegê-la do desconhecido. O homem voltou a dirigir depressa, me deixando aliviado por saber que chegaríamos logo ao nosso destino.

- O que faziam aqui? – ele perguntou.

- Nós acordamos aqui – eu ri baixo – Bebemos demais ontem e acabamos nessa

- Normal, acontece muito – o homem riu também – E vocês são de Vegas?

- Não, somos de Buenos Aires – dessa vez foi a Luna que respondeu – Estamos aqui para a despedida de solteiro dele, que por sinal foi um desastre, e está sendo um desastre, mas vale a pena.

O homem riu e eu revirei os olhos.

- Ela é sua amante? – ele perguntou.

Eu arregalei os olhos, surpreso.

- Não! – exclamei.

- Sei – o homem riu – O que um cara faz em Vegas com uma linda garota na véspera do seu casamento?

Eu bufei, sacudindo a cabeça enquanto tentava encontrar uma boa explicação para aquilo tudo. Era realmente intrigante.

- Somos amigos... – comecei – Somos melhores amigos e eu queria fazer isso com ela.

- Sabe, tenho uma história interessante sobre mim e a minha melhor amiga – eu o ouvi dizer, me fazendo prestar mais atenção.

Ao meu lado, Luna se ajeitou no banco e se inclinou sobre nós, curiosa.

- Nos conte – ela pediu – Por favor.

- Bem, foi há quarenta anos. Beth era a minha melhor amiga, uma garota linda, incrível, muito divertida e de família boa, nós vivíamos fazendo coisas juntos. Uma vez saímos com outros amigos para fazer trilha, nós adorávamos mesmo nossas famílias nos alertando que era perigoso. – ele riu, sacudindo a cabeça – Beth e eu nos perdemos do restante deles, ela estava em pânico, chorava a noite inteira e eu tentava acalmá-la, eu prometi a ela que ficaria tudo bem.

Luna e eu permanecemos em silêncio, escutando atentando enquanto o homem contava nostálgico.

- Passamos quase dois dias perdidos e aquilo nos serviu para uma coisa, descobrir o que realmente existia entre nós dois. Beth e eu conversamos o tempo todo, contamos segredos que nunca tínhamos dividido um com o outro, sonhos, desejos... – o homem suspirou – Ela confessou que sonhava comigo, confessou que se sentia triste quando eu não estava, eu me assustei porque era como eu, exatamente como eu.

- Vocês eram apaixonados um pelo outro – Luna sussurrou, sorrindo.

- Eu não fazia ideia – o homem riu – Mas nós ficamos juntos naquele dia, o tempo todo nós nos esquecemos de tudo e de todos, éramos só eu e ela.

Eu engoli em seco, lembrando-me do dia em que eu pedi a Luna que se esquecesse de tudo para ficarmos juntos.

- Vocês se tornaram namorados? – perguntei.

- Não – ele sacudiu a cabeça – Quando voltamos para casa conversamos com algumas pessoas que acharam muito estranho o que aconteceu, então nós dois conversamos e chegamos a conclusão que nossa amizade era preciosa demais para ser arriscada por um namoro, então nos separamos.

Eu olhei para frente vendo a estrada correr por nós, era incrível como aquela história poderia se parecer comigo e com a Luna, mas será que ele ainda a ama? Eu me virei para perguntar, mas ele falou antes de mim.

- Depois disso passamos muitos anos sem nos ver – ele continuou – Eu me casei, tive dois lindos filhos e depois minha esposa faleceu. Eu voltei a minha cidade natal com meus filhos para visitar meus familiares, e lá eu a reencontrei. Linda como sempre, era a minha Beth. Nós conversamos por uma noite inteira, assim como da primeira vez. Ela me contou como tinha sido sua vida, que era divorciada, que tinha uma linda filha e que estava feliz, mas não completa, como eu. – o homem sorriu para nós, os olhos brilhando – Beth e eu hoje estamos casados há cinco anos, não temos filhos juntos devido a idade, mas isso não impediu que construíssemos nossas famílias com nossos filhos e netos já crescidos.

Luna riu e eu também, quase não notei que estava sorrindo igual um idiota, ao meu lado Luna agarrou minha mão e eu a olhei, ela sorria encantada para mim, ela amava uma linda história de amor.

- Eu amo a Beth, sempre a amei e sempre irei amar, eu também amei minha falecida esposa, mas o amor de Beth estava guardado esperando pelo seu destino final – explicou ele – Aquilo nos ensinou que, não importa o que você faça, não importa o que você queira, se é pra acontecer, vai acontecer. Seja hoje, seja amanha, ou daqui há quarenta anos, mas vai acontecer.

- É uma linda história de amor, senhor... – Luna parou sem saber o nome dele.

- Collins. Matthew Collins.

Matthew?

- Matthew – eu ri achando graça – Muito prazer, ela é a Luna e eu sou Matteo.

- Matteo? – ele riu comigo – Essa sim é uma grande coincidência.

- Com certeza – eu concordei rindo – Nome, história e sentimentos iguais. Obrigado por isso senhor, vou levá-la comigo para sempre.

- Disponha.

