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História Três Amores - Lutteo, Simbar & Gastina - 0.7. Finalmente um beijo


Escrita por: ilymoonie

Notas do Autor


SETE MIL PALAVRAS ALGUÉM ME SEGURA PELO AMOR
Só revisei metade do capítulo porque estou vendo novela, 2 bjs shsjsjsi
HeyHeyHey estrelinhas! Como viram, mudei meu user. Na minha cabeça sou a lua, então vocês são minhas estrelinhas >.<
Vocês me deixaram tão feliz com seus comentários aaaaah ❤ e vou respondê-los após postar o capítulo szsz

Aviso: Fortes emoções e um beijo de tirar o fôlego, não me responsabilizo por crises respiratórias ou de fofura.

Enjoy!

Capítulo 8 - 0.7. Finalmente um beijo


“O mais triste de um coração partido é não ser capaz de lembrar de como se sentia antes.”

[ • • • ]

Luna's point of view.

Com certeza já passou a hora de jantar, até mesmo a hora de dormir, mas acredito que isso era o que menos importava para tia Sharon nesse momento.

Jim, Yam e Ramiro encontravam-se sentados em um sofá, com Yam no meio. Em outro estavam Matteo, Simón e Gastón com Matteo no meio e, por fim, em outro estávamos Nina, Âmbar e eu, comigo no meio. Nina encolhia-se a mim com medo de tia Sharon e Âmbar tinha a cabeça deitada em meu ombro, triste, por algum motivo que eu perguntaria depois. Mônica estava em pé atrás do sofá em que eu e as meninas estávamos e Amanda mantinha-se afastada, próxima a porta que levava até a cozinha, apenas esperando. Rey, é claro, estava ao lado de tia Sharon, esperando sua sentença com um sorriso.

Tia Sharon se encontrava no centro dos sofás, que formavam uma espécie de círculo, há exatos trinta e cinco minutos. Ela apenas girava em círculos com a mão na cabeça, aparentemente pensando no que fazer conosco. A essa altura, sua veia na testa já havia ganhado várias amiguinhas novas. Ri com meu pensamento, atraindo um olhar fulminante de Sharon, então logo senti dois tapas em meus braços, um de Nina e outro de Âmbar, calei-me em seguida.

- Pois bem. - Sharon finalmente se pronunciou, fazendo todo nós erguermos olhares arregalados para ela. - Rey irá levar Jim, Yam e Ramiro até suas casas.

Observei os três mencionados suspirarem com claro alívio, que se desfez rapidamente com a próxima fala de tia Sharon:

- Falarei com seus pais amanhã.

Os três se despediram desanimados e Rey saíra com eles, bufando disfarçadamente. Senti vontade de rir novamente ao notar que Rey estava irritado por não ver qual seriam nossas consequências.

- Nina e Gastón. - Senti Nina estremecer ao meu lado ao passo que Sharon mencionou seus nomes.

- EU JURO QUE NÃO TIVE CULPA! EU SOU INOCENTE, CADÊ MEU ADVOGADO? SIMÓN, ME PROTEGE, ELA VAI ARRANCAR MEUS OLHOS! - Gastón pulou para o colo de Matteo, que começou a gargalhar.

- Ótima escolha de namoro, Nina. - Tentei rir baixo, a vendo me olhar com raiva.

Tia Sharon encarava Gastón com desdém e, quando Matteo soltou Gastón no sofá novamente, ela voltou a falar.

- Nina, não quero mais esse garoto em minha casa, e termine esse namoro ou as consequências serão para você também. - Nina ia negar que estavam namorando, porém lhe dei uma cotovelada então ela apenas assentiu, entendendo meu recado. Se Nina apenas obedecesse, como faz de costume, não seria castigada, o que aconteceria se ela dissesse que fingiu o tal namoro para distrai-la de meu sumiço e de Âmbar. - Então, como não fez nada de errado, além de se relacionar com esse garoto e escolheu me obedecer e cortar laços com ele... Não será castigada, dessa vez. - Senti Nina relaxar ao meu lado, se jogando mais abertamente no sofá. Gastón também parecia aliviado, pelo jeito pensou que ia perder o pescoço.

- E quanto a nós? - Fiz um gesto indicando a mim, Âmbar, Simón e Matteo.

- Você é o tal Simón, correto? - Tia Sharon se dirigiu ao meu melhor amigo com muita educação, o que fez Âmbar e eu nos inclinarmos para observá-los melhor.

Simón assentiu, estendendo a mão em educação que tia Sharon, surpreendentemente apertou. Eu e Âmbar encaramos uma a outra em confusão, logo encaramos Nina que deu de ombros, tão confusa quanto nós.

- Mônica me disse que foi ela quem ligou para você, para acompanhar Âmbar e não deixá-la sozinha. - Âmbar se encolheu, corando violentamente, sobe meu olhar insinuante e sorriso malicioso. - Apenas ajudou minha sobrinha e agradeço por isso. - Simón assentiu com seu tipo sorriso cavalheiro. Simón é todo romântico, sensível e cavalheiro; definitivamente o tipo de garoto que Âmbar namoraria, porém com certeza não faz meu tipo mesmo. O que ajudou para sermos melhores amigos. - E Luna, fique longe desse Matteo. - Tia Sharon pronunciou o nome do mauricinho com tom enojado. Como se eu quisesse me aproximar dele.

- Mas o quê? Por que agradece ao Simón e manda ela ficar longe de mim? - Matteo interrogou, indignado, o que me fez quase gargalhar.

- Porque Simón é todo certinho e não tem ficha na polícia. - Gastón revirou os olhos, logo pondo a mão na boca após perceber que entregou o irmão.

- VOCÊ TEM FICHA NA POLÍCIA? - Âmbar, Nina e eu perguntamos em uníssono. Elas estavam chocadas, eu, por outro lado, achei o máximo! Mas obviamente não o deixaria perceber.

- Que horror. - Tia Sharon apoiou a cabeça em desprezo.

