Assim que deixamos Shawn em casa, partimos para a casa de Niall. Liam estava no canto do banco e não olhava para mim, e eu fazia o mesmo, ignorando a existência dele.
Tudo o que Shawn disse ficou na minha cabeça. É claro que aquilo mexeu comigo. Ele estava pedindo desculpas, estava pedindo para voltar. Mas, eu sabia agora como Shawn funcionava. Então, tinha que manter um pé atrás sempre.
Chegamos à casa de Niall e ele começou a ajeitar as coisas para que pudéssemos assistir filmes. Eu fiquei pensando que essa ideia de ir à casa de um deles só para assistir filmes estava meio errada.
- Eu vou pegar as almofadas. Liam, você me ajuda? – Mari pediu.
- Tudo bem. – Ele deu de ombros, provavelmente, agradecendo por se livrar de mim.
Os dois subiram e eu fiquei ali, parada, feito uma estátua, porque todos pareciam ocupados com alguma coisa.
- Quer que eu ajude em algo, Niall? – Eu perguntei, quando vi ele pegando vários salgadinhos do armário.
- Cadê os doces? Ah... – Ele resmungou. – Você pode pedir para a Mari onde eles estão? Ela começou a mudar as coisas de lugar aqui em casa e eu não acho mais nada.
- Tudo bem. – Eu ri. Como era estranho pensar que a Mari já estava praticamente tomando conta da casa de Niall. Não conseguia lembrar qual foi a última vez que ela dormiu no quarto com a gente.
Subi as escadas e encontrei a própria no corredor com várias almofadas.
- Mari, o Niall quer saber onde estão os doces.
- Ah... Ele não vai achar. – Ela disse, pensativa. – Tome. Pega essas almofadas. Termine de levar elas para baixo, que eu vou ajudar ele. – E antes que eu dissesse uma palavra, ela desceu correndo e eu fiquei com umas cinco almofadas nos braços. Desci devagar, cuidando para não rolar nas escadas. Posicionei todas as almofadas no chão, perto do sofá e subi correndo pegar o resto.
Liam estava no quarto mexendo no celular, em vez de pegar as almofadas. Parecia ocupado, mandando mensagem. Provavelmente, para a Cheryl, pensei.
- Ótimo, vou fazer tudo sozinha aqui, enquanto você fica mexendo no celular. – Eu o alfinetei e ele virou para me encarar.
- Eu estou ocupado.
- Estou vendo. A namorada está chamando pra voltar para a casinha agora? – Eu continuei o provocando, enquanto separava as almofadas menores para levar.
- Você tem um namorado que apareceu bêbado no seu quarto hoje. Não é como se você pudesse falar de mim.
- Pelo menos, ele vem me visitar, né? Ele não aparece de vez em nunca, só para brigar comigo e vai embora depois. – Eu continuei o provocando e ele me fuzilou com o olhar.
- Eu sei que você realmente precisa acreditar que o meu relacionamento com a Cheryl é ruim para se sentir melhor. Mas, não é.
- Então, por que você não sai desse celular?
- Está com ciúmes agora? – Ele falou, irônico e eu bufei.
- Se tem alguém com ciúmes aqui é você né?
- Eu?
- É. Eu vi o jeito que você segurou o Shawn quando ele chegou perto de mim. – Eu larguei as almofadas e cruzei os braços triunfante.
- Ótimo, da próxima vez, eu deixo ele, podre de bêbado, tentar te agarrar.
- Deveria. Ele beija muito bem.
- Eu percebi, Stéfane. Ele fez questão de citar as preliminares, lembra? – Ele levantou a voz, ficando irritado e eu fiquei sem resposta. – Por que você não quis? – Ele mudou subitamente de assunto.
- Eu... É cedo, ué. Era o nosso segundo encontro.
- Que bom. – Ele admitiu e eu o olhei, confusa.
- Que bom?
- Que bom que você é assim. – Ele se consertou. – Isso é legal.
