História Treat You Better - He love her, and she know

† Point of View — Stiles

Ontem.

Meus olhos rolaram por toda a sala movimentada. Minha cabeça doía consideravelmente e eu sentia a tontura tomar conta do meu corpo. A caixinha metálica de uísque agora desliza da minha mão direita, caindo no carpete completamente vazia o que explicava meu estado.

Procurava os fios ruivos, uma garota exuberante na qual todos estavam encarando. Porém, perco-a de vista. Tento gritar seu nome, mas não consigo. Sei que após me sentar no tapete beje, meu corpo cai duro pro lado e tudo o que consigo ter é uma visão escura.

★

Hoje. 7h30am

— Ei, Stiles! Hora de acordar.

Ouço uma voz feminina protestar antes que eu abrisse os olhos e sentasse na cama, gemendo de cansaço.

— Trouxemos um remédio para curar a sua ressaca.

— Eu não estou com ressaca, idiota. — Respondo. Scott me olha confuso. — Bebi apenas um vidro de bebida, nada mais que isso.

— A noite pareceu ser boa. Te encontramos as três da manhã jogado e dormindo, sua bolsa estava visivelmente manchada por um batom vinho.

Tenho a memória perfeita do que aconteceu. Meu coração se aperta e meus olhos arregalam.

— Eu a beijei.

Foi a única coisa que pude dizer antes de pular da cama e encarar os olhos confusos dos dois.

— Quem, Stiles?

— Lydia. — As expressões confusas se mudam para risonhas, como se eu tivesse contando uma piada. — O que?

— Você tem sonhos com ela? Hm, ok, não estou surpresa.

— Malia, sei que pode não ser fácil de acreditar, mas é verdade. Ela estava triste, cansada e se sentou ao meu lado. Após me beijar, ela sorriu e disse para nos vermos por aí. Depois disso, eu não a vi mais.

— Ok, irei acreditar em você. — Ela diz simplesmente. — Só por favor, não imagine um romance com ela. É perda de tempo.

— O problema de todos, inclusive vocês, é achar que conhecem ela.

— E você conhece? — Malia eleva o tom, pousando as mãos na cintura. — Você apenas a beijou enquanto estava bêbada e entediada. Isso, por acaso, o faz ser o melhor amigo dela?

— Eu a conheci antes e sempre a observei. Lydia Martin carrega segredos e dificuldades, o fato de acharem que ela é apenas uma rica popular me tira do sério. Não julguem ela, pois nem ao mesmo a conhecem.

— Eu também o conheço, e estou surpresa em saber o quão tolo você pode ser. — Ela respira fundo, revirando os olhos. — Faça o que quiser, você sabe que o apoiarei, porém cuidado com as suas burradas, Stiles. As consequências quem passará é você, e irá passar sozinho.

Até então, Scott assistia calado, sinal que concordava com a morena. Ele é arrastado para fora do quarto bagunçado, suas palavras me fazem refletir.

Eu estaria pronto para mergulhar de cabeça na confusão que era a Lydia?

× Lydia Martin — POV

House of Martin, nesse mesmo horário.

Minha cabeça doi. É um porre que eu enfrento todas as novas manhãs. Estou acostumada com os labios secos, as pontadas fortes na cabeça e a merda da luz de um novo dia; dessa vez não poderia ser diferente.

Levanto-me apenas de calcinha, observando que Jack não estava mais no quarto. A nossa única solução após uma centena de brigas é transar, isso funciona muito bem pra ele, assim como passou a funcionar para mim.

Visto um moletom cinza, abrindo a porta e encarando o corredor vazio. Desço as escadas passando os dedos pelos meus fios desgrenhados e horríveis. Me sento na grande mesa familiar, observando os rostos virados à mim.

— Achávamos que nunca mais iria levantar daquela cama.

— Eu poderia fazer isso. Mas é terça.