- Foram só três vezes! E nunca fiquei mais de quatro dias lá! - Matteo foi em sua própria defesa, indignado. Ele deu uma tapa na parte de trás da cabeça de Gastón, que franziu os lábios em um bico de dor.

- Já podem ir agora. - Ao comando de Sharon, Gastón e Matteo correram imediatamente até a porta, se retirando da casa. Revirei os olhos para a covardia deles. Simón, no entanto, apertou a mão de Sharon educadamente desejando boa noite, e acenou para Âmbar. Novamente encarei-a, maldosa.

- Será que pode parar? - Âmbar mudou de lugar, sentando ao lado de Nina e se encolhendo a ela.

- Agora, vocês duas. - É claro que ela não deixaria passar. Eu já esperava por isso, mas ainda sim, seu sorriso maquiavélico era de assustar qualquer um. Sharon sorrir era realmente assustador. - Âmbar, Rey a seguirá em todos os lugares que for a partir de agora, inclusive nos treinamentos e competições do roller. - Âmbar odiava o Rey, tia Sharon com certeza caprichou nesse castigo.

- O QUÊ? EU VOU TER UM SEGURANÇA IDIOTA AGORA? - Âmbar levantou-se claramente alterada.

- Ou isso, ou não ter seus patins de volta e não participar da competição. - Tia Sharon gesticulou com as mãos, lhe dando um sorriso debochado. Tudo o que Âmbar faz, além de estudar, é dedicado aos treinamentos para competições. Uh, ela realmente pegou pesado. O que será que vai fazer comigo?

Âmbar bufou, jogando sua franja para fora de seu rosto e Nina a puxou pela cintura para sentar-se novamente. Era sempre Nina quem tentava nos acalmar, sua calma era realmente impressionante.

- Quanto a Luna. - Revirei os olhos com seu tom. - Você não irá mais fugir a partir de agora. - Seu sorriso realmente me intrigou.

- Como assim? Você nunca conseguiu impedir, como conseguiria agora? - Ri nervosamente.

- Simples, mais seguranças, e grades em sua janela.

- O QUÊ? - Foi minha vez de me levantar, alterada. Ela estava passando de todos os limites, que tipo de pessoa em sã consciência cria adolescentes com grades nas janelas e seguranças?

Tia Sharon abriu a boca para me responder, no entanto a porta foi aberta bruscamente. Um homem, que parecia estranhamente familiar para mim, de cabelos morenos entrou. Ele vestia um terno e estava bastante sorridente. Que homem é esse que entrou em minha casa como se fosse o dono dela?

- Quanto tempo, minha irmã. - O QUÊ?

- O quê?! - Repeti meu pensamento, junto a Nina e Âmbar.

- Tia? Quem é ele? - Âmbar foi até tia Sharon, sendo a primeira a perguntar diretamente a ela. O olhar de homem caiu sobre Âmbar e ele apressou-se em puxá-la para um abraço.

Mas... Quem esse homem é ou pensa que é?

- Pequena Âmbar, como cresceu! - O homem parecia emocionado, o que se agravou ao nos ver. - Santo Deus, Luna? Nina? Vocês estão tão grandes, não posso acreditar! - Ele rapidamente nos envolveu em um abraço forte. Nina retribuiu, mesmo confusa, porém eu tentava empurrá-lo.

- Eu sou seu... - Ele encarou Sharon, a quem tinha um misto de ameaça e choque no olhar. Ele então engoliu a seco. - Me chamem de... Me chamem de Miguel, sou tio de vocês, irmão de Sharon. - Ele reorganizou seu terno, seus olhos estavam marejados. Ele nos conhecia ao ponto de se emocionar? Por que não nos lembramos dele, então?

- Garotas, subam. - A voz de Sharon estava embargada, e não parecia ser por emoção. Parecia...

Parecia medo.

- O quê? Mas nós-

- Subam, agora! Está tarde, vão dormir! - Os gritos de tia Sharon me interrompeu, nos fizeram estremecer dessa vez. Nina foi a primeira a subir as escadas rapidamente. Tia Sharon encarou Âmbar, quem ainda estava próxima dela, com um olhar ameaçador e a mesma rapidamente se dirigiu a escada. Eu estava pronta para rebater quando sinto Âmbar me puxar pela mão.

- Luna, agora não. - Ela demandou. A parei ao chegar na metade das escadas.

- Você o conhece? - Perguntei ao senti-la trêmula, Sharon nos repreendeu no entanto. Então Âmbar rapidamente foi para seu quarto e eu para o meu, encontrando-me com Nina.

- Tia Sharon estava estranha. - Nina murmurou, sua voz baixa.

- Âmbar também. - Notifiquei, ganhando um olhar confuso de Nina.

- Ainda temos aula amanhã, acho melhor não tentarmos questionar nada agora.

Assenti, contrariada. Lhe dei um beijo na bochecha e fui para meu quarto. Eu definitivamente não conseguiria dormir essa noite. O clima sombrio que pairou sobre todas nós era definitivamente algo novo.

...

Nina's point of view.

Eu literalmente apenas fechei os olhos e ouvi o despertador tocar no criado-mudo ao lado de minha cama. Grunhi, levantando-me preguiçosamente. Ri comigo mesma, eu estava parecendo uma Luna.

Ao fazer minhas higienes matinais, finalmente pude despertar de vez, lembrando-me de tudo o que aconteceu no dia anterior. Aquele Miguel me parecia familiar e, por algum motivo que me intrigava, deixou tia Sharon bastante tensa.

E por que ela nos escondeu esse irmão? Pelo que sabemos, tia Sharon tinha apenas uma irmã, nossa mãe. Nós fomos deixadas pela responsabilidade de nossa tia quando Âmbar tinha 3 anos, Luna tinha um ano, prestes a fazer dois e eu tinha dois anos. Tia Sharon sempre nos disse que eles eram novos quando tiveram Âmbar, me tendo logo depois. E dez meses depois, tendo Luna. Também estavam passando por diversos problemas financeiros e, com tanta pressão, eles acabaram brigando entre eles, decidindo se separar. Mas pelo o que ela nos contou, não foi uma separação amigável, papai decidiu nos abandonar e mamãe ficou furiosa com isso, indo atrás dele. Tiveram uma briga no carro e acabaram batendo, falecendo logo em seguida.

