História Treat you better - I'm Shawn

Faz seis meses que minha mãe se casou novamente, faz seis meses que isso tem acontecido. Greg se mostrava uma pessoa paciente e carinhosa na frente de minha mãe, mas era bem diferente quando ela virava as costas. Eu realmente queria contar isso pra ela, de verdade. Mas eu tenho certeza que ela não acreditaria em mim e ficaria ao lado dele. Então para evitar confusão e ser considerada a errada da história eu aguentava tudo de boca fechada.

Greg se aproximou de mim e já foi beijando meu pescoço. Depois de me deixar totalmente nua, ele me colocou no sofá e abaixou sua calça. Fechei meus olhos para tentar evitar ver tudo o que vem pela frente. É uma pena que eu não posso tentar evitar sentir tudo isso.

Foi rápido, E assim que ele acabou o serviço, catou suas roupas e foi para a cozinha. E eu na esperança de me livrar de suas digitais fui para o banho.

E é assim que a maioria de meus dias tem sido. Eu me sentia completamente suja e explorada. Poderia tomar centenas de banhos e passar horas debaixo do chuveiro, depois eu ainda estaria me sentindo do mesmo jeito.

Não demorei muito, pois sabia que se demorasse levaria bronca. Também evitei sair só de toalha para não ver is olhares pervertidos de Greg sob meu corpo.

Depois de secar meu cabelo, coloquei um pijama cor-de-rosa bem largo, que a propósito era meu favorito e comecei a repassar a matéria de hoje, que para o primeiro dia de aula foi bastante coisa.

Logo mamãe me chamou para jantar.

- Hoje somos apenas nós duas, meu amor. – ela disse enquanto eu descia as escadas.

- E Greg? – comemorei internamente.

- Foi jogar futebol com alguns amigos. Ele volta ás nove. – sorriu, servindo macarronada para nós.

Conferi no relógio e eram 19:30. Tinha mamãe só para mim por exatamente uma hora e meia. Isso me deixou muito feliz.

- Conte-me como foi seu primeiro dia de aula.

- Foi divertido.

- Gostou da escola?

- Sim, ela é muito linda e muito bem organizada.

- E os colegas?

- Todos são tão incríveis, mamãe. Queria que você pudesse conhecê-los. São todos muito simpáticos e respeitosos. Eu realmente amei tudo lá.

- Que bom, meu amor. Fico muito feliz por você.

Nós tivemos uma longa conversa, como não tínhamos há meses. E eu realmente gostaria de ter falado sobre aquilo para ela, eu sabia que era o certo a se fazer. Mas temia as consequências disso.

Depois de termos lavado a louça subi novamente para meu quarto onde fiquei escutando Katy Perry até pegar no sono.

E de repente aqui estou novamente passando pelo infinito corredor do ônibus. Agora as pessoas não me olhavam do mesmo jeito que ontem, ainda bem. Ao me ver, o menino da última fila abriu espaço para que eu me sentasse.

Agradeci a mim mesma mentalmente por ter me lembrado de trazer um gibi para evitar ficar dispersa por causa do silêncio constrangedor. Folheei e comecei a ler.

- Eu recomendaria a edição 12, porque nessa  11 o final já é bem óbvio. – Ele quebrou o silêncio pela primeira vez.

- Por favor, não me diga que Peter morre.

- Exato! Desculpe-me contar.

- Tudo bem. Eu já suspeitava disso mesmo. Mas e a Daffine? O que acontece com ela?

- Ela já estava perdida, de qualquer forma. Peter morreu tentando salvá-la.

- Então você quer dizer que os dois morreram?

- Sim. As ilustrações são tristes, mas realmente lindas. Tanto é que estão coladas em uma parede de meu quarto.

- Você cola figuras em suas paredes?

- Sim. E o resultado é bem massa. Deveria experimentar.

- Se eu fizer isso, você não irá me ver nunca mais. – ele riu. E eu sorri.

- Prazer, eu sou Shawn. Shawn Mendes. – ele estendeu sua mão e eu apertei.

- Prazer, Katherine Medsen. Mas pode me chamar de Kath.

As três primeiras aulas passaram voando, logo estávamos no recreio assistindo os meninos do terceirão jogando basquete. Lou e Jeni estavam na sala copiando a tarefa e eu estava sozinha até que uma menina se sentou do meu lado. Ao olhar seu rosto, percebi que a conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde exatamente.

- Katherine, sexta ás 19h00min na minha casa. – Ela me entregou um convite e saiu.

O convite era inteiro rosa bebê com uma foto dela na frente. Seu nome era Lana e ela estava me convidando para sua festa de 15 anos. Nem me empolguei muito afinal era bem provável que minha mãe não fosse me deixar ir, ainda mais sendo a festa de alguém que ela não conhece.

O sinal bateu e todos nós subimos até nossas salas.

Mr. Collins entrou e as meninas começaram a cochichar entre elas.

- Bom dia, 8º ano. Segundo a apostila hoje estudaremos o conceito da Geografia física, que como o próprio nome nos dá a entender, é uma vertente voltada para a análise dos elementos naturais do espaço terrestre...

E isso foi tudo o que consegui entender dessa aula. Odeio geografia. E para a minha sorte foram duas aulas seguidas. Sinceramente? Eu quase desisti. Enquanto o professor falava, falava e falava eu fiquei lendo meu gibi. Consegui terminá-lo e como Shawn havia falado mais cedo, as ilustrações finais são realmente lindas. Logo as recortei e colei na capa de minha apostila.

O sinal bateu e eu agradeci a Deus por hoje a aula não ser até ás 15h00min. Apenas na terça-feira tínhamos “folga”.

Desci as escadas sozinha, não era a primeira vez que Louise e Jenifer não me esperavam.

Hoje o ônibus já estava nos esperando na frente do portão. E ao subir, comecei a me preparar psicologicamente para ver Shawn na frente com uma menina, como ontem. Mas para a minha surpresa, ele estava lá trás.

- Olha, parece que você também gostou das ilustrações. – Ele disse ao ver a colagem em minha apostila.

- Elas são incríveis. – sorri.

- Onde você estudava ano passado?

- Eu morava no Brasil. – ele ficou boquiaberto com minha resposta.

- Ai meu Deus. Eu não acredito! Sério?

- Sim. Você já foi para lá?

- Não, mas espero um dia poder ir.

- É realmente lindo.

- Você mora naquela cidade que tem aquele negócio com os braços abertos? – Ele abriu os braços e então eu ri.

- O Cristo Redentor é só o que as pessoas lembram quando pensam no Brasil.

- Mas é porque é tipo a marca.

- Tá, mas e o Pelé? – ele riu.

- Também podemos lembrar de samba, bundas...

- Oh, Jesus! – risos.

Depois de um tempo, eu não consegui me controlar e tive que o interrogar sobre o que estava me matando de curiosidade.

- Quem era aquela menina que você estava falando ontem aqui? – ele mordeu os dentes e então engoliu em seco.