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História Trickster: A ilha de Caballa. - Força, foco e... Furadeira?! A competição de Marky!


Escrita por: Reliearth

Notas do Autor


Primeiramente, obrigado pelos 150 views!!!! Parece pouco gente, eu sei, mas o jogo fechou faz uns quatro ~ cinco anos, eu imaginei que ia flopar total a fic. Obrigado a todos que leem <3
Sobre o capítulo, acho que foi o meu favorito até agora, eu amei escrever esse capítulo, talvez porque a Fox apareça e ela seja meu char favorito? Vocês nunca saberão? Senseismo, eu?
É altamente recomendável vocês escutarem as soundtracks do jogo pelo youtube enquanto leem, para uma experiência mais imersiva, mas não é um must, fica à critério de vocês!
Soundtrack - Trickster Online Xus.
Tenham uma ótima leitura!! :3
PS: observações importantes nas notas finais!!

Capítulo 6 - Força, foco e... Furadeira?! A competição de Marky!


Fanfic / Fanfiction Trickster: A ilha de Caballa. - Força, foco e... Furadeira?! A competição de Marky!

A grande claridade do lado de fora da caverna cegou Bernard quase que instantaneamente, mas o que realmente o atordoou, foi a linda vista que tomava forma — como num esboço pintado pela aquarela — enquanto seus olhos se adaptavam.

Blooming Cora tinha um clima havaiano que lhe atribuía um certo charme, mas Desert Beach chegava a ser ridiculamente bela. O calor agradável que o sol irradiava, as enormes esculturas de areia que facilmente ultrapassavam dois metros, e os coqueiros, cactos e plantas que embelezavam a área... Sem dúvida alguma, Desert Beach era um oásis na sua forma mais poética.

Mas esgotado do jeito que estava, o pobre músico mal podia aguentar suas pernas por muito mais tempo, tampouco continuar reprimindo a fome que o acompanhou desde que adentrara a caverna.

Ele caminhou sem pressa até os coqueiros próximos ao enorme castelo de areia, então recostou-se sobre um deles para descansar, deixando seus equipamentos repousarem na grama ao seu lado.

— “Estou faminto!!” — pensou enquanto tentava, insistentemente, encontrar algum conforto no tronco do coqueiro.

 Apesar do nome, a praia não estava tão deserta quanto gostaria. No mar, competidores se banhavam assim como em Blooming Cora, enquanto na areia amarela e nas pequenas partes cobertas pela grama baixa, mais competidores debruçavam-se sobre ruidosas ferramentas para cavar o solo, só não eram barulhentas o suficiente para abafar o canto das gaivotas para o mar.

— “Cheesecake, macaroons... Até mesmo um parfait cheio de frutas!” — sua boca salivava com os delírios açucarados.

Seu olhar era quase opaco, não por estar prestes a desmaiar, mas pela sua concentração contínua nas guloseimas calóricas. Só despertou ao ver que, logo à frente da ponte — que criava um caminho entre a areia e um braço do mar que ilhava um coqueiro naquele oásis —, havia uma cabana coberta por uma gigantesca concha branca que imitava um telhado, e atrás de um balcão gerenciado por uma mulher de compridos cabelos castanhos e apetrechos de animal — que pela cor e padrão, Bernard imaginou serem de uma hiena —, poderia haver várias opções para se deliciar.

Para sair do estado vegetativo, o músico estapeou-se levemente e então confiou no olfato para guia-lo à sua refeição, não demorou muito até estar encarando a moça de olhos verdes, que lhe recebeu com um sorriso.

— Olá!! — ela praticamente gritou com o moribundo, mas o músico sequer esboçou reação — Meu nome é Bianca!! O que te traz à minha loja?

— Fo-

— Já sei! Você está com fome! — sua voz aguda sobrepôs a fraca de Bernard — Você não foi o primeiro e pelo jeito não vai ser o último! — ela riu e foi para trás da cabana, voltando prontamente com dois pratos embrulhados em trouxinhas.

— Aqui está!! — disse, pondo os pratos sob o balcão — Tenho poucas opções sobrando. Até porque, já são quatro da tarde... — ela falou enquanto desembrulhava as trouxinhas.

Os olhos de Bernard estalaram, já era tão tarde? Tinha certeza que não era nem dez da manhã quando entrou na caverna...

