P.O.V. MIRIANE
Entrei na casa de Louis pela primeira vez. Estava tão nervosa que tinha quase certeza que qualquer um poderia ouvir meus batimentos cardíacos a milhas de distância.
Tínhamos deixado a casa de Harry após a noite de drinks, mas nem toda a bebida alcoólica do mundo me deixava menos tensa perto dele.
Louis acendeu as luzes da sala e me olhou com um sorriso. Eu sabia que ele estava tentando me reconfortar e às vezes, me sentia ainda pior. Você encontra Louis Tomlinson e tem a chance de ficar com ele. Por que você bancaria o gatinho arredio? Eu sei que isso o deixava confuso, porque eu sempre estava tímida, mas ao mesmo tempo queria marcar ele de alguma maneira. Como se com esse um mês que ficássemos em Londres, ele me tornasse inesquecível, já que era um fato incontestável que iriamos embora em breve, deixando o conto de fadas para trás.
Pensei nas palavras de Mari: “se você não deixar rolar, vai se arrepender para o resto da vida”. Na verdade, eu estava pensando seriamente em dar a volta e ir embora. Claro que eu não poderia fazer isso de qualquer jeito. Mas... Não custa sonhar, não é mesmo?
- Você está pensando demais. – Louis me alertou, chegando perto e me envolvendo pela cintura.
- Eu estava só... olhando a casa. – Tentei disfarçar e ele sorriu, compreensivo.
- Tudo bem ficar nervosa. – Ele continuou, pressionando sua cintura de leve contra a minha. Comecei a pensar que meu coração poderia sair pela boca a qualquer momento. – É diferente. Mas, não precisa ficar nervosa.
- Diferente?
- Diferente das outras. – Ele riu, se divertindo. Ótimo, eu era mesmo patética.
- Estou tranquila. – Nossa, como eu era descolada.
- Não está, não. – Ele deu um beijo no meu rosto e eu repeti:
- Estou sim.
- Tudo bem, amor. – Amor. Ele sempre chamava as meninas assim. E eu confesso que até me derretia quando via ele chamando alguma garota de amor nos vídeos do youtube. Mas, ouvir, ao vivo, era diferente. Eu tomei toda a coragem que tinha e encarei os olhos azuis perto dos meus. Por que ele tinha que ser tão calmo com essas coisas? Ele fazia isso todo dia com uma diferente? Deveria ser experiente. – Você está fazendo de novo.
- O quê? – Eu acordei dos pensamentos.
- Pensando demais. – Ele riu baixinho e eu fiz um biquinho.
- Você sempre faz isso?
- Isso o quê?
- Fala o que vem na cabeça?
- Ah... Sempre. – Ele admitiu, sem sentir culpa nenhuma.
- Eu sou o oposto. – Admiti, nervosa. Ele pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da orelha, me fazendo encará-lo.
- É por isso que você é diferente. – Ele respondeu, enquanto me dava um beijo no rosto. – Eu nunca consigo adivinhar o que você está pensando ou sentindo. É confuso e me deixa curioso. – Aquilo me fez rir. HÁ. Que piada. A garota sem graça e tímida, vinda direto do Brasil, estava deixando Louis Tomlinson curioso.
- Você fala como se eu tivesse todo o controle da situação por aqui e não é bem isso que está acontecendo.
- Eu acho que é exatamente isso que está acontecendo. – Eu o olhei confusa. – E se eu te beijar agora?
- O que tem?
- Eu nunca sei se você vai me recusar, porque eu não entendo o que você sente ou o que está pensando aí dentro.
- Por que eu te recusaria? – Gente, que absurdo. Ele estava me chamando de maluca assim na minha cara?
- Eu não sei. E se eu quiser fazer algo mais que só beijar hoje? – Ele acrescentou, com um sorriso malicioso e eu corei na mesma hora.
- Ué... – Não consegui responder. MARAVILHA, MIRIANE.
- Viu? Como eu vou saber se você não vai me recusar essa noite?
