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História Trickster: A ilha de Caballa. - Emboscada nas trevas, há uma luz no fim do túnel?


Escrita por: Reliearth

Notas do Autor


Olá!! Tudo bem?!
Primeiramente, obrigado Jhoy_A pela divulgação em uma de suas fics, link para fic dela e sinopse nas notas finais, só adianto que é muito boa!
Infelizmente as Soundtracks desse mapa são feitos de BGS, ou seja, feito por vários sons de efeitos, não tendo música propriamente dita pra acompanhar, mas tudo bem, vida que segue.
Cap um pouco mais sério, explorando um pouco mais os personagens.
Espero que aproveitem o capítulo! Boa leitura! <3

Capítulo 5 - Emboscada nas trevas, há uma luz no fim do túnel?


Fanfic / Fanfiction Trickster: A ilha de Caballa. - Emboscada nas trevas, há uma luz no fim do túnel?

A luz de sua magia iluminava os arredores, embora Bernard só fosse descobrir que pudera usá-la assim após pisotear algumas poças d’água, que formavam-se devido as goteiras das estalactites no teto. Quase não podia ver muita coisa, a luz da esfera em sua mão direita — pois a esquerda agora segurava ambos escudo e bastão — deixava sua visão cansada e afetava, mesmo que pouco, o senso de direção do músico.

— Mas que droga... — balbuciou entre suspiros. — Deveria ter guardado alguns pãezinhos em minha bolsa, estou faminto!

Haviam se passado algumas horas desde que ele adentrara a caverna, mas não podia afirmar com certeza se estava mais próximo da saída ou da entrada da mesma... Pelo menos não tivera problemas com monstros até agora, o que lhe foi uma agradável surpresa.

Os zunidos agudos que ecoavam pela caverna — produzidos pelo vento — sempre deixavam sua mente atenta, mas o que realmente incomodava era o som sacal das goteiras, e a elevada umidade que deixava o local mais frio.

Sem qualquer pressa — ou esperança —, ele caminhava iluminando o máximo que podia do chão, paredes e teto, a passagem não era estreita e bifurcações raramente apareciam para dificultar seu trajeto, apesar de ter tido um pouco de dificuldade com as estalagmites.

O único modo que encontrou para passar o tempo era observar as espécie que se proliferaram ali, como mexilhões, alguns corais e até mesmo esponjas do mar.

— Meus pés doem! A saída poderia aparecer logo! — por um instante ele parou e se virou para trás, se deparando com a mesma escuridão que o esperava à sua frente. — Ou pelo menos aparecer...

Bernard sentiu algo subir em suas pernas, muito similar a várias patinhas finas, instantaneamente, o músico gelou e um calafrio subiu por sua espinha, fazendo com que exalasse o ar de seus pulmões como se fosse a última vez que pudera fazer.

Ele voltou sua atenção para a calça onde algo estava, sem dúvida alguma, agarrado, então levou a mão direita que segurava a Magical Soul para perto, revelando um quilópode. Sua face adquiriu um tom pálido e a magia falhou como uma lâmpada prestes a queimar, e então... Gritou.

Ele berrou em desespero sem poupar suas cordas vocais e, agora cego pela escuridão devido sua magia ter se desfeito, corria para qualquer lugar longe daquela criatura bisonha, até que esbarrou em algo, caindo sentado no chão.

Ele se levantou sem pensar muito e ficou em alerta, conjurando novamente em sua mão a esfera luminosa que mostrava uma silhueta corpulenta e alta diante dele.

— Quem é você?! — suas pupilas se contraíram, estava prestes a atacar. Mas recebera apenas o silêncio. — Não vou repetir! — o músico mirou a magia no desconhecido.

— Eu me chamo Kei. — disse a voz grossa e masculina, se aproximando da luz.

— Ah!? — Bernard adquiriu uma postura menos tensa, já não mais mirando a esfera no homem. — Perdoe-me, e-eu fiquei nervoso...

— Quanto escândalo! — o homem de cabelos castanhos espetados ralhou com o jovem, estava claramente insatisfeito.

