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História Treacherous Destination - Loucuras na Madrugada


Escrita por: _-Ruby-_

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAEEEEEEEEEEOOOOOOOOOO
Olha eu aqui, uhul!
Demorei, mas voltei nessa por****
por favor leiam as notas finais!!!!!
Fiz o cap grande pra compensar o tempo kkkk
Pra quem não lembra nos últimos caps a Safira vou falar com a Ruby na pista de corrida, Jasper e Lapis de beijaram, Peridot começou a beber como uma louca, Pérola e Amy se beijaram, Pérola saiu em alta velocidade com uma moto e Kevin se uniu a Moriah para "derrubar" Ruby.
Sem mais delongas, vamo ler essa joça!
Boa leituraaaaa

Capítulo 16 - Loucuras na Madrugada


Fanfic / Fanfiction Treacherous Destination - Loucuras na Madrugada

Rubi

Eu posso jurar que nunca senti tanto nervosismo quando vi Safira próxima a cerca que limitava a área esportiva. Aquele famoso frio na barriga me dominou numa velocidade que mal consegui respirar. Ela me chamou rapidamente e eu corri em sua direção com brevidade. Com ela de costas para mim, por um momento admirei seus cabelos azuis que a deixavam mais linda que qualquer pessoa nesse mundo. Adoto meu melhor sorriso e quando ela se vira pra mim, sinto minhas pernas tremerem. Seu rosto corado em contraste com os olhos azuis claro fazem meu coração gerar uma batida falha. Salto para o lado que ela está e fico frente a frente com ela.

Seus olhos caminham pelo meu corpo assustados e cheios de luxúria ao mesmo tempo, tento não encarar seus lábios cheios e avermelhados que parecem me atrair como imãs. Começo a caminhar em sua direção calmamente encarando sua boca, ela permanece parada com o celular em mãos. O que você está fazendo Ruby? Não pode beija-la só por que está com vontade! Uma voz interior grita em minha mente, fazendo-me acordar antes de fazer alguma besteira. Desvio meu olhar para os seus olhos que se encontravam dilatados, mesmo com a enorme franja cobrindo boa parte do seu rosto, até um cego poderia ver que está vermelha como um tomate.

- O-oi. – digo, tentando disfarçar minha ansiedade me afastando um pouco.

- Oi Ru-ruby. – ela abaixa a cabeça rapidamente e ajeita um pouco da sua franja atrás da orelha.

- Precisa de minha ajuda para algo já que veio aqui. – sorrio de canto.

- É que eu queria saber se... – vejo seu rosto ficar vermelho de novo.

- Pode falar. – tento encontrar seu olhar, porém ela parece esconde-lo atrás de sua franja.

- Bom, eu queria saber se você algum número de celular pra me passar ou alguma rede social. – ela diz num fôlego só e ri baixinho.

- Você ficou com vergonha de me perguntar isso? – digo, e ela cora mais uma vez.

- Sim, eu fiquei. – ela admite e rio da sua carinha fofa, que vontade de aperta-la.

- Eu adoraria dizer que tenho algumas dessas coisas, mas eu não nem um celular se quer. – digo com certa decepção.

- Eu gostaria de falar com você sem ser apenas na Universidade. – ela diz cabisbaixa. Um silêncio paira entre nós. Tento pensar em algo para resolver isso, como por exemplo, usar o dinheiro da venda de drogas para comprar um celular ou pedir para Amethyst fazer uma conta em alguma rede social pra mim. Vendo que o clima já está meio angustiante, decido falar algo.

- Que tal nós irmos numa sorveteria? – porra Ruby, você não tinha nada melhor pra falar não!? Penso, enquanto a moça me olha em dúvida, sinto meu rosto esquentar quando ela me olha nos olhos.

- Seria uma ótima ideia! – me surpreendo ao escutar isso de Safira, jurava que ela iria dizer não.

- Sério!? Digo... nós podemos ir depois que sair da ducha. – sorrio, coçando a cabeça.

- Claro, eu te espero na entrada da Universidade. – ela sorri de volta. A azulada pega sua bolsa e sai do local acenando para mim. Respirando fundo, dou pulinhos em comemoração, afinal eu vou sair com ela. Seria isso um encontro? Penso por um instante. Se isso for realmente um encontro eu preciso me manter calma, não posso gaguejar de jeito nenhum! Pego minha mochila e sigo para o vestiário rapidamente. Não posso demorar muito, pegaria mal deixa-la esperando demais na frente da Universidade.

Desamarrado meus cabelos e tiro minha roupa úmida por conta do suor como um raio e corro para debaixo do chuveiro. Lavando meus cabelos com um shampoo de lavanda, enxaguo-o e termino a higiene no meu corpo. Pegando uma toalha do armário especial de atletas, me enxugo e começo a me vestir. Um short curto preto com o tecido jeans, uma blusa vermelho sangue com uma faísca desenhada no meio, meus tênis all star pretos e minha típica jaqueta jeans, que também é o meu xodó.

- Pra quem acabou de sair do treino você está bem energética. – uma voz surge por trás de mim, fazendo meu coração quase sair pela boca.

- Pelas minhas estrelas! Você quer me matar do coração! – viro-me rapidamente e dou de cara com uma mulher alta de cabelos negros, olhos azuis, com alguns pingentes no rosto e quase com a mesma altura de Jasper.

- Perdão, eu não queria ser tão mal- educada... – ela sorri docilmente e coloca o cabelo atrás da orelha. - ... meu nome é Moriah.

- Tudo bem, eu só pensei que era uma alma vindo me buscar, mas já me recuperei do susto... – sorrio com o braço atrás da cabeça e logo lhe estendo a mão. - ... meu nome é Ruby, muito prazer.

- Deve ter sido você que arranjou uma briga com o Kevin. – rio com sua afirmação.

- Foi eu mesma.

- Você foi muito corajosa, por acaso você é nova aqui? – ela incentiva uma conversa, mas antes que eu respondesse, checo o horário e lembro-me do meu compromisso com Safira.

- Na verdade eu sou sim, bem... Moriah, eu adoraria conversar com você, mas agora eu preciso ir. – pego minha mochila e deposito um beijo em sua mão.

- Até logo... Ruby. – ao ouvir meu nome saindo da sua boca, uma parte da minha mente entra em alerta, como um sexto sentido. Olhando para trás vejo o quanto seus olhos pareciam sem vida em meio a fumaça que saia da água quente das duchas. Decido ignorar seus olhos torpes e apresso o passo até a entrada da Universidade. Andando mais um pouco, consigo ver os leves fios azuis da garota que me aguardava. Sua pele está em tons alaranjados por conta do pôr do sol. Seus cabelos dançam com a brisa de Outono, que levanta sua franja revelando seus olhos azuis que perfuram até mesmo a parte mais oculta da minha alma. Por um instante eu senti a paz que sempre almejei durante minha vida conturbada. Segurando sua bicicleta, vejo seu sorriso aparecer dentre seus lábios volumosos assim que suas orbes param sobre mim.

- Eu já estava pensando que você não viria mais. – ela sorri timidamente, arrumando a franja sobre o rosto.

- Me desculpe pela demora, apareceu uma garota no vestiár...

- Não se preocupe com isso, o importante é que você está aqui. – meu rosto esquenta com sua afirmação, mas diferente dela eu não tenho uma franja para me esconder.

- Bom... eu não onde fica nenhuma sorveteria aqui. -  rimos.

- Eu conheço uma ótima, perto do centro da cidade.

- Eu não moro aqui a muito tempo, mas sei que estamos muito distantes para irmos de bicicleta. – falo com certo desanimo.

- Falou a garota que correu do parque até não sei aonde. – rimos. Nesse dia eu corri mais que daqui até o centro.

- Já que você está disposta a ir de bicicleta, eu vou pedalar. – digo, sorrindo para ela.