Fora isso, tia Sharon nunca nos contou absolutamente nada mais sobre eles e nós fomos obrigadas a aceitar.

Por conta de sermos muito novas na época, sequer nos lembramos de seus rostos direito. Eu tenho apenas vagas lembranças que me batem de vez em quando, de meu pai brincando conosco, de minha mãe nos contando histórias antes de dormir. Mônica quem o fazia após suas mortes, aliás. Mônica começou a trabalhar aqui quando tínhamos 6/7 anos, graças a ela nosso crescimento não fora tão horrível quanto supostamente seria tendo apenas tia Sharon para nos criar.

Não que eu ache tia Sharon tão horrível quanto Luna e as vezes Âmbar, o que é compreensível, ela sempre foi mais compreensiva comigo. Ela parece ter uma forma de agir com cada uma de nós.

Com Luna ela é brutal, soa mais como uma ditadora do que como uma tia, talvez pela sua rebeldia que se desenvolveu pela falta de nossos pais. Com Âmbar ela sempre foi mais como alguém que não se importa, por algum motivo ela sempre "ignorou" Âmbar, digamos assim, parecia não gostar de estar perto dela. Talvez por isso o desespero de Âmbar por sua aprovação e orgulho.

Comigo, entretanto, ela é mais suave. As vezes até mesmo sorri! Eu sempre fui mais tímida do que minhas irmãs, nunca gostei muito de chamar atenção, o que era bom para tia Sharon, pois me fazia obedecê-la mais. Graças a isso, tia Sharon confia em mim.

Pus meus óculos, sendo tirada de meus pensamentos por batidas na porta. Fui abri-la e me deparei com tia Sharon, ela me deu bom dia e adentrou meu quarto.

- Nina! Por que não me falou sobre a família de Gastón? - Sua voz tinha um tom empolgado. Por que ela estava interessada na família do garoto cujo ela me mandou manter distância?

- O que tem a família dele? - Cruzei os braços esquentando-me com meu moletom, estava cedo portando eu não havia posto meu uniforme escolar ainda. Enquanto Luna acordava sempre em cima da hora e Âmbar acordava com tempo o suficiente para se arrumar sem pressa, eu preferia acordar muito mais cedo. Era um costume sem razão aparente.

- Não conhece a família de Gastón? Há quanto tempo namoram?

Meus olhos se arregalaram lentamente. Argh! Eu não posso dizer que era uma mentira, Luna ficará furiosa porque perderei a confiança de tia Sharon, não podendo mais ajudá-la em suas fugas. Eu também não gostaria de perder sua confiança, embora.

Ótimo! Agora tenho que manter um namoro falso com um garoto que conheço há, no máximo, três dias!

Não era como se o fato de eu ser considerada "certinha" fazia com quem eu não tivesse a capacidade de mentir, eu tinha. Eu era ótima com comportamento humano e fatos, o que me fazia pensar no que pode dar errado na mentira. Como Luna costuma dizer, meu cérebro grande é totalmente útil na arte de mentir.

Pensei então que se eu dissesse que estou namorando com ele há mais tempo do que ele voltou para a Argentina com os irmãos, já seria um ponto negativo para essa mentira parecer real, então tentei lembrar de nossas conversas, ela havia dito há quanto tempo veio do México.

Dois meses.

Gastón se mudou para cá novamente após dois meses. Acredito que um mês é o suficiente para nos conhecermos e nos apaixonarmos. Nas próximas duas semanas podemos ter começado a ficar mais "íntimos" e ele ter me pedido em namoro. Então eu estaria namorando com ele há duas semanas. Ótimo, nesses momentos que agradeço pelo meu raciocínio rápido e lógico.

- Namoramos há duas semanas, tia. - Respondo rapidamente.

- Ah, sim. Olhe, Nina, eu realmente não gosto que se envolvam com garotos, especialmente depois do que aconteceu com Âmbar com o tal garoto do roller que nunca vi. - O quê? Âmbar nunca me contou ao certo o que aconteceu. - E muito menos que me escondam coisas-

- Eu juro que ia te contar, tia, mas... - A interrompi rapidamente, porém ela levantou o indicador em um comando mudo de que eu me calasse e assim o fiz.

- Está perdoada dessa vez, porque nunca fez isso antes, mas não o faça de novo. - Balancei a cabeça violentamente de forma positiva, e ela continuou. - A família de Gastón parece boa e confiável. Os pais de Gastón são empresários muito bem-sucedidos no México e respeitados aqui na Argentina. Boa escolha, Nina. - Ela sorriu presunçosamente. - Pode voltar a vê-lo, mas deixe Luna ciente de que não a quero vendo Matteo mesmo assim, esse garoto tem até mesmo ficha na polícia. - Seu tom enojado se fez presente. Logo, ela segurou minha mão com um sorriso orgulhoso e se retirou, enquanto eu a agradecia e fingia felicidade.

Ao passo que tia Sharon fechou a porta ao sair, joguei-me em minha cama, olhando para o teto. E agora?

Eu teria que manter meu namoro falso com um quase desconhecido!

- Luna, você ainda me paga. - Resmunguei para mim mesma. Infelizmente, não tive tanto tempo para me lamentar, chegou a hora de me arrumar para a escola e ainda teria que comunicar ao Gastón que estamos namorando.

Nunca pensei que teria que dar a notícia para um garoto que estamos namorando. O que as loucuras de Luna não fazem?

...

Âmbar's point of view.

- Shiiiiiiu! - Ouço uma voz masculina resmungar para mim, conforme meus saltos faziam barulho ao descer as escadas.