— Aqui tem petiscos de carne de camarão — disse, apontando para pequenas porções quadradas do salgado que se distribuía sem nenhum padrão no prato plástico — E no outro prato, pernas de polvo grelhadas, com molho de abacaxi! — apontou para o prato ao lado onde havia, de fato, pernas de polvo cobertas por um molho amarelado e quase translúcido.

— Ambos são pratos típicos de Paradise! Mas confesso que a marca registrada da cidade seja a segunda opção! O abacaxi daqui dá um sabor muito exótico na carne de polvo!

— ... — ele fitava a moça sem nenhum interesse aparente — Tem certeza que não tem mais nada? — perguntou com um sorriso murcho, no entanto, fora respondido com um aceno positivo da moça — Então levarei a segunda opção...

— Uma ótima escolha, querido cliente! — ela embrulhou novamente o prato e voltou sua atenção com o sorriso cordial de sempre — São trezentos Galders!

— Que patifaria é essa?! — disse desconcertado — Esse prato não pode valer tudo isso!

— Não vejo problema! Dinheiro foi feito para gastar!! — respondeu mantendo o sorriso — E também para me enriquecer, é claro! — disse a última frase em um tom de voz baixo, imperceptível para o mago frustrado. Bernard então, pigarreou e passou a mão por seus cabelos castanhos repartidos ao meio.

— Será que uma moça tão demasiadamente nobre como a senhorita, não poderia abaixar o preço para um pobre músico maltrapilho? — insistiu ele.

— Achei que não quisesse morrer de fome. — ela disse num tom doce e tombou a cabeça levemente para o lado, fazendo com que Bernard sentisse um pequeno calafrio.

— J-já que não tenho outra escolha... — o músico pegou seu MyView e entregou para ela.

A bela moça mexia no aparelho de Bernard, e também no dela. Durante o tempo de espera, o mago pode reparar na moça concentrada na transição que realizava. Ela usava um colete social roxo abotoado, que cobria uma camisa branca de mangas curtas. Em sua saia, do mesmo tom que seu colete, um curto avental enfeitado por babados, que mais parecia um acessório fashion do que realmente algo que lhe servisse para proteção, não bastasse isso, seu look era completado por uma capa idêntica a da Chapeuzinho Vermelho, presa na camisa por um laço rosa.

— “E pensar que meu pobre dinheirinho vai ser usado para comprar roupas!” — teorizou, com a cara fechada.

— Foi um prazer negociar com você! — ela entregou o MyView de Bernard e abraçou o seu.

— “Como se houvesse uma negociação...” — pensou, retribuindo com um sorriso amarelo.

Derrotado, o músico voltou para o coqueiro que inconfortavelmente lhe acolheu outrora, esperava pelo menos, livrar-se da fome.

Agora sentado na pequena parte gramada, onde alguns cocos lhe faziam companhia, Bernard desembrulhou sua refeição e sem muita paciência, começou a comer

— Nossa!! — ele exclamou surpreso — Que incrível sabor... De nada!!! — bradou a última frase.

Prestes a se levantar e exigir seu dinheiro de volta, ele sentiu uma mão fina sob seu ombro esquerdo.

— Perdoe-me! — a voz feminina que vinha por trás de si, parecia pertencer a mão que estacionou em seu ombro, ela era calma mas carregada de seriedade — Não pude deixar de te ouvir, mas peço que me escute antes de tomar qualquer atitude.

Bernard voltou-se à origem da voz, deparando com uma silhueta arqueada que tampava o sol, podia ver apenas seus óculos que refletiam a claridade. O músico arregalou os olhos e concordou com a cabeça, então a figura misteriosa estendeu-lhe a mão, ajudando-o a se pôr de pé.

— Meu nome é Veronica! — disse a moça de cabelos púrpuros, amarrados em um rabo de cavalo. Ela vestia uma camiseta amarela e uma saia justa do tom coral. Bernard também não pode deixar de notar os apetrechos de animal que lembravam-no de uma raposa, ela era sem dúvida, uma competidora igual a ele.

— Meu nome é Bernard. — falou ele, ainda sem entender a intervenção dela.

— Um prazer te conhecer. — ela continuou, embora agora, procurasse algo em sua bolsa roxa que carregava no ombro direito. — Essa comida realmente não apresenta muito sabor para um paladar desacostumado como o nosso, mas é, de fato, a marca registrada de Paradise. — ela retirou seu MyView e começou a usá-lo.