— Eu já lhe pedi desculpas! — retrucou lhe dando os ombros. — Mas convenhamos, que tipo de pessoa fica parada no escuro? Você estava praticamente pedindo para que isso acontecesse.

— Nossa. — disse sem expressar nenhuma emoção. — Com essa boca grande, estou surpreso que os monstros ainda não te pegaram.

— Ora, seu...!!

— O que foi? — lançou um olhar entediado para Bernard, voltando seu olho bom, o esquerdo, para suas orelhas de tigre. — O “gato” comeu sua língua?

— Como você é irritante!! E com que certeza você afirma que não enfrentei nenhum monstro até agora?! — o músico estufou o peito. — Fique sabendo que venci dois Bad Fury de uma vez!

Mas Kei o olhou de cima a baixo com seu olho esquerdo, o direito se mantinha fechado — provavelmente devido a cicatriz —, então soltou um riso anasalado num tom de deboche.

— Você não me parece grande coisa, se quer saber.

— Como é?! — uma veia em sua testa saltou. — Escute aqui! Não é só porque você é uma montanha de músculos que pode sair julgando as pessoas que mal conhece!!

— É mesmo? Então já que você é tão forte, poderia facilmente derrotar alguns Real Golden Mole, não? Que tal me trazer cinco de suas coroas pra provar sua força!

— De modo algum!!! — esbravejou. — Não tenho de provar nada pra ninguém!!! — pôs-se a andar impaciente e com passos pesados. — Agora, com licença!

Vermelho de raiva, Bernard seguia em frente, adentrando mais e mais na escuridão da caverna com um caminhar ligeiro, enquanto resmungava algumas palavras enfurecido, não demorou muito até parar para recuperar seu fôlego.

— Petulante! — falou num tom exaltado, enquanto ofegava. — Que cara petulante! — bateu seu pé no chão. — Eu enfrentei dois...!! Dois Bad Fury de uma vez!! Aposto que aquele espada idiota nas costas dele é de plástico!!

Em meio a sua fúria, Bernard ouviu passos se aproximando, então tornou sua atenção para trás.

— Eu já disse que não tenho que te provar nada!! — mas os passos continuavam a se aproximar, mais e mais. O barulho ficou mais alto e uma figura diferente saia da escuridão.

— Mas o quê?! — ele cerrou seus olhos tentando desvendar o ser nas sombras.

A criatura moveu-se subitamente e avançou em Bernard com uma investida, levando-o ao chão, sem perder tempo Bernard levantou conjurando a magia para iluminar o local, foi ai que viu a monstruosa criatura em sua frente.

Era uma espécie de minotauro, magro e musculoso, não um pouco mais alto que ele, seu pelo era marrom e uma larga faixa creme descia da cabeça até o abdômen — onde uma vestimenta o cobria até os joelhos — e se estendia pelo peito, braços, e para as pernas arcadas como as de um quadrúpede.

Suas mão empunhavam dois chifres ameaçadoramente pontudos, muito similares com os de sua cabeça. Ele apontava-os para Bernard, e o mesmo deu um passo para trás em hesitação, que foi respondido por um estridente berro do monstro.

O músico engoliu seco, o monstro não iria permitir sua ida enquanto não lutassem, ele concentrou mais poder na Magical Soul e a lançou para cima, tornando suas mãos livres enquanto a mesma pairava no ar e iluminava o local.

— “Espero que ela dure o suficiente...” — pegou o bastão de sua mão esquerda, deixando-a apenas com o escudo, e mudou para posição de combate.

Sem cerimônias, o minotauro avançou. Bernard se defendeu de sua investida com o resistente escudo, mas o impacto foi forte ao ponto de fazê-lo dobrar os joelhos para se equilibrar. A criatura prontamente começou a bater no escudo como se tocasse um tambor, golpe após golpe, Bernard sentia sua força esvair e pernas cederem.

Em desespero, ele revidou chocando seu escudo contra as “lâminas” do monstro, então viu uma abertura para atacar, e lançou um golpe direto no abdômen da besta, aproveitando a oportunidade para conjurar sua magia.

Magical Soul! — desferida no monstro com certa pressa, a magia pareceu o afetar mais que deveria, e então um sorriso se abriu na face do mago, enquanto se levantava.

