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História Treat or Trick? - Halloween Party


Escrita por: IronyMan

Notas do Autor


Olá, tudo bem com vocês?
Como prometido, especial de fim de ano começou com o Halloween (pouco comemorado no BR. Dammit!)
Mas, prosseguindo... Minha primeiríssima CHERIK, então, perdoem caso os personagens tenham sofrido alguma mudança na personalidade.
As músicas* citadas, encontram-se devidamente listadas nas notas finais. Assim como a playlist ;)
Essa fanfic é dedicada há pessoas que conseguem colorir meu dia, deixando ele mais alegre. Se você não foi mencionado, não deixe de se sentir importante. Todos vocês são!
Enfim, docinhos. A tia vai encerrar o monólogo por aqui. Até as notas finais!
@Caahs @Balunch @Girl_Shippadora @gothamsirens

Capítulo 2 - Halloween Party


Fanfic / Fanfiction Treat or Trick? - Halloween Party

   A mansão Xavier, estava enfeitada do térreo ao último piso. Abóboras com sorrisos tenebrosos, com luzes macabras e morcegos pendurados no teto. Falsas teias de aranha adornavam o recinto, dando o típico ar de Halloween que os alunos tanto gostavam de comemorar. Afinal, qualquer escapatória de suas realidades, visando uma diversão com as pessoas que gostavam, isso era sempre bem vindo.

  Kurt Wagner aproveitava-se de suas habilidades para pendurar mais um morcego de enfeite no lustre da sala, deixando-se pendurar pela cauda. Teletransportando-se para o piso de madeira polida, logo em seguida.

  Todos os alunos estavam atarefados na arrumação da festa, aperitivos e bebidas.

  — Nem pensem em beber isso! — Hank despontou pelo corredor, assustando um pequeno grupo que carregava engradados de cervejas.

  — Calma, Hank. As crianças só estão me ajudando. — Raven apoiou a destra no ombro tenso de Hank, apertando de leve. — Tente se divertir um pouco. Você está tenso demais.

  Afastou-se, sem dar-se conta de que sua presença mais o deixava tenso, que qualquer outra coisa. Ele gostava dela desde quando? Provavelmente desde a primeira vez que seus olhares se encontraram, mas, Hank não tinha tanta coragem para se declarar para a mutante de pele azul.

  — Hank! Meu amigo, você está bem? — Xavier aproximou-se, seus passos lentos, como quem ainda aprende a usar as pernas.

  — Eu? Si-sim, ótimo. Por quê? — Hank ajudou-o a manter o equilíbrio, dando-lhe suporte com uma das mãos.

  — Estou chamando tem tempo, mas, você está alheio à qualquer pessoa, que não fosse a Raven. — Charles jamais leria a mente do amigo, e tampouco seria necessário. Hank era transparente demais, mesmo sem dar-se conta de tal coisa.

  — Algum problema com o soro?

  — Não meu amigo, estou apenas me readaptando ao pouco uso. Tentando uma conciliação com minhas pernas e meus poderes. De forma simultânea. Preciso dizer, claro, que o cérebro está ganhando a disputa. — Charles sorriu amarelo, tentando manter-se entusiasmado.

  — Talvez, seja melhor descansar um pouco. Deitar… cuidaremos de tudo aqui. Não se preocupe.

  Charles pondereu por breves segundos, optando pela sugestão de Hank. Um descanso lhe faria bem. Suas pernas não estavam mais no ritmo de outrora, seus limites eram maiores, principalmente levando em conta que pouco usava do soro. Apenas o suficiente para estímulos de suas pernas. Nada que o fizesse correr uma maratona, mas, nada que o forçasse a gastar todo o dia numa cadeira de rodas.


 

  Num andar acima, Pietro movia-se com tanta velocidade que apenas era visível um vulto prateado.

  — O que você está fazendo? — a confusão era visível nas feições azuis de Kurt Wagner. Seus olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas e boca entreaberta.

  — Tentando achar o que vestir. — parou na frente do azulado. — Vai usar o quê?

  — Ah, bem… eu já sou uma figura de Halloween. Ia colocar só os dentes falsos. — deu de ombros, rendendo-se à própria ideia.

  — Um Drácula azul, com rabo? — instintivamente guiou as mãos até a cintura.