— O prazer é... meu? — ele disse lançando um olhar desconfiado, mas ela notou e soltou uma risada anasalada.

— Eu entendo que esteja confuso, mas estou quase lá! — sorriu, estendendo uma das mãos logo em seguida, onde uma luz brilhou e um item materializou-se. — Tente usar um pouco de Salt na comida!

Veronica entregou o item para Bernard, era um pó branco em um pequeno pacote plástico, pelo nome ele logo assumiu que se tratava de sal. O músico abriu o pacote e espalhou o conteúdo pela comida, então atreveu-se novamente a beliscar o aperitivo.

— Hm... — ele mastigava apreensivo.

— E então? — disse a mulher, enquanto guardava o aparelho em sua bolsa e ajustava seu fino jaleco rosa que estava desabotoado.

— Hm!!! — seus olhos brilharam. — Comida!! Finalmente!! — dizia de boca cheia, não se importando com a cena grotesca, ou falta de modos.

— Essa comida é preparada pelos nativos usando partes de monstros encontrados nas redondezas! — ela continuou a explicação, e imediatamente o músico parou de comer, lançando um olhar estarrecido. — Ah!! Mas não se preocupe, há todo um tratamento dos alimentos!! — riu nervosa, mas ele cerrou os olhos e voltou a comer com certa desconfiança.

— Quer um pouco? — ele disse após engolir a porção em sua boca, mas ela recusou para seu alívio. Ele devorara o prato em pouco tempo, então se limpou com um guardanapo que viera junto ao prato, e não resistiu.

— Eu me pergunto... — ela o olhou curiosa, então ele continuou — Por que me ajudou?

— É preciso um motivo para ajudar alguém? — ela respondeu, sem intenção de repreendê-lo. — Seria desagradável você reclamar de um prato tão querido dessa região... Além de passar por um estresse desnecessário, poderia gerar a antipatia dos nativos! — continuou, enquanto ajustava seus óculos. — Na pior das hipóteses, você poderia nem conseguir trabalhos por aqui, afinal, quem gosta de um estrangeiro criticando sua cultura, não é?

— ... — pasmou-se com a resposta inesperada da mulher. — Perdoe minha pergunta indigesta... — corou envergonhado. — Eu sei que pode não ser o suficiente, mas muito obrigado!

— Não há de que! — ela retribuiu com um sorriso — Palavras tem uma força muito poderosa, é preciso ter cuidado e pensar bem no que dizer. Então acredite, seu “obrigado” é suficiente.

— “Ai que vexame...” — ele pensou, enquanto consentia com a cabeça, ainda envergonhado.

— Mas me surpreende você não ter pensado em usar o Salt... — ela falou, chamando sua atenção. — É uma solução lógica e muito fácil de se conseguir com uma Drill.

— Perdoe-me... Drill?

— Oh não... Você ainda não sabe sobre ela?

— Eu só sei passar raiva nessa ilha, isso eu te garanto! — recitou num tom choroso, arrancando uma risada de Veronica.

— No fim, foi bom eu ter aparecido! — ela colocou as mãos na cintura, e sua face expressava pena pelo pobre músico — Então não percamos tempo! Vamos imediatamente falar com o Driller King Marky!

Bernard pegou seus equipamentos do chão e percebeu um outro olhar de pena, não bastasse isso, Veronica também levou a mão à boca.

— Não me diga que... — ele já desconfiava, visto que ela não carregava os equipamentos.

— Uhum... — Veronica acenou positivamente, eliminando suas dúvidas. — Você pode guarda-los no MyView e materializá-los quando quiser...

— "Talvez eu realmente tenha algum parentesco com os Baudelaire..."  — pensou ele, baixando a cabeça e simulando um choro falso, provocando uma risada de pena em Veronica.

Bernard pegou o MyView da bolsa tira colo e após seguir as instruções da moça, fez com que os objetos fossem guardados no Inventory. Então colocaram-se à caminhar, em meio a conversas, para perto da entrada da caverna onde, segundo Veronica, Marky estaria.

— Quer dizer que você é um músico?! — disse surpresa. — Me parece muito divertido!

— Que coincidência! Eu também achei que parecia! — falou ele. — Brincadeiras à parte, a música é uma parte de mim, não conseguiria viver sem ela...