- Sei. – Eu encarei o chão, sem saber o que falar. Então, ele voltou a mexer no celular. – Largue isso! Venha se divertir. – Eu pedi, chegando mais perto e tentando tirar o celular da mão dele.
- Stéfane, largue! Eu estou ocupado.
- A Cheryl aguenta uma noite sem falar com você. – Eu retruquei, ainda lutando para tirar o celular dele.
- Você aguentaria? – Ele perguntou, me alfinetando e eu arqueei as sobrancelhas surpresa.
- Eu aguentaria! – Falei um pouco mais agudo do que deveria. Talvez, eu não aguentasse. Mas... Ele era meu favorito. Eu tinha um desconto.
- Você não aguenta nem cinco minutos sem me tocar. – Ele abriu um sorriso divertido e indicou que eu ainda estava me segurando nele, tentando tirar o celular. Imediatamente, eu o soltei.
- Pare de me provocar. Você se diverte com tudo isso, não é? – Eu falei, irritada e ele ficou surpreso.
- Eu me divirto?
- Sim! Você sempre fica me provocando e se achando o melhor. Mas, você não é, Liam! Você continua sendo um idiota metido e eu não ficaria com você assim. – Eu dei de dedo e ele me encarou por alguns segundos sem saber o que fazer.
- Ótimo, mas com o galinha do Shawn, você fica?
- Ele não é metido!
- Eu não sou metido!
- É sim. – Eu cruzei os braços, chateada. – Pode se gabar o quanto você quiser, Liam. Mas, eu nunca ficaria com você.
Eu vi que ele percebeu que tinha me magoado, mas eu não iria dar o braço a torcer. Ele parou, me analisando, e eu decidi ir lá para baixo. Comecei a pegar as almofadas rapidamente para descer o mais rápido o possível.
Ele ficou parado, me observando, enquanto eu as pegava e não disse nada.
- Pare com isso! – Eu pedi sem encará-lo.
- Parar com o quê?
- De ficar me olhando assim! Se o que você queria era me deixar mais chateada, pronto, você conseguiu. – Eu falei, irritada. Ele parou de falar de novo, me deixando mais irritada.
Eu nem percebi que ele se moveu, mas ele me puxou pela mão e eu larguei as almofadas com o puxão.
- Liam, o que...?
Eu não tive tempo de terminar a frase, ele me puxou para perto e me beijou. Eu demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Ele pediu passagem com a língua e eu deixei, cedendo ao sentir o desejo dele. Passei minhas mãos de leve pelo braço dele e apertei, subindo até o ombro. Ele me pressionou mais contra seu corpo, com um beijo tão intenso que eu estava quase sem ar. Eu passei os dedos de leve pela nuca dele e senti ele arrepiar com o contato. Em resposta, ele mordeu meu lábio inferior e eu pressionei mais a sua nuca para aprofundar o beijo. Tão rápido quanto ele veio, ele me soltou. Eu parei, aturdida, olhando enquanto ele virava de costas para mim, colocando a mão na nuca, tão aturdido quanto eu.
- Liam? – Eu o chamei baixinho e ele virou para me encarar, ainda ofegante.
- Desculpe. Isso não devia ter acontecido. É só...
- O quê? – Eu perguntei, voltando a ficar irritada. Depois daquele beijo, ele ia mesmo vir com o papo de que foi um erro?
- Pare, Stéfane.
- O que eu fiz agora?
- Você me deixa maluco. – Ele resmungou, irritado e eu arqueei as sobrancelhas, surpresa.
- Foi você quem me beijou!
- Exatamente. Acho... Acho que é melhor mantermos uma distância.
- Sério, Liam? Sério mesmo? – Eu cruzei os braços, indignada. – Então, você vem, me beija para aliviar a sua vontade e depois quer distância?
- Não foi só para aliviar a minha vontade. – Ele bufou.
- Foi para que então? – Em resposta, ele voltou correndo para mim e me puxou pela cintura. Eu desaprendi a respirar corretamente com a proximidade e desci o olhar para o seu abdômen, porque não conseguia encará-lo. Ele estava tão perto que eu conseguia sentir sua respiração e ele me olhava fixo.