Terminei de me arrumar agora e estava descendo para encontrar Nina e esperarmos por Luna para podermos ir para o Blake, no entanto me deparei com Tino e Cato, dois de nossos empregados e com certeza os mais divertidos, escorados na porta do escritório de tia Sharon, parecendo tentar ouvir algo que se passava lá dentro.

Olhei em volta, confusa, então me aproximei dos dois para tentar entender porque estavam espiando tia Sharon. É certo que eles não eram... Bem, "normais", digamos assim.

- O que estão fazendo? - Questionei, ouvindo outro "shiiiiu" deles.

- Sua tia está lá dentro com aquele moço que chegou ontem. - Tino sussurrou, apoiando mais o ouvido direito na porta.

- O tal do Miguel, eles estão discutindo. - Foi a vez de Cato sussurrar. - Olhe, olhe! - Ele veio até mim, me guiando pelos ombros até a porta para eu ouvir também.

Dei de ombros, escorando o ouvido na porta. As vozes de ambos realmente pareciam estar numa disputa furiosa.

Ontem fiquei nervosa quando o vi, senti algo estranho como uma déjà vu. Lembro de seu rosto vagamente, apenas não me lembro de onde e isso estava me incomodando a um nível anormal. Eu sei que já o vi antes.

- Mas o quê? - Ouvi a voz de Luna vinda de trás de mim. Ela estava acompanhada de Nina, que parecia absorta em seus próprios pensamentos.

- Tia Sharon está brigando com o tal do Miguel. - As chamei com as mãos. Luna rapidamente se espremeu junto a mim, Cato e Tino, sua curiosidade tão grande quanto a minha.

- Não acho certo ficar ouvindo conversas alheias. - Nina apertou os livros que segurava contra seu peito.

Revirei os olhos, puxando-a mesmo assim. Ela suspirou, se entregando também a curiosidade e escorando o ouvido na porta de forma envergonhada.

- Você não vê como ela é! - Ouvimos a voz de tia Sharon exclamar.

- Você não tem DIREITO de fazer nada com elas, Sharon! - Miguel? Por que ele estava nos defendendo? E como assim ela não tinha direito?

- Como não tenho direito? São MINHAS sobrinhas e eu quem as criei! - Uau, vivi para ver tia Sharon brigar com alguém e perder a classe. - Você não esteve aqui para impôr limites a elas e por isso se tornaram mal-educadas. Não foi você quem teve que lidar com cada ligação escola e com cada sumiço!

Que ironia VOCÊ falar de limites, certo? - A voz de Miguel era carregada de sarcasmo. Existe alguém com coragem e moral o suficiente para fazer tia Sharon discutir?

- Não fale dessa forma! Tudo que fiz foi para o bem das minhas sobrinhas! - Mas do que eles estão falando, afinal?!

- Oh, mesmo? Pois realmente tem feito isso de forma muito errada. Não preciso nem mesmo mencionar a sua filha, certo?

Opa. Calma.

Filha?

Tia Sharon tem uma filha? O QUÊ?

Minhas irmãs e eu nos entreolhamos visivelmente com o mesmo choque no olhar.

- Você foi longe demais. - A voz de tia Sharon parecia embargada, como se estivesse prestes a chorar.

- Oh meu Deus, tem algo que afete a tia Sharon? - Luna sussurrou. - Eu nem mesmo sabia que ela tinha glândulas lacrimais!

- Jura? - Questionei Luna, erguendo a sobrancelha. De todas as coisas que ouvimos e percebemos nessa conversa, Luna estava preocupada com a mais inútil delas.

- Luna! Tia Sharon tem uma filha! - Nina arregalou os olhos por trás de seus óculos.

- Cara, eu amo esse emprego! - Cato comemorou junto a Tino.

Ouvimos passos aproximando-se então rapidamente nos afastamos e fingimos fazer coisas banais. Era Rey. Oh. Meu. Zeus. Eu esqueci completamente! Rey vai nos levar e nos buscar na escola e, para piorar minha situação, será meu segurança particular agora! Argh! Como isso pode piorar?

...

Nina's point of view.

Estávamos todas chocadas e o pior é que não poderíamos falar sobre. Rey era o fiel escudeiro de tia Sharon, ele provavelmente já sabia até mesmo sobre essa coisa da tia Sharon ter uma filha. Nós sequer poderíamos falar sobre uma com a outra, Rey ouviria e obviamente informaria a tia Sharon, o que significava que teríamos mais problemas.

Combinamos de nos encontrar no roller após a escola para falar sobre, Luna e Âmbar ainda estão no castigo então teriam que encontrar um jeito de despistar Rey. Luna era especialista em ficar de castigo e burlar eles, então sei que encontraria alguma forma.

E ainda tinha o falso namoro com Gastón. Por que eu tive que ter essa idéia terrível?! Agora eu teria que fingir um namoro com ele para tia Sharon, eu o conheço há míseros três dias, sequer sei se ele tem alguma namorada!

Suspirei, ajeitando meus óculos no exato momento que trombei com alguém. Olhei para cima para encontrar o olhar de Gastón sobre mim, aquele sorriso em seus lábios.

Okay. Talvez, apenas talvez, não seja tão horrível assim.

Mas do que está falando, Nina? Essa não é você!

Segurei sua mão estendida. Após abraçá-lo e segurar sua mão no momento que fingi ser sua namorada, segurar sua mão para que me ajudasse a levantar já não era tão vergonhoso assim.

- Nós realmente precisamos parar de trombar um com o outro. - Sorri para sua afirmação, confirmando.

- Gastón, temos um problema. - Mordi o interior de minhas bochechas nervosamente. Como eu o contaria isso? "Oh, me desculpe, mas minha tia ficou interessada na sua família e agora apoia nosso namoro. Se importa de fingir ser meu namorado por um tempo?" Quase estapeei minha testa com esse pensamento.