- Acha mesmo que vou deixar uma desconhecida montar no meu bebê? – ela acaricia a bicicleta como se fosse um animal de estimação.

- Você ainda me considera uma desconhecida? – pergunto com cinismo.

- Não faz nem uma semana que eu te conheci senhorita Ruby. – ela se aproxima de mim, mas permaneço parada.

- Então que tal nos conhecermos cada vez melhor? – a surpreendo me aproximando, vejo que seu corpo estremeceu, mas ela permaneceu parada.

- Eu vou deixar você pedalar, mas com uma condição. – ela sorri de canto.

- Qual?

- Você vai ter que comer a quantidade de bolas de sorvete que eu mandar. – rio, subindo na bicicleta azul.

- Isso não é uma condição, é um presente. – rimos e ela sobe sobre os apoios no pneu de trás da bicicleta, apoiando-se em meus ombros. Seguimos o caminho em silêncio, as buzinas e o barulho constante da cidade impediam qualquer tentativa de conversa. Já é de noite, as luzes dos outdoors ofuscam minha visão.

- Aquela ali é a Sorveteria. – me arrepio ao escutar a voz melódica de Safira ao pé do ouvido. Olhando mais para frente, vejo uma placa escrito “Ice Cream Paradise”, em tons de rosa claro. Chegando mais perto vejo o quanto o local está cheio de pessoas que comiam todos os tipos de sorvete como loucas nas mesinhas do lado de fora. Assim que atravessamos a rua, Safira acorrenta sua bicicleta no para ciclo e logo adentramos o recinto. Passando pela porta com desenhos animados de sorvetes, minhas narinas são tomadas pelo aroma de milk-shakes e casquinhas. O visual do lugar é bem anos 80, com mesas próximas a parede e acentos vermelhos imitando sofás para cada qual. Até mesmo as atendentes pareciam estar em outra época, andando com patins pelo lugar e usando roupas cor de rosa e aventais com desenhos engraçados. Uma pequena onda elétrica me percorre ao sentir o ar condicionado do local, que com certeza deve estar frio assim para preservar o sorvete.

- Como vamos comer se não consigo nem se quer ver uma mesa vazia. – digo olhando em volta e vendo apenas pessoas devorando a mistura cremosa.

- Tem uma logo ali. – ela aponta em direção a uma mesa com cinco pessoas.

- Mas tem gente sentada lá. – digo, imaginando que ela não estava enxergando com a franja em seu rosto, porém assim que olho novamente para a mesa as pessoas estão se levantando após pagarem a conta.

- Agora não tem mais. – ela sorri de canto e caminhamos em direção a mesa.

- Como sabia que iriam sair no exato momento que chegamos? – pergunto curiosa, enquanto nos sentamos, uma de frente para a outra.

- Sei lá, acho que eu tive uma visão do futuro. – ela fala com ironia e rimos.

- Acho que agora eu terei que cumprir sua condição depois de pedalar na sua bike. – digo, confiante.

- Você está preparada para o maior desafio da sua vida? – ela gesticula como se fosse um gangster. Respiro fundo e apoio os cotovelos na mesa, me aproximando um pouco dela.

- Estou. – respondo roucamente.

- Eu te desafio a tomar um Mega Cream Triplo com cobertura mista acompanhado com Milk-Shake de chocolate. – ela fala como um vilão de novela mexicana, deixando um de seus olhos a mostra, dando um ar sinistro.

- Sério? Eu pensei que seria algo mais “pesado”. – digo sorrindo em deboche.

- Os únicos que conseguiram tomar um Mega Cream Triplo desde 1987, estão naquele mural. – sem deixar de lado o olhar macabro, ela aponta para um mural de fotos do outro lado da Sorveteria, onde havia apenas duas fotos. Sinto um frio na barriga.

- Pois ao final dessa noite minha foto estará naquele mural. – digo, seguindo seu tom sombrio.

- O caminho que você está seguindo não terá volta. – ela sorri de canto, e acena para uma das garçonetes que logo vem nos atender.

- O que as duas moças desejam? -  uma mulher de cabelos curtos e vermelhos com uma pintinho próxima a boca nos questiona.

- Queremos um Mega Cream Triplo com cobertura mista acompanhado com Milk-Shake de chocolate e.... – antes que ela terminasse todos presentes na loja se surpreendem e olham para nós, inclusive os funcionários nos encaram com surpresa. - ... uma banana Split com cobertura de framboesa.

- Mais alguma coisa? – a mulher estava tão pálida que parecia uma alma.

- Não, obrigada. – Safira diz gentilmente. A mulher se retira e entrega o pedido no balcão.

- Afinal, o que tem de tão extraordinário nesse Mega Cream Triplo? – pergunto.

- Ele é o maior pedido do cardápio e os que estão no mural só conseguiram estar lá por que demoraram dias para terminar de come-lo. – ela fala com a luz do celular abaixo do rosto, como se estivesse contando um filme de terror.

- Ele não deve ser tão absurdamente grande as... – paro de falar ao ver três funcionários trazendo um taça com três bolas de sorvete enormes e várias coberturas e uma cereja em cima.

- Boa sorte. – um dos funcionários fala como se isso fosse uma prova de vida ou morte.

- Isso vai ser mole. – digo engolindo sem seco e tentando disfarçar meu nervosismo. Depois de alguns minutos a banana Split de Safira chega e começamos a comer.

- Não se esqueça que você ainda tem que tomar o Milk-Shake de chocolate. – Safira sorri comendo lentamente.

- Vou...toma-lo... com muito... prazer. – digo entre colheradas.

- Pensei que atletas não comecem alimentos com muito carboidrato. – ela fala em dúvida.

- Atletas podem comer de tudo, só precisam quase se matar pra perder o peso que ganharam no dia seguinte. – digo com um tom vitorioso após terminar a primeira mega bola de sorvete.

- Você vai entrar para o atletismo na Universidade? – ela questiona.

- Sim, a treinadora Bismuth disse que tenho potencial para os jogos. – digo.

- Ela também me falou isso quando fiz testes para correr, mas eu não entrei. – ela diz cabisbaixa.

- Sério?! Nossa eu não sabia que você também corria, por que não aceitou? – questiono-a em surpresa.

- Desde pequena eu sempre fui uma ótima corredora, eu não aceitei por que Kevin me proibiu, agora eu perdi a prática e acabei virando metade sedentária. – ela sorri sem graça.

- Eu quero entender por que você não denunciou ou pediu ajuda em relação ao Kevin. – digo com certa ignorância.

- Pra ser sincera eu achei que eu pudesse muda-lo ou algo assim, mas depois que você apareceu recentemente eu percebi há algo bem maior envolvido nessa história. – ela diz encarando a colher. Ela está certa, afinal eu e Amy descobrimos que ele tem um amante.

- Sapphy... – pego em sua mão livre, fazendo nós duas corarmos com o ato. - ... se você tem que ficar em um relacionamento que é preciso mudar seu parceiro, então isso não é um relacionamento, é uma prisão.

- Talvez um dia eu ache alguém que me liberte e não me aprisione. – ela entrelaça seus dedos nos meus e sinto meu rosto quase explodir.

- Acredito que essa pessoa está mais perto do que imagina. – aperto sua mão. Nesse momento um pequeno choque em nossas mãos passa pelo meu braço e desvencilho nossos dedos.

- O que foi isso? – ela pergunta, suponho que também sentiu o choque.

- Você me deu um choque. – rimos.

- Você que me deu um choque! – ela ri mais alto e logo nos duas estamos rindo como duas bruxas depois de fazer um feitiço.

-  Agora que eu percebi que falta apenas uma bola para acabar com esse Mega Cream Triplo. – digo me vangloriando, mas já sentindo meu estômago quase cheio.