— Então é por isso que veio pra ilha? — ela disse ao observar seu sorriso. — Pra vencer a competição?

— Sim, preciso muito do dinheiro... — suspirou o músico, agora cabisbaixo.

— Confesso que meu objetivo é bem diferente do seu. — ele levantou a cabeça e fitou a moça. — Eu sou uma arqueóloga, e essa ilha tem sido meu objetivo desde que soube da remota chance dela existir.

— Para uma mente ampla, nada é pequeno. — ele recitou, cerrando os olhos. — Ainda mais se tratando de uma ilha.

— Elementar! — ela respondeu com um sorriso. — Para ser sincera, eu já estive nessa ilha há alguns anos atrás, mas fui impedida de entrar porque Cavalier havia comprado ela, e eu não podia invadir sua propriedade privada...

— É assustador imaginar que alguém tenha tanto capital acumulado ao ponto de comprar uma ilha!! — ele articulava as mãos para ajudá-lo a se expressar. — Digo, quantas vezes na história isso já aconteceu?

— Nenhuma mas, francamente... — ela lançou um olhar de canto para o músico. — Para alguém que é o dono da Megalo Company, o investimento pode ter sido quase insignificante...

— O quê?!! — exaltou-se, recebendo um sinal de Veronica para não falar tão alto.

— Na verdade, o que o motivou a comprar essa ilha também é do meu interesse, e se acha que foi pra promover esse evento, bem. — ela parou de andar e, logo em seguida, Bernard também. — É só a ponta do iceberg.

— “Você acha...” — uma lembrança surgia na mente de Bernard. — “Você acha que é só uma caça ao tesouro?” — ele dispersou por um segundo, voltando a escutar Veronica logo em seguida.

— Mas eu posso estar equivocada. — ela levou a mão ao queixo. — Depois que Cavalier comprou a ilha, a Megalo Company começou a desaparecer lentamente da mídia, se tornando quase que esquecida.

— Isso explica eu não ter conhecimento da mesma até há alguns dias atrás... — ele complementou. — Mas, como ela tem posse de uma tecnologia tão avançada? Eu estou um pouco mais acostumado com o MyView agora, mas é assustador o que ele pode fazer...

— Não é bem assim, muita coisa é escondida da população. Há indícios de que temos tecnologia para fabricar carros voadores há muito tempo, mas isso seria interessante para as multinacionais? Quanto de prejuízo isso não causaria às petroleiras que vendem matéria-prima para fabricar pneus, por exemplo? Muitos projetos inovadores são considerados ameaças. Por isso acabam sendo comprados pela fonte que levaria maior prejuízo, e então engavetados...

— Mas... E o progresso? — sentia-se como se acabasse de ser banhado por um balde de água fria.

— A Megalo Company é uma empresa de tecnologia incrível, isso é fato. Uma fonte confiável me disse que eles já tinham uma peça de Harkon antes da ilha emergir, mas para não sofrerem ameaças, esconderam todas as descobertas e mudaram a central de pesquisa para cá. Quem sabe não estão utilizando esse jogo como uma forma para testar suas criações em larga escala?

— Não sei onde conseguiu todas essas informações minha cara... — disse uma voz aveludada que soava familiar aos ouvidos de Bernard. — Mas talvez seja necessário que você atualize suas fontes.

Era Don Giuvanni, o magro homem envolvido em suas vestes luxuosas e extravagantes, se aproximava dos dois com um andar tão glamoroso quanto o de uma supermodelo. Sua pele era tão branca quanto o leite, e para destacar ainda mais sua excentricidade, o esguio homem usava um óculos escarlate em um formato de borboleta, que não sendo o suficiente, ainda brilhava com o auxílio de strass.

— Se ao menos vocês soubessem como a área dos negócios pode ser perigosa. — ele parou em frente aos dois. — Nenhuma multinacional gosta de ter sua economia afetada, e muitas vezes, podem optar por uma aproximação... — Giuvanni parou por um momento, levantando seu braço direito que apoiou-se no esquerdo, então voltou a face para as unhas de sua mão e lançou um olhar de soslaio — Agressiva, se é que me entendem.

— Senhor Giuvanni! É uma honra finalmente conhecê-lo!! — Veronica o cumprimentou no mesmo instante.