Matthew sorriu para nós e continuou a dirigir, eu encarei a Luna com um sorriso e ela fez o mesmo, depois beijou meu rosto e deitou a cabeça em meu ombro, olhando para frente. Eu respirei fundo.

“Se for pra acontecer, vai acontecer”

Deus me livre esperar quarenta anos para ter a minha garota.

Apertei a mão dela na minha e beijei sua cabeça.

Minha garota.

***

Após trinta minutos Luna e eu finalmente chegamos a Vegas, nós nos despedimos de Matthew e depois corremos para o hotel, achamos que seria melhor arrumar as malas, ter certeza de que a medalinha não estava lá e se não estiver procurar por ela junto as malas, assim não perderíamos tempo para ir pro aeroporto.

Eu estava terminando de fechar minha mala enquanto Luna revirava o banheiro e a cama, procurando pelo objeto. Ouvi ela suspirar alto.

- Eu disse, não está aqui – ela gemeu – Matteo eu nunca mais vou encontrar!

- Calma, nós vamos achar Luna – murmurei – Pega suas coisas, vamos pra capela, nós só temos duas horas para encontrar e correr pro aeroporto.

Luna pegou sua mochila e mala e eu fiz o mesmo, nós saímos do quarto e descemos pelo elevador até o saguão do hotel, levou alguns minutos para fazermos o checkout, mas assim que terminamos corremos dali para pegar o taxi.

Logo chegamos a capela e descemos com nossas malas, arrastando-as para dentro conosco. Ao entrar lá algumas lembranças vieram a minha mente, Cristina e Jorge se casaram aqui ontem a noite e nós fomos seus padrinhos, foi um casamento bem engraçado.

- Olá, posso ajudá-los? – o homem perguntou.

- Oi, pode sim – Luna disse depressa – Nós estivemos aqui ontem a noite acompanhando um casal que estava se casando, e acordamos hoje sem lembrar de muita coisa, mas eu perdi minha medalinha e acho que pode ter sido aqui, você viu? É uma lua e um sol juntos, tava no meu pescoço e...

- Luna! – e a parei, o homem já estava confuso – Com calma!

Luna parou respirando fundo, eu dei um passo a frente.

- Você se lembra de nós aqui ontem? – perguntei e o homem assentiu – Você consegue se lembrar se ela usava uma correntinha de uma lua e um sol?

- Sim, ela chegou aqui com ela – disse ele, me dando um alivio – Mas depois ela deu pra noiva, porque eles não tinham comprado as alianças, então ela deu a noiva para que ela pudesse vender e comprar as alianças.

- O que?! – Luna gritou desesperada – Eu não acredito! Ah meu Deus! Eu dei a minha medalinha e ela vendeu! Ai meu Deus, ai meu Deus!

- Calma, calma, calma – eu a contive em seu lugar – Não sabemos se ela vendeu mesmo, talvez ela acabou guardando.

- Ok, mas onde ela está agora?! – ela perguntou, nervosa – Vai ser impossível encontrá-la! Não temos um endereço, nem um numero, não temos nada!

- Posso ajudar – o homem se intrometeu.

Nós dois viramos para olhar para ele enquanto o mesmo pegava papel e caneta e escrevia algo com rapidez, depois nos entregou. Era um nome e um endereço.

- Esse é o nome e o endereço de um hotel que eu sempre indico aos noivos que se casam aqui – explicou ele – Eu indiquei para seus amigos, talvez eles estejam lá.

- Obrigado, muito obrigado – eu agradeci.

Luna e eu corremos para fora e pegamos outro taxi para esse hotel, por um momento pensei que eu pudesse me tornar taxista no Haiti, quer dizer, eu estaria perto da Luna e arrumaria um emprego que ganhe bem, porque se as pessoas usarem taxi tanto quanto nós usamos esse fim de semana estaremos ricos!

Eu sacudi a cabeça, mas afinal o que eu estava pensando?! Estamos em um momento critico e eu estou pensando em coisas malucas e improváveis!

Chegamos ao hotel e corremos com nossas malas até o saguão, eu parei enquanto Luna ia até a recepção e olhei em meu relógio. Nós só tínhamos uma hora e vinte minutos para o nosso vôo.

- Matteo – Luna me chamou e eu me aproximei – Eles não podem fazer nada sem saber o sobrenome do casal.

Eu grunhi, batendo contra o balcão, o homem que estava lá pulou assustado.

- Rapaz, precisamos urgentemente falar com o casal que está ai em cima, Cristina e Jorge, então é melhor você dar um jeito antes que eu perca o resto da minha paciência que resta!

- Desculpe – ele gaguejou – Eu não posso fazer nada.

Eu trinquei os dentes e por um momento cogitei bater nele e correr para os elevadores e procurar de andar a andar, de quarto em quarto, mas não era tão boa ideia, levaria muito tempo e eu poderia ser preso por invadir. Então afastei-me dali com Luna para tentarmos descobrir o que faríamos.

- E agora? – ela perguntou.

- Não sei – confessei – Tem algo em mente?

- Vamos invadir – ela deu de ombros

Eu ri baixo, nós pensamos exatamente a mesma coisa. Depois sacudi a cabeça.