  — Não necessariamente o Drácula. Agora preciso de uma capa! — o azulado nem esperou por uma resposta da contra parte, sumindo numa fração de segundos.

  — Peça emprestada a do Erik. Garanto que ele não vai usar hoje. — o jovem de cabelos prateados falou baixo, afinal, estava sozinho mais uma vez… decidindo o que usar mais tarde, na festa.


 

  — Então, você é… o Peter Pan? — Raven mostrava seu sorriso mais encantador para o gênio. — Acho que acertei na escolha da minha fantasia.

  “Sim, definitivamente sim.” Pensava Hank enquanto deixava sua vista perder-se ante a bela visão de Raven num vestido verde, combinando maravilhosamente bem com sua maquiagem. Ela era uma fada.

  — Você… você está linda! — Hank ousou aproximar-se uns passos, tocando suavemente na falsa asa de Raven.

  — Você também, Hank. Verde também fica bonito em você… apesar de ainda preferir o azul.

  Era óbvio que ela se referia às suas formas e cores naturais. As mutações de ambos.

  Independente do tempo que passasse, da distância que se fazia de vilã, Hank sempre nutriu sentimentos por Raven, e vice-versa. Talvez a mutante tenha esperado tempo demais, esperado por uma iniciativa do brilhante cientista. “Tão esperto, e tão burro.” Pensou afastando-se, deixando que seu olhar vagasse pelo corredor deserto.

  — Acho que todos já desceram. Vou chamar o Charles, nos encontramos lá. — despediu-se, piscando em cumplicidade.

  Mais uma vez, Raven deixou o pobre Hank, perdido em seus pensamentos mais secretos - achava ele -.


 

  — Você é o Drácula? — Jubilee olhava para o amigo azulado, sorrindo para a fantasia do mesmo.

  — Sim! E você é… — Noturno olhou-a de cima à baixo, tentando - sem grandes sucessos - identificar a fantasia da amiga. Orelhas pontudas, bolinha preta no nariz, riscos nas bochechas. Aquilo era um gato? — Uma gata?

  — Miau! — a garota se virou, mostrando que havia costurado um rabo de pano em sua saia de couro. Sua jaqueta, repleta de tecido felpudo.

  — Ah, aí estão vocês! Disfarçadíssimos, nem reconheci vocês dois. — a ironia na voz de Pietro, era quase palpável. Fazendo com que os amigos virassem a sua procura.

  Azul. Pietro estava tingido de azul, da cabeça aos pés. Até suas vestes, com tonalidades azuladas.

  — Você é um Smurf? — Jubilee perguntou curiosa.

  — Não, eu sou o Kurt! — sorriu triunfante, virando-se, para exibir sua obra prima. Afinal, havia passado uma boa parte - cinco minutos - de sua tarde, procurando os materiais certos para confeccionar a cauda.

  — Mas… por quê? — Kurt perguntou, chamando apenas a atenção de Pietro, já que Jubilee concentrava-se em remexer o corpo ao ritmo da animada música.

  — Pensei em me fantasiar de algo que gosto. — deixou escapar, quase que inconscientemente.

  Se Kurt havia corado, graças à sua cor natural azul, ficava quase impossível distinguir. E mentalmente o mutante agradeceu por tal feito. Sempre ficava nervoso, encabulado, e muitas vezes sentindo um alvoroço no estômago.

  A música despertou-os de qualquer devaneio que pudessem ter. Afinal, Pietro adorava aquela música, e disso, Kurt bem sabia. Afinal, ouvira o mutante de madeixas prateadas cantarolar algumas vezes.


 

“Sweet dreams are made of this
Who am I to desagree?
I travel the world and the seven seas
Everybody is looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused”


 

  — Vem Kurt, vamos dançar! — Pietro dançava conforme o ritmo imposto pela música, não que aquilo fosse considerado dança, mas, remexia-se conforme sabia. Meio desastroso, mas, encantador aos olhos do azulado, que tentava acompanhar seus passos.

  — AÍ! O de baixo é meu. — Jubilee resmungou com um dos amigos, que num passo de dança, acabou por pisar no pé da garota.

  Os jovens alunos, bailavam animadamente, alguns sem um pingo de coordenação motora, outros, mostrando-se exímios dançarinos.