— Senhor está no céu querida, me chame de Don Giuvanni. — sua voz aveludada mantinha o mesmo tom, nunca parecendo expressar qualquer animação. — Sabe, eu gostei de você. Parece ter algum cérebro, ao contrário dos vários mongoloides que já encontrei até agora.

— Agradeço a sua consideração! — ela ajustou seus óculos e colocou uma das mechas soltas atrás da orelha com a mão. — Fiquei sabendo que manteve seu cargo de vice-presidente da Megalo Company. Mas confesso que com o falecimento de Don Cavalier eu imaginei que tomaria a presidência...

— Oh... — um suspiro acompanhou seu revirar de olhos. — Isso é uma questão de tempo. Graças ao sonho imbecil e mesquinho daquele velho estúpido, eu me reduzi a torcer para que alguém ganhe esta palhaçada o quanto antes, só assim saberei quem será o próximo presidente da minha companhia, e tomar as medidas necessárias. — ele respondeu vagarosamente num tom ríspido. — Mas como meu tempo é precioso, eu decidi promover um treinamento especial em Paradise aos competidores, para acelerar esse processo.

— No fim, você e os competidores acabam tendo os mesmos objetivos. — ela observou.

— De fato. Quanto antes isso terminar, melhor será para todos... — Giuvanni encarou Bernard com sua máscara caricata como se esperasse uma reação do músico, que ao perceber, quebrou o silêncio constrangedor.

— É um p-prazer conhecê-lo Don Giuvanni!! — disse nervoso, com o melhor sorriso que pôde.

— É, eu sei. — ele continuou a fitar o mago por alguns segundos, e então tomou fôlego para continuar. — De qualquer modo, espero que estejam familiarizados com a Drill, é uma ferramenta essencial nesta competição.

— Na verdade, estávamos nos encaminhando ao Marky neste momento, Bernard ainda não aprendeu como utilizá-la. — Veronica respondeu.

— Antes tarde que nunca, eu suponho. — novamente, Giuvanni lançou um olhar à Bernard, então falou num tom de voz imperativo e alto. — Marky!

— Olá, olá, olá!! — uma voz gritava e se aproximava rapidamente, até que pôde-se ver o dono da mesma. — Como posso ajudá-lo Don Giuvanni?

Era uma pessoa vestida numa fantasia volumosa da cor bege, o formato do corpo lembrava muito a de um urso, embora da cabeça surgiam duas alças que — por um olhar de relance — lembraram Bernard de um pretzel.

— Ensine esses adoráveis competidores a arte da Drill o quanto antes. — o elegante homem ordenou, e Marky consentiu prontamente. — Agora, se me dão licença, tenho assuntos a tratar. Mas antes, mostrem-me seus MyViews.

Ambos lhe entregaram os aparelhos, e Giuvanni tocou levemente na tela — com seu anel que usava no dedo anelar da mão direita —, emitindo um barulho semelhante à um “bip”. Sem muita demora, devolveu os importantes artefatos para os respectivos donos, e continuou.

— Marky, deixo-lhes em suas mãos capazes. — disse ao empregado fantasiado que manteve-se atrás dele desde que fora chamado. — Au revoir!

O homem partiu, dando-lhes as costas, permitindo que apenas sua capa vermelha o seguisse conforme o vento a exibia graciosamente.

— Ai que homem eloquente...! — Observando seu chefe ir, Marky apoiou a enorme cabeça de sua fantasia em sua mão, e comentou baixinho para Bernard e Veronica, recebendo como resposta uma risada tão alta quanto um cochicho.

— Olá de novo Marky! — Veronica abordou a pessoa fantasiada, que voltou seu corpo à eles.

— Minha nossa Veronica! — ele colocou a mão na boca da fantasia, atuando conforme sua persona. — Assim você vai acabar com todos os meus bebês!

— Não sou eu que preciso de uma Drill dessa vez! É ele. — ela apontou para Bernard, fazendo com que Marky virasse seu cabeção lentamente para o músico.

— Olá amiguinho!! Decidiu voltar para aprende mais sobre a arte de cavar?

— “Voltar?” — ele pensou. — Desculpe-me mas, eu sai da caverna faz algum tempo, e não me lembro de tê-lo visto. — Bernard disse para o homem fantasiado.

