7h12
Bip, bip, bip...
Acordei com o som de algo estridente e alto no meu ouvido, primeiramente fiquei meio confusa, mas logo que abri os olhos vi escrito no meu celular.
Acorda garota, é hora de levantar! – 7h12
Essas eram as frases “animadoras” que eu colocava para me animar pela manhã e se querem saber, não funciona.
Me virei, olhei para o teto e me lembrei do que tinha feito na noite anterior, o que senti foi uma pitada de arrependimento (era o que eu sempre sentia quando me divertia, como se eu não estivesse fazendo o que deveria que era dormir pois) e felicidade. Levantei da cama meio tonta e com dor de cabeça então fui logo para a caixa de remédios, achei um Dipirona e logo mandei goela abaixo. Kedi, meu gato veio andando até mim, passou entre as minhas pernas e pulou na minha cama bagunçada, era um hábito matinal.
Minha cama era como se fosse o segundo andar da casa, era só subir uma escada e lá estava ela em um espaço minúsculo onde coube, na verdade, um projeto de cama. Eram vários pallets empilhados e um colchão em cima, não era bem uma cama descente, mas era o que deu para improvisar quando me mudei. Desci as escadas, liguei a cafeteira, escovei os dentes, troquei de roupa e quando estava arrumando meu cabelo, meu telefone tocou, eu dei um pulo de susto, mas atendi:
- Mãe, eu estou bem, estou me arrumando e vou pegar um taxi e vai ficar tudo bem. Eu estou bem.
O telefone ficou mudo por um tempo.
- Alô, mãe?
- Acho que sua mãe não está tão preocupada assim. Sou eu Victor. – ele disse rindo.
Nessa hora o meu rosto deve ter ficado vermelho igual tomate na melhor época, mas me virei de costas para não me ver no espelho.
- Ah... Me desculpa, eu pensei que fosse a minha mãe, ela disse que ia me ligar para ver se estava tudo bem. Hoje é o meu primeiro dia na universidade.
- Tudo bem, eu só liguei... pra ver se você não queria ir... no show de uma banda dos meu amigos qualquer dia... – Dava para ver como ele estava nervoso, era bonitinho.
Respondi que poderíamos marcar qualquer dia e conversamos um pouco sobre a noite passada, mas eu já estava atrasada para ir, então tive que desligar.
8h16
Sabem aqueles filmes americanos, aonde a menina nova chega cheia de livros na mão e atrasada e então ela derruba os livros no chão e quem a ajuda a recolher eles é o seu príncipe? Então, parece piada, mas aconteceu comigo assim que eu pisei dentro dos portões da faculdade.
- Você realmente não precisa me ajudar como naqueles filmes americanos, eu posso recolher eles sozinhos e você pode ir para a sua aula... – Fui interrompida.
- Dá para você parar de falar? – O garoto com uma beleza entre Chace Crawford e Harry Styles disse.
- O que vo... – Fui novamente interrompida.
- Eu disse para você parar de falar. Eu não quero ser grosso, eu estou apenas tentando te ajudar, então, por favor, pare de falar.
Quando ele disse isso eu apenas obedeci e acabei de recolher os livros e papéis. Quando me levantei, a primeira coisa que eu olhei nele foram os olhos, eles eram tão azuis e tão lindos...
- Ei, você está bem?
Quando me dei conta eu estava hipnotizada por aqueles olhos.
- Ah me desculpa, eu só estava pensando. – Disse balançando a cabeça.
- Tudo bem, me desculpa também se eu fui grosso, eu só estava tentando te ajudar e você não parava de falar. – ele disse e riu.
- Eu fico assim quando eu estou muito nervosa. É o meu primeiro dia aqui e eu não quero ser motivo de piada pelo resto dos anos.
Ele ficou um tempo me olhando e então disse:
- Você faz arquitetura, certo?
Eu fiquei confusa, como ele sabia?
Era alguma piada?
- Como você sabe?
- Sua personalidade, você é certinha, gosta de aprender tudo e se duvidar tem um gato.
Eu fiquei meio boquiaberta.
- Ok, isso foi estranho...
Ele me explicou que faz psicologia e que é fácil ligar os pontos, até me deu exemplos com outras pessoas...Uma delas eu até conhecia.
- Como é seu nome mesmo? – perguntei.
- Meu nome é Nicolas, mas pode me chamar de Nick.
- Ok Nick, você conhece aquele cara? – perguntei apontando discretamente para um cara mais adiante.
Nick olhou por um tempo, até responder.
- Ah sim, agora me lembro. Ele fez alguns meses de psicologia, mas desistiu e foi para serviço social. O nome dele é Jonas, mas por que você quer saber?
Eu sabia que o encontraria, mas não sabia que seria assim, logo no primeiro dia. Não que fosse algo ruim, mas é que ele me trazia lembranças que eu não queria lembrar. Não agora.
- Eu achei que conhecia, mas não é quem pensava. – disse com um sorriso amarelo.
Nick e eu fomos andando por aquela calçada e quando chegamos à minha sala ele me perguntou qual era o horário do meu intervalo.
- Acho que é às 10h. – disse olhando para um papel onde tinha o horário das aulas.
- Então se você quiser a gente pode comer alguma coisa no refeitório.
Apenas fiz que sim com a cabeça, ele se despediu e eu fiquei parada por um tempo pensando nas lembranças que eu tinha com o Jonas, por fim entrei na sala. Era hora de iniciar um dos meus sonhos, estudar arquitetura.
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