- Nós poderíamos ser pegos e presos. – suspirei.

- Acha que eu ligo? Só quero a minha medalinha!

- Estaria disposta a invadir? De verdade?

- Matteo eu quero a minha medalinha – disse ela firme – Vamos invadir agora!

Assenti depressa com medo de contrariá-la e acabar levando um soco. Observei o lugar e tentei pensar numa maneira de conseguirmos ir até o elevador sem sermos visto. Tivemos a sorte de um grupo de jovens entrarem logo naquele momento, impossibilitando que o recepcionista visse enquanto nós corríamos até o elevador, entramos no mesmo.

- Eu fico no primeiro andar e você no segundo, depois eu no terceiro e você no quarto e assim até encontrarmos eles – expliquei – Quem encontrar primeiro fala com eles e nós nos encontramos no saguão, ok?

- Ok!

Assenti e desci logo no primeiro andar, corri pelo grande corredor e comecei da ultima porta até a primeira, batendo de porta em porta e checando se eram eles ou não. Alguns casais me atendiam tranquilamente, outros ficavam mais bravos, mas eu saía antes que dissessem algo.

Ao confirmar que eles não estavam ali no primeiro andar, voltei ao elevador e subi até o terceiro andar, fazendo o mesmo processo que tinha feito no primeiro. E então, na quinta porta que eu bati, apareceu a salvação.

- Ah, graças a Deus! – exclamei em alivio.

Jorge foi quem abriu a porta, ele também parecia aliviado em me ver, eu entrei no quarto e Cristina suspirou, acho que todos estávamos aliviados de nos ver.

- Pensei que vocês tivessem se metido em algo – ouvi Cristina dizer – Onde está a Luna?

- Procurando vocês pelos andares – expliquei, ofegante – Estamos aqui pela medalinha, ela não se lembra de ter dado a vocês, ela quer de volta.

Cristina e Jorge arregalaram os olhos e eu me apressei em explicar.

- Aquela medalinha era a única lembrança que ela tem da mãe que morreu quando ela era pequena – expliquei – Tem muito valor pra ela e se ela não a ter de volta vai ser o fim!

- Então temos um problema – Cristina sussurrou – Não está com a gente.

- Como assim não ta com vocês?

- Primeiro pedimos desculpas – Jorge começou – Mas estávamos bêbados também, e ai levamos a medalinha para uma loa de penhores, para conseguir o dinheiro e comprar as alianças. E compramos.

Eles estenderam a mão direita mostrando o anel brilhante de prata, eu arregalei os olhos e senti o ar fugir de meus pulmões.

- Ah meu Deus! – arfei – Ah meu Deus, não pode ser, socorro, socorro! – eu me agachei com as mãos na cabeça, tentando respirar – Não pode ser, meu Deus, ai meu Deus. Não consigo respirar! Meu Deus do céu!

- Matteo calma – Jorge me levantou, segurando meus ombros – Cara, respira fundo! Nós vamos te dar as alianças e você pode ir lá recuperar a medalinha.

- Então em dêem, por favor, ou eu vou ter um troço aqui mesmo!

Eles tiraram as alianças e me entregaram, eu as guardei no bolso e me despedi deles com um abraço.

- Obrigado e desculpem – murmurei – Até a próxima.

- Tchau, manda um beijo e desculpas para a Luna – pediu Cristina.

Eu assenti e sai do quarto, corri até o elevador e desci de novo para o saguão do hotel. Lá encontrei com a Luna, esperando-me na porta, caminhei até ela tendo que encarar sua expressão esperançosa que eu teria de dar fim

- Encontrou eles? – ela perguntou.

- Sim.

Os olhos de Luna brilharam.

- E cadê minha medalinha?

Eu respirei fundo e tirei as alianças do meu bolso, os sorriso de Luna desapareceu.

- Eles penhoraram sua medalinha para comprar isso.

- Não! – Luna exclamou e começou a chorar – Matteo! Não, não, minha medalinha! E agora? Era a única coisa que eu tinha da minha mãe!

- Calma Luna, não chora – eu a abracei – Nós vamos até lá e vamos tentar trocar as alianças pela medalinha.

- E se não estiver mais lá?

- Daremos um jeito – prometi.

A verdade é que eu estava muito assustado, o que eu faria se não a achássemos? Eu não me perdoaria nunca, e a Luna também não me perdoaria. Maldita hora que eu fui inventar essa merda de viagem!

- Quanto tempo nós temos? – ela perguntou.

Eu olhei em meu relógio de pulso.

- Cinquenta minutos – informei – Vamos lá, vamos correr.

Luna e eu literalmente corremos até a loja de penhores, segundo o endereço que eles me deram não era tão longe, levou quase dez minutos para chegarmos lá, nós entramos depressa, assustando quem estava ali. Luna correu até o balcão e comecei a chamar pelo homem até ele aparecer.

- Minha medalinha – ela disse – Eu quero minha medalinha.

- O que? – o homem perguntou confuso.

- Luna, calma! – a puxei para longe, tomando seu lugar – Boa tarde, ontem um casal veio aqui e penhorou uma medalinha, de um sol e uma lua, nós a queremos de volta.

