POV Ambu
- Andem logo vocês! Já estamos atrasados. Devíamos ter chegado a uma hora.
- Calma Ambu! Não é o fim do mundo.
- O PK tá certo. Não é como se tivéssemos algum compromisso no evento hoje.
Olhei do Calango ao PK e suspirei. Sim, eles estavam certos, mas tinha um porém. Desviei meus olhos para os demais. Junto de nós três estavam o Alan, o Felps, a Gabs, o Guaxinim, o Vilhena e o Wii. Os outros já estavam todos no local do evento e era isso que me preocupava.
- Sim, sim... mas vocês estão esquecendo de uma coisa importante. O resto da galera já está lá – eles me olharam sem entender o problema, até que vejo o entendimento surgir nos olhos do Alan.
- Puta que pariu! O Rezende e os moços... – ele gritou – Fudeu!
- Merda! – Vilhena resmungou.
- Eu tinha esquecido desse detalhe não tão pequeno – o Felps comentou.
- Neh – a namorada dele concordou – Mas agora que chegamos vamos entrar logo então.
Dez minutos depois estávamos finalmente do lado de dentro do pavilhão. Dei uma rápida olhada ao redor, me localizando. Achei a área destinada aos youtubers e me dirigi ao local. Antes de chegar lá eu já podia ouvir vozes exaltadas. Droga! Chegamos tarde!
- O que você sabe sobre amizade Rezende?! – parecia ser a voz do EduKof – Me responde. Você briga por qualquer motivo. Mais que isso, você impõe muitas exigências nas tuas amizades.
- Exigência? – veio a resposta. Cheguei e vi a cena toda. Todos reunidos e tensos. Só não vi o Pac e o Mike. – É muita errado esperar respeito dos teus amigos?!
- Com quantos você tá brigado mesmo? – uma pausa teatral – Ah sim! Você brigou com o Afrein porque ele brincou com a Helena quando tava todo mundo bêbado. E quando a gente tentou te fazer ver a razão você nos chutou da tua vida como traidores.
Mais uma pausa para respirar.
- Brigou com os moços porque eles se afastaram por um tempo. E o que você fez? Pagou na mesma moeda e quando eles tentaram justificar tudo que você fez foi acusa-los sem saber do real motivo deles. E o Authentic? Por que mesmo que surgiu esse desentendimento? – perguntou ironicamente, fitando o Tete.
- Por julgamento precipitado – quem respondeu foi o Baixa. Ele estava abraçando o Marco, que parecia estar chorando. Ele olhou para o Pedro com mágoa nos olhos antes de continuar – Tudo que o Tete fez foi te parabenizar por algo e você entendeu como uma alfinetada. E por que isso? Só porque ele tinha ficado melhor colocado na maldita lista de visualizações! E depois? Você acusou ele de falsidade, mas no fundo você foi invejoso, e ainda vem cheio de si acusando os outros de invejarem você!
- Eu tenho inveja? – Rezende riu debochado – Até parece que que eu invejaria o canal sem graça do teu namoradinho fals...
Ele não pôde terminar a sentença. Foi tão rápido que ninguém foi capaz de impedir o soco do Cauê. O Pedro perdeu o equilíbrio e caiu, mas logo levantou e retribuiu o soco. Num piscar de olhos os dois se agarraram e começou a confusão. Corri até eles e segurei o Rezende enquanto o Tete agarrava o Baixa. Depois de uns minutos e muitas ofensas finalmente conseguimos separá-los.
Olhei ao redor e dei graças a Deus por essa área ser fechada e reservada. Se as coisas continuarem assim seremos expulsos.
- Tsc tsc! – voltei meus olhos ao Rezende, o mesmo ria enquanto limpava os lábios que sangravam – Alguém mais quer me dar um soco? Ou quem sabe defender o amiguinho? Acho que só faltam o Pac e o Mike. Suponho que a essa altura estejam se comendo em algum banheiro kkkkk.
- CALA A BOCA! – o Cellbit se exaltou. Ele parecia estar se segurando a muito custo – Você não percebe o quão ridículo você soa? Você arruma treta com todo mundo e nunca aceita que talvez o errado seja você. Tem alguma ideia da dor que você causou ao Pac e ao Mike? O Tarik foi o mais afetado por toda essa história e você nem sabe tudo que ele passou três anos atrás!
- Ora, ora! – o Rezende já está indo longe demais – Parece que toquei um ponto fraco não é mesmo Cell? Será que me enganei e você que é o namoradinho do Pac? Ops! Esqueci. Desculpa Maria, mas você devia tomar cuidado. Ao que tudo indica o teu namorado tá concorrido.
