História Travel - Cinco

– Está me ouvindo Seokjin? – ouvi meu chefe me chamar.

– Ah... Sim? – o olhei, e ele mantinha uma cara nada boa para mim, e aquilo não era novidade.

– Você por acaso dormiu essa noite? – não, não dormi. Fiquei a madrugada toda acordado, e adivinha o porquê. Ainda não saia de minha mente a imagem de Namjoon e daquela mulher, e de quão juntos eles estavam. Aquilo estava me incomodando muito. Não deveria me incomodar, até porque a vida é de Namjoon, mas sei lá, das vezes que o vi com aquela mulher, uma angustia subiu em mim, não saberia explicar.

– Não senhor, – não menti – eu tive insônia, me desculpe. – disse e abaixei a cabeça.

– Então trate de tomar um café reforçado. – disse rude e assenti – Voltando ao que eu estava falando. Hoje vai ter um baile para os hóspedes, e quero que você se prepare bastante, porque não quero que aquele acidente do outro dia venha a acontecer de novo, está me ouvindo? – disse e assenti.

Baile... Nunca fui a um. Quando estudava, até teve, mas não fui, tinha coisas mais importantes para me preocupar.

– Sim senhor. Irei prestar atenção e aquilo não irá voltar a se repetir. – ele assentiu, murmurou um “espero” e saiu do meu campo de visão. Suspirei fundo e fui para o salão principal. 

Chegando lá, encontrei Namjoon; ele estava sentado na mesa e procurava por alguém, deve ser pela mulher/namorada.

Não queria falar com ele naquele momento, eu ainda estava chateado. Mas parece que ele tinha me visto, pois se levantou caminhando em minha direção.

E a merda do meu coração acelerava a cada passo dele; aish, eu tinha que ir ao médico.

Suspirei fundo novamente.

– Olá Jin. – disse assim que chegou ao a minha frente.

– Olá Namjoon. – respondi.

– Está tudo bem? – perguntou e assenti – Não vai perguntar se eu estou bem também? – sorriu fraco.

– Pra quê? Você me pareceu muito bem ontem. – juro que não consegui me segurar. O vi franzir o cenho confuso. Acho que fui direto demais.

– Como assim? – cruzou os braços, confuso.

– Deixa pra lá. – disse e ele negou.

– Não, agora você irá me contar e me explicar o porquê não apareceu ontem – ri debochado, ato que o fez arquear uma sobrancelha.

– Quando você marcar algo com alguém, se certifique se já não tinha marcado com outra. – respondi simples e me virei saindo dali. Mas senti meu braço sendo puxado, fechei meus olhos com força.

– Do que você está falando? – ou ele realmente não sabia do que eu estava falando ou estava se fazendo de bobo – Eu não marquei com ninguém.

– Ué, não me pareceu quando o vi com uma mulher ontem. – disse seco. Ele pensou um pouco e pareceu se lembrar do que eu estava falando.

– Mihee? – então esse é o nome dela... – Então você foi ontem?

– E eu vou lá saber o nome dela Namjoon. – revirei os olhos – Olha, eu preciso ir trabalhar, então solte meu braço, por favor. – pedi o encarando e ele também me encarava, e de novo estávamos nos escarando. Desviei meu olhar.

– Eu juro que não marquei com ela Jin... – disse e ri debochado novamente – Pare de rir debochado, Seokjin! – revirei os olhos. Eu deveria acreditar nele?

– Acho que você não me deve explicações não é mesmo?

– Por que não?

– Ela é sua namorada, e é claro que iria preferir se enc-

– Pera, namorada? De onde tirou isso? – não era namorada dele?

–Eu pensei que vocês namoravam. – disse e ele riu – Aish, não ri.

– Eu a conheci ontem a caminho do café Jin, não namoramos. – se explicou e murmurei um “hm”. Juro que não fiquei um pouco feliz com aquilo – Eu estava te esperando, mas ela chegou e começou a conversar comigo. Não iria dispensa-la. – eu dispensaria.

– Tudo bem. – respondi simples. Ele me olhou desconfiado.