O homem sacudiu a cabeça.

 - Não é assim que funciona – disse ele

- Eu sei, eu sei – assenti e estendi as alianças – Quero trocar ela por isso.

O homem pegou as alianças nas mãos e as analisou, eu esperei ansioso e vi quando o homem sacudiu a cabeça negativamente.

- Não é o suficiente – disse ele.

- Como não?! – Luna quase gritou – Foi com o dinheiro da minha medalinha que compraram essas alianças!

- Mas não é o suficiente – ele repetiu.

Eu suspirei.

- E o que seria suficiente?

- Algo que me agradasse e me chamasse a atenção.

- E o que seria? – insisti.

O homem não falou nada, apenas baixou os olhos até meu pulso onde o relógio que eu havia ganhado da Ambar estava, um relógio aparentemente caro e muito bonito. Eu suspirei alto e comecei a tirar o relógio, Luna segurou minha mão e arregalou os olhos.

- Nem pensar – disse ela.

- Temos que recuperar a medalinha – disse baixo.

- Mas é seu relógio, Matteo, não faz isso.

- Eu te meti nisso e eu preciso te tirar disso, não vou deixar você ficar sem a sua medalinha por irresponsabilidade minha – eu garanti a ela, e sorri – Posso comprar outro relógio sem problemas.

Luna ainda tentou me parar, mas eu não deixei, eu a afastei e entreguei o relógio para o homem, ele sorriu vitorioso e depois saiu dali, voltando alguns segundos depois com a medalinha, ele a entregou em minhas mãos e eu sai dali bravo, sem falar nada.

Luna e eu saímos daquele lugar e suspiramos aliviados, finalmente conseguimos e a tempo de irmos para o aeroporto, não sei o que eu faria se não tivéssemos recuperado essa medalinha. Nós dois nos encaramos e começamos a rir igual bobos, eu sacudi a cabeça.

- Desculpe por isso – eu pedi.

- Não tem problema, foi divertido – ela riu – De verdade, foi muito divertido, desde que chegamos eu não deixei de rir e nem sorrir, jogamos paintball, fiz um streaptease, conhecemos lugares incríveis, dançamos, bebemos, nos divertimos, fomos padrinhos de um casamento, ouvimos uma linda história de amor e perdemos alguns quilos correndo por ai.

Eu ri alto, concordando com a cabeça.

- Tem razão, eu com certeza foi guarda tudo isso a memória, principalmente a sua dança sensual, porque foi incrível!

Luna riu comigo e bateu em meu ombro, eu parei e sinalizei para ela se virar, ela obedeceu e eu estiquei a medalinha, colocando-a de volta em seu pescoço. Luna levantou o cabelo e eu prendi a corrente ali.

- Pronto – sussurrei.

- Obrigada – ela sussurrou de volta e depois me abraçou deitando a cabeça em meu peito – Obrigada por tudo.

Eu a envolvi e a apertei junto a mim, beijando sua cabeça. Minha garota.

***

1 de Fevereiro – Buenos Aires, Argentina

Nosso avião pousou as cinco da manha em Buenos Aires, tivemos que pegar taxis separados porque ambos estávamos atrasados para no arrumar e ir trabalhar, algo me dizia que aquele dia seria terrível, afinal ninguém merece ir trabalhar virado!

Assim que cheguei em casa subi direto para o meu quarto, tendo o Valente logo atrás de mim, eu me apressei para tomar banho e, enquanto me arrumava, brincava com o cachorro, fazendo carinho nele e jogando a bolinha. Quando eu estava quase terminando de arrumar a gravata, a porta do meu quarto se abriu, era a minha mãe.

Eu sorri para ela e a abracei forte.

- Senti sua falta – eu sussurrei.

- Eu também meu amor – ela sorriu e tocou meu rosto – Como foi lá? Mudou de opinião como a Luna sonhava que mudaria?

Eu ri baixo, sacudindo a cabeça.

- Não mudei e não vou mudar, só tenho mais certeza ainda que quero ela.

- Hm, isso me está cheirando a história boa – minha mãe riu – vem, vou fazer um café pra você enquanto me conta tudo o que aconteceu por lá.

- Mãe o que acontece em Vegas fica em Vegas.

- Essa não cola comigo – ela apontou pra mim – Desça agora e me conte porque estou curiosa e mereço saber.

Eu ri alto e bati continência, obedecendo-a e descendo com ela.

***

Como eu imaginava, o dia tinha sido péssimo! Meu chefe estava bravo, eu estava cansado, Ambar estava me entupindo de mensagens, assim como meu pai e eu simplesmente não conseguia parar de pensar que só faltavam cinco dias pro casamento e eu precisava dar fim logo nele.

Depois do trabalho, Gastón e eu nos encontramos para tomar alguma coisa e conversar, eu disse a ele sobre minha preocupação com o cancelamento do casamento e tudo mais. Como sempre meu amigo me aconselhou a ter coragem e a fazer aquilo o mais cedo possível, pois, quanto mais eu demorasse, mas confusão eu arranjaria.