Não esperava, porém, o forte impacto em seu ombro direito que o arremessou na parede da caverna. Com seus equipamentos ao chão, ele gemia de dor e sua esfera começara a perder a luz, então sua face se voltou à origem do impacto.

— N-não pode ser! — disse incrédulo, enquanto observava outra besta surgir.

Exausto pelos ataques, mas principalmente por usar sua magia por um longe período de tempo, o mago pegou as armas e fez o que pudera para se colocar de pé, enquanto recebia olhares de desdém dos dois seres.

A esfera começara a falhar, teria que acabar com isso agora.

Magical...!! — ele apontou o bastão entre os dois monstros que não esboçaram reação alguma — So-

Sua força desapareceu, como se tivessem desligado seu corpo, e sentiu uma forte dor nas costas. Ele caiu no chão e sentiu algo molhado e duro pressionar sua cabeça.

Sua visão lentamente se apagava, assim como a luz de sua magia, com os monstros se aproximando ele não sabia o que viria a seguir, mas talvez sua aventura acabara ali...

O som das goteiras e assovios da caverna se repetiam, incessantemente, o chão molhado gelava sua bochecha e ele sentira um estranho formigamento na ponta de seus dedos, também gelados. O chão tremeu um pouco, seriam os passos deles? Em seguida, sentiu seu corpo ser movido, para onde os monstros estavam o levando? Sua consciência estava sumindo, enquanto o formigamento espalhava-se por todo o corpo, não demorou muito até que apagasse.

O tempo passou, horas, minutos, segundos...? O balanço que sentira fez com que ele recobrasse sua consciência.

— Hm...? — murmurou Bernard, abrindo seus olhos devagar. — O-o que...?

— Finalmente acordou! — uma voz familiar invadiu seu ouvido. — Se eu não tivesse intervindo, poderia ter sido... “gatastrófico”! — o homem soltou uma gargalhada.

— Você de novo?! — ralhou Bernard, ainda um pouco atordoado. — E poderia, por favor, me colocar no chão?! — Kei carregava o músico no ombro, como uma animal abatido depois da caça.

— Eu te salvo e você ainda reclama, bem a sua cara. — retrucou sem mudar o tom desinteressado de sua voz, mas assim o fez.

Agora em seus dois pés firmados — o máximo que podia — no chão, Bernard começara a se questionar sobre o que estava acontecendo.

— Isso é ridículo! — desabafou. — Eu sendo carregado por aí feito uma tralha! O que diabos aconteceu?!

— Tirando o fato de não te darem educação... — falou, mesmo sabendo que receberia um olhar afiado e descontente do garoto. — Eu fiquei cansado de assistir o massacre, então resolvi te ajudar. A melhor parte foi quando o terceiro Addax te desmaiou e apoiou um dos pés cascudos na sua cabeça. — soltou um leve sorriso.

— Então os tremores no chão...

— Sim, fui eu. — Kei colocou sua lamparina no chão, cruzou seus braço e fitou Bernard, que logo percebeu sua intenção.

— De qualquer modo, obrigado. — disse num tom baixo, ajustando seus óculos, Kei soltou um leve sorriso de satisfação, que se fechou quando Bernard continuou a falar. — Embora eu não tenha pedido sua ajuda.

— Sempre um prazer ajudar.

— Ora!! — bufou. — Eu consigo derrotar esses Addex!!

Addax. — retrucou imediatamente, passando a mão em seu bigode e cavanhaque.

— Foi o que eu disse! — pigarreou. — Agora, se acabamos por aqui, tenho que sair da caverna.

— Sei que não é fácil pra você admitir, mas se não deixar seu orgulho de lado, você pode até morrer... Eu estou disposto a te ensinar algumas coisas, basta engolir seu ego e me pedir.

— E quem você acha que é afinal?! — o músico esbravejava, com uma veia saltando em sua testa.

— O homem que te salvou. — Kei continuava retrucando, deixando Bernard cada vez mais nervoso.

— Eu poderia ter vencido!! Acontece que eles estavam em grupo, se-

— Quer saber? Faça o que quiser... — o homem pegou a lamparina e se virou, seguindo em frente.