- É com a sua tia certo? - Ele riu de meus olhos arregalados. Como ele sabia? - Fingimos ser namorados para sua tia que te proibiu de me ver, questão de dedução. - Quase me estapeei novamente ao notar que pensei em voz alta.

- Ela... Meio que... - Encarei meus pés, cobertos por sapatilhas pretas, eles pareciam bem mais interessante do que olhar diretamente os olhos de Gastón agora.

- Nina. - Sua mão se entrelaçou a minha, na tentativa de me acalmar, porém aquilo apenas aumentou meus nervos. Eu já podia sentir minhas bochechas esquentarem, odiava ser tão tímida. E, acima de tudo, odiava as vibrações que seu toque me causava.

Ignorei minha respiração descoordenada para formular a frase sem gaguejar. Puxei e soltei o ar algumas vezes.

- Tia Sharon meio que mudou de ideia, ela apoia nosso "namoro" agora. - Pus aspas na palavra namoro.

- Oh... - Ele ofegou, surpreso. Logo, um sorriso insinuante nasceu em seus lábios fazendo-me soltar sua mão rapidamente. - Então teremos que continuar a fingir?

- Apenas tempo o suficiente para simularmos um fim de namoro. - Apressei-me em dizer, tentando não alimentar sua aparente felicidade.

- Okay, okay, não precisa ficar nervosa. - Ele jogou as mãos para o ar em rendição. - Mas para isso precisamos nos conhecer melhor. - Estreitei meus olhos em sua direção. - Sabe, assim não tem enganos em frente a sua tia. Podemos nos ver quando acabar nossas aulas.

- Uh, okay. Mas eu tenho que encontrar com Luna e Âmbar no roller após as aulas. - Lembrei-me.

- Mas saíremos mais cedo, temos uma aula a menos. Âmbar é de um ano acima e Luna está em detenção. - Gastón parecia insistente demais, isso me preocupava. No entanto, após um suspiro, assenti. E seu sorriso me preocupou ainda mais.

E pensar que minha intenção inicial era me afastar dele, como a vida é irônica...

...

Simón's point of view.

Vives en mi, suelto mi voz
Música es, sola no estoy
Nacen y siento
Melodías que lo cuentan todo - Eu cantava uma parte de uma das músicas que estava compondo. Nico e Pedro estavam atendendo aos clientes e, como não precisavam de mim nesse momento, continuei ensaiando sozinho.

Ven a cantar, seamos dos
Música en ti, libre este amor
Cambiando el mundo
Siempre música seremos todos

Anotei os acordes que surgiram agora, eu estava com certo bloqueio para essa música há algum tempo, não encontrava inspiração para terminá-la, mas após meu momento com Âmbar ontem... A inspiração simplesmente está fazendo minha cabeça explodir.

Eu não conseguia parar de pensar nela, em como seus olhos eram lindos ou como seu cheiro era tão envolvente. Isso estava acabando com toda minha atenção no trabalho, Nico e Pedro não estavam muito felizes, digamos assim. Por sorte, Tamara não estava aqui hoje.

E foi pensando em como eu teria que lutar para desconstruir o muro que Âmbar tinha para garotos, que os próximos versos surgiram em minha cabeça.

quien soy
Yo estoy buscando algo
¿Donde voy?
Siempre te encuentro, sigo soñando

Sorri ao ver a atual dona da minha inspiração se aproximar. Acho que estava me observando enquanto cantava, pois estava escorada na porta. Suas bochechas ganharam uma coloração avermelhada ao notar que a vi ali, eu sorri em resposta, fazendo um gesto com a mão para que se aproximasse.

- Música bonita. - Ela elogiou, aproximando-se e se apoiando na mesa que havia a minha frente.

- Âmbar. - Chamei, incomodado com a forma como ela insistia em desviar seu olhar do meu. Ela se sentou na mesa, começando a brincar com a ponta de sua saia. - Âmbar. - Insisti, ao parar de frente para ela.

- Sim? - Ela apertava a ponta de seus dedos, encarando-os como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Bufei. Como eu conseguiria mostrá-la que sou diferente quando ela sequer consegue me olhar?

- Âmbar. - Toquei seu queixo com suavidade, com medo de sua reação. Ela paralisou, senti seus músculos ficarem tensos. - Olhe para mim. - Suspirei frustrado, então ergui seu rosto. Me deparei com aquela imensidão azul, o brilho perdido em meio ao medo que fez meu coração se partir.

- Nós somos muito clichês. - Ela segurou minha mão, rindo melancolicamente.

- Isso é ruim? - Meus dedos foram de seu queixo para sua bochecha, fazendo círculos na pele que, por Deus, como podia ser tão macia?

- Isso é assustador. - Ela concluiu, então afastou minha mão de seu rosto com um pedido de desculpas silencioso.

- Sabe que eu nunca me juntaria a Matteo para te magoar, certo? - Me sentei ao seu lado, não desviando o olhar de seu rosto.

- Sei. - Ela finalmente me encarou por conta própria, fazendo-me sentir o impacto daqueles olhos azuis que pareciam carregar o oceano neles. - Mas eu pensei que sabia que Matteo também não me magoaria. Não tenho como saber se está mentindo, e isso sempre vai me fazer desconfiar de você. E de todos.

- Se sentiria melhor se eu dissesse que quase quebrei a cara de Matteo? Posso fazer isso quando chegar em casa hoje, sem problemas. - Ela riu após minha fala. Suas risadas eram a melhor música que eu já ouvi.

- Talvez. - Ela brincou, fazendo-me sorrir.

- Pode ao menos cantar comigo? - Questionei, buscando meu violão. Ela semicerrou os olhos em minha direção, contrariada. - Prometo que não vou te agarrar enquanto canta. - A loira deixou um tapa em meu ombro enquanto ria e seguiu até o palco, sentando-se ao meu lado nele.

- Catch Me If You Can? - Questionei, preparando-me para tocar. Ela sorriu. Essa era uma música que Âmbar cantou em um open music que teve aqui, Jazmin postou em seu site e por isso eu vi.