  Ororo parecia perdida dentre os colegas, ainda adaptando-se ao novo lar. Dançando com um dos colegas mutante. Jean e Scott conversavam animadamente sobre as fantasias dos demais alunos. Jean, fantasiada de bruxa e Scott… um pirata com óculos de sol.

  — Olha pelo lado bom, você é um pirata muito moderno! — a ruiva comentou, escondendo uma mecha de seu cabelo natural. A peruca parecia não querer fixar-se num ponto.


 

  As portas da mansão, abriram-se, revelando um homem com óculos, chapéu e sobretudo. Se aquela fosse sua fantasia, todos diriam que ele era um forasteiro.

  — O traje era obrigatório, Erik.

  Raven, trajada de verde purpurinado da cabeça aos pés, estava com os braços cruzados, frente ao tronco. Numa comum pose de bronca.

  — Estou fantasiado de pessoa normal. Não vim para a festa, Raven. O Charles me chamou, apenas vim atender um chamado de um velho amigo. — ela apenas apontou, indicando que Charles ainda permanecia no quarto.

  — E o Charles? — Hank perguntou aproximando-se da mutante, segurando duas bebidas.

  — Acho que ele tem outras coisas em mente.

  No alto da escada, Xavier assistia à festa , seus alunos se divertindo, Hank desajeitadamente carregando bebidas que pudessem agradar Raven… e Erik. Ali estava o motivo por querer estar de pé.

  — Está fantasiado? — Erik perguntou, sabendo a resposta. — Você é um homem de outro tempo, Charles.

  — Obrigado, velho amigo.

  — Me diga que isso é falso. — apontou para a barba de Charles. O olhar do telepata fora resposta mais que suficiente. Obviamente era falso.

  — Não veio à caráter, Erik. É Halloween, fantasias são necessárias. — o sorriso que se desenhou nos lábios finos de Erik Lehnsherr, denunciavam seus pensamentos mais carnais e maliciosos.

  — Hoje, sou um simples professor. Essa é a fantasia. — apontou para as próprias vestes. Estava longe de ser um visual de professor, mas, Xavier não discutiria, não quando finalmente Erik havia retornado para a mansão. — E você… um homem do século 19. Charles… pensei que tivesse abandonado o soro. Isso, isso afeta suas…

  — Não, não afeta. Não o tomo sempre, Erik. Apenas em raras ocasiões, e fiz dessa festa, um desses raros momentos no qual me permito o uso, numa dosagem aceitável. Mantendo minhas habilidades… e minhas pernas. Não posso abusar e sair por aí dançando todas as músicas que tocarem, mas, posso ficar um pouco longe da cadeira. — Charles explicou-se, deixando escondido seu real motivo para o uso do soro. Certas coisas, não precisam ser ditas em voz alta.

  — Então, o que me diz de descermos e beber alguma coisa? — Erik desviou o olhar dos penetrantes azuis de Charles.

  — Uma boa ideia, caro amigo. Afinal, estamos em uma festa. — instintivamente, Erik aproximou-se, guiando o braço para rodear a cintura de Charles, dando-lhe maior equilíbrio e sustentabilidade.

  Como se fizesse tal coisa, desde os primórdios de sua convivência com o telepata. Apesar de se sentir culpado pelo atual estado do amigo… amigo. Erik, definitivamente, não via apenas amizade entre eles. Não poderia ser explicado como amizade. Envolvia algo maior, algo que o metalocinético nunca chegou a sentir por outro alguém.



 

  Hank movia as mãos, evidenciando todo o seu nervosismo. Era impossível manter-se controlado, quando defronte à Raven. A mutante tentava - sem grande sucesso - fazer o colega mover-se ao ritmo da música que ecoava por toda a mansão.

  — Vamos, Hank! Não é difícil, basta mover os pés de um lado ao outro.

  — Essa… essa música é muito difícil de dançar. — aumentou um pouco sua potência vocal, impondo-se ao alto volume.

  — Você falou isso de todas!



 

“Don't, don't you want me
You know I can't believe it when I hear that you won't see me
Don't, don't you want me
You know I don't believe you when you say that you don't need me
It's much too late to find, you think you've changed your mind
You'd better change it back or we will both be sorry

Don't you want me baby
Don't you want me, oh
Don't you want me baby
Don't you want me, oh”



 

  Raven, aproveitando-se da pouca - nenhuma - habilidade de Hank, forçou alguns passos na direção do moreno, fazendo-o tropeçar e esbarrar em Charles. Como suas pernas não estavam em sua total funcionalidade, perdeu o equilíbrio, apenas o suficiente para que Erik se visse obrigado a segurar o telepata.