- Na última bola todos começam a sorrir, mas seus sorrisos somem quando sentem que estão quase explodindo de tanto comer sorvete. – o tom macabro em sua voz sai mais sinistro que antes.

- Se eu consegui comer duas em trinta minutos, eu posso comer mais uma e ainda tomo o Milk-Shake. – digo comendo mais uma colherada. Os minutos que segui comendo a enorme bola pareciam não passar. Antes de terminar vi que Safira tinha pedido o maior copo de Milk-Shake de chocolate com espuma que havia na Sorveteria.

- Vamos Ruby, coma. – ela fala com um sorriso totalmente diabólico. Se não for a quantidade de açúcar em meu sangue que está distorcendo minha visão, então não sei o que me fez acreditar ter visto chifres e dentes afiados em Sapphy. Talvez eu esteja delirando.

- Eu estou quase lá... – digo enfiando várias colheradas na minha boca, estou suando frio. Antes de colocar o resto do sorvete na boca, pego o Milk-Shake e começo a toma-lo o mais rápido possível.

- Ruby você não vai aguentar. – a voz de Safira agora está em tom de surpresa e desespero. Os funcionários e clientes ali presentes me encaram em surpresa. Por um instante parece até que estou indo para a fase final de vídeo game e estou prestes a matar o grande vilão. Terminando o Milk-Shake, coloco o resto do sorvete na colher. Tudo a minha volta fica em câmera lenta e quando eu finalmente termino o desafio todos da Sorveteria me aplaudem.

- Pelas estrelas do cosmos, ela conseguiu comer um Mega Cream Triplo em menos de um dia. – um dos funcionários pega uma câmera fotográfica e vem nossa direção.

- Eu disse que ia... ser mole... – digo soluçando, estou quase explodindo.

- Lembre-me de nunca duvidar de você.  – Safira ainda parecia surpresa.

- Poderíamos tirar uma foto sua para o nosso mural? – o funcionário pergunta gentilmente.

- Claro. – me levanto meio tonta e estendo a mão para que Safira se juntasse a mim.

- Você que comeu o sorvete todo, merece estar sozinha na foto. – ela cora um pouco.

- Pare com isso, foi você me desafiou. – puxo-a até um pequeno cenário com desenhos de sorvete atrás. Uma das funcionárias ofereceu alguns chapéus e óculos para deixarmos a foto mais engraçada. Eu apenas tirei minha jaqueta enquanto Sapphy colocou uma touca com a frase “Sad Girl” e um óculos escuro.

- Digam Sorvete! – o funcionário sorri.

- Por favor tire duas fotos. – digo antes que ele aperte o botão.

- Sorvete! – eu e Sapphy falamos juntas. Como a máquina revela as fotos no exato momento que ela é tirada, fazemos outra pose e ele tira outra foto.

- Parabéns pelo seu grande feito, agora eu duvido muito que alguém irá bater seu recorde. – o funcionário me entrega a segunda foto e cola a outra no mural.

- Você teria uma caneta para me emprestar? – pergunto para a garçonete, que logo me dá o objeto. Apoio a foto na mesa e escrevo meu nome e a data de hoje, entregando-a para Safira logo em seguida.

- Por que está me dando essa foto? – ela pega a fotografia e sorri de canto.

- Quero que lembre do dia que eu venci seu desafio e ainda bati um recorde. – sorrio me gabando.

- Acho que até sem a fotografia eu vou lembrar desse dia pra sempre. – rimos.

- Eu também, foi muito... bom – coço minha cabeça sentindo meu rosto enrubescer novamente. Vendo a hora no relógio em forma de sorvete na parede e sinto-me triste por ter que ir embora por estar muito tarde. Após dividir a conta com Safira depois de muito tempo tentando convence-la de que não precisava pagar tudo, conto o dinheiro que sobrou do meu “comércio”. Saindo da Sorveteria, Safira desacorrenta sua bicicleta.

- Quer uma carona até sua casa? – ela sorri gentilmente.

- Na verdade eu não tenho moradia, eu estou no apartamento de Amethyst. – digo com uma pequena vergonha.

- Hm. – ela olha para os próprios pés e rói as unhas, parecia ter ficado com raiva de algo.

- Eu queria te acompanhar até sua casa, mas como eu não andar por aqui com certeza eu iria me perder, e eu não quero que você volte por um caminho bem maior sozinha. – digo sorrindo timidamente.

- Tudo bem, te vejo amanhã? – ela sorri novamente.

- Pode ter certeza. – me aproximo para me despedir. Tento lhe dar um abraço, mas me atrapalho toda. Pelas estrelas Ruby, você esqueceu como se dar um abraço!?  

- Eu não vou te morder Ruby. – ela ri. Meus pensamentos gritam em minha cabeça, até que sinto braços finos me abraçando por dentro da jaqueta. Por alguns segundos permaneci parada pelo ato repentino, mas logo a abracei. Envolvendo meus braços a sua volta, eu pude sentir aquele mesmo choque quando tocamos nossas mãos, porém dessa vez foi mais intenso. Sentindo seus dedos frios sobre minha blusa fina, uma corrente elétrica parece gerar um força de atração entre nós duas. Fecho meus olhos e aperto-a contra mim.

Uma guerra dentro de mim parecia começar. Meu coração suplicava freneticamente que eu ficasse dentro desse abraço para sempre, enquanto minha dizia que tinha que ir embora antes que algo mais forte crescesse dentro de mim... mas eu não consigo me mexer. Um misto de sentimentos estremece meus circuitos, Safira está mexendo comigo de uma forma cada vez mais profunda. A sensação de calmaria começa a surgir, o mundo parece estar parado, há apenas eu e ela dentre tantas pessoas e acontecimentos. Abrindo meus olhos, me repreendo por ter que parar esse momento. Com certeza guardarei esse momento como um dos mais difíceis da minha vida.

- Até amanhã. – digo folgando meus braços. Nos desgrudamos e vejo que sua franja está completamente bagunçada, levo minha mão até seus cabelos e retiro a franja do seu rosto. Olhando para aqueles olhos completamente azuis, perco a sanidade por alguns segundos, mas logo retomo a realidade.

- Cuidado para não se perder. – ela diz sorrindo e logo começa a pedalar em direção a sua casa, eu suponho. Aceno com a mão em despedida e começo a andar em direção ao apartamento de Amethyst. Por todo o percurso relembrei desse fim de tarde na Sorveteria. Foi tão agradável e interessante estar com ela, eu nunca imaginaria que a garota que eu salvei de assalto iria tomar sorvete comigo um dia. Chegando no edifício, entro no elevador e espero que chegue ao andar certo. Retiro as chaves que Amethyst me deu e entro no apartamento dando de cara com a roxeada que parecia ansiosa com algo. Não escuto bem o que ela diz e sinto apenas um tecido sendo arremessado em meu rosto. Sem pensar muito banho-me rapidamente e visto o vestido extremamente colado. Apesar de não ser meu estilo, acho que ele ficou bom em mim.

- Aonde nós vamos? – pergunto assim que saímos do apartamento.

- Numa festa na casa de Greg... – ela afirma e entramos no elevador. - ... Ruby arruma esse cabelo, parece que você estava andando de moto.

- Pelas minhas estrelas, ele está mais rebelde que o normal. – digo assustando-me ao ver meu reflexo no espelho. Tiro minha faixa tradicional e o arrumo jogado para o lado.

- Eu acho seus olhos tão lindos, por que não destaca mais eles? – Amy estende a mão com um delineador e um rímel. Penso em negar, mas sou vencida pela curiosidade de ver eu mesma com alguma maquiagem. Após alguns minutos finalmente consigo acertar o contorno, com a ajuda de Amy, obviamente. Me olho no espelho e tomo um susto ao me ver tão diferente. Acho que passarei a usar maquiagem. Amy pediu um taxi e seguimos para casa de Greg. Ela me parece muito ansiosa.