Eu obviamente concordei com ele e assim que nos despedimos eu fui direto para a mansão Benson, somente tirei a gravata e a deixei no carro. Assim que entrei no lugar fui informado de que Ambar ainda não tinha chegado, que estava com as amigas arrumando alguma coisa pro casamento, então eu esperei por ela ali mesmo.

Subi para o andar de cima e caminhei até o quarto dela para esperá-la lá, abri a porta com tudo e dei de cara com Luna e Nina, elas me olharam assustadas, mas eu é que estava completamente chocado. Nina estava sentada na cama enquanto Luna estava de pé usando um lindo e maravilhoso vestido de noiva, era o vestido da Ambar e ela estava usando!

Meu coração disparou e se encheu de uma sensação boa, por um momento imaginei se fosse o nosso casamento, mas que sonho! E ela estava tão linda, tão maravilhosa, tão perfeita!

- Meu Deus – eu sussurrei.

Nina se levantou com rapidez.

- Eu já estava indo, vou ver o Gastón.

Ela passou por mim correndo e depois Luna correu para o banheiro, eu permaneci parado, depois ela voltou já trocada e guardando o vestido onde ele estava.

- Por favor, não conte a Ambar – ela pediu.

- Claro que não – concordei – Mas preciso dizer que você ficou incrível.

- Você não devia ter visto o vestido da sua noiva antes do casamento – disse ela, seguindo para o quarto dela, eu fui atrás – Da azar.

Eu revirei os olhos quando entramos no quarto.

- Isso é besteira – resmunguei – Afinal o que faz aqui? Pensei que estava trabalhando.

- Meu chefe me dispensou mais cedo porque está resolvendo as coisas da minha transferência, que eu devo voltar na quarta pra lá, ou seja, mas uma folga em casa.

- Então você já aceitou? – perguntou.

- Como eu poderia não aceitar? – ela deu de ombros – E você, o que faz aqui?

Eu suspirei alto, tentando ignorar a tristeza de talvez vê-la partir de novo.

- Vim falar com a Ambar, cancelar o casamento.

- O que?! – Luna gritou – Eu pensei que você ia repensar.

- E repensei – eu dei de ombros – Não mudei minha decisão, eu ainda quero terminar com tudo. Luna você precisa entender que não é justo com a Ambar, ficar com ela estando apaixonado por você, ela merece ser feliz com alguém que a ame!

Respirei fundo e Luna cobriu o rosto com as mãos, balançando a cabeça.

- Não consigo te esquecer ok? – sussurrei – Não posso te perder, não com tudo o que está acontecendo agora, não com o que aconteceu há seis anos.

Luna levantou a cabeça para me encarar, os olhos nos meus.

- Não tem nada acontecendo – ela insistiu – E o que aconteceu há seis foi um erro e tem que ser esquecido para sempre!

- O que aconteceu há seis anos que precisa ser esquecido?!

Luna e eu paralisamos ali, viramos a cabeça em direção a voz mesmo já sabendo quem era. A figura alta e loira de Ambar cruzou os braços e nos encarou curiosa. Eu prendi a minha respiração, mas podia ouvir Luna ofegante ao meu lado, seu medo poderia estragar tudo.

- Então? – Ambar insistiu, entrando no quarto – Ninguém vai falar nada?

- Foi uma briga boba – eu tentei mentir, e desviei o olhar quase sem pensar – Luna e eu tivemos uma briga há seis anos e ainda me sinto mal por algumas coisas que eu disse. E ela disse que precisamos esquecer isso.

Ambar franziu a testa e olhou de Luna para mim, rindo sem humor logo depois.

- Matteo você acha mesmo que vou acreditar nisso? Eu sei quando você está mentindo – Ambar me encarou – Me fala o que é e, acredite, estou muito interessada em saber agora que tentou me esconder a verdade.

Eu olhei de sorrateiro para Luna ao meu lado, com medo ela continuava a arfar, as mãos entrelaçadas atrás do corpo enquanto olhava para o chão.

- Luna – Ambar a chamou, fazendo-a erguer os olhos – Eu quero saber a verdade.

Luna respirou fundo várias vezes.

- Essa... Essa é a verdade – gaguejou ela.

- Não é! – Ambar quase gritou, depois fechou os olhos e tentou se controlar – Vocês estão me irritando com esses segredos, é melhor me contarem, vai ser bem pior se eu descobrir por mim mesma ou por terceiros.

Eu não sabia o que fazer, embora eu estivesse ali para terminar tudo, não poderia ser daquele jeito, não posso contar a verdade, vai ser um caos! Também não posso inventar outra mentira porque ela vai querer saber porque mentimos da outra vez.

Então resolvi insistir na mentira já contada.

- Já te contamos a verdade e você não quer acreditar – eu dei de ombros.

- Matteo não tente me fazer de boba – ela sacudiu a cabeça – Se essa fosse a verdade você não estaria suando assim e a Luna não estaria tão nervosa.

Disfarçadamente passe as costas da mão pela testa, limpando o suor dali.

- Vamos lá pessoal, não é o fim do mundo!

