Acordei com o celular apitando freneticamente. Tinham inúmeras mensagens da minha irmã.
“Cadê a foto que eu te pedi?”
“ACORDA GABRIELA!”
Que ótimo bom dia.
Liguei o computador e acessei o link onde seriam disponibilizadas as fotos. Rolei a tela até o final e achei a minha foto com o Shawn. Sorri ao olhar aquela foto e lembrar do dia anterior. Lembrei que ele tinha me seguido no twitter e logo abri a página do mesmo. Tinham muitas mentions de pessoas de várias nacionalidades falando que ele tinha me seguido. Abri no seu perfil e fiquei admirando aquele “segue você”. Comecei a responder minhas mentions e as DMs. No meio das DMs, uma me chamou a atenção.
“Espero que tenha gostado do seu presente de aniversário. Li no seu perfil que você gosta muito daquela música. Nos vemos por aí.”
O Shawn Mendes tinha me mandado DM. Como se não bastasse tudo o que tinha acontecido ontem, acordo e vejo que recebi uma DM dele. O SHAWN MENDES ME MANDOU DM.
Soltei um gritinho, sem conseguir me conter.
“Obrigada por ontem. Você é o melhor.”
Respondi, mesmo imaginando que ele nem iria ver. Salvei a nossa foto e mandei para a minha irmã, que logo me respondeu.
“Você já pode morrer feliz.”
Desliguei o computador e fui até o banheiro escovar os dentes. Dei uma conferida rápida nos meus hematomas ainda um pouco visíveis pelo espelho. Suspirei pesado e fui até a cozinha. Preparei umas panquecas e comi enquanto assistia alguns programas na televisão.
Olhei no relógio da sala e o mesmo já indicava 15h00min. Como eu não tinha notado o tempo passar?
Lavei a louça e fui até o quarto. Decidi tomar um banho rápido e colocar roupa de corrida, tomei coragem para me exercitar um pouco.
Fui até o parque mais perto da minha casa, coloquei uma playlist bem animada pra tocar nos fones e corri por aproximadamente uma hora.
Cansei bastante e resolvi passar numa Starbucks antes de ir pra casa. Andei até a mais próxima e tinha uma pequena fila. Peguei meu celular e fiquei olhando coisas aleatórias enquanto esperava. Eu estava morrendo de sede e quase enfartando porque as pessoas estavam demorando uma eternidade para fazer os pedidos. Vi que o menino que estava na minha frente começou a conversar com a atendente (aposto que foi só porque ela era absurdamente atraente).
— Com licença, você pode flertar com quem você quiser depois que as outras pessoas da fila fizerem seus pedidos. — Falei cutucando o ombro do menino bem mais alto do que eu.
— Oi. — Ele virou e eu paralisei. Era o Cameron Dallas.
— Com licença? — Perguntei tentando manter a minha postura de garota com raiva por estar esperando horrores na fila.
Ele continuou sorrindo pra mim sem fazer nada.
— Está esperando um convite formal? — Perguntei fazendo uma expressão de desinteresse.
— Já vou fazer meu pedido. — Ele falou me encarando e sorrindo ainda. Ele queria que eu surtasse por ele ser quem é? Eu estava passando mal de sede, isso sim era mais importante.
— Você poderia ser Jesus Cristo, mas eu continuaria com a minha pergunta. O que você precisa pra agilizar seu pedido para que eu possa fazer o meu, Cameron? — Falei enfatizando seu nome e fingindo um ataque de fã.
— Pelo visto você sabe quem eu sou. — Ele falou rindo e falando seu pedido para a atendente.
— Eu até poderia pedir uma foto a você, mas no momento eu prefiro algo para beber mesmo. — Falei bufando.
— Pode-se notar. — Ele me analisou de cima a baixo.
— Pervertido. — Falei batendo no seu braço e o fazendo rir. — Já terminou o pedido, celebridade? — Perguntei.
— Estou esperando meu amigo terminar de estacionar o carro para fazer seu pedido junto. — Ele respondeu se apoiando no balcão e me encarando.
— Ótimo. — Falei soltando um sorriso forçado.
Passaram alguns longos minutos e eu nem notei quando o tal amigo do Cameron chegou. Estava muito ocupada mexendo em coisas aleatórias no celular.
— Pronto, madame. — Fui despertada por Cameron se curvando para que eu passasse, num ato de deboche.
— O amiguinho da super estrela já fez seu pedido também? Ótimo. — Falei andando até o balcão e finalmente olhando para os dois. Fiquei em choque.
— Gabriela? — Escutei a voz mais doce pronunciar o meu nome de novo.
— Shawn? — Perguntei incrédula e tentando ao máximo não gaguejar.