- Seu... – ví uma veia saltar na testa do Cellbit, mas antes que ele partisse para cima do outro uma mão o segurou. O Pac e o Mike tinham chegado. Notei que o Pac tinha os olhos vermelhos e inchados. O que será que eu perdi?
O Mike virou para o Rezende o desceu um soco forte. O mesmo iria revidar, mas foi interrompido.
- Chega! – o Pac gritou. Fez-se um silêncio breve que logo foi cortado.
- O que foi? – Rezende debochou – Não quer que eu revide e deixe a carinha do teu namorado deformada? Sabe, nunca pensei que vocês fossem gays, mas depois do que eu vi. O Mike correndo para te consolar. Que bonitinho!
Vi o Tarik respirar fundo e o Cellbit segurar suas mãos em apoio. Então o moreno engoliu e começou a falar.
- Três anos e meio atrás...
A FEW MOMENTS LATER... (depois do surgimento da estranha criatura no capítulo anterior)
“Acho que vocês vão gostar do que eu tenho para vocês”
Foi isso que a criatura bizarra disse. Eu não conseguia tirar os olhos dela. Me mantinha alerta. Tinha um péssimo pressentimento. Algo ruim está para acontecer!
POV Rezende
“Acho que vocês vão gostar do que eu tenho para vocês”
Merda! Estamos ferrados. O que diabos é essa criatura? Rodo meu olhar pelos outros e vejo Helena abraçada à Maria. Mas o que...? Meus olhos caem sobre o Pac. Cellbit o abraça com força e Mike tem o braço sobre os ombros de ambos em atitude protetora.
Sinto um peso enorme sobre meu coração vendo os olhos vermelhos do Pac. Sou um idiota! Como pude ser tão cego? Como não vi a verdade nos olhos dele anos atrás? Ele tem razão, não fui atrás dele. A culpa vai me seguir para o resto da vida... Sinto uma mão pesar em meus ombros e ergo a cabeça, deparando com o olhar preocupado do Ítalo.
- Rezende, você tá legal? – logo atrás dele vejo o Batista. Os dois têm se ternado bem próximos nesses últimos dias. Claro que nunca perto de mim e agora sinto a dor desse ato. Me tornei mesmo um péssimo amigo.
- Na medida do possível – respondo simplesmente e olho ao Batata – Eai Batista, tudo bem?
- Poderia ser melhor sem esse fantasma sinistro – o loiro me olhou espantado. Não o culpo. Mas reparando bem também vejo o medo. É, estamos no mesmo barco.
- Realmente – já não sei o que falar.
Volto a encarar o Pac e seu olhar triste e apavorado encontra o meu. Queria tanto abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas não tenho mais esse direito e também não tenho tanta certeza de que as coisas ficarão bem.
- Você ainda pode resolver as coisas com ele – me assusto ao sentir o toque do Batista em meu braço, transmitindo apoio. Olho para o mesmo e vejo um sorriso fraco em seu rosto – Quero dizer, depois que nos livrarmos dessa imitação bizarra de Enderman.
- Você me acha bizarro? – a criatura se dirige ao Batista. Ele se encolhe de medo e algo desperta dentro de mim. Me ponho à sua frente, como barreira, enquanto o Ítalo o abraça - Hahahahaha!
- Deixa ele em paz! – o Pac sibila, dando um passo à frente.
- Ora, não se preocupe – o estranho ser parecia se divertir com a situação – Não pretendo machuca-los. Mas não garanto que ficarão bem no lugar para onde os enviarei KKKKK.
- Como assim “lugar onde vai nos enviar”? – Maria se pronunciou pela primeira vez, ainda abraçada à Helena.
- Tadinhas, sem culpa nenhuma – o monstro, vou chama-lo assim, brincou – Tudo que fizeram foi namorar os caras errados – olhou fixamente para a Maria – Ou fingir namorar.
Como? Fingir?
- Bom. Vou explicar como as coisas vão funcionar – continuou, com aquela voz distorcida. Olhei em volta procurando por seguranças e me assustei ao ver que todos estavam paralisados como estátuas. Droga! – Vou manda-los para dentro de um jogo. Vocês vão manter os corpos reais de vocês e todas as funcionalidades deles. Mas não se enganem, coisas que no jogo geralmente não matam instantaneamente, vão mata-los neste caso. Quedas, lava, explosões. Então não morram no jogo ou morrerão na vida real. Agora... Tenham um bom jogo!
Senti uma tontura e o chão começou a tremer violentamente. Vi a enorme rachadura se formando no mesmo, todos gritavam apavorados, mas algo nos mantinha presos no lugar, até sermos engolidos pelo breu. Algo ecoou em minha cabeça enquanto eu caía num abismo sem fim.
“E o jogo começa!”
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