Ao meu lado Luna começou a soluçar e chorar baixo, eu arregalei os olhos. Ambar pareceu ainda mais intrigada e se aproximou da prima.

- Luna para! – sibilei para que Ambar não escutasse.

- Luna o que foi? – Ambar perguntou. Vocês fizeram algo ilegal? Você se sente mal por algo que fez? Ou... – Ambar olhou para mim, erguendo a sobrancelha – O Matteo fez algo contra mim e você se sente mal por guardar isso?

- Ambar! – eu sacudi a cabeça em reprovação.

Mas ela me ignorou, voltando a olhar para a Luna que olhava para o chão.

- O Matteo ficou com outra garota? – ouvi ela perguntar.

Luna chorou ainda mais alto e eu soube que ela não conseguiria fazer mais aquilo, então tomei uma decisão drástica, eu teria que virar aquele jogo ao meu favor, só assim sairíamos inteiros.

- Foi isso, exatamente isso! – exclamei, fazendo as duas olharam para mim, eu comecei a mentir – Eu fiquei com uma desconhecida em uma festa quando nós demos um tempo. Pensei em te contar e terminar, mas Luna disse que eu devia esquecer aquela garota para não estragar o nosso casamento.

O rosto de Ambar ficou vermelho de raiva e ela trincou os dentes, ela estava pronta para explodir em cima de mim, mas Luna a interrompeu.

- Não! – exclamou Luna – Você não vai levar a culpa sozinho.

- Como assim levar a culpa sozinho? – Ambar perguntou – Por acaso essa menina é amiga sua Luna? Você a apresentou pra ele?

Eu engoli em seco vendo Luna sacudir a cabeça.

“Não faz isso. Não faz isso. Não faz isso” – pensei comigo mesmo.

- Então o que?! – Ambar insistiu, brava – Por acaso ela é conhecida, ela é pessoa próxima, ou ela é... – e então Ambar parou de falar e durante longos segundos nos encarou, depois ela arregalou os olhos - ...você – ela sussurrou por fim, em choque.

Aquilo foi o suficiente, Luna não se conteve e desabou a chorar alto enquanto soluçava, eu suspirei alto derrotado e cobri o rosto com as mãos, sacudindo a cabeça. Agora já era, acabou tudo.

- Ah meu Deus! – ouvi Ambar gritar – Ah meu Deus!

Quando a olhei de novo, Ambar estava há dois passos mais longe de nós, seus olhos estavam cheios de lagrimas e a expressão de choque.

- Ambar, espera... – eu pedi.

- Ah meu Deus! – ela gritou de novo – Eu não acredito! Não, não, não! Não pode ser!

Luna continuava a chorar enquanto eu tentava, inutilmente, conter a Ambar que parecia histérica andando de um lado para o outro, ela arfava e eu estava com medo de ela ter um treco ali mesmo.

- Calma Ambar – eu pedi – Não é como você pensa.

- Como não?! – ela gritou, parando para me encarar, o rosto em lágrimas – Você me traiu com a minha própria prima, Matteo! Como não é o que eu penso?!

- Não foi assim, nós não estávamos juntos – expliquei – Nós tínhamos dado um tempo.

Ambar riu sem humor, limpando as lágrimas que escorriam por seu rosto. Ao meu lado Luna nos observava em meio as lágrimas, eu queria poder acabar com aquilo tudo, abraçar ela e dizer que tudo ficaria bem, que ela é forte e que vai conseguir passar por aqui. Mas tínhamos uma fera das grandes para encarar.

- Acha que faz alguma diferença? – Ambar perguntou depois de um tempo – Dando um tempo ou não, ela é a minha prima! Eu estava lá feito uma idiota tentando recuperar nosso namoro e você transando com a minha prima! Com a Luna!

Eu suspirei alto sabendo que ela tinha razão, Ambar virou-se furiosa para encarar a prima, eu me pus um pouco a frente pronto para impedir caso alguma coisa pior viesse a acontecer.

- Luna! – Ambar exclamou, voltando a chorar – Luna! Luna! Luna! Como você pode, Luna?!

- Me perdoa – Luna sussurrou, chorando.

- Eu nunca vou te perdoar por isso! – respondeu ela firme.

- Ambar não faz isso... – tentei ajudar.

- Agora tudo faz sentido – ela me interrompeu, voltando a rir – Você só falava dela, só queria saber dela, ficava triste sem ela e a amizade de você foi afetada. Com certeza vocês dormiram juntos e ficou um clima estranha na amizade, não é verdade?! – nenhum de nós dois respondeu, ela continuou rindo – Vocês não prestam!

Eu ergui a mão para pará-la, não era justo que Ambar crucificasse a Luna quando na verdade o maior culpado de tudo era eu, as duas primas não podiam se separar por isso.

- A culpa foi minha, Ambar – tentei amenizar tudo – Eu deixei que tudo acontecesse sem contar a ela a verdade sobre nós dois, eu não a parei quando deveria.

- Cafajeste – Ambar me xingou.

- Mas da segunda vez eu sabia de tudo e mesmo assim aceitei – ouvi Luna dizer, ela limpou as lágrimas do rosto e encarou a Ambar – Se é pra culpar alguém, então culpe os dois.

