História Treacherous Destination - O Desafio

Rubi

Me intrometer naquela briga mais cedo pode até ter sido um grande erro, mas eu não me importo com isso! Não vou deixar um agressor metido a besta mal tratar alguém daquela forma, eu estando fudida ou não, vou resolver isso por bem ou por mal. Depois que aquele idiota foi embora e aquelas garotas vieram falar comigo, eu nem tive chance de ver se Samira... Safira... Sapphy, estava bem. Rose disse o nome dela, mas minha mente não é muito boa com nomes, então vou chama-la de Sapphy mesmo. Quando eu fui para minha aula, foi muito interessante o fato da professora saber explicar tão bem, essa universidade realmente não tem nenhum defeito! No almoço eu observei de longe a mesma garota que está ao meu lado no carro defender uma menina de cabelos azuis, ela com certeza é das minhas! Eu tive que sair da universidade depois, precisava encontrar uma forma de ajudar Amy com as contas, ela foi tão legal comigo, não posso deixar tudo em cima dela... eu sei que não vai ser fácil arranjar emprego aqui, as lutas vão ajudar mas não será o suficiente, então eu tive a incrível ideia de fazer algo que já fiz antes, algo que posso ser presa mas que vai ajudar... é isso mesmo que você está pensando: Vender drogas!

Assim que sai da universidade após o almoço eu fui procurar locais que poderiam vender drogas, em Empire City eles vendiam em lojas totalmente disfarçadas, usavam imagens, códigos e até funcionários específicos para identificar o local. Aqui em Beach City não foi muito diferente, eu achei uma padaria com a maior facilidade, lá eles vendem grandes quantidades de maconha, cocaína e êxtase. Eu sei que isso é totalmente errado, mas enquanto eu não conseguir um emprego digno, vou ter que ajudar desta forma. Minha sorte e que nunca usei nada dessas coisas, agradeço por ter feito Proerd. Quando estava saindo da padaria eu dei de cara com Sapphy, ela estava muito triste e parecia preocupada, eu imaginei o por que. Essas memórias não param de percorrer minha cabeça enquanto eu dirijo esse carro, escutando os gritos de Amy, eu poderia relembrar de tudo novamente, mas acho que deve prestar atenção no trânsito.

- RUBY NÓS VAMOS MORRER!- Amy grita quando invado a pista contrária e ficamos na contra mão com um caminhão vindo em nossa direção.

- Calma Amethyst, eu sei o que estou fazendo!- digo, voltando para a pista de mão certa.

- Tem certeza disso? Nós quase atropelamos uma garota, destruímos milhares de latas de lixo, batemos em uma moto, e passamos em seis sinais vermelhos, eu deveria me preocupar?- Jasper me olha ironicamente.

- Claro que não, eu não matei ninguém até agora! Então fiquem de boa.- digo batendo em outra lata de lixo.

- Por que eu sinto irei morrer então?- Olho pelo retrovisor e vejo Amy agarra como um gato no banco da Jasper.

- Para de exagerar Amethyst! Vou colocar uma música para relaxarmos...- enquanto procuro músicas pelo sinal na rádio, vejo Jasper pegar uma óculos escuro no porta luvas e coloca-lo.- .... cara tá de noite, por que está com esses óculos?

- Eu já sou incrivelmente sexy sem eles, com eles eu pareço até uma grande celebridade!- ela joga os cabelos na cara de Amy. Finalmente acho uma música legal na rádio. Essa música me parece muito familiar, quando está perto do refrão lembro-me dela.

Got me lifted, drifted higher then the ceiling

And ooh baby it´s the ultimate feeling

You've got me lifted, feeling so gifted

- Sugar how you get so fly? ...- eu, Jasper e Amy cantamos juntas. E então aquele clima tenso de morte que Amy colocou no carro vai embora e começamos a cantar mais alto, aumento o volume do som e batuco no volante ao ritmo da música. Jasper faz um dancinha um tanto engraçada enquanto Amy pega seu óculos e o coloca. -... Sugar how you get so fly? Sugar how you get so fly?

- Oh baby...- Amy parecia uma Back Vocal.

