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História Triângulos são minha forma favorita. - Clichê


Escrita por: wonhui

Capítulo 7 - Clichê


Ele tá bêbado. Pessoas fazem coisas idiotas bêbados.

Ao mesmo tempo, Jun lembrava do discurso que o próprio Wonwoo fazia para Seokmin sempre que ele acordava de ressaca e renegava todas as coisas ridículas que tinha feito em uma festa na noite anterior.

“A gente geralmente faz bêbado o que não tem coragem de fazer sóbrio. A não ser que você tivesse bem alterado, sem noção da realidade, e alguém tivesse te abusado ou coisa do tipo, aí não é esse o caso, é claro. Mas fora isso, algo tipo invadir o palco do karaokê enquanto outros estão cantando porque você acha que canta melhor... é bem a sua cara. Não bota a culpa no álcool, ele só te ‘ajudou’ mesmo.”

Claro que só a parte do “a gente geralmente faz bêbado o que não tem coragem de fazer sóbrio” realmente interessava, mas era divertido ficar lembrando de todo o discurso porque era divertido lembrar do mico histórico que Seokmin tinha pagado uma vez.

Ele sabia que Wonwoo ia acordar morrendo de dor de cabeça e arrependido, e seu típico discurso ia se voltar contra si mesmo.

Assim como Mingyu já tinha caído na própria armadilha.

Não estava nos planos de Mingyu achar Jun legal ou atraente. Quer dizer, atraente ele sempre secretamente achou, mas a parte do legal... realmente não estava nos planos dele se afeiçoar ao rapaz. Não estava nos seus planos se acostumar com a presença de tanto Wonwoo como Jun na sua vida. A se acostumar com o jeitinho especial de um e não conseguir desacostumar com o jeitinho especial do outro. Seu plano era estraçalhar o coração de ambos, mas talvez ele não seja o tipo de pessoa que consegue ser ruim. Esses sempre se dão mal na vida.

Mingyu realmente achou que os dois estavam tirando uma com a cara dele quando mencionaram a coisa de “trio” – que Minghao fez questão de traduzir bem o que eles queriam dizer, como o amante de uma confusão e pior melhor amigo do mundo que era. Continuou no joguinho deles, primeiro porque aquilo infelizmente o agradava muito, segundo porque queria saber até onde eles eram capazes de chegar.  Já tinha passado uma hora que os três estavam juntos, no momento jogados na beira da praia, um por cima do outro, ouvindo de longe a música alta do autodenominado lual, que na verdade estava mais para uma rave. Wonwoo falava um monte de bobajada sem sentido, Junhui como sempre quieto, balançando os braços, no próprio mundo. Mingyu nem sabia bem porque tinha aceitado aquela palhaçada: além de corno, fiquei burro, pensou. Mas ele não achava a cabecinha “prateada” de Minghao em lugar nenhum mais, não lembra nem como o garoto sumiu da vista dos três. E não é que ele tivesse bebido demais, o único bêbado de verdade ali era Wonwoo, era só que tinha gente demais mesmo – aparentemente, Jihoon conhecia a cidade inteira agora. Ele talvez estivesse embriagado, mas só de sentimentos mesmo, se é que é possível dizer algo assim.

Sem Jun, Wonwoo, ou qualquer pessoa mais alta para se esconder atrás, Jeonghan se viu obrigado a ficar jogando conversa fora no grupinho do aniversariante, com o ex-namorado de ambos, que não tinha tido um término amigável com nenhum dos dois. Woozi tinha dado uma “bolada” na cara de Seungcheol, quebrando o nariz dele durante um jogo, quando descobriu que ele e Jeonghan tinham um casinho. Mas segundo o próprio nesse momento, ele era imaturo e agora era tudo passado. Aham, pensara. Mais esquisito mesmo só o casal de três jogado lá na beira do mar.

Mingyu ficava olhando os dois garotos jogados por cima dele. A música alta, as pessoas dançando, Hoshi na frente deles gritando que era a Beyoncé e se jogando no mar... nada daquilo chamava muito a sua atenção – talvez Hoshi um pouco, ele deu uma breve risada do garoto. Com Wonwoo abraçado a ele, seu narizinho gelado como o de um gatinho roçando no seu ombro, e Junhui o olhando fixamente como um cachorrinho carente, e como se quisesse ler seus pensamentos, o resto não parecia importar tanto assim. Mesmo que a lua na frente deles estivesse linda. Se Jun pudesse realmente ler seus pensamentos, saberia que ele estava pensando em que grande merda tinha se enfiado.

“Eu preciso ir embora.” Ele se levantou de repente, com uma expressão meio triste, derrubando Wonwoo na areia macia, este dando risinhos fofos por isso, aparentemente sem nem perceber direito o que acontecia. Jun se levantou e foi atrás dele.

“Gyu, espera... “ Alcançou seus passos largos correndo um pouquinho e deixando Wonwoo para trás, que parecia não perceber muito isso. “Desculpa por isso...tudo. Foi ideia do Wonwoo, essa brincadeira de mal gosto, eu sei lá. Eu e ele, a gente nunca teve nada. Eu juro. Você só leu uma mensagem de RPG, era tipo uma brincadeira... Você sabe que nós somos dois nerds idiotas, a gente gosta dessas coisas...”

“Isso não importa mais, eu acho.”

“Como assim?”

“Para de fingir que você não sabe o que acontece o tempo inteiro. Isso é muito irritante, Jun.”

“Eu só... eu não queria te machucar, eu não queria machucar ninguém...”

“Para de ser tão legal porra. Me deixa em paz. Já entendi que o idiota e burro aqui sou eu mesmo.”

