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História Trégua Suspensa - Bang bang, he shot me down


Escrita por: caulaty

Capítulo 13 - Bang bang, he shot me down


Se Kyle dissesse que Eric Cartman era a única coisa em sua mente durante aquela noite, ele estaria mentindo. Não importava o quanto ele quisesse criar justificativas, dizendo que aquilo tudo acontecia muito mais rápido do que seu cérebro tinha capacidade de processar. Ele poderia ter parado. Teve inúmeras chances disso, porque os beijos eram interrompidos subitamente para que ele encarasse os olhos ridiculamente azuis de Kenny, e não foi uma ou duas vezes, mas a verdade era que Kyle não pararia por nada. Ele não parou quando Kenny escorregou as mãos pelo seu pescoço, enterrando as pontas dos dedos em seus cabelos vermelhos para puxá-lo contra o beijo intenso, doloroso, em que dentes roçavam pela carne dos lábios e as línguas brigavam por espaço quase que desesperadamente; e nessa briga, Kyle estava perdendo, pois a língua de Kenny nunca estivera tão fundo em sua boca. Ele se lembrava perfeitamente da sensação daquela língua grossa e flexível explorando a sua, deslizando lentamente, mas com firmeza, e se lembrava do gosto do cigarro e do álcool na boca do loiro, do cheiro de almíscar em alguma colônia barata e viciante, e se lembrava do toque brusco das mãos grandes de Kenny segurando-o tão apertado que jamais lhe dava a opção de se afastar. Então ele podia culpar Kenny por tudo aquilo. Ele me forçou, diria a si mesmo quando aquele beijo terminasse, e torcia para encontrar a força de vontade necessária para se levantar e ir embora daquela casa. Mas isso não aconteceu. Quando o beijo terminou, aquele olhar penetrante de Kenny pareceu, de alguma forma doentia, tocar dentro dele. E foi Kyle quem jogou os braços em torno do pescoço dele para puxá-lo, aproximando o corpo o suficiente para que as pernas deles se confundissem no sofá, e Kenny o empurrou para trás com tanta fome que teria sido assustador, se não fosse tão excitante.

Agora, o corpo de Kenny pesava sobre o dele, e podia sentir o calor daquele corpo, o aroma intoxicante da pele dele, a musculatura toda que se escondia por baixo da roupa, as costas firmes e largas, os braços fortes dele, o abdômen colado ao seu, o volume rígido por baixo do tecido grosso do jeans. Oito anos antes, o corpo de Kenny era muito mais magro e esguio do que agora. Talvez a idade tivesse algo a ver com isso, ou talvez ele simplesmente tivesse começado a malhar - não podia imaginar Kenny como um homem de academia - mas quando Kyle cravou as unhas no braço dele, pôde sentir a diferença. E ao mesmo tempo, não havia diferença alguma. O corpo era mais másculo, havia uma barba mal feita roçando em seu rosto e avermelhando sua pele conforme eles se beijavam, mas o calor era o mesmo, o gosto era o mesmo, o toque era o mesmo. Um lapso de consciência fez com que o ruivo se perguntasse se o gosto ainda seria o mesmo se ele chupasse o pau dele. Kyle guardava aquela sensação em sua memória como uma das mais deliciosas de toda a sua vida. Lembrava-se tão bem da primeira vez que havia experimentado aquele gosto, ajoelhado no meio da cozinha, na casa de seus pais, sentindo os azulejos brancos tão gelados contra a sua pele, a cozinha tomada por um aroma de brownie queimado. Tinha 19 anos na época, e nunca havia segurado um pênis daquele tamanho, mas nem mesmo o medo ou a hesitação de uma experiência nova foram capazes de cegá-lo para a naturalidade das coisas. Tomou Kenny como se fosse seu, embora aquele encontro sexual não teria grande significado durante mais três anos de amizade e flerte platônico, quando eles realmente descobririam o quanto se desejavam.