— Um novo dia, não é, querida? — A voz doce e calma da minha mãe me faz olhar para ela. Tem uma caneca de café forte em sua mão, enquanto apenas beberica o líquido quente. — Que horas voltou?

— Não sei, estava muito bêbada para saber.

Papai larga o jornal. Ele revira os olhos enquanto me olha severo.

— Já disse para você…

— Poupe-se do trabalho de me dar sermão. Tenho meus dezenove anos e sou muito responsável, estou aqui, certo? Nada aconteceu como nunca acontecerá.

— Disse a vidente. — Ele revida. — Nesse pais, meu amor, maior de idade só com 21 e enquanto pago suas coisas e mora embaixo do meu teto, gostaria que seguisse as minhas ordens.

— Nossa, mas como vocês são chatos. — Chloe intervê na conversa. — Vocês são as mesmas pessoas de quando tínhamos dez anos e continuam. Estou no primeiro ano, Lydia no terceiro e vocês continuam nisso, meu Deus.

A garota revira os olhos, ela soa engraçada. Tem seus quinze anos e está no começo do ensino médio. Gosta de dançar, nadar e jogar futebol, talvez consiga passar no teste pra entrar no time do colégio. É uma pessoa próxima a mim, pois sempre me apoiou em todas as minhas idéias malucas, não há nada de mim que ela não saiba e vice-versa. Creio eu que ela tenha puxado o loiro dourado da jovem Natalie, minha mãe. Hoje o cabelo dela é castanho, mas sempre fôra uma loira invejável.

— É cedo, vamos manter a harmonia aqui. — Minha mãe diz. — Vão se arrumar, hoje tem aula e não quero atrasos.

Saio em direção do meu quarto. Fazia um esforço enorme para ir para a escola, dessa forma, eu poderia concluir o terceiro ano sem me preocupar em mais nada de estudos, provas e toda essa coisa de estudante.

Coloco uma saia xadrez, seguida de uma blusa rosa. Calço meus tênis pretos, saindo do quarto com uma mochila nas costas. Minha irmã me esperava na porta, ela se dá o trabalho apenas de acenar para os meus pais, assim como eu faço. A última coisa que eu ouço é o grito da minha mãe, desejando-nos um bom dia. Apreciava seu bom humor matinal, aquele que nem ao menos lembro que tinha.

POV — Stiles Stilinski

Middleton High School.

Aflição. Eu me sentia encurralado, preocupado e com pânico. Eu esperava ela passar pela mesma porta ao lado da loira, encontrar seus amigos e ir pro terceiro andar, onde o piso concedia de salas dos veteranos da escola.

— E aí, Stiles!

Reviro os olhos, sentia minha língua queimar em tentação de xingá-lo. Giro meus calcanhares, virando-me para ele. Jack. Ele mascava um chiclete na boca enquanto tinha cerca de três amigos atrás dele.

— Estou atrapalhando a sua passagem?

— Que grosseria, irmão. Relaxa. — Ele ri. — Irá jogar no jogo da abertura no sábado?

— Eu terei que ir, não? Mas sabemos que “jogar” não seja o termo adequado para isso.

— Assistir o jogo, esse seria um bom termo. — Ouço um dos seus fãs dizer. Sorrio sinico, ignorando-o.

— Deixe-o, John. Voce diz como se fosse bom, mas não faz papel algum no time. — Jack diz, sinto que ele tenta me defender de alguma forma. Patético. — Então, vá pelo menos para apoiar o Scott. Ele é bom.

Tive vontade de xingá-lo por fingir ser tão gentil, mesmo que não seja. Antes mesmo da festa da noite anterior eu pude perceber como ele era. Apenas balanço a cabeça, saindo de frente da porta. Assim que olho pra trás, vejo-a entrando na escola e abraçando seu namorado.

Primeira observação: tática de típico namoro perfeito.

[...]