- Por que está tão nervosa? Nunca foi a uma festa? – debocho.

- Claro que eu já fui em festas, mas eu tenho certeza que essa será inesquecível. – ela sorri como se tivesse ganhado um cachorro quente. Seguimos o resto do caminho em silêncio até finalmente chegar à casa do rapaz cabeludo. Tinha dois andares e um visual muito agradável. Entrando no local, vejo muitas pessoas dançando na sala onde havia um DJ tocando música eletrônica extremamente alto.

- Vocês vieram! – tomo um susto ao ouvir a voz de Rose atrás de mim.

- Que bom que está aqui, Rose. – não sei por que, mas senti um tom de ironia na voz de Amy.

- Se vocês quiserem algo para beber ou comer, Emerald está ali para servir vocês. – a mais alta aponta para um balcão cheio de pessoas com sede de álcool, sendo servidas por outras pessoas seminuas.

- Eu vou pegar uma batida, já volto. – Amethyst praticamente corre até o balcão. Rose se distancia e sai em busca de alguém no meio das pessoas dançando. Depois de alguns minutos, Amy volta com um sorriso suspeito no rosto.

- Você foi apenas buscar uma bebida ou fez outras coisas? – pergunto, estreitando os olhos para ela enquanto vamos em direção a Rose e Greg.

- Apenas buscar uma bebida. – ela pisca pra mim.

- Eu acho que vou tomar mais um copo de Vodka. – Rose está visivelmente embriagada, tentando se manter de pé apoiada em Greg.

- É melhor você não tomar mais nada. - Greg diz, tentando senta-la no sofá.

- Amy, acho melhor ligarmos para a namorada de Rose e pedi-la para busc... – antes que eu terminasse minha frase, uma mulher alta, albina de cabelos curtos se aproximar e beijar Amethyst com tudo. Olhando melhor a cena, percebo que a tal mulher é na verdade a namorada de Rose. Todos que estão mais próximos na pista de dança, encaram a cena com surpresa, até que Rose se levanta e puxa a mulher pelo braço, levando-a para fora da festa enquanto Amy permanece parada, em choque.

- Ah cara, isso vai dar problema. – Greg leva as duas mãos até a cabeça.

- O que diabos foi isso? – digo indo em direção ao balcão pegar um suco.

- Ela... me beijou? – Amy olha para o nada.

- Amethyst não crie expectativas, elas são namoradas. – digo seriamente.

- Acho que depois desse beijo, isso vai mudar. – ela beberica de seu copo e volta para a pista de dança.

- Aqui está seu suco. – Emerald me entrega um copo. Olhando para todos, percebo que a maioria estava ingerindo LSD, que por acaso fui eu que vendi. Esses universitários de Beach City consomem mais drogas que New Jersey e Empire City juntas. Depois de quase meia hora rindo de Amy tentando dançar hip hop no meio daquela gente toda, eu fui convencida por Jasper a cuidar de Peridot, que estava bem alterada numa das mesas distantes de mim. Sei que Jasper quer algo a mais com Lapis, e depois que mentimos dizendo que salvamos o carro dela, agora será mais fácil conquista-la... se a azulada não levar em consideração o fato de Jasper quase ter matado seu amigo loiro.

Devo admitir que faz tempo que não curto uma festa com tantas emoções. Me pergunto se vai acontecer mais alguma coisa louca aqui a qualquer momento. Olhando em volta, percebo que há muitas pessoas indo em direção a mesa que Peridot está sentada. Decido me aproximar enquanto Amy se agarra com várias pessoas na pista de dança.

- Cinquenta e seis! Cinquenta e sete! Cinquenta e oito! .... – vejo que em cima do móvel há vários copinhos com líquidos de cores diferentes e alguns com algo dissolvendo no fundo. Boa parte deles está vazio pois pelo o que me parece Peridot está tomando todos eles enquanto vários jovens bêbados gritam a sua volta. Pelas estrelas da galáxia Warp! Jasper vai arrancar minha cabeça quando souber que não cuidei direito da amiga de sua futura namorada. Penso rapidamente e vou empurrando as pessoas a minha frente até chegar em Peridot e impedi-la de tomar mais um copo.

- Hey, acho melhor parar por aqui. – digo calmamente. Ela me olha e estreita os olhos, seus cabelos estão bagunçados e seu olhar embargado, ela com certeza já passou dos limites.

- Quando você for minha mãe conversamos. – seu hálito carregado de álcool quase me deixa embriagada.

- Eu acho que você não vai querer ter uma overdose. – tento manter a paciência enquanto escuto as pessoas em volta da mesa reclamando que eu interrompi tudo.

- E se eu quiser... ninguém...vai se importar... mesmo. – ela diz entre soluços, tentando abrir uma garrafa de Smirnoff.

- A Lapis com certeza vai se importar... – ela me encara por um momento e abaixa a cabeça. – ... eu vou chamar minha amiga e nós vamos deixa-la em casa. – dizendo isso, saio logo em seguida em direção a pista de dança atrás de Amethyst. Há muitas pessoas amontoadas dançando, mal consigo passar entre elas. Quando finalmente vejo as madeixas roxas de Amy, percebo que ela sentada numa poltrona no canto do recinto, com uma garota no seu colo.

- Eai Ruby, curtindo a festa? – sua dificuldade em falar entregava seu estado alcoólico.

- Amethyst precisamos ir, Jasper pediu que eu deixasse Peridot em casa e eu não vou deixar você aqui sozinha nesse estado. – falo rapidamente, retirando o copo de sua mão.

- Peridot? – ela se levanta rapidamente quase derrubando a garota de seu colo contra o chão.

- Sim, ela está totalmente embriagada. – começamos a andar de encontro a mesa que ela está.

- Você sabe onde ela mora? – Amy parecia ter ficado sóbria de um segundo para o outro.

- Pretendo perguntar assim que... – antes que terminasse a frase, vejo que Peridot não está mais na mesa.

- Você tem certeza que ela estava nessa mesa? – Amy questiona.

- Absoluta. – engulo em seco.

- Ela deve ter ido ao banheiro. – a roxeada sobe as escadas rapidamente enquanto procuro no andar de baixo da casa. A única coisa que vejo são jovens loucos roçando uns nos outros. Meu coração acelera quando vejo Amy descer com o semblante preocupante.

- Eu não vi ela aqui embaixo. – digo quando nos encontramos perto da porta de entrada.

- Eu fui lá em cima em todos os quartos e banheiros, nenhum sinal dela. – Amy começa a roer as unhas.

- Pra onde será que ela foi tão bêbada?! Precisamos encontrá-la. – saímos rapidamente de dentro da casa.

- Precisamos ficar calmas, ela não vai fazer nenhuma besteira. – Amethyst amarra seus cabelos em um rabo de cavalo.

- Pessoas fazem muita merda quando estão alcoolizadas, acredite em mim, eu sei disso. – minha voz saí mais preocupante do que imaginei.

- Okay, vamos pensar! Se ela veio com a Lapis e ela não está aqui e nem o carro dela, então Peridot deve estar caminhando sem rumo. Ainda podemos alcança-la. – Amy fala num único fôlego.

- Como vamos fazer isso sendo que tem vários caminhos aqui? – pergunto.

- Talvez alguém possa nos ajudar. – Amy pega o celular e começa teclar freneticamente.

- O que está fazendo?

- Chamando alguém que é próxima de Peridot. – ela espera por um momento até que o celular avisa sobre uma nova mensagem com “plim plim”.

- Você está mandando mensagens pra Lapis!? Vai estragar o momento com a Jasper caralho! – retiro o celular de suas mãos rapidamente.

- Já estou a caminho! – leio em voz alta, mas o surto que eu deveria ter é substituído por um ataque cardíaco ao ler o nome que está no chat. Safira.

 

Safira

Acredito que essa pessoa está mais perto do que imagina.

