POV Mike
Pac, nós vamos te encontrar meu amigão!
Ítalo e eu já estávamos munidos com o básico, então nos despedimos rapidamente dos outros e nos embrenhamos mata à dentro.
Sinceramente não sei o que vai ser da gente. Não posso mentir, não para mim mesmo. Estou morrendo de medo, mas preciso me manter forte; pelo Pac, pelo Cellbit, pelo Batista e por toda a galera.
Sinto um toque no ombro e encaro o loiro.
- Você acha que eles estão bem? – perguntou.
- Sinceramente? – suspirei – Olha Ítalo, não posso garantir nada. Única coisa que sei é que todos eles sabem como sobreviver no Minecraft.
- Isso é verdade – ele me encarou como se procurasse as palavras certas para o que diria – Posso fazer uma pergunta?
- Claro, por que não?
- Você sente algo a mais pelo Pac? – admito que por essa eu não esperava e a surpresa deve estar estampada no meu rosto – Sei que vocês são melhores amigos. Mas o carinho por ele que eu vejo nos teus olhos não é o tipo de carinho que eu teria por um amigo, ou mesmo irmão.
- Eu sou hétero, meio difícil eu ter algum sentimento romântico pelo Pac – mas algo no meu interior dizia que eu não estava sendo cem por cento sincero – E você sabe que ele namora o Cellbit.
- Até uns dois meses atrás eu também era hétero – deu de ombros – E de boa, o fato dele namorar não impede que outros sintam algo por ele.
- Certo. Mas entre nós dois não rola nada além de uma amizade muito forte. Eu não sei explicar isso, mas a gente já passou por situações que nos tornaram mais próximos. Somos mais íntimos que o normal entre amigos, mas não no sentido físico ou romântico.
- Entendi.
- Mas e você? – o questionei.
O que ele me disse antes ficava martelando na minha cabeça.
- Eu o quê? – indagou.
- É sério que você descobriu que gostava de homens tem dois meses?
- Kkk... Sério que isso chamou a tua atenção? – tentou segurar o riso – Mas sim, até dois meses atrás eu curtia mulheres. Ou assim eu pensei.
- Como assim? – franzi o cenho.
- Eu nunca senti uma grande atração por mulher nenhuma, nem uma química mais forte – piscou – Então a dois meses uma amiga lésbica me levou numa boate LGBT. Bebi um pouco mais, mas não o suficiente para perder a sobriedade nem nada. Lá eu conheci um cara que abriu meus olhos.
- Uia! E você é passivo ou ativo? – brinquei.
- Kkk... Só você mesmo! – ele quase perdia o fôlego de tanto rir – Na verdade eu ainda não transei com nenhum homem, então não tenho como responder isso.
- Então o Batista vai te ajudar a descobrir LOL...
- Espero que sim – e lá estava aquele mesmo sorriso que tantas vezes vi o Pac direcionar ao Cellbit e vice-e-versa.
- Você o ama não é mesmo?
- Amo. Não é estranho? Antes de nos encontrarmos no hotel nunca tivemos nenhuma proximidade ou contato, então trombei com ele e em poucos dias já sinto que ele é tudo que eu quero e preciso.
- Acho que o amor é assim, imprevisível; as vezes é cultivado com o tempo e outras basta um primeiro contato – dei de ombros – Mas vou logo avisando, o Batista é como um irmão pra mim, então estou de olho viu?
- Então posso te chamar de cunhado? – brincou?
- Cunhado de consideração kkk... – estaquei no lugar – Olha! Jungle! Melhor a gente começar a gritar por eles.
- Certo. Vamos nessa... cunhado.
POV Pac
Do topo de uma árvore da selva eu observava os arredores. Rezende e eu havíamos construído uma base temporária no alto; questão de segurança e visibilidade. Enquanto construíamos o abrigo, vulgo cafofo temporário, conversamos bastante. Tínhamos muito assunto para pôr em dia e aos poucos nossa amizade rompida era reerguida.
Ainda não contei a ele sobre meu relacionamento com o Rafael, nem sobre minha sexualidade. Ainda não me sinto completamente seguro para me abrir dessa forma, mas sei que não poderei esconder por muito tempo.
Fitei o mais alto. Ele estava craftando alguns itens para tornar nossa estadia aqui mais confortável.
Como eu senti falta disso. De jogar com o Rezende. É bom ter meu amigo de volta.
Só espero que os outros estejam bem.
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