— O trabalho de espanhol para hoje requer nessas cinco folhas, com no total trinta questões de perguntas sobre seu cotidiano. Terão de responder usando a língua, e tentarem gravar o máximo de perguntas possíveis, pois depois irei fazer perguntas orais, nas quais terão de responder. O trabalho vale três pontos na matéria e irá ser organizado em duplas. Na saida, vocês irão poder ler os nomes das duplas, onde poderão se organizar fora da escola para ler, responder e gravar as respostas. Tenham um bom dia e estão liberados.

Aliane, a professora, nos faz um sinal para sairmos de mais uma aula entediante da matéria.Torço para ter o meu nome e o de Scott escrito, ao contrário disso, consigo ler em sussurro perfeitamente bem.

Chloe Martin — Stiles Stilinski

— Stiles, quem é a sua dupla?

— A outra famosa Martin. Ótimo. — Bato na mão contra a testa, bufando. — E você?

— Stella, aquela novata loira.

— Se dando bem, hein. Stella é muito linda.

— Allison é mais. — Isso me lembra que não o perguntei sobre a festa.

— E como foi com ela ontem?

Andamos no corredor ate alcançar o armário, cujo o nosso é lado a lado. Abro o meu, depositando minhas coisas  e deixando minha jaqueta xadrez no pouco espaço que tinha. Faço forca para nada cair e finalmente fecho o armário.

— Ela é adorável. Disse que estava deprimida pelo namorado, bem, ex namorado. Eu a elogiei várias vezes e no final das contas, eu beijei ela varias vezes.

— Parabéns, sortudo. Capaz da Argent ser a garota mais santa de toda a Middleton. — Escoro no armario, sorrindo orgulhoso.

— Se vocês forem fazer o trabalho na casa de Chloé, ficará mais perto da Lydia, isso não deveria te deixar animado?

— De alguma forma deixa. Eu não quero pressionar ela, não quero investigar sua vida e fazê-la seguir meus conselhos. Eu só a quero feliz. — Desabafo, ele apenas ouve atento. — Jack não merece a Lydia que eu sei que existe. Aquela garota merece respeito e amor, apenas acredito que posso dar isso a ela.

— Cara, se você tem a disposição de deixar uma garota feliz que reconheça o amor, lute. Esqueça a opinião alheia e siga o que o seu coração tanto quer. Nem eu, nem a Malia nem ninguém pode lhe dizer ao contrário. Não enxergo essa Lydia que você tanto diz, mas se você acha que ela existe… Vá em frente.

Não queria nada forçado, mas queria que ela lembrasse de mim e me reconhecesse. Deus, eu faria com que essa menina soubesse da minha existência.

Lydia parecia a protagonista de filmes de cinema, de todos eles. É impossível dizer o que eu vou tirar disso, eu apenas quero que ela se sinta a vontade para sorrir.

…

Vejo-a acenar pra mim. Dessa forma, parece tão meiga. Sorrio para Malia enquanto passo a mão na grade, vendo dois times divididos em oito pessoas cada lado, já que o time não tem o número de pessoas exatas para ter a contagem certa de onze.

O teste de futebol começava após a demonstração das veteranas no time. Chloe estava se alongando com o restante das meninas que estariam fazendo o teste, já as que estavam no time saíam do campo, estavam desesperadas para beber água, ate porque a treinadora delas é ninguém mais que Rose, uma das professoras de educação física do colégio e mais durona que a própria diretora.

Não tinha visto a Lydia desde a hora que cheguei, nem treinando nem no banco. Quando sinto uma presença ao meu lado, arregalo os olhos ao ver que é ela. Vestia a mesma roupa do horário de aula da manhã, e carregava uma expressão serena e plena, tal como alguém tranquilo.

— Achou que eu tinha me esquecido de você, Garotinho?

“Eu sinto pela primeira vez a falta de ar

É inevitável não me sentir assim

Eu queria que sentisse algo novo

Algo doce, algo como o amor

O prazer de algo bom

Que eu sei que posso lhe dar.”

— Something New.