Sua voz tão forte e confiante não para de gritar em minha mente. Quando seus lábios tão sedutores formaram essa frase eu senti um terremoto gigantesco que abalou as estruturas que eu mesma nem sabia que tinha. Seu olhar tão intenso, o toque dos seus dedos, o seu espirito competitivo, seu sorriso... tudo parece a combinação perfeita para um “felizes para sempre”. Estou a horas sentada de frente para o espelho, olhando para foto que tiramos na sorveteria. Eu queria ter me aproximado mais dela, mas fiquei com medo dela recuar. Quando vi que ela havia assinado seu nome e que me entregaria a foto, meu coração bateu falho.

Abro meu caderno ainda com os pensamentos em Ruby, afinal preciso estar com o conteúdo em mente para a prova da semana que vem. Depois de quase duas horas lendo e relendo cada página deste caderno, vejo que já é quase meia noite. Vou em direção ao banheiro rapidamente, pego minha escova de dentes azul clara e encaro-me no espelho. Meus cabelos estão bagunçados e meu rosto não está tão pálido quanto antes. Os hematomas ainda estão meio visíveis em minha face, mas estou surpresa por parecer mais... feliz. Seria esse o efeito de uma paixão?

Prendo minha franja em cima da cabeça e percebo o quanto estou diferente. Começo a escovar os dentes ainda me encarando no espelho e relembrando de como eu era antes de conhecer Kevin. Por que eu achei que seria tudo perfeito mesmo o considerando como um amigo? Por que achei que poderia muda-lo? Pelo cosmos, como eu pude me jogar tão fundo numa pessoa tão rasa? Em meio a tantos questionamentos acabo de perceber que estava escovando os dentes tem creme dental. Merda.

Depois de escovar os dentes de verdade, deito-me na minha cama. Porém, o tão esperado sono pareceu me abandonar. Fecho os olhos e tudo que preenche minha cabeça é o sorriso de Ruby. Começo a rolar na cama de um lado para o outro tentando puxar o sono do fundo dos meus olhos, mas tudo que consigo alcançar é apenas ela. Pego meu celular e tomo um susto ao ver que são duas e quarenta da manhã. Muito Obrigada Ruby, você invadiu minha mente e ainda por cima retirou o meu sono. Levanto-me e vou em direção a cozinha com o intuito de tomar um copo de leite, vai que dá sono.

Plim Plom.

O som do meu celular em minhas mãos me assusta, quase me fazendo derrubar o aparelho no chão. Olhando as notificações, vejo que acabei de receber uma mensagem de Amethyst pelo BeachBook. Abro-a rapidamente.

- Safira, Peridot sumiu, precisamos de ajuda para acha-la. – meu coração falha numa batida ao imaginar minha mais nova amiga...morta! Calma Safira, respira, ela deve ter apenas se perdido. Pelas estrelas do universo, tomara que essa sensação ruim dentro de mim não seja relacionada a ela!

- Onde vocês estão? – respondo.

- Na casa do Greg, no bairro Stars. – lembro-me dessa casa, já fui em uma festa lá. Greg com certeza dá as melhores festas.

- Já estou a caminho! – respondo velozmente e corro para o quarto vestindo uma blusa folgada, uma saia jeans e um tênis. Prendo meu cabelo bagunçado num rabo de cavalo deixando apenas minha franja solta. Saindo do apartamento tranco a porta e ainda sentindo essa maldita sensação ruim, decido descer pelas escadas. Em menos de dois minutos já estou desacorrentando minha bicicleta e indo a todo vapor em direção ao bairro Stars. Já posso sentir minhas pernas dormentes depois de pedalar tanto, até que finalmente consigo avistar a casa de Greg. O local está em tremores pela música alta e há várias luzes saindo por cada canto da enorme mansão. Chegando mais perto consigo ver duas pessoas andando de um lado para o outro um pouco à frente da entrada da casa. Reconheço as madeixas roxeadas de Amethyst amarradas em um rabo de cavalo e ao seu lado uma silhueta moldada num vestido colado com uma jaqueta por cima, cabelos jogados levemente para o lado sem sua habitual faixa na cabeça e um olhar marcante que se encontra com o meu. Minhas pernas param de pedalar e quase caio com tudo ao se chocar com a calçada.

- Você está bem? – escuto a voz rouca de Amy.

- Sim, eu poderia ter rasgado minha cara inteira, mas estou ótima. – digo arrumando minha saia. Ainda bem que estou de short por baixo, vai que alguém acabasse vendo minha xanaina.

- Desculpe por perturba-la a essa hora, nós realmente não sabíamos o que fazer. – Ruby se aproxima como uma deusa e por instante minha pressão cai.

- Quando foi a última vez que vocês viram ela? – pergunto.

- Peridot estava numa mesa enchendo a cara. – Ruby parecia tensa.

- Agora nós precisamos acha-la, ela pode acabar fazendo uma besteira. – Amethyst fala, começando a andar e logo sendo seguida por mim e Ruby até o final da rua.

- Ela pode ter ido por três caminhos, aquele vai para a ponte que levanta... – aponto para a direita. - ... aquele vai para o Centro... – aponto para a esquerda.

- E essa vai para a praia, que seria o mais traiçoeiro. – Amy me interrompe apontando para o caminho do meio.

- Eu vou pelo caminho da praia, Amy pelo da ponte e Sapphy segue com o do Centro. – Ruby gesticula com liderança. Eu e a roxeada confirmamos com a cabeça.

- Tome cuidado Ruby, esse caminho é realmente muito perigoso. – Amy fala com receio.

- Perigo? Eu rio na cara do perigo! HAHAHA. – rimos da sua coragem, mas não posso evitar me preocupar. Nos dividimos e sigo andando pelo caminho do Centro. A cidade ainda estava acordada, com luzes por toda parte, pessoas saindo de baladas e festas e muitos jovens bebendo no meio da rua. Depois de pedalar por mais cinco minutos, percebo que há um carro me acompanhando. Olhando para trás, vejo a Ferrari amarela de Kevin com os faróis quase me cegando. Sinto um frio na barriga, um instinto de fugir dele começa a tomar minha mente. Avisto sua face dentro do carro, ele estava sorrindo de canto e por um impulso eu desço da bicicleta e fico de pé na frente do carro, encarando-o. Chega de fugir desse otário.

- Você acha que não vou te atropelar? – escuto-o dizer.

- Se quisesse já tinha feito isso. – digo rispidamente.

- Você me conhece... – ele ri e desce do carro, andando com as mãos nos bolsos ele fica frente a frente comigo. - ... você perdeu a noção do perigo? – ele toca meu rosto.

- Talvez. O que você quer comigo?

- Nós ainda somos namorados amorzinho, lembra? – ele debocha.

- Somos? Deixe-me resolver isso... – respiro fundo e finjo tristeza. - ... Kevin eu quero terminar nosso namoro, mas não se sinta triste, o problema sou eu e não você.

- Desde quando você é sínica desse jeito? – ele me encara com desdém.

- Desde que eu percebi que não tenho mais medo de você. – omito. Ele gargalha.

- Não é o que parece.

- Você acredita se quiser. – viro-me rapidamente e vou em direção a minha bicicleta, subindo logo em seguida.

- Sua coragem é muito bonitinha, mas saiba que nem mesmo Ruby pode te proteger de mim. – ele se apoia no carro com um canivete em mãos e me encara. Engulo em seco e volto a pedalar, agora sem esse estrume me seguindo. Passando da esquina, deixo minha respiração fluir e sinto o alívio em minha alma. Eu consegui encarar ele! EU CONSEGUI! Meus pensamentos gritam e começo a sorrir para o nada. Sinto como se um peso tivesse saído de cima de mim, mas não totalmente.