- Sugar, Sugar how you get so fly? Sugar how you get so fly?- terminamos o refrão e começamos a rir, passamos o resto do caminho até o lugar das lutas, cantando o resto da música, e mesmo atropelando latas de lixo e quase matando pessoas, aquele momento parecia ser tão incrível que nem ligaria se a polícia nos perseguisse, nunca esquecerei isso. Logo chegamos ao nosso destino, com muito dificuldade eu consigo estacionar o carro um pouco longe na área das lutas.

- Ruby, sem querer ser intrometida mas já sendo, por que você quer tanto brigar com o Kevin?- Jasper pega o óculos de Amy e o guarda no porta luvas.

- Eu odeio pessoas que acham que tem poder sobre os outros, pelo simples fato de terem mais do eles.- respondo ajeitando minha bandana.

- Mas ele é um cara perigoso Ruby! Eu sei que quis proteger aquela garota de hoje cedo, mas isso vai muito mais além dela.- Amy gesticula com as mãos.

- Ela tem razão Esquentadinha, Kevin pode fazer o possível e o impossível! Você não precisa dar uma de super heroína por causa de rabo de saia.- Jasper fecha a cara e cruza os braços.

- Rabo de saia? É sério isso? Não estou querendo "dar uma de super heroína", estou fazendo o que eu acho certo! Ele estava e ainda pode estar batendo nela, ou fazendo coisa pior! Não estou fazendo isso por que quero pegar ela, estou fazendo por um bem maior! Seja lá o que ele faz de tão perigoso, eu não ligo. Vou defender aquela garota, por que acima de tudo ela é um ser humano, e não merece ser tratada assim. Se ele faz isso com outras pessoas, hoje isso acaba! Eu vou com ou sem vocês.- saio do carro e bato a porta sem esperar resposta, logo escuto passos atrás de mim, Jasper e Amy me acompanham até o lugar em silêncio.

Entramos no local, tomo um leve susto ao ver tantas mulheres semi- nuas no recinto, elas cercavam vários homens ricos que faziam suas apostas nos melhores lutadores obviamente. No ringue já estavam lutando duplas que faziam todos gritarem a cada soco e chute dados no adversário, todo lugar tinha tons de cinza e preto, luzes que pareciam de eventos de lutas profissionais e inclusive um narrador, um juiz e técnicos de lutadores. Eu realmente estou surpresa com o tamanho deste evento, pra lutas clandestinas esse lugar está "arrumado" até demais. 

- E agora vamos pra luta mais aguardada da noite, o invencível Gavião Negro vai encarar o vice- líder Pantera Cor-de-Rosa!- o apresentador parecia gritar ao microfone, todos vibram quando um homem alto aparece na entrada do ringue seguido pelos holofotes, usa um short colado e uma camiseta escrito " o melhor ", com luvas de couro que deixavam seus dedos de fora e descalço, eu vi Kevin sem máscara, com a cara mais sínica do mundo levar a multidão a loucura. Agora é possível escutar vaias de todos os lados com a entrada do seu oponente que é duas vezes maior que ele, usa uma roupa cor de rosa e uma máscara de gato.

Quando o sino e tocado, vejo Pantera Cor-de-Rose ir pra cima dele com tudo, acertando um gancho de direito em seu queixo, Kevin cai com tudo no chão, todos esperam que ele seja nocauteado, mas Kevin está sorrindo e antes que seu oponente desse um chute em seu estômago, ele levanta com rapidez e acerta o abdômen dele. Foi um golpe inofensivo, mas Pantera parecia não ter aguentado, olho para ele e vejo que o local atingido está sangrando, Kevin anda em direção a ele para dar o golpe final, mas sem pensar eu entro no ringue e todos me encaram com surpresa.

- Virou moda interromper minhas brigas?- ele me encara com raiva e todos começam a vaiar.

- Virou moda bater em pessoas que já não podem se defender?- digo, firme.

- WWWWOOOOWWWW - todos da plateia vibram. 

- O que você quer querida? Um beijo? Perdoe-me mas não beijo macacos.

- E eu não beijo sacos de lixo.- todos gritam novamente, e vejo dinheiro ser jogado aos meus pés.

- O que você quer?

- Quero que você pare de bater na Sapphy e seja lá em mais quem que você faça isso.

