História Treat You Better - Eu o perdi de vez

Point of View — Lydia Martin

Passo pelos portões da escola, com os ombros endireitados. Todos os olhares estavam mirados em mim, e eu sentia o grande poder que exalava, mas que não gostava. Jack apertou minha cintura, me trazendo para ele e beijando meus lábios. Abro um sorriso com muita força, completamente falso. Respiro fundo, vendo todos falarem de mim e da turma de elite que muitos gostavam. Jessica e Allison do meu lado, Jack e seus baba ovo atrás, inclusive os que bateram no Stiles. Eu insisti à Jack que os deixassem bem longe de mim, e ele acatou de forma rápida, sem querer discutir. 

Disse para ele que tinha aula de cálculo agora e nem o dei chance de falar algo. Puxei Allison e vi Jessica ir até Isaac, no mínimo teriam aula juntos agora. A morena me acompanhava com as mãos dadas até dobrar o corredor, depois soltou minha mão. 

— O que foi? — Pergunto, já sabendo que algo certamente estava errado.

— Esse Jack é um horror, Lydia. Por que continua com ele? Para nos exibir por aí?

— Não, Deus... Não. Eu só preciso estar com ele.

— Poxa, você ainda gosta dele? Achei que o Stiles te fazia bem. 

Puxei a sua mão rapidamente entrando na salinha de limpeza. Ela soltou um gritinho surpresa. Nos tranquei ali dentro, me virando para ela. Me admirava com a beleza de Allison, sinceramente. Ela era bem alta, com cabelos escuros e um rosto dinâmico, sem erros algum. 

— Olha, eu não contei ainda para a Jessica, e vou. Mas fora ela, não comente isso com ninguém, pelo amor. 

Ela balançou a cabeça rapidamente, sem dizer nada. Começo a explicar para ela todos os detalhes. Do Stiles apanhando, do acordo, de apanhar, e também dele ter transado comigo sem eu querer. 

Allison deu dois passos para trás, com a mão na boca. Depois ela pulou nos meus braços, me abraçando com força. Não pude evitar de chorar.

— Ah, Lydia. — Suspirou. — Por que não contou? Chamou a polícia?

— Se eu já tentei? Já sim. Mas eu sinto medo dele. 

Admito e suspiro. Ela balança a cabeça.

— Eu vou te defender.

— Amorzinho, deixe. Eu não quero que entre nessa. Só siga meu plano.

Ela me empurra, abismada e brava.

— Esse seu plano inclui que nós, suas amigas, fiquem vendo você com marcas e te ver mentindo? Isso? 

Tento manter a ordem. Endireitar meus ombros, dar um sorriso rotineiro e dizer que eu tenho controle sobre tudo. 

Mas não tenho.

Nem um pouco.

— Por favor, eu... — Sussurro, cabisbaixa. — Não me deixe, Alli. Eu sei que seria complicado para você, mas no final, sou eu quem sofre com isso tudo.

A morena suspira, e depois me puxa em um abraço. Enxugo as lágrimas, respirando fundo. De consolo, ela apega passa a mão nos meus cabelos e diz que ficará tudo bem, mas não vai. 

P.O.V — Autora

Lydia estava em sua terceira aula. Geografia sempre foi uma matéria na qual ela não gostava muito, e suas notas na aula não eram as melhores, porém, o bastante para não perder média. Quando o sinal soou, anunciando o final de mais um horário de quarenta minutos, ela soltou um suspiro relaxante dos lábios, deixando sua carteira. Assim que saiu da sala, de longe pode avistar Jack. O coração da ruiva se acelerou, mas não como antigamente, mas sim de medo. Fingindo que não o tinha visto, ela se misturou entre os vários alunos, saindo do corredor. Apressou o passo, olhando de relance para trás, não o encontrando. Respirou fundo, aliviada, mas quando girou os calcanhares, batendo os olhos com Stiles.

Aí, seu coração acelerou da forma correta.