— Eu sei, tentei falar com você... — Marky firmou o nó de seu lenço vermelho, que enfeitava seu pescoço. — Mas simplesmente fui ignorado enquanto você caminhava para um daqueles coqueiros. — ele abaixou sua cabeça e apontou para o lugar d’onde Bernard e Veronica vinham.

— M-me perdoe!! — o músico choramingou, e sua face tomou um leve tom avermelhado. — Eu estava com tanta fome que não conseguia pensar em mais nada que não fosse comestível...

— Não há nada com que se preocupar! Águas passadas não movem moinhos!! — Marky colocou suas mãos na cintura, exibindo-se numa pose de superação. — Agora, sem mais delongas...!!

Marky se virou e caminhou até um pequeno estande de madeira, onde grandes ferramentas repousavam em suportes. Ele pegou uma das ferramentas e trouxe até Bernard e Veronica. Julgando pela rapidez, o objeto não parecia ser pesado.

— Isso, meu caro, é uma Drill!! — ele cravou a ferramenta na areia. — Equipadas com uma rosca helicoidal sem fim, essa belezura permite que você cave até encontrar um item no chão!! O motor é muito potente mas obviamente há vários modelos de Drills para várias aplicações, e isso se torna um fator limitante dependendo do tipo de solo no qual se trabalha!

— “A cabeça dele realmente parece um pretzel...” — o músico pensava, enquanto adotava uma pose pensativa.

— O motor faz com que a rosca gire, furando o solo conforme você pressiona a Drill contra o chão. Diferente das Drills comuns, essa Drill foi adaptada para trabalhar com o MyView

Marky estendeu o braço, pedindo o MyView do músico. Então ele encaixou o aparelho num suporte que havia em cima da carcaça do motor, de onde duas alças saiam para apoiar as mãos.

— Quando o MyView é encaixado, uma interface aparece! Essa interface permite que você veja a profundidade cavada e quando um item é encontrado. Felizmente, o item pode ser absorvido pelo MyView assim como acontece com os itens obtidos dos monstros.

— Não me parece muito complicado. — Falou Bernard, cruzando os braços.

— O processo é simples, mas há sim algumas complicações... — Marky respondeu. — Infelizmente, as Drills não podem ser guardadas no MyView, por isso temos esses estandes espalhados pela ilha, você pode alugar uma Drill por tempo de uso, e caso ela venha a se desgastar, tornando-se inutilizável, o tempo restante é convertido em Galders para reembolso.

— E você vai me dar uma Drill? — recitando num tom melodioso, Bernard sorriu para Marky.

— Dar?! Tive uma ideia melhor! — ele devolveu o MyView de Bernard e então começou a gritar. — Atenção a todos os participantes! Tenho um comunicado importantíssimo!!

Veronica e Bernard se entreolharam, o que Marky pretendia? Os competidores que deliciavam-se na água do mar se aproximaram curiosos, também não puderam deixar de abeirar o homem, aqueles que Bernard já havia visto mais cedo utilizar a ferramenta.

— Vamos fazer uma competição!!! — Marky continuou. — Daqui a cinco minutos, eu vou dar a largada, aquele que me trouxer dois Tanning Oil, encontrados nas areias amarelas de Desert Beach, ganhará um item exclusivo e um cupom de uma hora de Drill, utilizável em qualquer estande da ilha!!

Ao som de urros, as pessoas começavam a se preparar, muitas se encaminharam à estande imediatamente para alugar as Drills, outros que já estavam cavando, conservaram suas energias e escolheram bons lugares até o momento da competição começar.

— Tudo bem, agora você só precisa aprender a usar uma Drill em cinco minutos!! — Marky disse à Bernard, deixando a Drill cravada em sua frente e chamando Veronica com a mão. — Vamos pegar a sua, antes que não sobre nenhuma!

— Não se preocupe Bernard, pressione a Drill levemente até que o item apareça na interface, depois é só apertar nele e tentar cavar em outro lugar! — Veronica partiu com Marky, deixando Bernard sozinho com a Drill em sua frente, para adquirir prática.

— O que acabou de acontecer aqui?! — falou pausadamente, devido ao rápido desencadear dos eventos.

Sem muita escolha, o músico encaixou o MyView na carcaça, assim como vira Marky fazer e logo viu a interface surgir. Havia uma barra lateral escrita “Depth”, que representava a profundidade cavada, e também havia uma outra barra menor onde se encontrava as escritas “Life Span”, relacionada à vida útil da Drill, que no momento se encontrava cheia.