Mingyu continuou sua caminhada em direção a sabe-se Deus onde, e Junhui lembrou que tinha deixado um Wonwoo bêbado jogado na areia não muito longe dali. Correu atrás do mais alto de novo, o pegando firme pelo braço. Mingyu odiava o quanto aquilo tinha arrepiado mais que o vento frio da praia.

“Olha, tudo bem que você tá chateado com a gente, e que nenhum de nós dois sabe exatamente o que tá acontecendo por aqui” pausou depois de ver Mingyu levantando as sobrancelhas, como uma forma de repreensão ”tá... ou se nega a acreditar mesmo. Mas se tem alguém que pode nos dar explicações é ele lá.”

Mingyu apenas olhou para Wonwoo jogado lá, sorridente, e continuou seguindo em frente. Não olhou mais para trás.

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Coube a Jun dar um jeito de ser o (quase) sempre responsável que era e levar o alegrinho amigo para casa. Foram de ônibus, Wonwoo com o braço em volta do pescoço de Jun, todo o peso do seu corpo magro apoiado no outro. Em certo ponto da viagem, Wonwoo dormiu e encostou a cabeça no ombro de Jun. Seu nariz e sua boca encostavam na pele bronzeada do amigo, sua respiração leve provocando certo arrepio. Não só no físico, mas também na mente. Ele era tão mais frágil do que sempre aparentava.

Chegaram no pequeno lugar cheio de móveis bege baratos e livros, que cheirava como uma livraria, com exceção da cozinha, que sempre cheirava a suco de abacaxi e gelatina. Junhui colocou-o delicadamente deitado no sofá. Tirou seus sapatos e sentou ao lado. Acabou pegando no sono e quando acordou, já eram 4h57 da manhã, segundo seu celular. Wonwoo estava acordado, sentado bem ao seu lado, olhando para o teto.

“Eu espero que você não diga o que eu sempre digo.”

“Eu só queria entender o que aconteceu, Wonnie...”

“Você fala como se a gente tivesse sei lá... transado. “ Ele deu uma risada fraca ao mencionar isso, mas como se fosse uma risada triste. Ou pelo menos sem graça. “A gente nunca nem se beijou né?”

“Nossa, eu lembro como se fosse ontem quando as pessoas falavam tanto que a gente deveria tentar.”

“É, era engraçado.”

“Jamais daria certo.”

“É, eu sei. Mas porque você acha que não?” Wonwoo realmente concordava, mas com pesar.

“Tenho uma teoria que é muito mais fácil manter relacionamentos quando as duas pessoas são muito diferentes uma da outra. Cada uma complementa a outra com o que lhe falta, e as diferenças mantém as coisas interessantes e animadas. Como você e Mingyu, por exemplo.”

“Eu não concordo com isso.”

“Com pessoas diferentes terem relacionamentos melhores ou você e o Mingyu serem diferentes?”

“Tudo isso aí. Não sou tão diferente dele, não sou tão igual a você. Nada é tão simples assim.”

“Nisso você tem razão.”

Eles, que eram tão acostumados a se sentirem confortáveis no seu próprio silêncio, agora se incomodavam com o barulho da torneira velha pingando sendo o único som preenchendo o ambiente.

“Quer suco?” Jun tentou dizer algo, só para preencher aquele desconforto.

“Só tem de abacaxi né? Não aguento mais.”

“Como é que eu vou saber, a casa é sua...”

“Quero.”

Junhui se levantou, bagunçou seus cabelos no momento extremamente escuros, como quem pudesse consertar seus pensamentos daquela maneira. Foi em direção a geladeira, pegou a jarra com o líquido amarelado e aquele cheiro falso de abacaxi de suco em pó. Teria ele se enganado por tanto tempo com seus próprios sentimentos?

Ao fechar a geladeira, Wonwoo estava bem na sua frente. Tirou a jarra das mãos dele e colocou na pia, e começou a se aproximar lentamente.

“Para de fingir que você não sabe o que tá acontecendo. A gente lê livros. Vê filmes. Sempre tem essa hora.”

“A hora em que os dois melhores amigos resolvem ser mais do que apenas amigos?”

“Ou só tentam...”

Wonwoo iniciou um beijo, inicialmente lento, que progrediu para uma maior profundidade com o passar dos segundos. Tempo é realmente relativo, pois nenhum dos dois o sentia passar no momento. Ou na verdade, quando duas pessoas ficam tão imersas em um momento de carinho, elas simplesmente esquecem que tempo existe.

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14h24min do dia seguinte e Mingyu recém tinha acordado. Minghao dormia de boca aberta e só de cueca velha do seu lado. Era melhor ele nem pensar e apenas se levantar e fazer algo para comerem, como sempre fazia.

Quando olhou seu celular e logo depois de constatar em certo desespero que tinha dormido até aquela hora – ele podia ouvir a voz da sua mãe o julgando dizendo que “quem maior de 11 anos dormia até aquela hora?” – ele viu que tinha uma nova mensagem.

Wonwoo, 5h03min

Precisamos conversar. Uma conversa séria. Seja adulto e não me ignore.

Seja adulto. Ele tinha acabado de pensar que a mãe dele o diria isso. Que conexão desgraçada que as vezes eles tinham.

Mingyu, 14h32min

nós dois ou nós três?

Pensou bem antes de digitar o ponto de interrogação, mas apertou com convicção em enviar e guardou o celular no bolso. Não esperava que o objeto vibrasse tão brevemente de novo. Ficou encarando a tela acesa com a notificação de nova mensagem. Resolveu comer uma banana antes disso.

Depois de comer e jogar a casca fora, ele ouviu Minghao resmungando alguma coisa no quarto, e lembrou do seu celular que tinha sido colocado em cima da geladeira, esperando sua atenção. Desbloqueou e finalmente leu.

Wonwoo, 14h33min

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