— Espere! — disse sem pensar, então desviou o olhar para o chão, e após um breve momento de silêncio, continuou. — Tudo bem, eu vou te deixar me ajudar.

— Ah, claro. — Kei revirou o olho. — Me siga.

Já caminhavam por alguns minutos, Bernard mantinha-se um pouco distante do guerreiro que guiava o caminho, pudera prestar atenção nas vestimentas do homem. Um manto branco gasto que usava por cima de suas roupas, onde ombreiras vermelhas repousavam em três camadas. Em suas costas, uma grande espada que o músico já havia notado antes, e em seus braços ataduras. Ele lembrava um samurai, não fosse pelo cabelo espetado.

— Para um mago... — ele quebrou o silêncio. — Você é bem cabeça oca.

— Poupe-me de seus comentários. — respondeu tentando se conter.

— Esperava que soubesse o mínimo de estratégia, magos são excelentes estrategistas.

— Pois fique sabendo que quando estava encurralado por um Bad Fury, o derrotei jogando areia em seus olhos. — ajustou os óculos e estufou seu peito. — Impressionante, não?

— Nossa, impressionante. — sua voz soou um pouco animada, fazendo com que Bernard o olhasse na espera de um elogio. — Impressionante você ter tido tanto trabalho com um ser tão dócil.

— Fale o que quiser, eu reconheço minha competência.

— Você, pelo menos, tinha um plano quando enfrentou os Addax?

— Fui pego de surpresa, não tive muito tempo pra bolar algo. No entanto... — ele parou por um segundo, fazendo com que Kei tornasse sua atenção à ele.

— No entanto? — observou o mago com olhar fixado no chão e punho em frente aos lábios.

— Quando usei a Magical Soul, o Addax pareceu ter se ferido mais do que deveria...

— E não é obvio? — disse o guerreiro, notando imediatamente a face de Bernard franzir em confusão. — Ele é do tipo Power, então é mais que natural ele sofrer maior dano do tipo Magic.

— Os monstros tem tipo?! — chocou-se com a informação. — Então minha teoria não estava totalmente errada, os monstros recebem as ondas de Harkon como nós!

— Bem, esse questionamento eu deixo para você descobrir. Quanto aos tipos, eu me esqueci que vocês aventureiros são novos por aqui, acho que posso te explicar o básico.

Ele colocou a lamparina no chão e tirou de seu bolso uma folha de papel e um lápis, e sem perder tempo, começou a rabiscá-la.

— “Por que ele guarda isso no bolso?” — indagou o músico enquanto esperava pelo guerreiro.

— Aqui está. — ele virou o papel para Bernard, contendo quatro símbolos em uma fila. — O primeiro é o tipo Power, representado pela cor vermelha e essa luva de boxe. Como eu já lhe disse, o tipo Power é fraco contra o tipo Magic — apontou para o desenho de um cajado — , recebendo mais dano das habilidades dessas ondas. No entanto, ele é mais forte contra o tipo Sense, representado pela cor roxa e por um olho.

— Entendo, prossiga.

— O tipo Sense tem vantagem contra o tipo Charm, representado pela cor laranja e um coração. Então isso significa que...?

— Meu tipo, o Magic, é fraco contra o tipo Charm. É bem simples, mas... — novamente fez a pose de há pouco. — Como sei qual o tipo do monstro?

Monster Guild. — respondeu guardando o papel e lápis. — Eles são responsáveis por coletar os dados dos monstros e enviar para os competidores, mas para isso, é necessário que você registre seu MyView na central local... Por um certo custo, é claro.

— Me pergunto por que não soube disso antes... — disse cabisbaixo.

— Resumindo, você conseguiu perder para um monstro que sofre dano extra da sua magia, meus parabéns! — lançou um sorriso e deu-lhe um sinal de positivo com o dedão.

— Eu, oficialmente, te odeio. — falou mantendo uma cara fechada.

— Ah, vamos! Não é pra tanto. — sorriu novamente. — Já que é assim, vamos treinar com um monstro que possa lhe ensinar algumas coisas sobre você.

— O que quer dizer? — disse levantando uma sobrancelha.

— Logo você verá.