Passou a mão pela ferramenta até que encontrou um interruptor, que quando pressionado, fez a Drill ligar. Ele imediatamente segurou nas alças ao lado, sentindo ela fazer um movimento de rotação, então firmou os pés na areia e pressionou a Drill contra o chão, tentando ao máximo, manter suas mãos firmes para não girar junto com a ferramenta.

A barra Depth era preenchida pela cor amarela conforme ele avançava, e não demorou muito até sentir que a Drill tinha afogado, então um aviso surgiu na interface.

— “Cuidado! Pressão em excesso detectada, tente novamente.” — ele leu a mensagem em sua mente. — Acho que tenho que ir aos poucos...

Os cinco minutos se passaram, o manuseio da ferramenta não era difícil após praticar algumas vezes, mas Bernard notou que o Life Span havia reduzido consideravelmente durante suas tentativas, talvez ainda lhe faltasse mais prática.

— Senhoras e senhores!! — Marky gritou do estande, e Bernard logo percebeu Veronica vir em sua direção com uma Drill. — Lembrando que o item que desejo são duas unidade de Tanning Oil!! Que é um frasco marrom de óleo para bronzeamento!! Só aceitarei aqueles que forem encontrados durante a competição, não tentem trapacear!!

— Boa sorte, Bernard! — Veronica agora ao seu lado lhe disse, cravando a Drill na areia. — Não pretendo pegar leve com você.

— É uma boa ideia, porque se o fizer, eu venço. — disse empinando o nariz.

Ela sorriu e voltou sua atenção à Marky, assim como Bernard, que se preparava para a contagem regressiva.

— Três!! — Marky gritou para o grupo numeroso de competidores que cercavam o pequeno oásis. — Dois!! ...Um!! — Bernard ligou sua Drill. — Vão!!

O barulho das Drills tomou o local no mesmo instante, era um ruído de motor, monótono e até irritante naquela proporção, mas isso não desviou a atenção de Bernard, que tentava manter o foco o máximo que podia, embora seus óculos ficavam escorregando devido as vibrações da ferramenta ao cavar o solo arenoso.

— Encontrei um!! — um participante gritou após alguns minutos, e logo ele desviou a atenção, fazendo com que sua Drill afogasse.

— Droga!! — esbravejou, religando sua ferramenta. — Não posso desistir assim tão rápido!!

— Também só me falta um!! — disse outra voz entre os competidores.

Bernard conseguiu voltar para a competição, concentrando-se o máximo que podia na interface, e não demorou muito até, finalmente, encontrar seu primeiro Tanning Oil.

— Eu conse-

— Parece que temos um vencedor!!! — A voz de Marky destacou-se da multidão, sobrepondo a do músico. Logo, o barulho foi diminuindo gradualmente.

Bernard, entorpecido pela frustrante derrota, só pôde voltar sua atenção ao estande, onde Marky segurava a mão de alguém.

— Ou nesse caso, uma vencedora!! — ele levantou a mão da moça que estava ao lado dele. — Aplausos para... — ele fez uma breve pausa, que para Bernard era desnecessário. — Veronica!! Obrigado a todos pela participação!!

Aplaudida por alguns, a jovem arqueóloga passava seu MyView para Marky, que lhe presenteava com seus merecidos prêmios. O acumulo de competidores logo deixou de ser um problema, já que eles voltaram para suas atividades anteriores.

— Mas que droga. — ele comentava em voz alta, enquanto Veronica e Marky se aproximavam dele. — Justo quando eu tinha achado um...

— Obrigado por participarem! — Marky disse. — Infelizmente, só pode haver um vencedor...

— Não tem problema, eu já ganhei muitas informações hoje. — Bernard falou, deixando um sorriso tomar conta de seu rosto. — A propósito, parabéns!! — voltou sua atenção à Veronica e recitou num animado tom.

— Obrigada! Eu disse que não ia pegar leve!!

— Ah, vocês dois... — Marky passou a mão nos olhos da enorme cabeça que usava, fingindo limpar as lágrimas imaginárias. — O que pretendem fazer agora?

— Eu tenho que voltar para Blooming Cora para reunir algumas informações. — disse Veronica. — E quanto a você, Bernard?