“Plim Plom”

O som da notificação do meu celular me desperta de devaneios felizes. Paro de pedalar e pego-o rapidamente. Vejo que há uma mensagem de Amy e abro-a na velocidade da luz.

- Safira vá atrás de Ruby e venham para a ponte AGORA! – me assusto de início, mas logo pego um atalho para a praia. Diferente do Centro, tudo estava escuro e tenebroso. O único som que eu escuto e das batidas do meu coração. Continuo pedalando, até que uma sensação ruim me atinge. Olho em volta e não vejo nada além de sacos de lixo e lixeiras reviradas. Acelero rapidamente ao escutar passos atrás de mim.

- Ruby! – começo a chama-la no meio desse breu angustiante, mas não recebo nada em resposta. Minhas pernas perdem força e com tanto medo me consumindo reluto em parar um pouco. Vejo que há um poste um pouco distante de mim que está piscando, mas aceso. Paro debaixo da luz procurando fôlego.

- A mocinha não deveria estar aqui... – meu corpo congela ao escutar um voz próxima a mim, como um sussurro. Viro-me rapidamente com o intuito de acertar-lhe um soco, mas meus braços são segurados. - ... ei, sou eu! – Ruby ri baixo.

- Você quer me matar do coração?! Eu poderia ter dado um belo soco em você. – deixo bem evidente minha revolta.

- Com essa posição? Até uma preguiça poderia desviar... – sinto meu rosto esquentar de raiva, mas tento me manter calma e antes que eu respondesse sinto as mãos firmes dela em meus braços, por trás. - ... mantenha sua perna de apoio atrás para não perder o equilíbrio, junte os braços rentes ao peito... – sua voz tão próxima aos meus ouvidos me causa calafrios. - ... se o seu adversário tentar lhe acertar você segura seu braço e com a outra mão lhe acerta um soco na garganta.

- Seus métodos de ensino são um tanto curiosos, levando em conta que estamos no meio do nada. – digo. Ela ri.

- Nunca é tarde para aprender algo novo.

- Eu gostaria de aprender muitas coisas com você, mas Amethyst me mandou uma mensagem dizendo para irmos até a ponte. – digo com decepção, afinal eu estava curtindo ficar aqui nesse lugar extremamente perigoso com a Ruby.

- É melhor nos irmos logo. – ela fala seriamente, sobe na bicicleta e eu me posiciono no apoio do pneu, segurando em seus ombros. Ela começa a pedalar velozmente com suas pernas musculosas, nem sei como ela está conseguindo pedalar com esse vestido colado. Em menos de cinco minutos nós chegamos ao início da ponte, até que finalmente vemos Amy séria, encostada na grade que separa os carros dos pedestres e olhando para cima.

- O que aconteceu? Você achou Peridot? – falo saltando da bicicleta e me aproximando.

- Sim, eu achei. – ela me olha com certo desespero e aponta para cima. Sinto um palpitar forte ao ver Peridot nos apoios de metal com uma garrafa na mão olhando para baixo.

- Peridot, desça daí agora! – grito, mas ela nem se quer me olha.

- Eu já tentei chamar sua atenção, mas ela também não me escutou. -  Amy diz rapidamente.

- Como vamos tirar ela dali? – Ruby pergunta, andando de um lado para o outro.

- Eu vou subir lá em cima. – Amy toma a frente com firmeza.

- O QUE?! – eu e Ruby falamos juntas.

- Você está louca?! Você pode acabar caindo! – Ruby segura seu braço.

- Qual é Ruby, ela subiu até ali bêbada e eu estou totalmente sã. – a roxeada se desvencilha de suas mãos e se prepara pra subir.

- Já chega, eu chamar os bombeiros. – digo, já pegando o celular.

- Isso não vai adiantar, até eles chegarem ela já vai estar no fundo do mar. – Amethyst nos encara por um instante e começa a subir. Depois de três minutos eu e Ruby observamos atentamente o que parecia ser uma conversa entre Amy e Peridot. Começamos a andar de uma lado para o outro, minhas unhas já estão quase sumindo de tanto que as rui. A mulher ao meu lado não parava de estalar os dedos e bater os pés. Esses com certeza foram os quinze minutos mais perturbantes da minha vida.  Quando vemos Amy ajudando Peridot a descer quase gritamos de alegria. Espera um minuto... Pery está usando um vestido meu?

- Eu preciso dormir um pouco. – Peridot diz ao chegar no chão.

- Antes vamos te dar algo para comer, onde fica o posto de gasolina mais próximo? – Ruby pergunta.

- Há dez minutos daqui, andando. – respondo.

- Tomara que loja de conveniência de lá esteja aberta. – Amy diz, ajudando Peridot a andar contando com Ruby. Percorremos quase todo o caminho em silêncio e parando por alguns minutos para que Peridot vomitasse tudo que ingeriu. Avistando a placa iluminada do posto, logo chegamos até lá e entramos na loja de conveniência.

- Vou pegar uns salgadinhos e uns doces. – digo acorrentando minha bicicleta.

- Pega também uns refrigerantes, essa aventura me deixou com sede. -  Amy diz, agora ajudando Peridot a se sentar em uma das mesinhas do lado de fora.

- Aventura? Isso pra mim foi quase um filme de terror. – digo um pouco tensa ao imaginar Peridot morta. Compro aqueles salgadinhos maravilhosos com alto teor de gordura, uma garrafa de refrigerante de dois litros e vários doces. Depois de pagar, vou em direção as mesas me juntar as garotas. Havia uma senhora na outra mesa, ela parecia estar impaciente.

- Irineu! – ela gritou em direção a um carro preto.

- Você não sabe nem eu! – Amethyst gritou, fazendo Peridot e Ruby gargalhar, eu comecei a rir baixo me aproximando da mesa. Até que as gargalhadas param do nada ao ver um homem de dois metros de altura sair do carro vestido como um segurança. Peridot continuou rindo baixo enquanto o homem nos encara com um carranca horrível. Posso jurar que até a senhorinha riu disso. Nós devoramos tudo que tinha ali velozmente. Me pergunto por que diabos uma velhinha estaria num posto de gasolina a essa hora, vai entender.

- Está se sentindo melhor Peridot? – pergunto para a loira.

- Depois de comer tanta besteira eu acho que estou pior. – ela diz num tom de brincadeira.

- Caraca, já está amanhecendo. – Amy diz vendo as primeiras cores que delatam a chegada do Sol ao horizonte.

- Daqui duas horas vamos ter que ir pra aula. – Ruby fala com tristeza.

- Nada que três garrafas de café não resolvam. – Peridot diz, nos fazendo ir por alguns segundos.

- Pelo menos nós já tomamos café da manhã. – digo tomando mais um copo cheio de refrigerante.

- Esse tanto de besteira vai me manter acordada por uma semana. – brinca Ruby.

- Antes de irmos embora, vocês poderiam me dizer por que foram numa festa no meio da semana? – pergunto, levantando uma das sobrancelhas.

- Eu pensei que hoje era sexta. – Amy tenta mentir.

- Eu fui por que eu queria curtir, conhecer alguém. – Ruby sorri para si mesma. Sinto uma ponta de raiva com esse “alguém”.

- Eu fui por que minha amiga chata do caralho que tem uma queda maior que as cataratas do Iguaçu por uma montanha de músculos, me obrigou a ir com ela. – Peridot revira os olhos.

- A Lapis? – Amy pergunta.

- Quem mais poderia ser? Eu só tenho ela como amiga. – Peridot enfia vários doces na boca.

- Relaxa, não precisa quase me dar um tiro. – Amethyst solta os cabelos e encara Peridot.

- Eu com certeza poderia fazer isso depois que você beijou aquela garota. – Peridot fala extremamente baixo, mas minha audição nunca me deixou na mão. Encaro-a enquanto Ruby e Amy se olham, tentando entender o que ela disse.

- O que disse? – Amy pergunta. Peridot olha para o chão.