- Okay. - Era tão bom sentir seus olhos em contato com os meus, especialmente quando acompanhados por aquele sorriso, por um momento eu sentia como se ela não estivesse fugindo.

- Então vamos.

Let me own the dark
Back to the start
Watching every footstep in front of me
Been chasing fire
Been walking over wire
I see what I wanna see

Tentei me concentrar apenas em tocar, mas não havia como quando seu olhar se encontrava no meu enquanto sua voz soava tão angelical.

Going straight to my head
I just can't pretend
What have you done to me?
I was walking the wall
Now I'm a free fall

I'm a runaway
Jumping out of place
Be my parachute
Be my parachute
Throw me in the skies
Nothing left to hide
Just the fireflies

Aquela música pareceu transmitir tantos sentimentos de uma só vez, estava sendo difícil manter a promessa de não agarrá-la.

Catch me catch me catch me if you can
Catch me catch me catch me if you can
Catch me catch me catch me if you can
Catch me catch me catch me if you can

Ofeguei, tocando o último acorde. Ela sorriu, e fui incapaz de não acompanhar. Droga, estávamos próximos demais. Meu olhar desceu automaticamente para seus lábios pintados com um rosa claro, pareciam tão convidativos. Não me senti tão culpado ao ver seu olhar descer para meus lábios também.

Entretanto, um homem, cujo agora odiarei pelo resto da minha vida, de terno entrou, tossindo forçadamente.

- Tentar fugir de mim vai deixar sua tia mais furiosa, Âmbar. - Ele afirmou, semicerrando os olhos em minha direção. Quem é ele?

Vi Âmbar suspirar, revirando os olhos.

- Simón, esse é o Rey, meu novo segurança particular. - Ela fez careta ao dizer as duas últimas palavras. - E não é escolha minha. - A acompanhei em sua risada.

Mas eu estava preso demais em outro pensamento para me importar com quem esse homem era ou deixava de ser, uma seção de perguntas se iniciou em minha cabeça. Ela iria me beijar? Ou apenas fugiria como tem tentado?

...

Matteo's point of view.

- Será que pode parar de bater com essas porcarias na mesa? - A esquentadinha ao meu lado, cujo atende pelo nome de Luna Benson, deu um tapa em minha mão, fazendo as canetas com as quais eu batia na mesa de forma entediado caírem.

- Estoque de calmantes em casa, recomendo. - Ironizei, abaixando-me para pegar minhas canetas de volta.

- Não acredito que de todas as coisas que eu poderia estar fazendo no mundo, estou sentada com o idiota que tem como ocupação quebrar corações de garotas iludidas. - A morena revirou os olhos.

- As vagas para ser uma dessas garotas está aberta, caso se interesse. - Aproximei minha cadeira da sua, fazendo-a bufar.

- Não, obrigada, talvez quando eu perder meu amor próprio, quem sabe?

Antes que eu pudesse responder, a inspetora, cujo eu não sabia o nome portanto chamava apenas de bruxa como a Luna, nos repreendeu:

- Shiiu. Estão em detenção, não em horário de lazer e conversação. Não quero um piu durante as próximas duas horas. - Enquanto ela falava, eu conseguia apenas reparar em como seu nariz era grande. Parecia de fato, uma bruxa, analisei inclinando a cabeça para o lado.

- Piu. - Sussurrei, pondo a mão na boca disfarçadamente. Ouvi a risada baixa de Luna ao meu lado e rapidamente a encarei, sorrindo mais do que eu realmente gostaria, ao ouvir sua risada.

- Quem fez isso? - A mulher exclamou, ela se alterava rápido. Luna e eu estávamos na fileira da frente, duas fileiras atrás estava Ramiro, que havia ficado de detenção também por duas semanas apenas pra me ver tentar conquistar a menina delivery, e no fundo tinham três garotas e dois garotos que eu não conhecia. Todos nos fizemos de desentendidos.

- Piu. - Ouvi Luna ao meu lado e fiz um esforço sobre-humano para conseguir segurar a gargalhada.

- Eu não estou brincando, quem está fazendo isso?! - A professora levantou-se, batendo a régua na mesa. Ouvi algumas risadas do pessoal atrás de nós e sussurrei "boa" para Luna, que sorriu de forma convencida.

Ela realmente era diferente. Era rebelde, não tinha medo de nada e não fugia, era diferente de todas as garotas a quem já "iludi".

Mas por que estou pensando nisso? Quem liga se ela é diferente? Eu não me importo.

- Piu.

- Piu.

- Piu.

Todos atrás de nós entraram na brincadeira e, logo, todos estávamos repetindo esse som em meio a gargalhadas e gritos da bruxa/inspetora/professora. Ao menos ela é multi-tarefas.

- Eu não estou brincando! Eu vou dar mais duas semanas de detenção para todos! Todos ficarão mais quatro horas aqui! Eu vou.. Eu vou... - A mulher claramente já havia passado dos limites de alguém normalmente alterado. E foi nesse momento, o momento em que ela gritava furiosamente, que o diretor escolheu para entrar na sala.

- O quê? Professora, você está desequilibrada. - O homem tinha os olhos arregalados para a professora, que se calou ao vê-lo.

- Não, eu não- A bruxa tentou se defender, mas foi calada pelo diretor.

- Srta. Margo, saia por favor, acho melhor passar uns dias descansando.

- Mas diretor-

- Srta. Margo. - O velho barrigudo cruzou os braços para a mulher, que saiu batendo os pés. - Como um pedido de desculpas por parte da professora Margo, estão dispensados hoje, crianças. - EU AMO ESSES DIRETOR!

Todos comemoraram após a saída do gorducho, e isso foi melhor do que imaginei, pois quando me virei para comemorar juntos a eles, fui pego de surpresa por um abraço de Luna.

Mas que droga de choque foi esse? É porque o abraço dela é tão bom?

Argh! Pare Matteo!