— Esperem um pouco. Vocês se conhecem? — Cameron perguntou boquiaberto enquanto olhava de um para o outro.
— Nós... Hm... — Shawn começou a falar.
— Nos conhecemos ontem no meet and greet do show do Shawn. — Falei encarando o Cameron, totalmente corada.
— Vocês se pegaram? — Ele perguntou apontando de um para o outro.
— Cameron! — Shawn o repreendeu.
— Não! — Falei ao mesmo tempo que o Shawn o repreendeu.
— Você quer sentar com a gente? — Shawn perguntou olhando pra mim, me deixando paralisada por alguns instantes.
— Eu só... Hm... Só vou fazer meu pedido antes. — Falei sem graça indo em direção ao balcão.
Fiz meu pedido e esperei para pegar o mesmo. Fui em direção a uma mesa mais afastada da entrada onde Shawn e Cameron sentaram.
— Então, Gabriela... — Cameron falou passando uma de suas mãos no queixo, num gesto pensativo, enquanto eu sentava.
— O quê? — Perguntei o encarando.
— Você me odeia e ama o Shawn? — Ele perguntou apoiando a cabeça na palma das mãos e os cotovelos apoiados na mesa. Corei completamente e olhei pra baixo por um momento.
— Eu não te odeio. Mas você me deu motivos suficientes ali na fila. — Falei tomando um gole do meu chá gelado.
— Você é muito esquentadinha, já te disseram isso? — Ele perguntou.
— Você é muito pervertido, já te disseram isso? — Retruquei.
— Você deu em cima dela, Cameron? — Shawn perguntou o encarando.
— Não. Da atendente. — Ele respondeu esticando os braços e colocando-os atrás da cabeça.
— Está dizendo que eu não sou atraente? Seu conceito comigo cai a cada coisa que você fala. — Encarei-o fazendo cara de séria.
— Eu deixo essa pergunta para o meu amigo responder enquanto vou no banheiro. — Ele falou se levantando.
Fiquei totalmente sem graça por ficar sozinha ali com o Shawn. Encarei meus pés para não ter que encarar aqueles olhos hipnotizantes e aquele sorriso que faz meu coração derreter.
— Então... — Ele começou a falar, me fazendo levantar a cabeça e encará-lo. — Você gostou do show de ontem? — Ele perguntou sorrindo abertamente.
— Amei. Principalmente na música “Never Be Alone”. — Falei corando.
— Vi no seu twitter que era uma das suas músicas preferidas. — Ele respondeu.
— Stalker. — Falei fazendo cara de espanto e o fazendo rir.
— Você está melhor? — Ele perguntou preocupado e eu entendi que ele se referia aos machucados.
— Sim. — Respondi abaixando a cabeça e sentindo meus olhos marejarem.
Senti alguém me abraçando e notei que o Shawn tinha levantado e estava agachado do meu lado. O agradeci várias vezes e falei que não tinha com o que se importar.
— Voltei. — Cameron falou sentando de novo na mesa logo após Shawn voltar para o seu lugar.
— Eu tenho que ir pra casa. — Falei olhando as horas no celular.
— A menininha têm que voltar cedo pra casa? — Cameron debochou.
— Eu tenho que tomar banho, ao contrário de você que não deve saber o que é isso. Suas fãs dizem que você é bem cheiroso... Tenho que discordar. — Falei debochando dele e tampando o nariz.
— Ei. Eu sou cheiroso sim. — Ele falou se cheirando.
Eu e Shawn nos encaramos e caímos na gargalhada.
— Muito engraçados vocês dois. — Ele falou revirando os olhos.
— Agora é sério. Vou pra casa. Foi muito bom encontrar vocês. — Falei me levantando e os dois levantaram também.
— Podemos levar você até a sua casa. — Shawn falou.
— Ou a gente podia ir direto para a sua casa. — Cameron falou tentando pegar a chave da mão do Shawn.
— Você está na minha casa como visita. Então fique calado. — Shawn falou dando um murro de leve no seu braço. — Vamos? — Ele perguntou olhando pra mim.
Fomos em direção ao seu carro que estava na rua do lado da Starbucks.
— Eu vou na frente. — Cameron falou correndo na minha frente.
— Nem pensar. — Falei correndo mais rápido do que ele e sentando no banco do passageiro ao lado do motorista.
— Vocês são uns chatos. — Ele falou sentando no banco de trás e bufando.
— Calado, Dallas. — Falei virando para o banco de trás e soltando um sorriso sarcástico.
Fui ensinando o caminho da minha casa para o Shawn. Não ficava muito longe de onde estávamos. Durante todo o percurso o Cameron foi resmungando coisas que preferimos ignorar.