  — Desculpem, meu parceiro tem dois pés esquerdo. — a mutante agarrou-se ao braço de Hank, sumindo no aglomerado de jovens mutantes.

  — Você está bem? — a aproximação dos corpos, causava uma elevação na temperatura, deixando certo professor com.as bochechas rosadas.

  — Claro. Foi apenas um esbarrão. — Charles desconversou o quanto antes, dando um longo gole na bebida alcoólica que tinha em mãos.

  Erik afastou-se alguns centímetros, desvencilhando sua mão do contato com Xavier. A quanto tempo eles estavam nesse impasse, preferindo por manter as ilusões de uma singela amizade? Para qualquer pessoa observadora - Raven - eles dois se gostavam bem mais que uma simples amizade.

  — Os alunos parecem se divertir bastante. — Charles comentou, recordando-se da época de sua formação, sua breve festa comemoração, regada à dança e bebedeira.

  — A idade, faz tudo parecer mais divertido. E a música, eles estão dançando.

  A música, animada na medida certa, onde os passos mais necessários resumiriam-se num movimentar suave dos pés, adjunto à movimentos com os braços. Nada chamativo, apenas o suficiente para seguir o ritmo.

  Erik observou de soslaio, Pietro, movimentando-se na velocidade de uma pessoa normal, tentando acompanhar os passos de um mutante azul. Achou curioso o fato do mutante de cabelos prateados estar azul da cabeça aos pés, mas, nada comentou.

  Charles foi o primeiro a iniciar os passos, agarrando-se nas mãos de Erik, forçando-o a acompanhar seus passos tímidos.


 

“I wish I knew you when I was young
We could’ve got so high
Now we’re here it’s been so long
Two strangers in the bright lights
Oh and I hope you don’t mind
We can share my mood, yeah
Two strangers in the bright lights
I wish I knew you
I wish I knew you
Oh I wish I knew you when I was young

Maybe we can share my mood
Whoa, whoa, whoa”


 

  A atitude não passou por despercebida por Raven, que ainda tentava ensinar Hank a se mexer, sem pisotear em seu pé.

  — Sabe o que seria melhor? Uma música lenta. — sinalizando para que Pietro se aproximasse, cochichou a música, pedindo para que o velocista trocasse.

  O silêncio reinou por poucos segundos. A troca, nada sutil, de música chamou a atenção todos.


 

“Tell her I'll be waiting
In the usual place
With the tired and weary
And there's no escape

To need a woman
You've got to know
How the strong get weak
And the rich get poor”


 

  Os alunos, juntaram-se em duplas, preparando-se para os passos lentos, exigidos por aquele tipo de som.

  Hank, sentiu as mãos agarradas por Raven, e guiadas à sua cintura. Sentiu os braços da mutante, circularem seu pescoço, aproximando seus corpos, bailando conforme o ritmo.

  Pietro encabulou-se ao ver todos, todos os colegas dançando com seus… parceiros.

  — Podemos tentar…

  Recebeu apenas um sorriso tímido de Kurt, que olhava afobadamente para todo e qualquer lado. A princípio, nenhum dos dois sabiam o que fazer com as mãos. Enrolaram-se e acabaram por ficarem com as mãos nas cinturas alheias.

  No canto da enorme sala, onde os casais bailavam, Erik aproximou-se dois passos, quase ensaiando os movimentos da dança.

  — Por quê não? — guiou sua destra até alcançar a mão de Charles, colocando-a em seu ombro.

  Era impossível eleger o casal mais nervoso.



 

“Slave to love
Ooh
Slave to love
You're running with me
Don't touch the ground
We're restless hearted
Not the chained and bound
The sky is burning
A sea of flame
Though your world is changing
I will be the same”



 

  Antes que a música terminasse, Charles aproximou-se do ouvido de Erik. Raven quase desvencilhou-se de Hank, para melhor observar a cena, mas, nada aconteceu. Ele apenas falou algo com o metalocinético e ela os perdeu de vista.

  — Beija logo! — ela permitiu-se pensar em voz alta. Talvez, alta até demais.