Eu simplesmente não acredito que a Luna está piorando tudo! Eu aqui tentando ajudar, tentando amenizar as coisas, acalmar os ânimos e ela ta estragando tudo!

- Segunda vez! Teve mais de uma! – Ambar cobriu a mão com a boca, em choque – Então eu estava certa em fazer o que eu fiz.

Eu franzi a testa e Luna fez o mesmo, ela limpou as lágrimas e deu um passo a frente.

- O que vocês fez? – perguntei.

- Sabe, - Ambar começou, dando de ombros – No começo eu achei que fui muito errada em ouvir minha mãe, para separar vocês e acabar com a sua amizade, mas agora vi que ela tinha razão.

- Acabar com nossa amizade? – Luna perguntou – Do que você ta falando?

Automaticamente me veio a cabeça as lembranças daqueles seis anos, tudo o que eu falava da Luna, as coisas que eu escrevi para ela e dava a Ambar para ela enviar pelo correio, todas as cartas.

- As cartas – eu sussurrei em choque.

Luna franziu a testa para mim enquanto eu trincava os dentes de raiva, não podia acreditar que a Ambar tinha mesmo feito aquilo!

- Que cartas? – Luna perguntou.

Continuei encarando a Ambar que agora cruzava os braços e tentava parecer brava, me olhando de cima, como se ela estivesse com toda a razão! Patético!

- Luna, por acaso você recebeu alguma carta minha? – perguntei ainda olhando para a Ambar.

- Não... Matteo, como assim? Que cartas?

Ambar sorriu sínica e eu explodi.

- Eu não acredito que você não enviou nenhuma carta minha para a Luna! – gritei – Você não tinha esse direito, Ambar!

- Não se faça de vitima aqui, todos nós sabemos que eu tive meus motivos! – ela gritou de volta.

- Não Ambar, para você de se fazer de vitima! Eu entendo que você estava brava, mas você não tinha motivo algum! – gritei, apontando para ela – Ao não enviar as cartas você ainda não sabia dessa verdade, você não tinha motivos! Fez isso pelos seus caprichos, fez isso porque deu ouvidos à cobra da sua mãe!

Luna se aproximou, abaixando minha mão.

- Calma – ela me pediu – O que ta acontecendo?

- Simples, durante esses anos eu escrevi muitas e muitas cartas para você – expliquei olhando-a – Mas a sua prima querida não enviou nenhuma delas! – voltei-me para a loira à minha frente – Ambar você não tinha o direito de fazer isso, você quase destruiu nossa amizade, você me fez ficar sem dar feliz aniversário para a minha melhor amiga por seus anos!  Você me fez pensar que o culpado da Luna não falar comigo, você me viu triste sem ela e preferiu assim!

- Eu não ligo a mínima! – ela gritou – Você transou com ela uma, duas, três, cinqüenta vezes e vem me dizer que não tive motivos?! Que eu não tinha o direito?!

- Você não sabia da verdade, fez isso sem motivos! – gritei – Tem todo o direito de me odiar pelo que eu fiz, mas isso não minimiza o que você fez!

- Que se dane!

- Que se dane você!

- Eu te odeio, Matteo!

- Chega! – Luna gritou, se metendo entre nós dois e nos afastando – Chega disso, já chega! – nós nos afastamos e eu soltei o ar, limpando a testa enquanto tentava me acalmar, Luna continuou – Sei como se sente Matteo, eu me sinto igual, mas não é assim que vamos resolver isso.

Eu olhei para ela, Luna agora não chorava mais, mas seus olhos e ombros estavam baixos, ela estava muito triste, ver duas pessoas que ela tanto ama brigando desse jeito acabava com ela. Ela já sofreu o suficiente, não vou machucá-la mais. Eu assenti para ela e suspirei mais calmo.

- Ambar – Luna voltou a falar, virando-se para ela – Eu sei como está se sentindo, mas o que fizemos não justifica o que você fez, não foi certo.

- Também não foi certo você transar com meu namorado – retrucou Ambar.

Outch.

- Eu sei disso – Luna respondeu, respirando fundo – Eu te peço perdão, de coração te peço perdão. Eu venho me corroendo com isso desde que aconteceu, nunca foi a minha intenção magoar você, eu te amo muito – ela sussurrou, sua voz chorosa – Eu te amo e negaria o mundo inteiro pela sua felicidade...  Você é a minha prima, minha melhor amiga, e nada me machuca mais do que vê-la sofrendo assim e saber que eu sou a culpada sou eu.

Olhei para a Ambar a tempo de vê-la secar as lágrimas que escorriam por seu rosto, depois ela deu de ombros e olhou para mim.

- Como se sente sabendo que destruiu uma família? – ela perguntou.

- Nunca foi a minha intenção – sussurrei, a voz embargada.

“Eu sou um monstro” – pensei.

Ambar riu.

- E pensar que eu estava preocupada por ter beijado o Rafael.

Eu arregalei os olhos.

- Beijou o Rafael?! – Luna e eu perguntamos juntos.