- Ela pediu desculpas por ter pego meu vestido sem autorização. – falo calmamente. É obvio que eu não me importei com o fato dela ter pego o vestido, eu só quis ajuda-la. Retirando um pouco da franja do meu rosto, pisco para ela disfarçadamente. Ela sorri de canto.

- Sabe Peridot, agora você não tem só a Lapis como amiga. – Ruby fala, sorrindo lindamente como de praxe.

- Como assim? – ela fala com a boca cheia.

- Depois de tudo que aconteceu essa noite, acho que somos mais que conhecidas de universidade. – Ruby gesticula.

- Ninguém além da Lapis quis ser meu amigo. – ela sorri de canto.

- Nós sentimos lisonjeadas por termos feito isso. – Amy beija a mão de Peridot, fazendo-a corar.

- Acho melhor nós irmos para casa nos arrumar, daqui a pouco tem aula. – Peridot desvia o olhar e se levanta.

- Mesmo gostando muito de estar aqui com vocês, concordo com Peridot, precisamos ir. – digo, indo em direção a minha bicicleta para desacorrenta-la.

- Você consegue andar direito? Está se sentindo tonta ainda? – Amy se aproxima de Peridot com preocupação.

- E-e-eu estou bem... – a loira se distancia dela. - ... obrigada por me ajudar. – Isso foi tão surpreendente quanto o final da segunda temporada de Sense8.

- D-de nada, se precisar de mim é só gritar. – Amy pisca pra ela.

- Você me escutaria do outro lado da cidade se eu gritasse? – Pery pergunta, tentando achar lógica em sua frase, típico de nerds.

- Eu não sei, talvez sim. – rimos enquanto Pery revira os olhos.

- Acho que agora temos que nos despedir. – Ruby fala, bocejando.

- Essa madrugada foi uma das mais loucas da minha vida. – Amy diz rindo.

- Tenho que concordar. – Peridot diz, encarando um ponto fixo, com certeza está se lembrando de algo.

- Vamos poder falar disso no horário de refeição daqui a pouco. – Ruby diz.

- Verdade. – todas damos de ombros.

- Até daqui pouco. – Amy manda um beijo no ar pra mim e dá um leve selinho da bochecha de Peridot, que fica mais vermelha que um pimentão. Rio baixo e me aproximo de Ruby.

- Bem..., até logo. – digo timidamente. Ela sorri de canto e retira a franja da frente dos meus olhos.

- Até logo. – ela pisca pra mim e sorri. Esse maldito sorriso, que faz meus neurônios pararem. Não consigo evitar encarar seus lábios rubros e chamativos. Os piercings prateados abaixo de seu lábio inferior lhe dão um charme a mais. Uma vontade incessante e fora do comum de beija-la me invade. Meu corpo está se movendo por conta própria, me aproximo cada vez mais dela, a mesma não recua, apenas me olha nos olhos. Já imagino o gosto da sua boca quando sinto sua respiração quente se misturar com a minha. Safira o que está fazendo? Você vai assustar ela, sua atirada! Um pensamento me faz desviar para a esquerda, assim beijo uma boa parte da sua bochecha e um cantinho dos seus lábios. O contato da minha boca gélida com sua pele quente, gera um pequeno choque. Consigo sentir seu piercing do lado esquerdo encostando na minha pele. A maciez da sua pele e esse cheiro tão viciante quase levam o resto de sensatez que eu ainda tenho desde que a conheci. Termino esse pequeno gesto antes que eu perca o controle e a beije aqui mesmo. Me distanciando, consigo ver sua feição de surpresa e o ruborizar em sua face. Sorrio rapidamente e subo na minha bicicleta, já sentindo meu coração explodir. Peridot sobe no apoio do pneu e eu começo a pedalar em direção ao meu apartamento. Passando de três quadras do posto de gasolina, meu coração ainda está quase saindo pela boca e isso me faz começar a rir do nada.

- Safira, você está bem? – escuto a voz nasal de Peridot próxima ao meu ouvido.

- Melhor do que nunca. – respondo quase gritando. Assim que chegamos no meu humilde lar, deixo que Peridot tome banho primeiro. Depois de trinta minutos nós duas já estamos prontas para ir a universidade. Antes de chegarmos, passamos em uma cafeteria e compramos copos de quase um litro de café. Já não basta eu não ter dormido acabo de me lembrar que hoje terei aula com o professor mais rígido desse país! Quem estiver com meu boneco vodu, por favor faça ele ficar acordado.

 

Lapis Lazulli

Impulsão. Talvez seja essa a palavra que define tudo que fiz minutos atrás. Porém a palavra desejo também possa definir cada detalhe. Sabe aquelas típicas histórias de jovens que tem quedinhas por ídolos esportivos? Eu pensei que me encacharia nisso quando vi Jasper treinando pela primeira vez no campo principal da Universidade, mas o que seria um tesão pelo corpo másculo ou um suspiro a cada jogada de cabelo dela, virou algo maior que eu ainda não consigo compreender.

Quando eu a vi lendo Harry Potter e postando fotos com sua cadela eu passei a enxergar uma dama por trás da fera. Todos naquela Universidade a julgam como um monstro irredutível, algo que não pode ser controlado e sim algo que controla. Porém quando eu olhei em seus olhos naquele vestiário, eu percebi que a fera na verdade é cada pessoa que julga a outra por sua aparência e convicção. Eu não vi o monstro de sete cabeças, eu vi a Jasper. E agora isso não parece aquele velho clichê, pois nele a garota ama o otário do jogador mesmo ele sendo um idiota e no meu caso eu sinto algo por ela por que ela é maravilhosa.

Meus sentimentos ruins e meu pessimismo que vieram com essa maldita e perturbadora depressão sumiram no meio desses lábios tão irresistíveis. Eu não pude aguentar vê-la tão próxima de mim, eu tive a sensação que poderia perde-la, que ela poderia escapar por entre meus dedos e então, me deixei levar. O que me surpreende é que ela retribuiu o meu ato mal pensado e meu peito explodiu quando me deixei afundar no mar e nas ondas fortes do toque de sua boca e no movimento de sua língua contra a minha.

A música ainda toca no fundo, estamos paradas sentindo o gosto de cada uma. Porém por um momento meu senso me desperta. O que diabos eu estou fazendo? Jasper mal me conhece, com certeza iria se distanciar de mim se conhecesse, isso acontece quase o tempo todo... meus pensamentos voltam a realidade e mesmo relutando, paro meu contato com os lábios da mulher estupefata a minha frente. Encaro o chão rapidamente, antes que ela abrisse seu olhos cor de mel que desestabilizam meu sistema nervoso. Sinto seu olhar sobre mim e logo suas mãos tocam minha face.

- O que houve? Eu fiz algo de errado? – ela me questiona e logo encaro-a.

- Não, você não fez nada de errado.

- Então por que você parou? – Jasper vai direção ao seu celular e pausa a música.

- Eu não deveria ter te beijado, me desculpe por isso. – digo andando até a beirada do coreto e encarando a água calma que vez ou outra balançava com a brisa de Outono.

- Eu sei que sou muito irresistível então compreendo sua parte. – ela joga os cabelos para trás e acabo rindo do seu comentário, que não deixa de ser uma verdade.

- Tirando seu charme, eu a beijei por impulso e isso foi errado. – suspiro.

- Errado por que não nos conhecemos como velhas amigas desde a infância? – ela pergunta em um tom de sarcasmo.

- Errado por que talvez você não sinta o que eu sinto. – respondo, tirando meus sapatos e colocando minha pequena bolsa no chão de madeira. Jasper me olha em dúvida e permanece em silêncio por alguns segundos.

- Uma vez minha mãe me contou a história de como ela conheceu meu pai. – Ela também retira seus sapatos e sua jaqueta de couro preta, sentando-se na beirada de coreto e batendo levemente sua mão sobre a madeira, pedindo que eu sente ao seu lado.