— Acho que devo me dirigir para a próxima cidade... Paradise, se não me engano?

— De qualquer modo, sugiro que sigam a rotina de treinamento que Don Giuvanni deixou no MyView de vocês!! — Marky comentou com uma voz chorosa, recebendo o consentimento de ambos. — Eu tenho que ir agora, logo meu turno acaba... Foi um prazer conhecê-los!

O simpático ser fantasiado se despediu com um caloroso aperto de mão, tanto de Bernard quanto de Veronica, e então, os dois se viam sozinhos novamente.

— Pode pegar seu MyView por um momento? — ela disse, procurando algo em sua bolsa.

— Claro! — ele respondeu, também fazendo a mesma ação. — Espero que eu consiga chegar em Paradise antes do anoitecer...

— Não vai ser possível... É no mínimo uma hora e meia de caminhada até lá, e já são... — ela retirou o MyView da bolsa e observou-o — cinco e trinta e dois! O sol deve se pôr logo...

— O quê?! — disse, agora também com o aparelho em mãos, confirmando o horário.

— Vou te ensinar a adicionar alguém na lista de contatos! É importante trocar informações com outros participantes.

Ela virou a tela para Bernard, revelando uma interface idêntica à sua, embora a dela fosse toda roxa, também havendo uma foto da moça.

— Oh!! — ele observou — Você é do tipo Sense?!

— Sem dúvida alguma! — ela sorriu, então continuou. — Muito bem senhor mago, preciso que pressione esse ícone escrito “Friends”.

Ela fazia o processo enquanto explicava o que fazer em seguida, dando tempo de Bernard seguir seus passos.

— "Bernard Fowler quer te adicionar como amigo, você aceita?" — o músico leu na tela dela.

— Pronto! — ela pressionou em “aceitar”. — Agora podemos manter contato!

— Muito obrigado por tudo! Eu não sei o que teria feito se você não tivesse aparecido... — ele disse guardando o aparelho na bolsa.

— Não há de que! É sempre um prazer ajudar! — Veronica falou, enquanto também guardava o aparelho. — Acho que nos despedimos por aqui...

— É... — os dois ficaram em silêncio por um breve tempo, embora fosse o suficiente para o sol refletir, no horizonte e no mar, o tom abóbora que precedia seu descanso. — Espero que encontre as informações que precisa! Se eu descobrir algo sobre Cavalier ou a ilha, terei certeza de deixar que saiba o quanto antes!

— É muita gentileza Bernard... Sinto que vamos ser de grande ajuda um para o outro. — a arqueóloga estendeu a mão para o músico.

Um aperto de mão selou a amizade que surgiu de um capricho do destino. E o mesmo, já os separavam. Eles se viraram para trilhar direções opostas, e ao deixar o oásis de Desert Beach, passando em meio às esculturas de areia, coqueiros e conchas, o músico deparou-se com uma estrada marcada por pedras irregulares, que o levariam à sua próxima parada.

— Uma hora e meia... — ele comentou em voz alta, mexendo em seu MP3.

Com seus fones de ouvido agora plugados nas orelhas, ele começou a caminhar, deixando que a voz de Florence Welch o acompanhasse na estrada tingida pelo crepúsculo, onde a lua ainda tímida derramava sua fraca luz...


Notas Finais


Como vocês podem ter notado, os personagens principais estão começando a fazer os debuts na fic, devo salientar que estarei usando os nomes no livro que conta a estória de cada char no jogo, embora de alguns eu vá usar os dos pets por motivos de... É mais bonito, me julguem.
Falando nisso, quais dos 9 personagens jogáveis vocês já encontraram?
Sim!! Em um dia Bernard conseguiu chegar em Desert Beach e já está quase chegando em Paradise! Mas quantos dias ele vai ficar preso lá?
Um pouquinho da Megalo Company sendo revelada, assim como parte do porquê a tecnologia deles serem avançadas assim. Gostaram da aparição de nosso querido Don Giuvanni? Que homem eloquente!! SIHSAOEISAHOHSACIEAHS
Tentei integrar Drill na estória sim, é importante para o desenvolver no futuro, e eu sei que falo isso sempre MAAAAAS tudo sera bem mais desenvolvido conforme a estória for sendo contada, não podia jogar tantas informações agora, é pro bem de vocês eu juro!!
Obrigado novamente! <3


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