Novamente caminhando, os dois adentravam mais a caverna, Kei liderava o caminho e parecia saber muito bem para onde ia, embora Bernard não conseguisse distinguir o caminho atual do que fizera desde que entrara na caverna. Não demoraram muito para parar, e dessa vez, pareciam ter chego em uma parte mais aberta da caverna, onde ruídos que não tivera ouvido antes ecoavam num tom baixo.

Kei aumentou o brilho da lamparina e a ergueu, revelando em sua frente, um grupo de pequenas criaturas — de aproximadamente cinquenta centímetros — que Bernard ainda não havia visto.

Eram patos, ou esteticamente muito iguais, no entanto a fisiologia era muito similar à de um pinguim, ficava sob duas patas com garras afiadas, e no lugar de asas, braços também com nadadeiras terminando em garras — mais parecidas com mãos —, suas penas eram de um tom cinza escuro, fazendo com que se misturasse muito bem com a escuridão, e em sua cabeça uma coroa dourada.

— O que são essas coisas?! — disse o músico boquiaberto.

— Já te falei deles, são Real Golden Mole, andam geralmente próximos uns aos outros, mas não são um bando.

— Interessante... No entanto, ainda não entendi porque somos parecidos.

— Porque você é “patético”! — gargalhou ele.

— Você é bem debochado, né? — o músico rangia os dentes e lançava o típico olhar afiado, que parecia atravessar o crânio do guerreiro como um sabre.

— Foi mal, eu não podia deixar passar!! — limpou as lágrimas que se formaram em seus olhos. — Mas não foi isso que quis dizer, quero que você pegue uma Crown deles.

— De novo isso?! — lançou um olhar apático. — E por que uma? Antes você tinha me pedido cinco!

— Só uma deve ser necessário, apenas faça, e vai entender o que quis dizer com vocês serem semelhantes.

— Minha nossa... Vamos acabar logo com isso. — grunhiu e se encaminhou para o pequeno grupo de monstros.

Bernard se aproximou de um deles e se pôs em posição de combate, então lançou um intenso e ininterrupto olhar para um dos Golden Mole mais próximo, e quase que no mesmo instante, o monstro revidou. Os olhares pareciam travar uma batalha, e então, o estranho pato começou a ficar agitado, grasnando para o mago.

— Oh?! — Kei deixou escapar com um pequeno sorriso surpreso.

O monstro avançou em Bernard com arranhões, mas o músico defendeu com o escudo e lançou um contra-ataque, cujo a criatura desviou sem muita dificuldade, ele era rápido.

Então, o inesperado... Tomando distância de Bernard com um salto para trás, a criatura apontou sua mão para o mago e um círculo azul começou a brilhar sob seus pés, conjurando uma magia que ele conhecera muito bem, Magical Soul.

Disparada numa grande velocidade, a magia acertou Bernard em cheio arremessando-o para trás, fazendo com que ele caísse estarrecido no chão, não esperava provar de sua própria magia, que era bem dolorosa por sinal.

— Ai está! — Kei gritou para o mago se recuperando do golpe. — Entendeu agora?

Bernard não deu-lhe atenção, seu olhar sério estava fixo no monstro, parecia que o ataque tinha ferido muito mais que seu corpo.

— Vai finalmente levar a sério? — murmurou Kei.

O mago respirou fundo e firmou o nó da blusa amarrada na cintura, então avançou violentamente no Real Golden Mole com uma sequência de golpes de seu bastão, da qual o monstro conseguiu desviar de alguma forma, quando Bernard se cansou, o monstro pulou para arranhá-lo. Num ato instintivo, o mago abaixou-se e empurrou o monstro para cima com seu escudo — assim como fizera com o Bad Fury —, então mirou para ele e começou a conjurar sua magia.

Magical Soul! — bradou, desferindo a esfera no monstro, que num rodopio aéreo, desviou e retrucou com a mesma magia. Assustado, Bernard rolou para o lado, e por pouco, não foi atingido novamente.

Ofegante, ele levantou e se pôs em alerta assim como o monstro fez quando pousou.

— Pensei que você fosse um mago! — Kei gritou para Bernard, que dessa vez, olhou para ele.