Ela abaixou os olhos, envergonhada. Nesses últimos dias, o ignorou em todas as redes sociais, com uma tristeza inabalável. Era normal a garota chorar, por pena e raiva de si mesma. Mas também se decepcionava em constância, pois passava isso sozinha. Mais uma vez, suas pernas se enfraqueceram e ela podia sentir que iria cair. Engoliu o choro, pois sabia que ele logo vinha. E antes que pudesse evitá-lo, Stiles andou até Lydia, segurando na sua mão. 

— Lydia, por que está me evitando? — Questionou, com a voz baixa. — E porque... Porque está andando com o Jack novamente?

A ruiva não respondeu. Queria gritar, na verdade. Diria que era mentira, que era um acordo para mantê-lo bem, um acordo para fugir daquilo tudo, pois pioraria. 

Mas nada saiu.

Então, teve a péssima ideia. 

— Estou evitando você porque eu não quero mais ter um brinquedinho na minha vida. — Disse alto, atraindo olhares. Ele arregalou os olhos. — Eu e Jack vivemos brigando, mas nos amando. Acha mesmo que eu iria gostar de você? Fez um ou dois gols no jogo do futebol americano e virou o rei de Middleton High? 

Lydia riu, sarcástica. Stiles arregalou os olhos, parou até de respirar. Seus olhos lacrimejaram, e Lydia continuou, com o coração sofrendo por ter que fazer aquilo.

— Você é Stiles Stilinski, querido. Tem uma goma de mascar, dois trocados no bolso e um jeep estragado. Eu, a rainha dessa escola e cidade, nunca ficaria com você.

Quando disse o que precisava, se segurou para não chorar. Uma mão grande apertou sua cintura, fazendo-a pular de susto por um instante. Depois, abriu o melhor sorriso que conseguiu. Olhou para Jack, como se estivesse apaixonada por ele. 

— Finalmente você caiu em si, Lydia. 

Então, ele a beijou. 

A ruiva nem fechou os olhos direito, e nem se entregou ao beijo bruto que ele deu. Se esforçava para olhar de volta para Stiles, mas quando viu, ele estava virando e andando no meio de algumas pessoas que estavam zombando dele. Logo, viu Malia e Scott correrem atrás dele. 

Eu o perdi de vez.

P.O.V — Malia Tate

Três dias depois.

Stiles tinha a cabeça sob meu colo. Seu rosto estava vermelho, e lágrimas e mais lágrimas desceram dos seus olhos. Fiz carinho em seus cabelos, enquanto Scott me olhava sem saber exatamente o que fazer. Não o culpava, também não sabia o que fazer exatamente. 

— Não precisa dizer que avisou, tá bom?

Sua voz sai baixa, mas eu escuto. Ele levanta, anda até o banheiro e lava o rosto, voltando a se sentar.

— Até um tempo atrás vocês estavam me acordando para o colégio, e eu dizia que na noite passada eu havia beijado-a. Foi nesse exato quarto. E os dois disseram que ia dar merda. Eu não quis ouvir.

— É, nós avisamos mesmo. Mas Stiles...

Agora, ele prende toda a sua atenção a mim.

— Não gosto dela, você sabe. Não há motivo que me faça gostar. — Lembro sobre o que ele me disse sobre o abuso. Eu guardei apenas para mim e nem perto do Scott eu comento sobre. — Mas sabe... Parecia tão falso. 

Ele gargalha.

— Falso? — Passa a língua nos lábios, molhando-os. — Ela disse para a escola inteira que fui um mero passatempo.

— Por isso mesmo. Ela é toda metida, mas não esnobe. Acha mesmo que ela lhe contaria segredos íntimos pois você era alguém de passagem?

— Talvez estivesse mentindo.

— E as marcas de dedos no pescoço dela, que de forma profissional ela esconde, vem de onde?

Cruzo os braços. 

Stiles dá de ombros, se deitando na cama. Ele puxa seu cobertor, chutando Scott da cama. O moreno o olha abismado, suspirando.

— Mano, são quatro da tarde. Você vai dormir? Novamente?