  E assim, Hank tomou a coragem que não tinha, e permitiu o selar de seus lábios. Inicialmente sem jeito, e por parte de Raven, absurdamente inesperado.

  — Desculpa... — ele comentou após afastar-se alguns centímetros, reparando o choque nas feições da mutante.

  — Só se você fizer de novo. — dessa vez, ela não esperaria por uma atitude de Hank.

  Aproximou-se novamente, permitindo que o beijo seguisse por rumos mais interessantes, além de um simples toque.


 

  — Eles estão tentando dançar Thriller. — Kurt aproximou-se de Pietro, que vislumbrava o céu estrelado.

  — Queria um pouco de ar. — sorriu, virando-se para encarar o mutante fantasiado de Drácula. Recostando seu corpo na sacada. — Mas, e você? Porquê não está lá, dançando?

  — Meu parceiro me deixou sozinho. — Ah, inocência. Kurt nem percebeu o real teor que sua mensagem carregava.

  — Parceiro? — Pietro chegou a se animar.

  — De da-dança. Pa-parceiro de… de dança. — gaguejou ao compreender o mal entendido. Sempre ficava absurdamente nervoso quando próximo ao mutante de cabelos prateados.

  — Kurt, é Halloween, e estamos fantasiados. Você é um Drácula azul com rabo. E eu, sou você. — começava a se arrepender por abrir a boca e soltar asneiras sem pensar. — Então, não seria estranho se eu tentasse fazer algo, não é?

  — Não, mas… O que você quer tentar? — sua respiração acelerada, indicando sua expectativa. Embora, nunca percebesse nada por parte de Pietro, em nada o impedia de nutrir sentimentos pelo colega.

  — Não se teletransporte! — avisou enquanto caminhava - para sua própria tortura - lentamente.

  A destra, apoiou-se na nuca do azulado, trazendo-o para perto, mantendo seus olhos fechados, apenas deixando que os outros sentidos lhe tomasse conta.

 

  Suave.

 

  Essa era a perfeita descrição do beijo. Suave na medida certa, instigante para que ambos buscassem formas de aprofundar o contato de seus lábios.

  Com a mão livre, Pietro puxou a mão de Kurt, apoiando-a em sua cintura, sentindo o corpo do outro estremecer em contato. O beijo não durou mais que poucos segundos, mas, tempo mais que suficiente para que ambos, soubessem que precisavam de mais… mais que somente um beijo. Precisariam de dois, três, oito… quantos conseguissem dar aquela noite.


 

  — Melhor agora? — Erik ajudou Charles a se sentar na cama, colocando ele mesmo, as pernas do telepata na cama.

  — Sim, bem melhor. Obrigado, caro amigo. — Charles virou-se, apenas o suficiente, reclinando-se para alcançar o criado mudo ao seu lado. Da gaveta, retirou uma seringa, já preenchida pelo soro desenvolvido por Hank McCoy.

  — Charles, não. — tinha vestígios de súplica em sua voz, leve, porém existente. Suas mãos apoiaram-se nas do telepata, impedindo-o de injetar o soro.

  — Erik, não é uma dosagem grande. Não é como antigamente. Não estou viciado nesse soro, muito menos sem meus dons. — sorriu guiando a destra à têmpora, projetando seus pensamentos na cabeça do metalocinético. — Mas hoje… hoje preciso das minhas pernas. Pelo menos por mais um pouco.

  Charles, a contragosto, desvencilhou-se do toque de Erik. Porém, mais uma vez impedido de injetar o soro, tendo a seringa retirada de sua mão.

  — Eu faço.

  E fez, da maneira mais leve que suas mãos permitiam. Não querendo causar mais nenhuma dor ao telepata, ao amigo, à única pessoa por quem já desistiu de suas próprias ideologias.

  Os olhos de Charles, transbordavam sua felicidade, por finalmente ter o, amigo, ao seu lado. Evidenciando toda sua preocupação, demonstrando tamanho cuidado. Ato que não passou por despercebido aos olhos do mais alto.

  — Não queria te machucar, Charles. — comentou assim que retirou a seringa, vendo uma gota de sangue se formar no pequeno furo no braço do telepata.

  — Não é dor, caro amigo. Muito pelo contrário. Isso são lágrimas de felicidade.