Aquele primeiro boquete de tantos anos atrás já não passava de uma imagem difusa na mente de Kyle enquanto suas mãos agiam por conta própria, puxando a camiseta de Kenny para cima, permitindo ao mesmo tempo em que as palmas se deleitassem da textura macia e quente daquelas costas, como se finalmente estivessem em casa depois de tantos anos. O toque arrepiou o corpo de Kenny, respondendo com uma pressão intensa com o quadril, esfregando a própria ereção na de Kyle, permitindo que os lábios escapassem para o pescoço alvo, tão longo, tão elegante e sem marcas. A visão excitou o loiro, contaminando a ideia de que Kyle jamais havia sido tocado desde a última noite que passaram juntos. Era uma bobagem, é claro. Um pensamento egoísta, uma ilusão quase infantil, mas Kenny não ligava para as análises psicológicas daquela relação, não ligava para nada que não fosse o pescoço de Kyle. Inalou o cheiro dele como um viciado antes de devorá-lo, roçando a barba até avermelhar a pele sensível, chupando como se sua vida dependesse disso. Porque em partes, dependia. Se eles parassem por um instante sequer, talvez um lapso de consciência os arrancasse do transe em que estavam mergulhados, e Kenny não suportaria isso. Não assim, não naquele momento.

Não demorou muito para que o loiro estivesse abaixando o zíper da calça, apoiando um dos pés no chão para ter suporte ao erguer o quadril, interrompendo a fricção deliciosa que relaxou todos os músculos do corpo de Kyle como uma espécie de anestesia. Kenny sempre teve essa habilidade com ele. Os beijos nunca eram somente beijos, vinham sempre carregados de tanta adrenalina e habilidade, eram sempre mais molhados, mais fortes, mais quentes do que com qualquer outro homem que ele já tivesse experimentado. E Kyle experimentou diversos. Ergueu as mãos atordoadas ao que o loiro ergueu o tronco, ajoelhando-se entre as pernas do ruivo, escorregando uma mão firme pela parte interna da coxa ainda coberta. A região em torno da boca de Kyle estava úmida de saliva até o queixo, e escorria pelo pescoço todinho, e o ar gelado em contato com a pele quente causou um arrepio na espinha. Kyle umedeceu os lábios, levantando os olhos, com as pupilas dilatadas de tesão e agonia. Aquela era a hora certa de parar. Já havia cometido seu pecado, aliviado a tensão sexual, agora precisava voltar para as escolhas que fez em um mundo sem Kenny.

Não foi isso que aconteceu.

O cheiro de Kenny invadindo suas narinas não permitiu. A mão grande, os dedos grossos apertando sua coxa também não permitiram. O abdômen definido, o peitoral, os braços fortes, o sorriso sacana, o cabelo loiro sujo caindo por cima do rosto, aqueles olhos diabolicamente azuis, o álcool em seu sangue, nada disso permitiu que Kyle tomasse a decisão correta. Cada célula do corpo do ruivo pulsava por aquilo, ardendo de tanto desejo, e ele concedeu com o olhar aquilo que Kenny pretendia fazer de um jeito ou de outro.

Já masturbava o próprio pau rígido para fora da calça, segurando-o pela base e deslizando os dedos firmemente até a glande, massageando na ponta, sorrindo pela forma com que Kyle observava o movimento, mantendo os lábios entreabertos como um pedido. Kenny avançou por cima dele como um animal, alcançando a mão nos cabelos vermelhos e apertando uma mecha com força na mão livre, colocando-se sobre o peito de Kyle para aproximar o quadril do rosto dele, enquanto o ruivo mantinha-se deitado, tão submisso, esperando. O coração martelava dentro do peito. Os lábios rosados de Kyle se abriram para esticar a língua quente e flexível, enquanto Kenny encaixava a glande sem pressa e escorregava devagar, fechando os olhos, deixando escapar um gemido baixo sob a respiração pesada pela sensação daquela boca. Não havia boca como a de Kyle, nem nos Alpes Suíços, nem no Himalaia, nem na Austrália, nem em Portugal, o loiro sabia disso muito bem. Pois procurou. Procurou em tantas mulheres e tantos homens aquilo que o ruivo sabia fazer com tanta naturalidade, mantendo os olhos fixos nos dele enquanto escorria saliva pelo queixo, os lábios carnudos e molhados deslizando de pouquinho em pouquinho, engolindo o pau grosso, sentindo-o latejar, provocando a carne sensível com a ponta da língua.