— Porra, me entendam! — Stiles berra. Ele nunca havia gritado assim, e por isso, encolho meu corpo de forma assustada. — A garota que eu tanto amo me deu um fora, e não tem mentira por trás disso, Malia! Chega! Se Lydia quer assim, eu irei deixá-la em paz. Agora por favor, saiam do meu quarto. 

Stiles puxa o cobertor de super-heróis até o pescoço, virando o corpo para nós. Scott suspira, puxando minha mão. Deixamos seu quarto, parando na sala.

— Stiles está na fossa. — Suspira. — Eu fiz strogonoff e escondidinho de frango para ele. Se isso não melhorou, o que irá?

Solto uma risada.

— Só ela irá ajudar, Mccall. E eu irei tirar essa história a limpo.

De madrugada 

Eram três horas da manhã quando eu estacionei a moto dos meus pais na rua. Era perigoso, eu sei, mas eu sempre tive essa paixão por loucura. Respondo Derek, e logo depois, caminho até o portão de grades. Toco o interfone algumas vezes, até que uma voz sonolenta aparece.

— Casa dos Martins, quem deseja?

— Quero falar com Lydia Martin.

— Senhora, está tarde. A senhorita Lydia está dormindo. — A voz eletrônica diz. — Volte amanhã.

— Não! Ela... — Penso rapidamente. — Ela está me esperando, por favor só peça que ela me deixe entrar.

Ouço um suspiro. Cinco minutos depois, a grade é aberta. Passo pelo jardim com flores diversas e aromatizadas. Aperto meu corpo, pois o frio estava intenso e incomodava. Lydia abriu a porta de vidro com um rosto sonolento e confuso. Ela usava calças de pijama da cor vermelha, uma camiseta rosa de ursos, pantufas e um casaco. Seus braços estão cruzados e os cabelos de forma desorganizada, e isso me faz rir.

— Parece que nem sempre que Lydia Martin está perfeitamente bem arrumada.

— Ei, estou na minha casa e está tarde. — Se defende. — Aliás, o que faz aqui?

— Vou direto ao ponto. — Ela presta atenção. Respiro fundo, prosseguindo. — Porque disse aquilo tudo para o Stiles?

Ela engole em seco.

— Ah-ahm... — Gagueja. — Pois era verdade, oras. Ele é um nerd e calouro. Você ao menos é do segundo...

— Corte essa, não sou otária. — Reviro os olhos. — Você estava mentindo. Acho-a uma metida esnobe, mas você não faria isso.

Ela respira fundo.

— Olha, Malia...

— Eu sei sobre o que acontece na sua vida.

Contei à ela. Stiles me pediu para não o fazer, mas eu precisava dizer. A ruiva engoliu em seco, desfazendo os braços.

— Eu...

— Não irei contar para ninguém. Stiles nunca mais olharia na minha cara se o fizesse.

Ela sabe que estou dizendo a verdade.

— E mesmo assim, eu não sinto pena. — Lydia arqueia as sobrancelhas. — Está deixando aquele filho da mãe te machucar, Lydia. Mas não sei o que você passa. Bem, saber eu sei, porém não entendo. E... Não vou interferir. Mas eu só preciso que me diga: Aquilo não foi de verdade não é?

Ela chora.

E depois, nega.

— Eu o perdi de vez. — Sussurra. — O único cara que me fez abrir o coração.

Sem pensar duas vezes, eu a abraço. Sei o quanto ela me deixava brava, mas não aguentei. Mesmo surpresa, Lydia agarrou minhas costas, me apertando. Suspirei.

Droga, não a odeio mais.

— Lute pelo Stiles. Eu não lutei e perdi ele para você, mas não fico zangada. Faça-o feliz.

— Eu estou abrindo mão dele para o proteger.

— Como assim?

Ela me afasta, me olhando no fundo dos olhos. Estou confusa, e ela vacila ao me dizer.

— Jack seria capaz de matá-lo ao me ver com ele. Malia, se eu não sou dele, não sou de ninguém. 

Sem mais nem menos, ela me deixa ali. Bem plantada na sala. Sobe suas escadas e eu reconheço como uma deixa para sair. Sem cerimônias, deixo sua casa, correndo para casa.

Preciso evitar que isso aconteça.