  Se não fosse os dois ali, aquela situação poderia ser considerada estranha. Mas não para eles, não quando já se conheciam tão bem. Não houve nenhuma surpresa quando Erik levou à destra de encontro às lágrimas de Charles, limpando-as com seu polegar.

  Também não houve surpresa quando aproximou-se, curvando seu corpo num semi-arco, sentindo assim, a respiração já descompassada de Charles.

  A música se fazia presente, nada que atrapalhasse o clima daquele quarto, muito pelo contrário, talvez, dando um maior clima para os amantes de longa data.

 

“Will you stay with me tonight?
You could be my cure
You're afraid
I'm a bad guy
All I do is hurt”

 

  As mãos, ocupavam-se nos corpos alheios. Tocando com gentileza, porém com uma notável vontade… e saudade.

 

“So take away all my sin
Give me a sweet prayer on my lips
And take it off
Take me in
I wanna make love to you”

 

  Há quanto tempo não se permitiam saciar suas vontades mais primordiais? Há quanto tempo não se permitiam sentir o gosto dos lábios alheios, o toque de seus dedos nas peles do parceiro.

  O beijo, com leves resquícios de uma necessidade de maior contato. As línguas que batalhavam num ritmo quase dançante. Provocativo e apaixonante.

  Em questão de minutos, a barba falsa de Charles encontrava-se perdida em alguma parte do piso de madeira polida. Assim como o sobretudo de Erik, sua blusa, o cinto de sua calça.

  Eles haviam esperado tempo demais para agora, usarem de suas paciências. Coisa que Erik nunca teve mesmo.

  Os beijos, que outrora concentravam-se nos lábios, agora seguiam por pescoços, ombros expostos. Assim como as mãos, que agora, aproveitavam para marcar cada pele alva que fazia contado que as unhas curtas.

 

“Put your hands on my chest
I'll make you feel like you've been blessed
Put my words to the test
I wanna make love to you”

 

  Os sons de gemidos, abafados por beijos. Erik usava de todo seu charme, mesmo que inconscientemente. Charles tentava manter o controle de sua mente, evitando entregar tudo o que sentia, por uma transmissão de pensamentos.

  — Me deixa sentir tudo. Tudo o que você está sentindo. Me deixa saber. — a voz, ao pé do ouvido, era sempre mais rouca, sedutora. Charles não sabia como não se entregar quando Erik usava essa artimanha.

  Assim, o fez. Livrando-se das próprias regras, Charles deixou que seus pensamentos vagassem livremente, de sua mente à de Erik. Entorpecendo os sentidos de ambos, ligando-os de maneiras que nunca antes fizeram com ninguém.

  Os pensamentos de Charles, evidenciavam seu desejo em ser tocado tão intimamente por Erik, e o metalocinético não seria capaz de negar um pedido, tão nítido, mesmo que apenas em suas mentes. Ajudando Charles a se arrumar de forma mais confortável, livrou-o da calça, dos sapatos e meias. Livrou-o do colete e da blusa social, despindo-o para seu próprio prazer.

  As carícias, de moderadas à necessitadas. Marcas que permaneceriam, não apenas na pele, mas, na memória.

  Seus olhos, fixos aos azuis de Charles, enquanto suas mãos desciam até a barra da cueca telepata. Deixando-o livre daquele confinamento desnecessário.

  Não precisou de nenhum incentivo por parte do telepata. Afinal, aqueles pensamentos o invadiam, com a mesma intensidade que ele sabia que invadiam a mente de Charles.

 

“Will you stay?
I hate to fight
But it makes me want you more
Please, don't play
With my heart tonight
I get a little insecure”

 

  As mãos, hábeis em seus movimentos, levando um certo professor à loucura. Quase ao seu limite de controle. Perdendo-se em seus pensamentos, tentando refrear o que deixava transmitir na mente alheia. Embora as reações de Erik deixasse evidente que os esforços de Charles eram tão inúteis quanto peneirar água na chuva.

  Charles sentiu suas pernas tremerem, seu coração bombear mais sangue para seu baixo ventre, quando os lábios de Erik roçaram por sua coxa, seguindo um caminho já encontrado por suas mãos.

  O estupor veio quando sentiu-se abrigado na cavidade oral de Erik. Úmido e quente, na mais perfeita proporção. Prazer nunca antes vivenciado por Charles.