Num ímpeto, Bernard estalou os olhos e voltou sua atenção para o pato, prestes a atacar.

— “É isso!!”. — pensou o músico.

A criatura avançou com suas garras e Bernard apenas desviou, golpeando-o na cabeça quando viu uma brecha, então recuou e lançou um olhar esnobe, deixando o monstro furioso.

Ambos estavam cansados e ofegantes, no entanto, se puseram em posição de combate, aquele era o golpe final, o primeiro a acertar o ataque venceria.

O Real Golden Mole avançou, e Bernard também... As garras do monstro pareciam mais afiadas do que nunca, e ao fazer o movimento de retaliação, só o ar passou entre elas, pois o mago — em um giro — desviou e conjurava sua magia diretamente em suas costas desprotegidas.

Magical... — a esfera brilhou fortemente. — Soul!!!

O ataque explodiu nas costas do pato, arremessando-o para longe e fazendo com que desmaiasse, era o fim. Bernard se aproximou da Crown que caiu próximo a ele, se transformando em um brilho azul e dirigindo-se ao MyView, sendo absorvida.

— Como sabia que ele iria se irritar? — Kei disse para o músico que se aproximava dele, visivelmente cansado.

— Comportamento animal. — ajustou os óculos com um sorriso vaidoso. — Até onde eu sei, alguns animais sentem que sua autoridade é desafiada quando encarados, animais submissos desviam o olhar. No entanto...

— Entendo. Bem pensado, talvez você não seja tão cabeça oca.

— Ah?! — soltou um sorriso sarcástico. — Um elogio, finalmente?

— Pode parar por aí! Que garantia você tinha que todo o grupo não avançaria em você?! E que tipo de mago usa mais ataques físicos do que magia e estratégia? — o sorriso de Bernard murchou. — Se eu não tivesse lhe dado a dica, você teria perdido.

— É claro que eu tinha tudo sobre controle, além disso, você mesmo disse que eles não são um bando, mesmo que andem em grupo.

— Olha só, não é que você prestou atenção nas minhas dicas. — o guerreiro lançou um falso olhar surpreso. — É verdade, eles andam em grupo devido à fraqueza física que o tipo Magic tem, mas isso é somente para afugentar predadores, é diferente de um bando de lobos por exemplo, onde você tem o alfa e os outros são submissos, essas criaturas agem como indivíduos.

— Mas eu venci, por que os outros não me desafiaram? — cruzou os braços, enquanto o escudo ficara recostado em sua perna.

— Esses bichos são muito orgulhosos, seria uma ofensa se algum deles atrapalhasse a batalha de vocês, por isso ele grasnou antes de te atacar, era um aviso para o grupo não se envolver, ele sabia que não se tratava de uma disputa territorial.

— Interessante, então eles vivem em grupo mas não agem como um. — guardou seu bastão na blusa amarrada em sua cintura.

— Quase isso. É claro que é importante ter orgulho e saber ficar em pé com suas próprias pernas, mas também é importante saber deixar o orgulho de lado quando é necessário. — disse Kei. — É o que aconteceria com eles caso fosse necessário proteger o território. Espero que tenha aprendido algo com essa batalha.

— Se aprendi não posso confirmar, mas sem dúvidas foi útil. — o músico respondeu e manteve-se em silêncio.

Kei consentiu com sua cabeça e olhou para o pato desmaiado no chão, sendo socorrido por seus colegas, depois voltou a atenção à Bernard e falou.

— Então quer dizer que você virou o jogo utilizando a mesma tática que o Real Golden Mole?

— Sim, mas como era muito óbvio, lancei um olhar de superioridade e ceguei ele com frustração antes que percebesse. Acredite, de frustração eu entendo. — explicou enquanto pegava seu MyView. — A propósito, aqui está a Crown que me pediu. — mostrou-lhe o aparelho, mas Kei acenou negativamente com a cabeça.

— Não é necessário, fique para você.

— Você é muito complicado!! — esbravejou com o guerreiro, que parecia fazer de tudo para provocá-lo. — Uma hora quer algo, na outra não quer mais!!

— E eu que pensava que você não podia ser mais barulhento... — ralhou com o músico.