Ela sorriu para mim:

- Não crie expectativa mauricinho, apenas um abraço de companheiros de detenção. - Ela riu, voltando-se a uma das garotas que provavelmente conhecia.

Ramiro se aproximou.

- E aí, mauricinho? - Zombou. - Parece que não vai precisar de duas semanas, afinal.

Porque isso me fez sentir tão mal de repente?

...

Gastón's point of view.

Ainda não acredito! Eu teria que fingir um namoro falso com a Nina! Tem como isso ser melhor? É claro que eu me aproveitaria da situação, eu não tinha certeza do que sentia pela Nina, até porque três dias é pouco demais para definir isso, mas sabia que sentia algo e adoraria descobrir o quê.

Quer dizer, ela é totalmente oposta a mim, mas era encantadora. Eu adorava observar como ela organizava os óculos a todo momento, e como ficava corada com um simples olhar mais demorado meu. Ela não era tão forte como Luna ou tão frágil como Âmbar, ela era perfeita. Perfeita para mim.

E é como dizem, os opostos se atraem e o diferente se completa.

Nesse exato momento eu estava a esperando no portão do Blake, estávamos na mesma classe, porém ela saiu enquanto eu arrumava minhas coisas junto com uma garota ruiva e outra loira que, pelo que ouvi de sua conversa, chamavam-se Jim e Yam. Acabei perdendo-a de vista e decidi esperá-la no portão, porém já havia se passado vinte e cinco minutos e nenhum sinal de Nina.

Ajeitando a mochila em meu ombro direito, concluí: ela deve ter desistido. Okay, posso lidar com isso.

Comecei a caminhar e é então que ouço gritos femininos me chamando. Cessei meus passos e me virei, deparando-me com uma Nina ofegante.

- Desculpe pela demora. - Ela disse entre puxadas de ar.

- Tudo bem. - Sorri, passando a mão sobre seus ombros. Ela lançou-me um olhar repreensor. - Hey, temos que começar a agir como um casal.

- Apenas na frente de tia Sharon. - Seu tom era rude, e ela imediatamente se afastou, parando em minha frente com braços cruzados. Eu quis apertar suas bochechas.

- Se formos fazer isso pela primeira vez em sua frente, vamos nos atrapalhar. Considere esse encontro como um treinamento. - Dei de ombros, franzindo o cenho.

- Isso é um encontro? - Ao seu espanto, eu a puxei para meu lado, dessa vez apenas entrelacei nossas mãos.

- Tipo isso. - Lhe dei uma piscadela.

Os próximos minutos se passaram calmamente. Começamos a andar pelas ruas de Buenos Aires de mãos dadas enquanto conversávamos sobre nós, sobre o que gostamos ou não gostamos. Descobri que Nina, para surpresa geral, não gostava de filmes de romance, pois achava tudo muito previsível e que não se aplicava a vida real, em determinadas situações.

Ela era realmente muito inteligente e, conforme foi se soltando, a forma como falava curiosidades sobre tudo em geral, coisas que eu nunca saberia, era encantadora. Acredito que sua inteligência e seu dom de fala fora o que mais me encantou em Nina, quando falava, eu sentia como se tudo ao redor desaparecesse, por mais piegas que isso soasse.

- Vamos comprar um sorvete. - Eu disse, ao avistar uma sorveteria.

- Isso não soou como uma pergunta. - Ela bufou, novamente cruzando os braços. Percebi que era uma mania sua quando irritada.

- Porque não foi. - A puxei para a sorveteria que avistei do outro lado da rua, chamada Valentine's Ice Cream.

Ignorei sua cara de brava ao pagar os sorvetes, assim como ignorei novamente ao puxar a cadeira para que ela se sentasse.

- Você é muito abusado é está se aproveitando da situação. - A ouvi resmungar, ao me sentar de frente para a mesma.

- Sei disso e pode apostar que estou. - Pus uma colher de sorvete de creme em minha boca.

- Você é ridículo, Gastón. - Nina revirou seus lindos olhos, tomando seu sorvete de baunilha em seguida.

- Sei disso também, mas então... - Tentei começar uma conversa. - A Luh me contou que vocês não se dão tão bem algumas vezes.

- Sim, não concordo com a rebeldia dela. - Nina encarava seu sorvete desinteressadamente.

- A Luna? Rebelde? Isso porque você não é irmã do Matteo. - Exclamei.

- Ele consegue ser pior do que a Luna? - Finalmente, a garota a minha frente me encarou de olhos arregalados.

- Não, só muito. - Acompanhei Nina em suas risadas. - Luna é um anjo comparada ao Matteo.

- Uou. - Nina murmurou, realmente surpresa.

- Pois é. - Assenti, segurando sua mão fazendo-a se atrapalhar e se sujar com o sorvete. Eu ri.

- Droga. - Nina resmungou, pegando o guardanapo, mas parei sua mão no caminho.

- Ei, espera. - Ela me encarou em confusão, então me inclinei sobre a mesa, aproximando meu rosto do seu. - Deixa que eu limpo.

Aproximei meus lábios do seu lentamente, certificando-me de que ela não se afastaria. Eu poderia estar me aproveitando da situação, mas não me aproveitaria dela dessa forma. Não sou o Matteo.

Nina tinha seus olhos arregalados e sua respiração inconstante, enquanto eu aproximava meus lábios dos seus, em momento algum quebrando nosso contato visual. Seu olhar caiu para meus lábios e então soube que ela também queria. Puxei sua nuca suavemente, aproximando-a e, finalmente, selando nossos lábios juntos.

Acredito que por uns segundos, tudo ao nosso redor realmente desapareceu. Não houve língua, apenas um experimentar de lábios. E fora diferente de todos os beijos que já dei, teve um sentimento que até então eu não sabia estar lá. Teve as borboletas. As malditas borboletas no estômago. E, droga, seus lábios eram tão saborosos e se encaixavam perfeitamente aos meus.

Finalmente, em concordância mútua, quebramos o contato. Sorri para Nina, como se não houvesse acontecido nada fora do normal:

- Seu sorvete está bom?

