—---- Rogue's POV ON -----
— Frô! Frosh! - chamei meu exceed de novo, já era bem a décima vez.
Eu havia notado a sua ausência há um tempo e fui caçá-lo. Ele estava comigo, porém creio que se assustou com o mau humor do Sting e meu. Mas também pudera! Aquele Decreto n° 1 com o qual os desgraçados do Conselho proibiram todos os dragon Slayers de usar magia foi uma tapa em nossas caras.
Esse cheiro… parece ser ele! Aroma de maçã e de pelos macios… De perto da casa do Sting, onde estávamos, sigo a trilha deixada no ar até o outro lado da cidade. Eu sabia que aquela rua em que estava dava numa praça na qual já havíamos passado um tempo. O vento vira a meu favor e, quando estou quase despontando na saída, reconheço um cheiro de baunilha e menta. Os ventos também me trazem uma voz muito bonita e muito familiar. Não… Não pode ser ela. O que ela faria por aqui?
Eu paro onde estava, a poucos passos da praça, e apuro meus sentidos. Sim, esse cheiro é o do Frosh, com certeza. E essa voz cantarolante, doce, e esse aroma são dela. Então eu venço a distância até a entrada da praça e os vejo olhando para o céu, sentados em um banco. A luz azul da lua deixava um brilho arroxeado ao bater nos cabelos soltos de Cibelly. Frosh estava quase dormindo em seus braços. Conforme me aproximo percebo o quanto estão perdidos em seus pensamentos, uma vez que não me percebem chegar.
Então eu me inclino e sussurro ao ouvido da ruiva:
— Não é raptando meu exceed o jeito certo de voltar depois de três meses e me dizer oi...
— Ambos levam um susto tão grande que dão um pulinho.
— Rogue-kun!
— Oe, Rogue! - ela me dá um tapa no braço - Pelo amor de Kami-sama, chega assim não!
Eu estava rindo muito.
— Eu cheguei normal. Vocês que estavam no mundo da lua. Literalmente…
— Hai, hai. - ela ri - Mas foi o Frô que chegou aqui de surpresa.
— Só ele que apareceu de surpresa aqui, né? - joguei a indireta pra ela.
— Nee - ela se embaraça - Na verdade, eu nem tinha notado que estava na cidade da Saber até umas poucas ruas atrás. Estava distraída… - e seu sorriso some.
— A fadinha também está irritada que nem o Rogue-Kun - Frô me diz.
— O decreto? - chuto.
— Sim. - seu olhar vagueava perdido - Esse caso me fez questionar algumas coisas…
Eu já ia comentar alguma coisa quando Frosh sai voando dos braços de Cibelly:
— Frô saiu de casa sem comer - e então abre os bracinhos teatralmente - Frô quer sorvete!
Olho pra garota e ela me devolve o olhar sorrindo. Se levanta e me diz:
— Tudo bem. Vá lá alimentar o Frosh. De todo jeito, eu tinha que falar com vocês dois, dragões gêmeos. Estava justamente tentando lembrar o caminho da sua casa sentada aqui quando o Frosh me encontrou, mas isso pode esperar pra amanhã. Só preciso das direções certas...
— Não. A fadinha não vai agora, né, Rogue-kun?
— Vem com a gente - lhe chamo no impulso.
— Eu tinha que me encontrar com Dlayla e Lucy, que também estão aqui…
— Precisa ser agora? - Frô era a melhor criaturinha para convencer pessoas suscetíveis a fofura, bastava olhar pra elas. Vi claramente a determinação da ruiva cair e sua expressão mudar pra um sorriso.
— Acho que elas podem esperar um pouco, né? E também eu nem jantei direito mesmo… - sussurra a última frase tentando se convencer.
Vi-me com um sorriso no rosto. Era interessante como eu ficava à vontade com ela. Saímos da pracinha com o Frosh nos braços de Cibelly, e esta caminhando ao meu lado. A sorveteria era virando a esquina. Sentamos em uma mesa para três perto da janela e o atendente, nos vendo, veio todo sorrisos para Cibelly:
— Olá! O que desejam? Quer alguma coisa, bela senhorita?
— Aye. Um sorvete de menta com pedaços de chocolate.
O cara se vira para nós e seu sorriso se torna falso.
— E vocês dois?
— Um de maçã, no potinho, e um de chocolate simples, na casquinha.
E ele sai para, dali a pouco, voltar.