– Tem certeza? – assenti – Por acaso você ficou com ciúmes Seokjin? – tinha um sorrisinho no rosto. Arregalei os olhos, claro que não era ciúmes.

– C-Claro que não seu idiota. Não viaja. – respondi rapidamente. Ciúmes? Agora deu.

– Sei... – bufei – Vamos nos encontrar hoje? – perguntou e neguei brincando – Por quê? – fez uma carinha triste, sorri com aquilo.

– Não sei... Vai que chego lá e você está com alguém... – falei e ele riu.

– Não irei estar, pode apostar. – disse e fiz uma cara pensante.

– Ah... Esqueci que hoje vai ter o baile para os hospedes. – disse me lembrando do que meu chefe disse.

– Entendi... Mas se não tiver cansado depois do baile, poderá ir sabe. – sorri.

– Isso tudo é para me ver? – disse e ele deu de ombros.

– Não sei... Será? – deixou no ar e ri negando.

– Vou pensar no seu caso.

– Pense com carinho. – mandou um beijinho para mim e na mesma hora senti meu rosto esquentar – Se fica com vergonha com um beijinho no ar, imagina se eu desse um beijo em você mesmo. – disse sorrindo maroto, queria o bater naquele momento. Deveria dizer para ele não dizer aquilo, e tal. Mas eu não consegui, apenas ri.

– Irei trabalhar da licença Namjoon. – disse e me virei, mas me lembrei de algo – Vê se na próxima vez que se encontrar com alguém, fale para pessoa levar um casaco. – sim, eu estava provocando. Ele gargalhou negando com a cabeça.

– Depois diz que não está com ciúmes. – cantarolou e bati em seu braço.

– Vai à merda Kim Namjoon! – bufei e sai dali ainda ouvindo sua risada.

Depois do encontro com Namjoon segui com meu trabalho; via alguns organizadores arrumando o salão para o baile hoje à noite, pelo visto seria algo bem chique.

[...]

Estava no meu horário de almoço, então resolvi ligar para os meus pais, fazia uns dias que não falava com eles. Peguei meu celular e disquei o número da minha casa, no quarto toque foi atendido pela voz suave de minha mãe.

“Alô?”

“Omma?”

“Meu bebê” – ela estava sorrindo, eu sabia.

“Estou com saudades, omma” – meus olhos já se enchiam de lágrimas.

“Também estou filho, como você está? Está se alimentando direito?”.

“Estou bem, e me alimentando direitinho” – ri – “e a senhora e o appa, como estão?”

“Estamos bem, Yoona está cuidando muito bem de nós. Ela é um amor de pessoa.” –

sorri aliviado.

“Fico feliz omma.” – ouvi uma voz de fundo.

“Deixe-me falar com meu filho mulher.” – sorri ao perceber que era meu appa – “Seokjin?

Filho?”

“Olá appa!”

“Oh meu filho, é bom ouvir sua voz.” – eu sabia que ambos estavam prestes a chorar, já eu já chorava feito um bebê – “Não chore, sua mãe já tá com um lencinho aqui”. – ri fungando.

“Estou com muitas saudades...”.

“Nós também estamos” – deu uma pausa – “Seokjin, nunca se esqueça de que te amamos muito, e nos orgulhamos cada dia mais de você” – foi aí que eu desabei mesmo. Eu amo tanto meus pais, é por eles que estou aqui, por eles que estou batalhando cada dia... E isso não é nem um terço do que eles já fizeram por mim.

“Eu prometo que voltarei logo, e fale para omma para já deixar preparado aquele Kimchi que só ela sabe fazer.” – o ouvi rir.

“Se cuida meu filho, e mais uma vez, não se esqueça de que te amamos muito!” – fechei os olhos sentindo as lágrimas descerem cada vez mais.

“Eu também amo muito vocês. Tchau appa.”

“Tchau filho” – ouvi um barulho – “Tchau bebê da omma, se cuida.” – ri e desliguei a chamada. E falando com eles, é que eu tive mais força ainda de seguir com meu trabalho.