- Pare de me torturar. – Ele pediu baixinho e eu o encarei, sem entender.
- Eu juro que não sei do que você está falando.
- Você sabe. – Ele continuou a falar com a voz profunda e eu senti um arrepio, enquanto ele chegou os lábios perto dos meus novamente, roçando de leve. Eu fechei os olhos, tentada a beijá-lo novamente, e me agarrei em sua camiseta. Ele continuava me envolvendo em seus braços e eu me sentia pequena.
- Por que você está fazendo isso? – Eu perguntei, sussurrando, aturdida com tudo aquilo.
- Eu não sou assim, Stéfane. – Ele continuou, sua respiração estava ofegante. Eu sabia que ele estava fazendo uma força enorme para se conter. Eu podia sentir. Mas, em contrapartida, eu o queria. Então, me deixei levar pelo impulso e encostei nossos lábios, pedindo por mais. Eu senti ele ceder aos pouquinhos e depois tudo de uma vez. Ele encostou os lábios nos meus e de repente, ele já estava explorando a minha boca novamente e me pressionando com força contra ele. Eu me abracei a ele, torcendo para que ele não me soltasse mais. Havia algo entre nós. Algo que nos atraía e era um desejo quase insuportável de ficar juntos, mas era pior ainda ficar longe.
Eu senti suas mãos subirem levemente pelas minhas costas e depois ele subiu uma mão, segurando meu rosto firmemente. Eu o puxei para mim, sem conseguir me conter e vi que ele estava perdendo o controle, enquanto passou os dedos pelo meu cabelo.
Eu não sei quanto tempo aquele beijo durou. Parecia uma eternidade.
- Liam! Fany! Venham logo! – Ouvimos Harry gritar do corredor e Liam me soltou rapidamente. Eu o encarei ofegante, enquanto ele me deu uma última olhada, confuso, e saiu do quarto, pegando as almofadas.
---*---
Eu desci e encontrei as meninas na cozinha. Vi, de canto de olho, que Liam estava sentado no sofá com Louis, tentando parecer natural.
- O que vocês estão fazendo?
- Brigadeiro. – Miri falou, empolgada.
- Vamos, já está pronto. – Mari falou, tirando o brigadeiro do fogo e colocando na geladeira. – Esperamos esfriar um pouco e vamos assistindo o filme enquanto isso.
Parecia que só piorava. Eu olhei para a sala, enquanto Miri pegou um lugar ao lado de Louis e Mari correu pegar o único lugar livre longe de Liam. Eu me arrastei e sentei ao seu lado, tentando não ocupar muito espaço. Senti que ele enrijeceu também, nervoso.
Niall apagou as luzes e nós começamos a ver o filme. Eu tentei me concentrar, mas era praticamente impossível. De repente, sinto Liam passar os dedos de leve pela minha perna. Meu coração começou a bater mais rápido imediatamente. Ele chegou até a minha mão que estava parada sobre a minha perna e ficou passando os dedos sobre ela. Eu peguei em seus dedos, brincando também e o encarei. Ele me olhava como se conseguisse enxergar até a minha alma. Eu aproveitei que estava escuro e cheguei meu rosto perto do dele e percebi a sua reação. Agora que o nervosismo tinha passado, eu me sentia bem quando percebia como ele ficava tenso com a proximidade.
Ele me encarou, aturdido com a tentação e apertou de leve a minha mão, como se pedisse para eu parar. Mas, eu não queria parar e dei um sorriso, chegando mais perto. Eu senti seu rosto se aproximar do meu e ele chegou a fechar os olhos por alguns segundos. Ele iria se entregar de novo? No entanto, ele fez o oposto e virou o rosto de supetão, largando a minha mão. Eu o encarei, mordendo o lábio. Será que tinha ido longe demais?
Ele voltou a prestar atenção na televisão e não virou para mim mais.
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