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História Travels - Queimando


Escrita por: ALTER_Goat13

Notas do Autor


Como dito, o próximo capítulo seria em breve. Cá está
Aproveitem!

Capítulo 11 - Queimando


O calor era insuportável. O fogo dentro da sala de processamento era muito intenso, ainda mais agora que uma das tubulações que levava calor para as regiões habitadas de Gama havia se soltado. Os dois jovens deltas estavam pendurados na segunda tubulação, sendo ambos segurados pelo braço já cansado de Alex. A mão do rapaz ameaçava escorregar de seu apoio a qualquer momento.

– Alex! – chamou o ruivo. – Me balança!

– Pirou? Se eu não escorregar, o tubo desce!

– Confia, pode ser a nossa única chance!

Hesitante, o Augusto começou a balançar o amigo, movendo apenas o braço que o segurava. A tubulação rangia ferozmente sobre os dois.

– Não dá, minha mão está suando muito com o calor!

– Sem medo, senão vamos cair mesmo!

Aquilo não parecia que ia dar em lugar nenhum. Alexandre começou a realmente balançar Matheus. A tubulação ameaçava cair a cada movimento que o pêndulo fazia. O calor latejante em conjunto com a pressão que os vapores e fumaça faziam dentro da sala dificultava o serviço. Matheus se esticava para frente, tentando alcançar a tampa da caldeira, que só foi percebida após muito tempo pendurado.

– Estou quase lá... – dizia baixo, mais para si mesmo que para o amigo.

– Não vou aguentar!

Num último balanço, quem cedeu não foi Alexandre: foi Matheus. Ele mesmo se soltou, lançando o próprio corpo na direção da escotilha que fecharia a caldeira. Segurou-se na barra utilizada para se mover a tampa. Suas mãos queimaram na hora com a alta temperatura do metal, fazendo-o gritar com a dor, mas não soltou. Em poucos instantes, a própria tampa começou a baixar com o excesso de peso. Matheus precisou ser rápido para não ser fechado dentro do Demônio.

Finalmente o forno estava fechado.

No instante seguinte, o tubo em que Alex se segurava cedeu, o fazendo cair sobre as mãos do ruivo, quebrando-as.

* * *

– O que quer dizer com sigmas? – questionou Paul.

– Você é um agente da lei, sabe o que quero dizer.

– Mas essa punição não é apenas cabível aos maiores de idade?

– Não, apenas a pena de morte é aceita para única e exclusivamente a maioridade.

– Então... Por que os dois garotos deveriam ser executados?

– Ideias retrógradas de Daves. Ele quer alterar o nosso sistema aristocrático e iniciar uma tirania oligárquica.

– Por que ele faria isso?

– Ele quer recuperar o poder que tinha antes da guerra.

– E isso quer dizer...?

– Ele foi um dos fundadores de Delta Technology, e é o chefe de pesquisas de lá. Foi o mais influente entre os fundadores, tanto socialmente como no governo da RELA.

– Então ele quer voltar a ter a mesma influência?

– Não, ele quer tornar DT independente. Quer que o distrito todo esteja em suas mãos.

Greathouse fechou o livro e se levantou. A preocupação era visível em seu olhar. Fitou o livro novamente, que agora se encontrava sobre a mesa de centro e continuou:

– Ele é um narcisista. Os Mediadores apenas o selecionaram para estar no senado de Delta da Paz por causa de sua maldita influência como fundador. Se pudesse, eu teria colocado Júlio Augusto de Delta em seu lugar.

– “Augusto de Delta”? Não era o...

– O pai de Alexandre, sim. Um dos homens mais justos que já conheci...

– E por que ele foi executado? Eu ainda estava em formação de cadete.

– Essa conversa já foi longe demais. Você tem uma divisão para cuidar.

– Senhor, se me permite, eu...

– Não, eu não permito. Agora saia!

West recuou por um instante. O tom de voz de Jonathan lhe deu certa preocupação. O que estava sendo mantido naquela sala, ou melhor, naquele caso para que fosse tão oculto, a ponto do próprio capitão da 2ª divisão não poder ser informado?