Os dois seguiam para o que parecia ser o fim da caverna... Ainda não dava para ver a luz, mas o vento que passava por eles era mais fresco e caloroso, assim como o de Blooming Cora.

— Bem. — Kei parou, fazendo com que Bernard voltasse sua atenção à ele. — Não irei te seguir dessa vez.

— O quê?! — sua face franziu em confusão.

— A partir de agora é por sua conta, se vamos nos ver de novo depende de você. — o guerreiro deu um tapa de despedida nas costas de Bernard, que continuava a encará-lo confuso. — Até algum dia!

— Espere!! — Kei virou-se à ele, e notou na confusa face do músico um leve sorriso de canto, seguido por uma palavra inesperada. — ...Obrigado!

— Se cuida. — o guerreiro se virou e se despediu com a mão direita levantada. 

Sem entender a rápida despedida, Bernard ficou olhando Kei ser engolido pela escuridão que parecia ter crescido, e novamente estava sozinho, o som do vento e das goteiras nunca foram tão agoniantes, pareciam ecoar pela caverna toda.

— “Eu esqueci de perguntar... Por que ele estava aqui?” — indagou-se.

Caminhou dessa vez com calma e atenção no escuro, não queria ser surpreendido novamente pelos Addax que pareciam sempre estar à espreita nas trevas, esperando para atacar. De repente, uma pequena pedra o acerta por trás, o fazendo virar, mas a única coisa que via era a escuridão, e mais nada.

— O-o quê?! Será que foi impres-

Ele foi interrompido por uma investida surpresa em suas costas, o jogando no chão, quando se virou, viu um Addax com suas “lâminas” prontas para atacá-lo.

— Não dessa vez!! — o músico chutou lateralmente a dobra do joelho do monstro, fazendo-o perder equilíbrio e cair de lado. Ele se levantou apressado e olhou em volta para não ser surpreendido por algum outro monstro, mas nada, o Addax havia levantado e lançou seu corpo em cima de Bernard novamente, mas esse só desviou e tomou distância, ficando perto da parede.

— “Apesar da escuridão, tenho uma boa visão do meu redor, não tem como ser surpreendido assim!” — O Addax olhou-o com raiva e começou a berrar, não demorou muito até que outros dois saíssem das trevas, pareciam ser os mesmos de antes — “Eu sabia!!”

Os três Addax se aproximaram de Bernard, tentando encurralá-lo, mas o mago avançou no do meio e quando eles iam atacá-lo, recuou num supetão, lançando sua magia precocemente conjurada na face do Addax da esquerda.

— “É um animal que se adaptou em ambientes escuros, ou seja...” — o monstro ficara confuso, e num ataque de cólera, começou a golpear tudo que encontrara em sua frente, no caso, seus companheiros.

Bernard tomou mais distância e mirou no Addax que estava na direita, concentrando o máximo de magia que pudera.

Magical Soul!!! —  A esfera fora disparada com extrema velocidade e força, até mesmo desequilibrando Bernard. Quando atingiu a fera, a explosão fez com que os outros dois que estavam lutando, caíssem sentados no chão.

Bernard se recompôs e assumiu posição de combate, a súbita claridade também o afetava, não podia se descuidar. Havia nocauteado a besta que acabara de atacar, mas em troca, deixou os outros dois furiosos e extremamente agressivos.

Partiram ambos para cima de Bernard atacando com suas “lâminas”. O músico tentava defender com o escudo, mas seu braço começou a cansar.

— De novo não! — gritou, usando toda a força que podia em suas pernas para os empurrar com o escudo, em uma investida.

Os dois Addax caíram cansados em sua frente, e ele se encontrava de joelhos, era a chance perfeita! Se levantando com as pernas cansadas, mirou seu bastão entre os dois e lançou a esfera, a explosão com o solo fez com que eles se separassem. Sem perder tempo, correu em direção ao Addax da direita que começara a se levantar, então acertou o bastão em sua nuca, fazendo-o voltar ao chão e finalizando com Magical Soul.