- Como pretende me parar? Fazendo macumbas?- todos riem.

- Com uma luta!- todos fazem silêncio, e esperam que Kevin responda.

- Vamos até minha sala...- ele pega meu braço e me arrasta em meio a multidão até uma pequena sala atrás do ringue. Amy e Jasper vem logo atrás.-... olha aqui eu não vou lutar com você.

- Tá com medo de perder?- digo.

- Claro que não! Você é uma garota!

- Mas que grande ironia, você bate em mulheres fora do ringue, mas dentro dele dá uma de cavalheiro?

- Eu posso fazer mulheres me respeitarem em qualquer lugar!

- Então por que não luta comigo?

- BELEZA! Eu luto com você! Daqui a uma semana, vou dar tempo pra você se preparar pra perder!- ele coloca o dedo na minha cara.

- Feito! Mas com uma condição... você não vai bater em ninguém, muito menos na Sapphy durante esse período. Se eu perder essa luta nunca mais me intrometo na sua vida, mas se eu ganhar você nunca mais encosta nela! Desafio aceito?- estendo minha mão e ele me olha em dúvida.

- Desafio aceito!- ele aperta minha mão. Logo saio da sala com Amy e Jasper.

- Ruby temos que nos preparar pra luta de duplas, será daqui 15 minutos.- Amy toca meu ombro fazendo-me lembrar do motivo principal de estarmos aqui. Seguimos para uma sala do outro lado do ringue, Amy me empresta uma camiseta, um short e luvas de couro que descobrem os dedos, aperto minha bandana na cabeça e quando nossos nomes são anunciados, entramos no ringue seguida pelos holofotes. Jasper observava todos no local, parecia procurar alguém. Olho para direita e vejo ao longe Kevin me observar, talvez ele queira ver meus movimentos para saber meus pontos fracos durante a luta, então farei todos os movimentos que eu menos uso, não posso dar a vantagem a ele quando lutarmos daqui a uma semana!

Nossas adversárias entram no ringue, eram bem maiores que a gente, minha sorte é que sou rápida o suficiente para desviar de cada golpe que uma delas tentava acertar em mim. Vejo Amy  acertar uma joelhada certeira no queixo de sua oponente, restava apenas a que está lutando comigo. Amy vem correndo pelo outro lado, eu espero o momento certo até que Amy salta, e eu a acompanho pelo lado contrário, assim nos duas acertamos o rosto de nossa oponente, e ela cai. Nocauteada. Todos a nossa volta gritam e jogam dinheiro em nossos pés. Eu realmente estou surpresa pelo fato de termos ganhado tão rápido. Talvez nossas oponentes sejam as mais fracas. Bom... sendo ou não, esse é só o início. Entramos na sala pra trocarmos de roupa e irmos embora.

- Isso foi incrível Ruby! Nós ganhamos tão rápido que nem deu tempo de soar.- Amy tira a roupa e logo veste outra.

- Verdade! Se fosse a final nós ganharíamos de lavada.- digo, também trocando de roupa. Logo saímos para irmos pra casa, encontramos Jasper com raiva apoiada no carro, estava muito séria. Entramos no carro e eu o ligo rapidamente dando marcha ré, seguimos pelo mesmo caminho que viemos, mas agora somos surpreendidas por pelo carro da polícia.

- Mas que droga!- acelero o carro, o que antes era um clima de morte, agora é pura tensão.

- Precisamos pegar um atalho! Não podemos ser presas!- Amy grita no banco de trás.

- Se eu for presa o que vou falar pra minha mãe? Fudeu!- Jasper colocava a mão na cabeça.

- Gente relaxa! Eu já passei por situações piores, vamos sair dessa!- acelero ainda mais o carro, e agora nós estamos realmente em uma perseguição policial.