- Pare de ser idiota, Louis, nenhuma mulher, em sã consciência, te recusaria. – Eu falei no impulso e corei ainda mais. Ele me olhou surpreso.
- Eu não falei? Aí está a caixinha de surpresas. – Ele riu, triunfante e eu fechei a cara. Talvez, eu realmente precisasse falar mais para não confundi-lo tanto. Fiquei sem resposta e encarei a camiseta dele, sem saber para onde olhar. Ele aproveitou a deixa e me beijou. Louis tinha um beijo diferente. Ele era calmo e paciente, o beijo sempre lento, mas profundo. Ele pedia passagem com a língua e eu o deixei entrar. Eu aproveitei e subi minhas mãos para passar os braços em volta do seu pescoço, o dando permissão para aprofundar mais o beijo. Por um momento, todo o nervosismo sumiu.
Eu passei a mão pelo seu cabelo, próximo à nuca e ele mordeu de leve o meu lábio. E, como toda boa Directioner, tudo que eu conseguia pensar era “nossa, que cabelo macio”. Tá, não foi bem assim. Mas, se eu conseguisse focar em alguma coisa, seria nisso que eu focaria.
Louis pressionou ainda mais sua cintura contra a minha, e eu pude identificar exatamente o que ele queria através da calça justa. Então, tomei coragem e puxei a sua camiseta e ele parou de me beijar apenas para tirá-la, e voltou para mim. Eu arrepiei no momento em que senti sua pele nua e ele passou suas mãos por baixo da minha camiseta, apertando minha cintura de leve.
De repente, ele parou o beijo e me encarou:
- Vamos subir? – Ele sussurrou e eu apenas assenti.
Ele me guiou, me puxando pela mão até o seu quarto e voltou a me beijar antes mesmo de deitarmos. Ele puxou a minha camiseta e tirou, sem perguntar nada e eu decidi que iria tirar a calça dele enquanto ainda estávamos em pé. Ele fez o mesmo e tirou a minha, percebendo que eu não iria recusá-lo.
Sem parar de me beijar, ele foi me empurrando devagar até eu encontrar a cama e deitar. Ele deitou sobre mim, passando a mão pela minha coxa e subindo até a minha cintura. Desceu os beijos pelo meu pescoço, ainda mantendo o mesmo ritmo lento.
De repente, levo um susto e dou um pulo com o barulho do celular de Louis. Ele fala baixinho:
- Ignore. – Eu juro que tentei. Mas, enquanto ele continuava beijando meu pescoço, eu ouvia o barulho insistente do Iphone ali no chão, no bolso de sua calça.
- Louis... – Eu falei baixinho e ele parou, me encarando.
- Tudo bem, vou dar um jeito nisso. – Ele falou, irritado com o celular e levantou atrás do aparelho na calça. O nervosismo estava voltando e eu mordi os lábios, tentando manter a respiração tranquila. Louis estava na minha frente, distraído com o celular, só de cueca. Eu conseguia ver todas as tatuagens e até aquelas que eu nem sabia que existiam. Fiquei curiosa com a tatuagem no bumbum que ainda era tampada pela cueca. O celular começou a tocar de novo, e ele respirou fundo, tentando não perder a paciência. Então virou para mim e disse, sem jeito. – Desculpe, preciso atender ou o Liam não vai parar.
- Tudo bem. – Eu disse, perplexa. Ele atendeu o telefone na minha frente e sentou na cama ao meu lado.
- Liam, agora não. – Uma pausa enquanto Liam falava do outro lado. – Ah tá. Sério, cara? Meu Deus, você vai viajar a essa hora? Tá. Não vou falar nada. Eu aviso. Tchau.
Eu o encarei curiosa e ele entendeu sem eu ter que pedir nada.
- Ah... Liam está indo para L.A. Aparentemente, ele não pode esperar nem mais uma noite. – Ele riu, sem jeito. – Ele anda tendo problemas com a sua amiga.
- Problemas?