Insistente, o último Addax se pôs de pé e chocou seu corpo com o de Bernard, que não conseguiu desviar... Não chegou a ser arremessado, mas caiu no chão, mesmo fraco do jeito que estava, aquele Addax ainda tinha forças para lutar.

Bernard estava se levantando de bruços mas recebeu um golpe duplo das “lâminas” do monstro em suas costas, fazendo-o cair. Se virou o mais rápido que pôde, e viu a besta se preparando para o golpe final, então pegou o escudo e, com uma pancada em suas mãos, desarmou-o e em seguida chutou sua barriga, fazendo-o recuar.

O músico se levantou um pouco atordoado e olhou para o Addax na mesma situação, desesperado ele apontou o bastão para o monstro que, ao perceber, pegou as “lâminas” do chão e pôs-se a correr em sua direção, e antes que notasse, as armas do monstro aproximavam-se de seu rosto. O que veio a seguir era um clarão, e então, o chão frio.

Seus olhos cegados temporariamente pela luz, deixaram-no mais confuso, mas alguns momentos depois, suas pupilas se adaptaram o máximo que puderam e quando tentou levantar — encontrando apoio em seus braços trêmulos —, viu o último animal desmaiado em sua frente.

— C-consegui...?! — ofegante, o músico levava uma mão em sua boca. — E-eu... Consegui?! — uma mistura de alívio e ansiedade tomava sua face na forma de um sorriso e olhos marejados, por um momento pensou ter sentido as facas da besta atravessá-lo.

Completamente fadigado, ele ficou alguns poucos minutos naquela posição, e quando se sentou, sentiu seu MyView vibrar dentro de sua bolsa.

— “Estou surpreso por ele não ter quebrado até agora!” — pensou enquanto desbloqueava o aparelho, se deparando com um ícone da tela principal, “Card”, emitindo um sinal de alerta. Ele tocou-o, já desconfiava do que viria a seguir, e então, sem nenhuma surpresa, um brilho surgiu como da outra vez, se transformando em uma carta.

Ele apertou a carta que flutuava em cima de seu aparelho, e a mesma se desfez em fragmentos, o círculo do tipo Magic surgiu sob seus pés e um clarão ascendeu do chão.

Invincible Casting. — sussurrou em meio à um sorriso, já sabendo do que se tratava.

Se escorando na parede, o tigre caminhava exausto, podendo finalmente sentir o calor vindo do fim da caverna a cada passo que dava... Naquele ponto, a caverna já estava mais clara que antes, já era possível distinguir as formas dentro da caverna, fator decisivo em sua vitória contra os três Addax. Mas quando uma luz se formou em sua frente após sair da bifurcação, seguiu-a quase que inconsciente.

Era ali, finalmente sentiu a gentil luz abraçar seu rosto. Virou-se para trás e com um sorriso vitorioso e grande alívio... Ouviu pela última vez as goteiras e o som do vento, que transformaram algumas horas, em uma pequena eternidade fria nas trevas.


Notas Finais


Capítulo que me deu problemas da primeira vez que escrevi, meu Deus, foi sofrido...
E então, gostaram? O que estão achando das batalhas? Ta tendo batalhas demais ou de menos? Tão bem entendíveis?
Ficou algum ponto do cap confuso? Achou algum errinho na escrita? kkkkkkkkkkkkkk
Do mais é isso, muito obrigado por leremmmmmmmmm <3
Se estão gostando, pfvr, deem um favorito pra receber uma notificação logo quando eu postar cap novo!
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Você sempre esteve lá, by: Jhoy_A (KakaSaku)

"Um shinobi nunca demonstra seus sentimentos, não importam as circunstâncias. Sentimentos são fraqueza, eles nos cegam e nos desviam do sentido do dever!"
Sakura Haruno sempre tentou se convencer disso, repetindo mentalmente essas palavras até que fossem reais pra si, mas isso nunca aconteceu.
Sim, sentimentos são uma fraqueza no mundo ninja, mas não amar é uma fraqueza maior ainda. Importar-se com alguém não nos torna fracos, pelo contrário, nos dá motivos para querer ser forte e protegê-lo, mesmo que de si próprio.

https://spiritfanfics.com/historia/voce-sempre-esteve-la-kakasaku-8601885


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