– Sim, senhor. Estarei esperando o retorno dos garotos.

A porta se abriu, e o moreno deixou a sala. Mas com certeza não ia deixar aquele caso de lado: ia descobrir o que estava acontecendo, mesmo que aquilo significasse invadir Delta Technology.

* * *

– Merda... – Matheus estava segurando as mãos entre as coxas.

A escotilha para a única saída daquele local estava agora a três metros e meio acima dos dois. Dois tubos estavam soltos, permitindo que o calor ficasse mais forte ainda dentro da sala de processamento.

– Como vamos sair daqui agora? Não podemos ficar muito mais tempo.

– Vai sem mim.

– Bateu com a cabeça quando fechou a tampa do cu do Demônio? Não vou te largar aqui.

– Eu não consigo escapar Alex! Não tenho mais chance. Vou morrer desidratado bem longe de casa. – o ruivo não pode conter as lágrimas – Mas você tem que escapar. Você sabe a verdade e sabe como contá-la.

– Agora vai vir com esse clichê dramático? Eu não vou te deixar, porra! Sobe nos meus ombros.

– Quê?

– Sobe logo antes que eu decida quebrar mais alguma coisa em você.

Ainda com dor, Matheus subiu nos ombros do amigo, sendo ajudado pelo mesmo para que pudesse fazê-lo.

– Vou tentar pular. Agarra a escotilha dobrando os pulsos.

– Quer me matar de vez?

– Se eu quisesse isso te deixaria aqui. No três. 1... 2...

– Esp...

– ..3!

Alexandre usou toda a força que lhe era permitida no momento, com rápido reflexo, Matheus conseguiu se pendurar na barra da escotilha usando as mãos dobradas. Novamente, seu peso agiu, abrindo a porta e liberando a passagem. Alex o segurou quando o rapaz caiu novamente, mais uma vez o colocando sobre seus ombros. Agora o ruivo iria precisar se segurar na escada de metal que estava na passagem. Assim o fizeram novamente, e a escada desceu, ficando numa altura boa para os dois Deltas subirem. Alex tirou seu casaco e enrolou as mangas nas mãos.

– Faça o mesmo. Mesmo que não possa se segurar, vai precisar se apoiar, e essa escada deve estar fervendo assim como tudo dentro dessa maldita empresa.

O ruivo acenou positivamente, agradecendo mentalmente de certa forma. Precisava tirar logo aquele casaco. Só não o havia feito antes por que poderia atrapalhar na fuga. Dificultosamente, enrolou as mangas da blusa nos pulsos, quase da mesma forma que Alexandre. Então começou a subir a estreita escada, seguido pelo moreno.

O calor parecia estar aumentando. O Augusto olhou para baixo após adentrar alguns degraus na passagem que foi revelada pela escotilha, e pode perceber que a caldeira estava superaquecendo: a pressão interna estava aumentando por causa da porta fechada. Mesmo com os tubos abertos, não estava tendo uma boa troca de vapores. O lugar todo ia pelos ares se não abrisse aquela entrada.

Enquanto Matheus continuou a subir, Alex desceu até a tampa daquele forno imenso. O calor era insuportável àquela altura. Talvez já estivesse em 100°C, ou mais ainda. Ao tocar no metal, o rapaz sentiu a pele queimando. Suava como nunca, chegando a ter tonturas com a alta temperatura do local. Ao abrir a escotilha, uma forte onda de vapor e fumaça subiu, causando queimaduras de segundo grau no jovem Delta, que precisou rapidamente se afastar para evitar lesões ainda piores. Agora, o calor subia pela escada, tornando-lhe impossível a passagem, ainda mais para alguém que agonizava de dor por causa de queimaduras. A pele – agora vermelha – principalmente do rosto, braço e ombros do Augusto, sofria com bolhas e o desprendimento de algumas áreas mais afetadas pelo calor. Além da dor, Alex começou a sentir tontura pela desidratação. Não podia aguentar ficar naquele inferno por muito mais tempo. Cambaleou até a escadaria e começou a subir, com o corpo parcialmente queimado e uma fraqueza sem precedentes. 



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