— Pronto, é aquele prédio. — Falei apontando para o meu prédio que ficava um pouco mais a frente.
— Sã e salva. — Shawn falou enquanto parava o carro na frente da portaria.
— Finalmente. — Cameron gritou feliz.
— Tchau, senhor sou uma super estrela Dallas. — Falei revirando os olhos para ele.
— ADEUS. — Ele falou saindo do carro para vim para o banco da frente.
— Obrigada pela carona, realmente não precisava. — Falei enquanto tirava o cinto de segurança.
— Claro que eu não ia deixar você voltar sozinha essa hora podendo te deixar aqui. — Ele falou me dando um abraço e um beijo na bochecha.
Desci do carro e dei um abraço no Cameron antes de entrar no prédio e ver o carro se afastando. Subi toda sorridente e cantarolando alguns trechos de músicas que me vieram à mente. Assim que o elevador abriu eu tive a visão de uma pessoa sentada na frente da minha porta com a cabeça apoiada entre as pernas.
— Roan? — Falei e ele levantou a cabeça. — O que você está fazendo aqui? — Falei recuando.
— Onde você estava? — Ele perguntou me encarando. Seu olhar que agora me dava medo.
— Não te interessa, Roan. Sai da frente da minha casa. — Falei apertando o botão do elevador sem ele ver.
— ONDE VOCÊ ESTAVA? — Ele gritou enquanto levantava do chão.
— Minha vida não te interessa mais. — Falei com mais segurança.
— Claro que interessa, Gabriela. — Ele falou me empurrando com força contra a parede do hall.
— PARA COM ISSO, ROAN. — Gritei dando uma tapa no seu braço.
— VOCÊ ESTÁ DANDO PRA AQUELE CANTOR QUE VOCÊ GOSTA? — Ele perguntou debochando. — QUANTO ELE ESTÁ TE PAGANDO PELO PROGRAMA? ME RESPONDE VADIA. — Ele falou apertando meus braços e me jogando no chão.
— ME DEIXA EM PAZ, ROAN. SOME DA MINHA VIDA. — Falei tentando controlar as lágrimas que já rolavam no meu rosto.
— Eu tenho nojo de você. — Ele falou dando um chute nas minhas pernas e entrando no elevador.
Meus sentidos foram voltando aos poucos e comecei a sentir algumas dores fortes no corpo. Aquele olhar transtornado de Roan ficou gravado na minha mente. Seus olhos estavam fundos e completamente vermelhos. Tanto pelas drogas, quanto pela raiva.
Vi que meu celular tinha descarregado. Eu precisava ir numa farmácia comprar remédios urgente. Levantei com um pouco de dificuldade e fui em direção ao elevador enquanto enxugava o meu rosto. Passei pela portaria com a cabeça baixa e saí na rua sem rumo procurando alguma farmácia aberta. As ruas estavam escuras e desertas, e aquilo começou a me assustar. Entrei em uma rua totalmente sem ninguém e logo avistei um carro vindo em minha direção.
Cada vez mais que o carro se aproximava eu começava a me tremer mais. Tentei correr pelo caminho contrário, mas isso só fez o carro acelerar e parar do meu lado.
— Gabriela? — Escutei uma voz conhecida.
— Cameron? — Falei olhando para dentro do carro enquanto ele abaixava o vidro.
— O que você está fazendo nessa rua deserta sozinha uma hora dessas? — Ele perguntou e continuou sem esperar a minha resposta. — Saí para comprar porcarias para comer e vejo você por aí sozinha.
— Eu só... — Comecei a falar e parei quando vi sua expressão de assustado.
— O que aconteceu com você? — Ele perguntou reparando meus braços vermelhos e meu rosto inchado de tanto chorar.
— Nada, eu só... — Não consegui terminar a frase e comecei a chorar de novo.
Cameron desceu do carro num ato rápido, me deu um abraço e me levou até o banco do passageiro.
— Pra onde você vai me levar? — Perguntei fungando.
— Você vai comigo para a casa do Shawn querendo ou não. — Ele falou acelerando o carro.
— Não precisa. Me deixa em casa mesmo. — Falei um pouco mais calma.
— Você vai comigo até lá e fim de discussão. Não vou deixar você sozinha por aí nesse estado. Nem eu, nem o Shawn iríamos deixar você por aí desse jeito. — Ele falou afagando meus braços e em seguida voltando a sua atenção à rua.
Acomodei-me no banco e cochilei um pouco. Meu corpo estava dolorido e meu coração mais ainda. Mas com o Shawn e Cameron eu comecei a sentir uma ponta de felicidade e talvez... Esperança.
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