História Trick - Parte Um

PARTE UM

I wanna do bad things with you

 

As montanhas reluziam num prateado celestial sob a luz da lua naquela madrugada fria de dezembro, a estrada deserta criava o cenário de terror perfeito na mente de Amber Swan. Ela corria como se sua vida dependesse disso, mas não passava de um joguinho com um estranho num bar. Amber estava sozinha há três horas atrás, quando resolveu ir beber um pouco. Era para ser uma viagem romântica com o namorado, Spencer, vieram de Nova Jersey para isso. No entanto, acabaram em brigas e mais brigas.

Amber sorriu no bar, bebendo sua terceira cerveja da noite, ela agora corria pela estrada que levava á saída da cidade. Se chegasse lá, tudo ficaria bem, se não... Amber estremeceu. O vento chicoteava o cabelo castanho e numa onda de terror ela gritou, em frustração. Onde estava a placa indicando os limites da cidade? Já era para ter aparecido, não era muito longe do bar.

A música alta a envolveu, ela não se sentia livre assim há muito tempo. Dançou com todos que apareceram na frente, independente de serem velhos ou feios, Amber estava feliz. Feliz como não ficava há tempos. Os pés raspavam no chão gelado do asfalto, perdera os sapatos há muito tempo – havia tirado para correr com mais facilidade.

Quando a musica se tornou uma balada lenta, não mais um agito country, Amber procurou com os olhos desfocados por um par. Com a quinta cerveja ­   – ou seria sexta? – na mão, ela seguiu seu caminho para um jovem esquisito de flanela. No entanto, antes de chegar ao seu destino com problemas de moda, ela foi puxada pela cintura contra um peito musculoso e braços fortes a envolveram. Aquele foi seu erro.

Amber não conseguia correr mais, as lágrimas corriam por suas bochechas, o vento congelava suas pernas desnudas pelo vestido tubinho rosa. A garganta seca não a deixava gritar, pedir por socorro ou rezar. Amber estava desesperada.

Luzes cegaram seus olhos, vindo em sua direção em baixa velocidade, uma onda de esperança apareceu em seus pensamentos. Seu sorriso voltou ao rosto, ela abanou as mãos e, pela terceira vez na noite, cometeu um erro. Ela parou de correr. Não sentiu o impacto do carro ou qualquer outra coisa, ela apenas morreu.

Seu primeiro erro foi digitar Crystalmount no Google Maps. O segundo, para quem já adivinhou, foi ir naquele bar. O terceiro erro, se você não prestou atenção, foi dançar com aquele estranho de cabelos negros e olhos verdes claros.

O condutor do carro, Thomas Concórdia, piscou no momento certo. Ele não viu uma garota seminua e descalça correndo em sua direção. Continuou a batucar no volante o ritmo da música que tocava no rádio, o distintivo de xerife no peito reluzia sobre a luz da lua que entrava no carro. Ele não viu o estranho caminhando de volta para a escuridão da floresta.