Kenny apertou os olhos com força e franziu o nariz, soltando o próprio membro, levando as duas mãos ao braço do sofá para se apoiar. Mal havia descido o jeans, que agora limitava a separação das suas pernas, fazendo com que ele quase precisasse se ajoelhar sobre o peito de Kyle para controlar o movimento, firmando o outro pé no chão, dobrando um pouco o joelho para forçar um movimento sutil investindo o pau dentro da boca de Kyle o mais gentilmente que pôde. Mas manter a sanidade beirava o impossível: as mãos do ruivo percorriam a parte de trás das suas coxas, e ele erguia o pescoço fervorosamente, forçando o rosto contra a investida do membro que deslizava mais fundo na garganta, fazendo com que ele engasgasse de forma barulhenta, tentando recuar. Era uma das visões mais belas que Kenny já tivera em toda a sua vida, e não pôde conter o sorriso malicioso, escorregando a mão pelos cabelos para bagunçá-los, sem segurar nos fios, deixando que Kyle movimentasse o pescoço à vontade. Agora, os olhos verdes estavam fechados e a expressão no rosto do ruivo era menos aflita, acostumando-se com a sensação. A diferença em Kyle também era óbvia. Ele era um homem, não mais aquele jovem adulto inseguro e movido somente pelos instintos carnais, que ainda eram presentes como na época, mas com muito mais propriedade. Ele sabia o que fazer com um pau agora. Sabia de verdade. Não engolia mais afoitamente, desesperado; escorregava-o entre os lábios bem apertadinho e com calma, molhando-o por inteiro, gastando um bom tempo na cabecinha, circulando com a língua, lambendo, abaixando a calça de Kenny até o meio das coxas para alcançar os testículos com a mão, brincando com eles.

O loiro mordeu o lábio e estremeceu.

Fizeram com que aquilo durasse tempo o suficiente apenas para enlouquecê-los.

O gosto era exatamente o mesmo. Da pele, da carne, do suor, dos dedos e do pau. Até mesmo quando Kenny recuou com o quadril parar retirar o membro úmido inteirinho da boca dele, forçando o rosto de Kyle contra o próprio saco, o ruivo deve certeza: os sons extraídos da boca de Kenny, a forma com que ele olhava para baixo e sorria, coberto de suor, era como se o tempo não tivesse passado.

Em questão de três ou quatro minutos, Kyle estava de pé novamente, com as pernas bambas e o corpo colado ao de Kenny, precisando se apoiar nele para andar. Os passos eram cegos, pois as bocas permaneciam coladas o tempo inteiro, explorando uma à outra, as línguas enroscadas descobrindo o espaço, combinando o beijo, trocando saliva como se tivessem nascido um só em vez de dois. O loiro começou a puxá-lo em direção à escada, arrancando o que restava de roupa conforme percorriam o caminho, pressionando-o com força contra a parede para uma pausa brusca, percorrendo a língua do pescoço até a orelha arrepiada do ruivo, mordiscando, apertando-o com as mãos nos lugares mais sórdidos, desesperado para sentir o toque tão macio daquele corpo, descobrindo as diferenças daquela pintura mental que ele havia guardado de Kyle durante oito anos. Havia uma cicatriz na coxa que ele desconhecia, mas as pequenas pintas do braço ainda estavam no mesmo lugar, os mamilos ainda eram rosados e se arrepiavam com toda facilidade, os pelos ainda tinham aquela coloração que flertava entre o dourado e vermelho. Era magnífico. Talvez ele tivesse ganhado alguns quilos, parecia ter mais pelos do que ele se lembrava, mas as curvas ainda estavam exatamente no mesmo lugar, e Kenny poderia se perder nelas a madrugada inteira.