  Os gemidos, não muito contidos, para sorte de Erik, deixavam mais que claro o prazer que Charles sentia.

 

“So take away all my sin
Give me a sweet prayer on my lips
And take it off
Take me in
I wanna make love to you”

 

  — Erik… — a voz saía arrastada, entrecortada por sua respiração anelante. — “Quero você mais perto de mim.” — permitiu-se finalizar em pensamento, onde sua voz não tornaria a falhar, e a mensagem seria compreendida pelo parceiro.

  A felação¹ chegou ao fim, quando Charles apoiou a destra nos fios de Erik, puxando-o suavemente para cima. O estalido provocado, era excitante aos ouvidos. Não tanto quanto ver os lábios avermelhados devido à fricção de outrora.

  Aproveitando-se da força - momentânea - de suas pernas, Charles envolveu-as na cintura de Erik, invertendo as posições, prendendo-o contra o colchão macio coberto por lençóis brancos.

  Seria sua vez de guiar Erik aos prazeres, que pôde presenciar há pouco. Nada sútil, e muito apressado. Charles desabotoou a calça, desceu o zíper e arrancou a calça, adjunto à cueca. Os sapatos, caíram num baque mudo, devido ao tapete aos pés da cama.

  Não tão predador quanto Erik, Charles percorreu com a língua, por linhas aleatórias nas coxas do metalocinético, mordendo vez ou outra. Ouvindo como a melhor resposta, gemidos roucos, providos pela garganta de Erik.

  Era irrealizável, manter-se sob controle. Não quando Charles o obrigava a adentrar na loucura de sensações tão prazerosas, que chegava a ser torturante.

  Tal como Charles, Erik evidenciava sua total falta de controle quanto à seus poderes. Os pobres objetos de metal, tremeluziam pela energia vibratória que percorria por cada extremidade de Erik. Alguns, encontrando no chão, um local mais seguro para pertencer.

 

“Put your hands on my chest
I'll make you feel like you've been blessed
Put my words to the test
I wanna make love to you”

 

  Freando suas próprias ações, Charles afastou-se do membro - agora lubrificado pelo pré-gozo e saliva - afixando suas orbes, de um azul quase celeste, aos acinzentados do mutante que contorcia-se de prazer em sua cama.

  O semi engatinhar pela cama, fora, aos olhos de Erik, a coisa mais sexy que já viu em vida. Sentir o corpo de Charles, prensando-se contra o seu, a língua lasciva que lhe desenhava o lóbulo. Os batimentos cardíacos, que eram perceptíveis ao mais singelo dos toques. Cada ação feita, intencionalmente ou não, pelo telepata. Tudo aquilo instigava-o ainda mais.

  Instintivamente, levou dois de seus dedos, aos lábios, rosáceos, de Charles. Lubrificando-os da melhor maneira, para evitar qualquer desconforto maior que o já esperado.

 

“Oh this I swear
I promise to myself
I'll never let you go
Give you my heart and soul”

 

  Gemidos de dor podiam ser notados, mesmo que abafados pela curvatura do pescoço de Erik. Onde Charles depositava beijos nada castos. A posição ajudava, deixando com que Charles guiasse o ritmo que mais lhe agradava. Erik sentia seu baixo ventre, quase subir em desespero. Querendo abrigar-se no interior quente de Charles, querendo embrenhar no prazer que lhe era prometido.

  Antes que Charles pudesse reclamar sobre a ausência do toque de Erik, sentiu a pressão de uma entrada quase abrupta, quase. Sentiu as mãos de Erik em sua cintura, forçando-o para ceder à gravidade, e ir de encontro ao corpo de Erik. Sendo preenchido a cada segundo de sua descida rumo ao prazer.

  O calor, o suor que se fazia presente numa fina camada. Os gemidos, nem sempre contidos, os toques necessitados e beijos que pareciam sugar, e ao mesmo tempo dar vida.

  As estocadas iniciais, num ritmo lento, porém forte. Seguidas por umas e outras descoordenadas e repletas de desejo. Por vezes, levando o telepata ao delírio, acertando em seu ponto mais sensível. Charles respondia agarrando-se à Erik, marcando cada pedaço exposto de pele que suas mãos e dentes conseguiam tocar.