- RUBY ENTRA NA ESQUERDA!...- entro numa rua sem desacelerar, cantando pneu e quase capotando o carro-... DEIXA QUE EU DIRIJO, EU SEI O CAMINHO.- Amy parecia estar tomada pela adrenalina, com o carro ainda em movimento, nós trocamos de lugar e ela arranca com tudo. Eu suponho que ela nunca tocou em um carro, pois estava dirigindo pior que eu! Estamos em uma rua pouco movimentada em alta velocidade, eu sinceramente já estou com o cu na mão! Se não fomos presas, então iremos morrer. Logo entramos numa avenida principal que dava para uma ponte que levanta alguns metros a frente. Eu poderia dizer que fomos presas, mas pela minha surpresa Amy acelera mais ainda no exato momento em que a ponte começa a subir. É NÓS VAMOS MORRER! penso.

- AMY PARA ESSE CARRO!- Jasper grita com as mãos nos olhos.

- NÓS VAMOS CONSEGUIR!- ela acelera atropelando a barra de sinalização, os policiais param e  antes que eu pudesse raciocinar o carro já está no ar.

- EITA CARAI!- a única coisa que consigo gritar antes do carro bater no solo. Com o choque do automóvel no chão, o carro gira várias vezes, fazendo todas nós batermos umas nas outras dentro do mesmo. Assim que ele para Amy está com metade do corpo fora do carro, Jasper está com a cara enfiada no porta luvas, e eu estou de cabeça pra baixo no banco de trás. Começamos a rir do nada, eu tento me recompor desse giro que demos, vejo Jasper chorar de tanto rir e Amy se sentar no banco do motorista com as mãos na barriga.

- Eu acho que agora eu posso desmaiar- Amy tomba a cabeça para frente, pressionando a buzina. Acho que ela desmaiou mesmo. Eu e Jasper nos olhamos e rimos da situação, pego Amy e a coloco no banco de trás. Sento no banco do motorista e ligo o carro, então seguimos o caminho até a universidade, eu queria colocar o carro de volta no lugar. Jasper tentava se recompor de tudo isso assim como eu. A única coisa que eu deve pensar agora é em como irei vencer a luta com Kevin, todos falam que ele é perigoso e tudo mais, mas isso não quer dizer nada dentro daquele ringue. Eu vou vencer ele, não posso deixar que continue fazendo essas coisas!

Eu preciso vencer!

Safira

- Eu estou a horas relembrando tudo que aconteceu essa tarde. Depois que Ruby me defendeu de manhã, eu fui para a enfermaria tratar do ferimento feito por Kevin em meu queixo. Estava doendo muito, mas o que me preocupava mais era o fato de que teria que vê-lo depois, se não ele viria atrás de mim. Mas eu não queria vê-lo! Então eu decidi ficar nas aulas da manhã, se ele viesse atrás de mim, eu estaria segura na universidade. Na hora do almoço eu estava indo para o segundo refeitório, eu vi Ruby pelo lado de fora sentada numa mesa, observando o que parecia ser uma briga entre duas mulheres altas, eu queria tanto ter entrado lá dentro e sentado ao lado dela. Mas antes que isso acontecesse meu telefone tocou, era meu pai. 

Lembro-me de nossa conversa ao telefone, ele queria vir com a minha mãe para Beach City no dia do meu aniversário. Eu não queria e não quero que eles venham, eles verão minha situação e vão querer intervir. Não quero que Kevin faça algo com eles, eu me culparia a vida inteira por isso! Eu já estou me preocupando até com a Ruby, imagina com eles. Enfim, eu tentei convence-lo a não vim aqui, acho que ele desistiu. Com isso já tinha acabado a hora do almoço, então eu decidi ir comer em um restaurante perto da universidade.  

Então eu pequei minha bicicleta e fui até o Frybo. As batatas fritas de lá são deliciosas. Depois que eu comi, decidi passar numa padaria pra comprar alguns doces e um pão de queijo pra comer no lanche, eu amarrei minha bike no suporte e quando eu ia entrar na padaria dei de cara com Ruby! Dá pra imaginar o tamanho da minha vergonha, né?! 

- O..oi.- ela disse, me olhando.

- O..oii, tudo bem?- eu estava mais nervosa que tudo.

- É... seu queixo está melhor?- ela levantou a mão e tocou meu queixo. Eu gritei por dentro.

- S..sim...- eu arrumei minha franja-... obrigada por me defender.- eu quase não consegui falar com ela.

- Por nada...- ela sorriu de canto pra mim-... acho que estou no seu caminho.- ela coçou a cabeça e rio sem graça.