O sótão onde ele dormia não tinha nada mais do que um colchão velho e algumas pilhas desorganizadas de tralhas, algumas caixas de Stan, e livros, muitos livros. Mais livros do que as pessoas acreditavam que Kenny teria, pois estava longe de ser uma pessoa culta. Era mal iluminado, pequeno e frio, mas muito melhor do que boa parte dos cafofos que Kenny tivera durante a vida. Era mais do que suficiente naquele momento, quando Kyle se deitou de bruços, com as coxas separadas, e Kenny percorreu o contorno suave das costas dele com a ponta do nariz, deixando-lhe uma mordida na nádega, sentindo-o com as mãos. Kyle esticou a perna e estremecendo, empinando para trás com estranha maestria, sabendo exatamente como se abrir. O loiro gastou alguns minutos procurando no escuro, no bolso de uma das calças, uma camisinha fechada. A pequena janela do sótão deixava entrar um pouco da luz dos postes lá fora, mas não foi de grande ajuda. Enquanto procurava, ergueu os olhos para o ruivo debruçado, sorrindo fraco para ele com o olhar mais sacana, alcançando a mão por trás para roçar os dedos pela própria entrada, contraindo os músculos em provocação, sussurrando palavras bêbadas sobre como precisava de Kenny dentro dele.

Transaram da única maneira que sabiam. Kyle achou que fosse desmaiar pela pressão, mas recebeu-o dentro de seu corpo com muito mais experiência do que quando eram jovens idiotas, ainda descobrindo como se faz sexo. Kenny penetrou firme e lentamente, de uma vez só, abrindo-o aos poucos, mantendo as duas mãos nas nádegas do ruivo, separando-as. Mordeu o lábio com força, a ponto de deixar uma marca esbranquiçada, quando ele começou a movimentar o quadril circularmente, pressionando para trás, clamando com o corpo para que ele fosse mais fundo. Kenny escorregou as mãos pela pele suada e apertou a cintura dele, puxando-o para trás, rindo fraco pelo grito rouco que Kyle ofereceu, assistindo fascinado à maneira com que o ruivo se contraía, erguendo mais a bunda e enterrando o rosto no travesseiro fino, apertando-o entre os dedos. O loiro começou a investir em movimentos curtos, quase sem retirar nada, não podendo conter o próprio gemido abafado por uma respiração pesada, inclinando-se por cima dele para colar seu peito às costas de Kyle, deixando que o suor dos dois se misturasse, cobrindo-o protetoramente sob seu peso, aproximando a boca entreaberta da orelha pequena no meio do emaranhado de cabelos ruivos úmidos.

Kyle levava como um homem, e isso era suficiente para que Kenny o fodesse sem cuidado, mantendo a cabecinha ruiva bem puxada para trás enquanto o segurava pelos cabelos, e quanto mais alto ele gritava, mais forte o loiro metia. O som do quadril se chocando com o dele era como música, senão mais belo.

Era errado. Lá no fundo, em alguma parte de sua mente, Kyle sabia que era errado. Mas sentir o pau de Kenny pulsando dentro de seu corpo mais uma vez, o grunhido másculo que ele soltava bem próximo ao seu ouvido, as mãos firmes dele, o peito duro deslizando molhado pelas suas costas, e sentir como, depois de tantos anos, o loiro continuava tocando-o com o desejo de um adolescente cheio de hormônios, era um preço que ele estava disposto a pagar. Teria muito tempo para se preocupar com a ética quando aquela noite terminasse. Por ora, virou o rosto para enxergar o outro homem, observando-o por cima do ombro, com a boquinha aberta deixando escapar gemidos descontrolados, o tesão esboçado na expressão inteira, e Kenny inclinou para perto o suficiente até que os lábios e as línguas voltassem a se encontrar.

Quando Kenny acordou na manhã seguinte, pelado, tremendo de frio, com a coberta entre as pernas, Kyle não estava mais lá.



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