- Sim, beijei. E estava morta de preocupação, me sentindo culpada! – Ambar revirou os olhos – Agora estou tranquila porque o que vocês fizeram foi muito pior, vocês dois não valem nada e, não importa o que digam, nada vai amenizar isso. – ela sacudiu a cabeça, depois gritou – Vocês dois não prestam!

- O que está acontecendo aqui?! – virei a cabeça a tempo de ver, era Rafael que entrava no quarto de Luna, nos encarando confuso – Da pra ouvir os gritos lá da entrada!

Eu suspirei alto, imaginando que a aquela altura Alice já tinha escutado tudo. Droga, eu estou ferrado!

- Chegou quem faltava – Ambar sorriu, puxando o Rafa pelo braço para perto dela – Vem Rafa, vem escutar a história linda de quando a minha prima e meu noivo me apunhalaram pelas costas!

Rafa olhou assustado para mim e eu assenti em silêncio. Sim amigo, é exatamente o que está imaginando, ela descobriu tudo. Depois ele olhou para Luna e chorava em silêncio ao meu lado, ela já não sabia p que falar, só lhe restava chorar. Era destruidor vê-la assim, eu me aproximei e a abracei pelos ombros rapidamente antes de nos separar de novo.

- Que saber? – Ambar disse de repente – Eu cansei disso tudo! Vocês se merecem!

Ela ia sair, mas Luna se apressou e a segurou pelo braço.

- Espera...

- Não! – Ambar exclamou, assustando-nos – Eu não tenho mais nada pra conversar com nenhum de vocês dois, sua traíra!

- Prima, por favor, eu te amo...

- Mas eu te odeio! – Ambar gritou, eu arregalei os olhos – Eu te odeio! Eu te odeio! Eu te odeio! Eu te... – ela parou chorando enquanto apontava para a Luna – Eu te odeio muito...

- Ta bom, já chega... – sussurrou Rafa, puxando Ambar para fora – Vamos embora loirinha, vem, vem comigo.

Rafael e Ambar saíram do quarto, eu pensei que tinha acabado, mas Luna correu atrás deles enquanto chorava desesperada e chamava pela prima. Eu corri atrás dela e a parei segurando-a pela cintura, ao mesmo tempo em que Rafa se colocava na frente dela. Nós estávamos no hall de entrada da mansão.

- Luna, calma – sussurrei.

- Luna da um tempo pra ela – disse Rafa.

- Ambar! – Luna gritou – Ambar me perdoa! Por favor... – ela chorava – Por favor...

Eu fechei os olhos com força, ver aquilo partia meu coração, Rafa suspirou.

- Calma La Luna, calma – ele sussurrou – Eu vou cuidar dela.

Rafa e eu trocamos um olhar e eu assenti em silêncio, ele saiu atrás da Ambar, fechando a porta ao passar. Eu virei a Luna para mim e a abracei forte, ela retribuiu apertando o rosto contra meu peito e os braços ao meu redor enquanto chorava.

Eu tentava acalmá-la e beijava sua cabeça, sussurrado coisas a ela.

- Se acalma – eu pedi baixo – Por favor, se acalma, vai ficar tudo bem...

Aos poucos ela ia se acalmando, mas a minha culpa só aumentava.

- Me perdoa – eu sussurrei, chorando em silêncio – Me perdoa meu amor, por favor, me perdoa...

- Ela vai me odiar pra sempre

- Não vai não, eu te prometo!

Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei sua testa, depois abraçando-a de novo, ficamos ali por menos de cinco segundos antes de escutarmos um pigarro alto. Olhamos para o topo da escada de onde vinha o som, lá estava ela. Alice. Olhando-nos com ódio.

No mesmo instante eu gelei e automaticamente apertei mais forte a Luna.

- Eu avisei – disse Alice simplesmente e saiu.

Eu engoli em seco e senti a Luna tremer em meus braços. Eu agarrei sua mão e a puxei para fora da casa.

- Vem, vamos sair daqui.

Estava tudo diferente agora, a situação era critica e eu não sabia o que ia acontecer. Eu simplesmente não fazia ideia do que ia acontecer com a gente.

Eu sou um monstro.

 


Notas Finais


OI GENTEEEEEEEEEEEEE!!! DEMOREI MAS CHEGUEI KAHSJHDJSHJA. Mas a demora valeu a pena porque ta ai um super hiper mega big big capitulo!!! Quero saber tudinhoooooo, o que acharam? O que acham que vai acontecer? Como a Luna vai lidar com tudo? Será que Matteo vai conseguir sua garota? E Rambar? Será que rola? jskdjkdajakdj e a Alice??? E o pai do Matteo quando descobrir isso tudo? OMG!!!! ahsjahdahsa, então comentem ai cheios de maiusculas gritantes que eu leio todooooos.
Muuuuuuito obrigada por todo o carinho e desejos de aniversário, amo vocês demais!!!! Fiquem ligados no meu twitter ruggerown e no meu instagram sorrisolutteo para saber quando vou postar.
Um graaaaaaande beijo a todos e não percam o proximo cap porque teremos lutteo realizando as ultimas coisas da lista do Matteo, inclusive um certo nado pelado, omg! hskdadjaka beijoooooos


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