- Claro que não...- sorri-... você pode me acompanhar.- pelas estrelas Safira, para de se jogar em cima dela. pensei.

- Seria uma honra. - ela abriu caminho para que eu passasse, e ela veio atrás. Eu comprei o que eu queria e também algumas coisas a mais, pra dividir com ela. Saímos da padaria e eu desamarrei minha bicicleta, seguimos andando em silêncio até que ela falou algo.

- Pra onde estamos indo?- assim que ela terminou a frase, eu percebi que estávamos caminhando sem direção alguma.

- Eu não faço a mínima ideia.- rimos por alguns minutos.

- O que acha de irmos ao parque?- ela sugeriu e eu quase pulei de felicidade.

- Acho que é uma ótima ideia.- eu sorri e logo seguimos até o parque, eu tive que nos guiar até lá já que Ruby não sabia onde era. Assim que chegamos, nos sentamos em um banco em baixo de uma árvore com folhas laranjas, afinal nós estamos no Outono! Eu tirei os doces e os pães de queijo da sacola, duas caixinhas de suco completaram a pequena refeição. Já estava no meio tarde, então poderíamos comer tranquilas.

- Essa pão de queijo é muito gostoso.- Ruby comia tão rápido que em 10 minutos já estava quase tudo acabado. Mas eu não liguei, a companhia dela estava me fazendo tão bem.

- Aquela padaria é a melhor de Beach City!- eu disse com ênfase. Ela estava observando as folhas alaranjadas caírem da árvore com elegância, elas pareciam dançar a nossa volta. O vento estava calmo e harmonioso, não estávamos falando nada, mas era tão bom estar com ela ali! Do meu lado, eu estava me sentindo segura e confortável, sabe? Até que ela se levantou como um flash e se jogou numa montanha de folhas, sumindo por alguns segundos. Eu fiquei surpresa de início, nem imaginaria a garota que estava a alguns segundos do meu lado super calma, levantar e saltar daquela maneira. Foi engraçado e divertido.

- Vem aqui!...- ela colocou a cabeça pra fora do monte-... é divertido saltar nas folhas. Minha primeira intenção foi negar, mas quando vi seu enorme sorriso ao se jogar novamente no monte, eu tomei coragem e corri em sua direção. Quando saltei não vi que Ruby estava dentro do monte, justamente na minha frente, assim eu acabei caindo em cima dela. Nossos corpos se chocaram fazendo as folhas se espalharem por todos os lados, eu me apoiei no chão e percebi o quanto eu estava próxima dela, uma brisa bateu levemente e minha franja saiu do meu rosto, com isso eu pude ver mais detalhadamente seu rosto. Seus olhos eram realmente muito escuros, eu não conseguia ver pupilas, seus cabelos perfeitamente cacheados, sua boca sem batom com o contorno perfeito, e um pouco abaixo dos lábios inferiores havia piercings prateados que a deixavam mais charmosa, meu coração estava prestes a parar mas mesmo assim eu me aproximei dela, eu já podia sentir nossas respirações de misturando... quando o resto de folhas abaixo de nós cedeu, e eu escorreguei para o lado.  Eu suspirei. 

- Nós não deveríamos estar na aula?- Ruby cortou o silêncio.

- Deveríamos?- rimos.

- Aqui está tão confortável, não consigo me levantar.- ela disse, com certa preguiça.

- Digo o mesmo...- observo mais folhas caírem das árvores-... você é nova na cidade? Eu nunca te vi aqui antes, apenas ontem e hoje mais cedo.- me virei pra ela, ainda deitada nas folhas.

- Sou sim...- ela ri-... cheguei aqui ontem e a primeira pessoa que eu vi foi você, logo em seguida um assaltante.- rimos.

- Você deu um belo soco nele, isso é incontestável!- eu disse, e ela me olha.

- Eu ainda fiz isso com minha mão mais fraca...- ela começou a se gabar e eu ri da sua gesticulação.-.... eu vou mesmo e dar um soco com minha mão boa naquele doido metido a besta que te empurrou.- quando ela disse isso eu senti meu corpo travar.

- É melhor você não mexer com ele.- abaixei minha cabeça e senti seu olhar sobre mim.