 

“Oh this I swear
I promise to myself
I'll never let you go
Give you my heart and soul

So take away all my sin
Give me a sweet prayer on my lips
Take it off
Take me in
I wanna make love to you”

 

  Limites, não existiam limites. Não quando as respirações anelantes impediam que palavras saíssem com nexo. Não quando Charles projetava a intensidade do prazer que sentia, na mente de Erik. Não quando o metalocinético fazia, literalmente, alguns objetos tremerem… não apenas no quarto.

  Não havia também, como frear o que sucederia àqueles movimentos prazerosos. O orgasmo era inevitável, tanto quanto os gemidos, e carícias. O beijo, que selou todo o ato, deixando que gemidos ainda maiores, fossem abafados.

  — Quanto… “Quanto tempo não tínhamos um momento assim…” — mais uma vez, Charles fez uso de suas habilidades telepáticas.

  — Tanto tempo, que parece a primeira vez… de novo. — a sinceridade na voz de Erik, o olhar que entregava seus sentimentos pelo telepata.

  Eles se amavam, tolos aqueles que não abriam os olhos para tal fato.

  Separaram-se a contragosto. Charles acomodou-se ao lado de Erik, sentindo o afago em seus curtos fios de cabelo. Mais um beijo, antes de descansarem os olhos por alguns segundos, ainda ouvindo a música numa altura, agora, mais alta à seus ouvidos.

 

“Put your hands (put your hands)
On my chest (on my chest)
I'll make you feel like you've been blessed
(My love will bless you, girl)
Put my words to the test
I wanna make love
(I wanna make, I wanna make love)
To you.”

 

  Não saberiam dizer por quanto tempo permaneceram naquela troca de carícias, de olhos fechados, apenas apreciando o som de suas respirações, e as músicas. Não saberiam também, informar, quem levantou-se primeiro, mas, sabiam que ambos estavam naquela banheira, com água quente, sentindo ainda o corpo um no outro. Ouvindo uma música que os faziam lembrar, deles mesmos.

 

“I would call you up every saturday night
And we'd both stay out 'till the morning light
And we sang Here We Go Again
And though time goes by, I will always be
In a club with you in 1973
Singing Here We Go Again…”


 

  — Então, você aposta nisso? — Hank ergueu a sobrancelha, curioso sobre a aposta de Raven.

  — Aposto um beijo que eles estão juntos agora! — Falou se aproximando, selando seus lábios aos do mutante.

  — Mas, como sabe que está certa?

  — Em relação à eles… Sempre estou. — sorriu divertida, lembrando das muitas vezes que se sentiu sufocada pela tensão sexual que envolvia seu quase irmão, e Erik.


 

  — Isso aí… aí na sua mão… é uma coxinha? — Pietro quase correu até Jubilee, enquanto voltava da sacada, de mãos dadas à Noturno.

  — Ah, sim. — respondeu levando o pequeno salgadinho aos lábios.

  — Como assim, tem coxinha… e ninguém, NINGUÉM me avisa? — incredulidade, era isso estampado em sua face. Kurt sorriu, teletransportando-se e voltando com uma bandeja de coxinha em mãos.

  — Pronto. Agora teremos coxinhas pelo resto da festa.



  A música ainda rolava solta. Ora animadas, ora músicas de casais apaixonados. Raven e Hank, afastavam-se dos alunos, para trocar alguns beijos. Sempre voltando pela insistência de Hank em vigiá-los. Pietro e Kurt, bem, ora teletransportavam-se, ora Kurt era carregado por Pietro. Sem abandonar as coxinhas, claro. Jubilee comeria tudo, se deixassem com ela. Charles e Erik, bem… nem mesmo na manhã seguinte os alunos encontram com eles. Afinal, estavam separados há tanto tempo, precisariam recuperar todo o tempo perdido… 


Notas Finais


PLAYLIST: https://open.spotify.com/user/marcal.carol/playlist/0TSHkpRQJufRfLmdwrqx6d

Pode pá que eu tenho mais gente pra citar, porquê né <3 @MWestergaard @IronFist suas lindas!

MÚSICAS por ordem;
Sweet Dreams - Eurythmics
Don't You Want Me - The Human League
Wish I knew You - The Revivalists
Slave to Love - Bryan Ferry
CURE - BARCELONA
1973 - James Blunt


Felação¹ = ação de excitar o pênis com a boca.


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