— Chocolate - entrega o meu, sério - maçã, - o do Frosh, também sério - e o seu - entrega o de Cibelly super simpático, seu corpo bloqueando nossa visão. Esse cara não existe! - Quer mais alguma coisa? Cobertura extra por conta do casa? Um lencinho? Meu número de telefone?
— Quê? - a garota cora surpresa - Quero nada não moço, licença!
— Pode ir. Agora. - eu imponho minha presença ali.
— Hai. Qualquer coisa estou ali na bancada - ele pisca pra ela e se vai.
Que cara irritante! Onde já se viu?! Ela está comigo! Certo que não estamos juntos juntos, mas ela está acompanhada!
— Fada-san, você está bem? - ouço Frosh perguntar.
— Tudo bem… Aquele ABUSADO! - ela grita a última palavra para o balcão, seus cabelos lisos de irritação.
Solto uma risadinha e ela retorna o olhar pra mim, corando.
— O quê?
— Nunca deixo de me surpreender com o quanto você é estranha. A começar por seus cabelos que mudam conforme o humor…
— Ah - ela estava sem graça - Vivem me dizendo essas coisas.
— Não me leve a mal. - tento suavizar um pouco o que eu disse - É estranho? É. Mas também é fofo - falo um tanto sem graça, porém estudando sua reação a isso.
— Frô não acha a fada vermelha muito estranha. Frô acha que ela é bonita. Ela não é, Rogue-kun?
Boa, Frosh! Mais um momento constrangedor oferecido por exceeds!
— Sim, Frô. - digo a fitando nos olhos - Ela é.
— Hum, obrigada.(?) - sai meio que um tom de pergunta, ela estava vermelha.
— Vocês terminaram?
— Hai.
— Um instante então.
Levanto e me dirijo até o balcão intentando pagar a conta. Aquele cara nem sonhe que eu não vou deixa-la chegar perto dele mais que uma mesa de distância! Já lá fora ela me perguntou se eu tinha ido pagar a conta e quando lhe confirmo ela tenta me passar alguns Jewels estendendo a mão.
— Oe, não. Já paguei o seu.
— Mas…
— Fui eu que te chamei, não foi? Nada mais justo que eu pagar o seu.
Quando empurro sua mão de volta sinto uma energia passar por entre nossos dedos. Creio que ela também sentiu, porque levantou o olhar para mim, surpresa. Nossos olhares se cruzaram e se perderam um no outro. Quando abaixamos nossas mãos acabamos desviando o rosto. Foi justamente essa a hora em que Frosh saiu lá de dentro e estendeu os braços para a maga.
Voltamos a andar lado a lado.
— Então, eu realmente queria falar com vocês sobre o decreto e tal…
— Por mim, pode ser agora.
— Precisamos do loiro escandaloso.
Neste momento chegamos em frente à Sabertooh e ela estanca no lugar.
— Er, não sei se quero entrar aí não…
— Não se preocupe. Vai indo pra casa do Sting que eu confiro se ele está aqui na guilda.
— Aye! - suspirou aliviada - daqui eu sei chegar lá.
Eu vasculhei a guilda e nem sinal de Lector nem do meu irmão. Supus que ele deveria estar em casa. Com a Cibelly lá. Kami-sama! Ela vai ser atacada por aquele pervertido! Sorte que são só umas duas quadras daqui… Comecei a correr. Chegando perto, escuto sons estranhos…
— KYAAH! SAI, STING! LOIRO IDIOTA!
— VEM CÁ! PODE CORRER, MAS EU VOU TE PEGAR!
— Vai lá, Sting-kun!
— Corre, fada-san!!!
— PARA QUIETA, GAROTA!
— MAS NEM! SAI, THE MÔNIO!
— JÁ ERA. Te peguei! - um baque - MUAHAHAH! Agora você é minha!
Quando finalmente cheguei à porta, o coração na boca, vejo uma cena peculiar. A sala estava toda revirada, tapetes fora do lugar, os dois exceeds, Frosh e Lector, observavam tudo voando, e do sofá, que estava tombado, eu via pernas no ar. Obviamente os dois tinham caído pra trás.