- Problemas... para se controlar. E ver a namorada talvez ajude. – Ele deu uma risada nervosa e eu continuei perplexa. Mas, ele ignorou, vindo para cima de mim. – Onde nós estávamos?
---*---
Depois da nossa primeira noite juntos, eu passei dois dias na casa de Louis direto. Eu só passava no hotel para pegar alguma roupa e depois voltava para lá. Toda a timidez tinha ido embora, apesar de Louis continuar dizendo que não conseguia me decifrar e que eu pensava demais.
No segundo dia, pela manhã, eu estava sonolenta e de camisola pela cozinha, enquanto Louis estava tomando banho. Eu precisava comer algo, mas a casa dele não tinha tanta comida assim. Homens solteiros não sabem manter uma casa, definitivamente.
Ouvi a porta da frente bater e fiquei tensa. Como fugir para trocar de roupa? Quem era? Antes que eu pudesse pensar em algo, Liam aparece com várias malas na cozinha e me encontra.
Ele vira confuso, olhando em volta, como que para se certificar de estar na casa correta.
- Liam, tudo bem? – Eu puxei assunto, indo para trás do balcão, tentando me esconder.
- Tudo, Ane. – Eles me chamavam de “eine”, um acordo entre eles, porque aparentemente falar a sílaba “mi” corretamente era quase impossível.
- O Tommo está no banho. – Eu falei, sem saber como agir.
- Ah. – Ele me olhou confuso e de repente, se tornou malicioso. – Ah. Vocês dois...?
- Liam, nós não vamos conversar sobre isso. – Eu o cortei e ele fechou a cara. – Você não ia ver a Cheryl?
- Eu ia... – Ele ficou sem resposta, ainda me encarando e eu o olhei confusa. Nesta hora, Louis entrou na cozinha, só de calça de moleton e o cabelo molhado. Ele encarou Liam, surpreso, e foi em direção à geladeira pegar um suco.
- Já voltou?
- Já. – Liam continuava evasivo e eu o olhei desconfiada.
- Fale logo o que há de errado com você. – Eu falei, impaciente. – Eu sou sua amiga também, não sou?
- É. – Ele disse, dando de ombros e então respirou fundo. – Digamos que eu esteja solteiro. – Eu o olhei surpresa e Louis voltou a atenção para ele.
- Como?
- Ah...
- Você? Solteiro? – Louis parecia incrédulo. – Você não ficaria solteiro por livre e espontânea vontade.
- Não foi por livre e espontânea vontade. – Ele respondeu sem nos encarar.
- Ela terminou com você? – Eu perguntei, ainda sem entender.
- Não, eu terminei com ela.
- Não estou entendendo nada. – Louis comentou impaciente, enquanto me servia suco também.
- Eu cheguei lá para ver a minha namorada. Maravilhosa, por sinal. Bem sucedida. Linda. Independente. Mais velha. Só que era uma surpresa.
- Uhum. – Eu assenti, o analisando.
- Como era uma surpresa... – Ele continuava se enrolando nas palavras. – Ela não teve tempo de desmarcar com o amante dela de que não iria rolar sexo naquele dia. – Ele disse com um sorriso irônico e meio sombrio.
- Ah, não, Liam... – Eu o olhei, compreensiva.
- Eu sabia. – Louis falou, irritado. Liam ficou sem jeito e manteve o sorriso congelado no rosto, como se estivesse tudo bem. Mas, estava estampado em sua testa que nada estava bem.
- Ah, tudo bem. Não é como se eu fosse totalmente fiel mesmo. – Ele continuou, sem jeito. – Eu estava tentando ser fiel. Estava fugindo daqui para encontrar a minha namorada, pedir perdão e arcar com as consequências, porque a culpa estava me consumindo. Mas... Acho que a culpa não estava consumindo ela. Pelo menos, não parecia estar consumindo pela cena que eu presenciei.
- Sinto muito. – Eu fui abraça-lo e ele se manteve firme, sem demonstrar que estava magoado da pior forma possível.
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