- O quê? - Apontei para seu sorvete e ela pareceu ter saído de um transe. - Oh, sim, claro, maravilhoso. - Balançou a cabeça, direcionando o olhar ao seu relógio de pulso. - GASTÓN! - Pulei da cadeira com o susto causado pelo seu súbito grito. - Demoramos muito! Âmbar e Luna devem estar me esperando, tenho que ir!

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ou sequer me despedir, Nina saiu apressadamente. A vi se afastando, tendo como único pensamento o quão bom seria esse namoro falso.

...

Âmbar's point of view.

- Então de onde tira inspiração para compôr? - Questionei o rapaz a minha frente.

Eu estava sim com medo de me apaixonar por Simón, mas era impossível fugir dele. Quer dizer, ele trabalhava aqui no roller, o lugar onde eu sempre estou, eu não poderia agir como se apenas não o conhecesse, certo? Bem, eu poderia controlar meus sentimentos. Espero.

O que realmente​ estava deixando-me desconfortável era a múmia decrépita, que atende pelo nome de Rey, parado ali observando cada movimento meu. Ele agora tinha duas missões passadas por tia Sharon, levar e buscar minhas irmãs e eu na escola e me vigiar. Nina havia saído mais cedo e Luna ainda ficaria na escola em detenção, portanto ele estava me vigiando e buscaria Luna mais tarde. Mas tínhamos que despistar ele, pois precisávamos conversar sobre tudo o que ouvimos hoje cedo na conversa entre tia Sharon e o tal Miguel, Rey contaria para tia Sharon.

- Âmbar. - Simón chamou-me, segurando minha mão. Só então notei que apertava minha unhas em minhas coxas nervosamente. - Vai se machucar assim. - Assim você está complicando meu plano de não me apaixonar, Simón. - O que houve?

Fingi rir de algo que Simón falava e me aproximei disfarçadamente, para que Rey não notasse nada estranho.

- Eu e minhas irmãs precisamos conversar sobre algo que Rey não pode ouvir, mas não sei como despistá-lo. - Sussurrei, em meio a um falso sorriso. Rey nos observava atentamente.

- Oh. - Simón encarou Rey disfarçadamente. - Finge desmaiar. - Ele disse subitamente, fazendo-a olhá-lo em confusão.

- O quê?

- Finge desmaiar, eu te seguro. Vou pedir para ele ir buscar água, então quando ele voltar você de esconde, eu digo que você saiu e ele vai te procurar.

- Você é um gênio, Simón! - Minha boca estava entreaberta em adoração.

Então nos levantamos do palco, indo até uma mesa próxima a Rey. Quando ia me sentar, pus a mão na cabeça, fingindo uma falsa tontura.

- Âmbar, está tudo bem? - Simón foi ao meu falso socorro, pondo as mãos em meu ombro. Notei Rey imediatamente se alarmar, aproximando-se.

- Estou um pouco tonta. - Eu realmente estava me segurando muito para não rir.

Simón piscou, me dando o sinal, então fechei os olhos e deixei que meu corpo desfalecesse em seus braços. Ele os rodeou em minha cintura, me pondo em seu colo e apoiando minha cabeça em seu ombro. Okay, estava realmente difícil.

- Âmbar! Âmbar! - Ouço a voz de Rey me chamar preocupado, o que certamente me impressionou.

- Pegue água para ela. - Simón pediu, com um falso desespero.

Ouço passos se afastarem de forma ágil e sussurro para Simón:

- Ele já se foi?

- Sim. - Simón riu, me pondo no chão de forma cuidadosa. Acredito que ambos estávamos afetados pelo contato que nossos corpos tiveram há segundos anteriores.

Os passos se fazem presente mais rápido do que pensei, então Simón aponta para as cortinas do palco, mandando me esconder lá é o obedeci.

- Mas... - Ficar obrigada a segurar minhas risadas de novo ao ver o rosto confuso de Rey, pensei que ele fosse mais inteligente. - Cadê... Cadê ela?

- Oh, ela acordou magicamente e saiu. - Simón, no entanto, não fazia questão alguma de esconder seu sorriso vitorioso.

- O quê? Isso foi tudo uma armação? E você a ajudou? - Rey parecia, de fato, furioso. - Tenho que procurá-la, mas juro que isso não fica assim seu moleque. E fique longe de Âmbar.

Tadinho, ele acha que não tentei. Simón é mais insistente do que eu imaginava, e era perfeito demais para não se apaixonar. A forma como me segurou em seus braços.

Suspirei, com o pensamento, entretanto saí de meu "esconderijo" ao confirmar que Rey havia ído embora.

Agradeço rapidamente ao Simón, indo me encontrar com Luna e Nina. Agora sim falaríamos sobre a tal filha de tia Sharon. Sinto que ainda há muitas coisas para descobrirmos.


Notas Finais


De novo faltou um pouco de Lutteo ): é porque tenho muita, muita coisa planejada para eles, mas para tudo isso acontecer, algo tem que acontecer antes daí fica complicado :c
BEIJO GASTINA YAY e os outros primeiros beijos também vão ser maravilhosos, prometo.

Sinto que há uma boa quantidade de pessoas lendo e a maioria não comenta ): eu realmente não me importo (não mais, pelo menos) com a quantidade de comentários, para ter capítulos tão grandes só gostando de escrever e como estão vendo, estou amando escrever (reescrever) essa fanfic, mas quando não comentam fico pensando que não estão gostando )):
Então vamos pôr metas e ir aumentando aos poucos, okay? A meta de hoje será de dez comentários, ou seja, com dez comentários eu continuo ^w^
Ah, estou dando meu máximo para dividir o protagonismo igualmente entre os três casais, mas acham que está faltando algum casal (dos três)? Acham que precisa de mais partes Simbar, Lutteo ou Gastina? Me digam, please
Amo vocês ❤
Xoxo, Emz ☪


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