Quando notei que os gatos estavam sorrindo foi que reparei nas risadas que preenchiam o ar e relaxei. O Sting só estava sendo o mesmo idiota de sempre. Nada pior que isso. Ainda bem! Contornei o sofá e entendi o que foi aquilo tudo. Era um ataque de cócegas, e a ruiva perdia feio. Isso significa que ela estava já sem ar de tanto rir, chorava de rir. As bochechas coradas, o cabelo bagunçado, quase não conseguia respirar, tanto de rir quanto por estar presa sob o corpo de Sting. Parando ao lado, eu fiquei em pé observando o espetáculo dos dois.
— O-OE! STING, SAI!
— PEDE CLEMÊNCIA!
— Clemência. SAI! - Ela tenta lhe acertar um chute na lateral, mas ele sai de cima rindo e ileso.
— Muito bem, garota inteligente - ele se abaixa e dá batidinhas na sua cabeça, como se faz com cachorros.
Ela lhe observava com um olhar fatal, por entre os fios de cabelo que estavam sobre o rosto, e quando ele retira a mão ela tenta lhe morder. Pena que errou. Ela então olha para mim, jogando o cabelo pra trás e me estendendo as mãos:
— Ajuda?
Eu então peguei suas mãos e a puxei para cima. Só que acabei aplicando força demais e ela veio de encontro ao meu peito. Com o impacto, quase cai de novo, e para evitar isso enlaço a sua cintura enquanto ela agarrava o tecido de minha camisa. Quando subi o olhar, vi que ele estava brilhante, ainda das lágrimas de riso de poucos segundos atrás. Estávamos face a face, os corpos colados.
— Hey, vamos deixar pra namorar depois, viu?!
— Quem ta namorando aqui? Zuada, Sting - ela lhe responde com rapidez, se separando de mim com delicadeza.
Sting e eu então levantamos o sofá. Logo em seguida ele se jogou sobre as suas molas e Cibelly se senta ao seu lado, ao que ele jogou o braço sobre os ombros dela. Eu me dirijo à cadeira que tinha de frente para os dois, observando aquela intimidade toda. Sei se gostei muito não…
— Pronto. Já te dei as boas vindas. Isso foi castigo por sumir três meses e não dar sinal de vida. Agora você pode falar.
— Você chama ISSO de boas vindas, seu inútil?! - ela lhe dá um tapa com as costas da mão.
— Sim, ué.
— Acredite - digo - poderia ser pior.
Ele dá de ombros ao ouvir isso e os dois riem.
— Ele está certo.
— Dispenso! Além disso, vocês poderiam muito bem ter aparecido por lá. Não fui só eu que sumi. Mas por ser uma dama-
— Pff, dama! - Sting ri e leva outro tapa que imediatamente o cala.
— Por ser uma DAMA, eu vou deixar passar. Eu vim pra falar sobre o Caso n° 1.
Ela nos conta sobre os três pontos de sua dedução e sobre como agora estavam investigando por conta própria.
— Os dados todos estão com a Lucy. Eu volto para o hotel e amanhã a gente se encontra e discute o que temos. Fechou?
— Fechou, ruivinha.
Ela se levanta irritada e se dirige à porta.
— Eu tenho nome, Sting! Quero saber quando que você vai aprender isso!
Nós a seguimos.
— Já disse que amo te irritar? - ele joga.
— E eu que amo te bater? - ela devolve.
— Isso nota-se - eu solto no ar.
Em frente à porta nos despedimos. Cibelly beijou o rosto de cada um de nós, incluindo Lector e Frosh, e depois se foi. Quando sua silhueta já sumia na esquina me virei para a direção de minha própria casa.
— Vem, Frô. Jya nee, vocês.
Frosh se sentou sobre minha cabeça e eu comecei a andar.
— Eu vi, hein! - Sting me diz.
O ignoro e continuo andando.
— Eu vi tudo, Rogue - ele retomá vendo que não reagi.
— Viu o quê? - perguntei impassível.
— Vocês dois!
— Então não viu nada. Não sei do que está falando…
— Se por “nada” você quer dizer o clima que rolou aqui, então beleza.
E ele fecha a porta calmamente, entrando em casa. Continuo andando.
— Rogue-kun, vai chover?
— Não, Frosh.
— Mas o Sting-kun falou de clima…
— Não é isso não, Frosh.
— Ele quis dizer o quê?
— Ah, nada não. É só uma coisa que bem que podia mesmo ser verdade…
— Hummm… - ele para pra pensar um pouco - E o que é? - pergunta mais curioso que antes.
— Quem que sabe, né?
Minha resposta foi acompanhada de um breve riso meu e do som do silêncio que veio depois.
—----.-----
Continua... ღ
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