- Hey, seja lá o que você passa com ele, não é nada bom! Olha seu rosto, seu queixo... veja bem, todos me falaram hoje que ele é super perigoso e tal, mas eu não ligo pra isso. O problema aqui e que você também precisa tomar uma atitude.- ela falou tão firme que eu até percebi que já estava sofrendo demais por uma tolice.

- Você tem razão... mas eu ainda acho que ele pode mudar, que eu posso mudar ele.- eu fui sincera com ela.

- Mudar? Olha pra mim...- ela levanta meu rosto-... não podemos mudar as pessoas, elas mudam sozinhas. Se ele não mudou as atitudes até agora, você não tem que sofrer com isso...- ela colocou a ponta da franja atrás da minha orelha e sorriu. Tudo a nossa volta parecia estar mais colorido, as folhas continuavam caindo sobre nós, ela voltou a sua posição e olhava para as nuvens com a mão atrás da cabeça. Eu fiz o mesmo, e em tantas folhas caindo eu vi uma pequena flor rosada se movimentar em nossa direção. Ela parou exatamente nas mãos de Ruby, a mesma cheirou.-... está vendo essa flor? Ela não é natural dessa região, mas você pode pensar que o vento a trouxe aqui por que ela queria algo diferente... ela queria mudar...- Ruby me deu a flor-... e então ela tomou essa decisão sozinha, mas contou com a ajuda do seu velho amigo vento para traze-la aqui.

Quando Ruby parou de falar, e me entregou aquela flor eu não sabia como reagir... ela falou tudo com tanta calma e gentileza, suas palavras ecoavam na minha mente, eu me senti leve e uma sensação incrível tomou conta de mim, meu corpo inteiro quis sentir, ouvir e presenciar Ruby na minha vida, dali por diante. Antes que respondesse algo, ele olhou o relógio e se levantou rapidamente.

- O que houve?- eu perguntei, em duvida.

- Já são quase 18 horas, preciso me encontrar com Amethyst na universidade.- ela abriu a bolsa guardou a jaqueta da universidade e colocou uma jeans, a mesma que estava noite passada. Eu já havia me levantado e desamarrado minha bicicleta.

- Você quer uma carona?

- Eu agradeço, mas vou mais rápido correndo... foi um prazer, meu nome é Ruby...- ela me deu um beijo da bochecha, quase nos meus lábios e saiu correndo pela primeira rua. Antes que eu pudesse dizer meu nome ela já estava muito longe. Então eu vim todo o caminho relembrando tudo isso até te encontrar na frente no prédio.

- Você já me contou essa história uma seis vezes.- Peridot estava sentada em um monte de almofadas, me olhando com cara de sono.

- Sério? Quantas horas são?

- 1 na manhã...- ela boceja-.... você já está girando pela sala com essa flor a 4 horas e meia, como não está tonta?

- Eu não sei...- rimos-... você está confortável? Quer mais um cobertor?

- Não precisa, sério! Estar aqui já me ajuda muito, obrigada por me acolher, se eu estivesse na rua, com certeza estaria morta.

- Eu que agradeço, você será uma ótima companhia.- sorrio para ela, foi muito triste vê-la daquela forma chorando na rua, o dono desse prédio é realmente um troglodita! Agora que eu tenho uma companhia para morar. Kevin não me ligou desde hoje mais cedo. Isso me deixa meio que feliz e preocupada ao mesmo tempo, mas isso não importa tanto agora. Já cheirei tanto essa flor que a mesma já está quase sem odor.

- Pelos meus cálculos você está completamente apaixonada.- Peridot sorriu, deitada.

- Você acha?

- Isso está bem nítido...- ela fecha os olhos-.... boa noite.

- Boa noite.

Será mesmo que estou apaixonada? Eu acabei de conhecer Ruby, como posso ter me apaixonado assim? Minha cabeça pensa em tantas possibilidades, mas meu coração só responde quando penso nela. Seja lá o que está acontecendo comigo, eu sei que Ruby tem algo a ver com isso, ela tocou minha alma de uma forme tão intensa que eu poderia até dar a volta na lua de tanta energia. 

Apaixonada ou não, eu quero ela comigo.