- Deixe-me adivinhar: eles trocaram olhares e descobriram e eram almas gêmeas? – digo, brincando e sentando ao seu lado, depositando meu pés sobre a água gélida do lago.

- Sua hipótese foi boa, mas não foi isso que aconteceu. – Jasper ri roucamente ao ver minha cara de decepção por ter errado.

- Suponho então, que tenha demorado para eles se apaixonarem.

- Quase isso. Minha mãe tinha quinze anos quando eles se conheceram. Ela era uma apostadora fora da lei que vivia de encrencando, meu pai era um escoteiro dedicado. Um dia minha estava fugindo da polícia no meio da floresta onde meu pai acampava com um grupo de amigos. Ela acabou se escondendo na barraca dele.  – ela faz uma pausa e tira um broche de dentro do bolso da calça.

- Continue.

- Meu pai não entendeu nada quando aquela moça louca entrou em sua barraca. Ela ficou lá até os polícias desistirem. Minha mãe saiu da barraca e antes de ir embora agradeceu meu pai por esconde-la. Depois de três anos, meu pai foi se alistar para o exército e minha mãe estava cumprindo trabalho comunitário depois de roubar uma loja e ser presa. Quando meu pai viu ela limpando o vidraça de uma loja no caminho para o alistamento, ele parou o carro e ofereceu uma carona para ela. Mesmo sabendo que não podia aceitar, ela foi com ele, até chegar nesse mesmo local. – ela me encara e sorri de canto.

- Sua mãe era muito louca. – rimos e ela dá de ombros concordando.

- Acho que puxei a ela. – ela diz, se gabando.

- Depois que eles vieram aqui, sua mãe foi presa novamente?

- Oh, não... – ela ri e olha para o broche. - ... ela e meu pai ficaram horas aqui, se encontraram durante dias e noites. No final, ambos descobriram que o amor não está nos “apostos se atraem” ou nas “almas gêmeas”, ele está onde há um sentimento reciproco. Meu pai me deu esse broche, que é o mesmo que ele usou quando minha mãe invadiu sua barraca, ele me disse que o objeto lhe deu a sorte que precisava para achar o amor da vida dele. – ela engole em seco e suspira. Seus olhos parecessem se perder na paisagem cheia de vagalumes a nossa volta.

- Jasper? Está tudo bem? – desperto-a.

- Eu sinto tanta falta dele.... – observo que seus olhos relutam em derramar lágrimas. - ... as vezes eu me pergunto se ele realmente vai voltar.

- É claro que ele vai voltar! ... – digo, colocando minha mão sobre a dela e procurando seu olhar. - ... tenho certeza que ele fará de tudo para ficar com você e sua mãe novamente.

- Você é incrível Lapis. – ela penetra meus olhos com suas orbes. Sorrio de canto e ela retribui.

- Você que é. – digo tirando seus cabelos bagunçados de cima dos seus olhos.

- Eu sei ... – ela joga os cabelos para trás de novo, fazendo-me rir. - ... obrigada por falar isso.

- Obrigada por me trazer aqui. – digo apoiando minha cabeça em seu ombro, ela apoia sua cabeça na minha.

- Sabe, eu esperei que esse broche me desse a mesma sorte que deu para o meu pai. Agora eu sinto que essa sorte finalmente chegou. – ela abre sua mão esquerda e estende o objeto dourado para mim.

- Por que está me dando? Eu não posso aceitar...

- Eu creio que há sorte nesse broche para nós duas e você vai aceitar sim, é um presente meu. – ela sorri, retribuo e analiso o pequeno broche. Um círculo perfeito une duas flechas em formato de X e no centro há um laço desenhado perfeitamente. Sinto meus olhos lacrimejarem, mas consigo evitar um choro futuro.

- Vou precisar organizar um comitê de agradecimentos só para essa noite. – falo e nós duas rimos.

- Que bom que está pensando nisso, por que essa noite ainda não acabou. – ela se levanta e ergue a mão, oferendo ajuda para que eu me levantasse.

- Aonde nós iremos?

- Dar uma volta. – ela diz sorrindo. Calçamos nossos sapatos e seguimos andando por uma trilha, que é confortavelmente iluminada por vagalumes. As arvores altas deixam a paisagem cada vez mais agradável. O vento traz consigo o cheiro sedutor de margaridas. A mulher alta ao meu lado parece uma pintura de Vênus, mais sedutora e entorpecida a luz da enorme lua rodeada de estrelas no céu.

- Você acha que poderíamos dar certo? – pergunto sem pensar.

- Por que não daríamos? – ela se vira para mim.

- Você é tão única, eu realmente acho que merece mais do que eu. – falo encarando o chão.

- E eu acho que você é exatamente tudo que pode me fazer sorrir. – sua fala faz meu coração palpitar. Será que estou sonhando ou Jasper realmente acabou de falar isso para mim? Depois de alguns segundos aceitando que isso é realmente verdade, me recomponho e olho em seus olhos.

- Eu não sei o que dizer. – sorrio timidamente.

- Palavras não descrevem sentimentos. – ela finaliza, sorrindo para mim. Nada consigo dizer e continuamos andando por um bom tempo em silêncio, mas nosso passeio foi interrompido por um ligação em seu celular. Voltamos de encontro a sua moto tranquilamente e eu pude ver o quanto o tempo havia passado, já que os primeiros raios de sol haviam chegado com um miscelânea de cores magnificas no céu de Beach City. Jasper nos levou pelo mesmo caminho de horas atrás e fez a gentileza de me deixar em casa.

- Muito obrigado por essa noite. – digo.

- Eu que agradeço... – ela beija minha mão. - ... mesmo que você ache mil coisas sobre o que há entre nós duas, saiba que quando eu quero, nunca desisto. – ela me puxa para mais perto e deposita um selinho em minha testa. Sinto minhas bochechas corarem violentamente. Ela pisca para mim e toma seu rumo.

Lembro-me que ainda tenho aula hoje e entro rapidamente em casa para me arrumar e tomar uma enorme xícara de café sem açúcar. Pego meu celular e decido pedir um moto-taxi, já que meu carro está todo destruído. Mesmo com os olhos teimando em dormir, chego a universidade rapidamente e tomo um enorme susto ao ver uma moto capotada no campus e um corpo feminino esparramado no gramado. E a moto é a mesma que Jasper estava dirigindo.

 


Notas Finais


Genteeeeeeee
Eu preciso que vocês me ajudem numa coisa!
Eu fiz caminhos diferentes para essa história e um deles o Steven aparece atualmente, mas não como filho na Rose. Na sinopse eu coloquei que ela engravida, então se vocês quiserem que o Steven apareça ( assim criando o Short Squad e aproximando mais Amy e Pery, além de trazer personagens como a Connie) a Rose vai engravidar de uma possível Nora.
Se vocês quiserem que Steven seja filho da Rose a história vai ficar muito longa e quando Steven nascer e crescer as personagens terão quase 40 anos.
Eu pessoalmente acho que se Steven aparecesse agora como o sobrinho de Rose seria muito melhor, mas eu queria consultar vocês por que são você que ajudaram a fic a crescer.
Então por favor, mesmo que muito de vocês não gostem de comentar, eu peço que respondam ai embaixo o que vcs preferem. Agradeço antecipadamente por isso :3
Enfim, como meu not deu pau, eu tive que vir várias vezes na casa do meu primo escrever e possivelmente terei que fazer isso mais vezes :c
Agradeço também pelos favoritos, os comentários e paciência que vocês tiveram <3
Tomara que tenham gostado desse cap gigante kkkk
Se tiverem perguntas, sugestões, críticas é só falar.
Comentem o que acharam, além de ser importante pra mim também matarei as saudades de vcs, seus lindos :3
Beijos de bombom.


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