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História Tropical - Verão


Escrita por: Lyzander

Capítulo 1 - Verão


Fanfic / Fanfiction Tropical - Verão

Primeiro Ato - PARAÍSO - Capítulo I.

- Não acredito, Alanys. Este verão vai ser incrível, provavelmente o melhor deles! - mamãe realizava uma rota que sempre se repetia em círculos, agarrada ao telefone. - Sim, aposto que será melhor que o de quando fizemos dezoito, inclusive é a vez das crianças. Claro… Por um momento eu havia esquecido, eu sou a irmã nostálgica. Perdão.

O semblante que a mulher assumiu foi como se tivesse sido obrigada a tomar um xarope de gosto muito amargo. Suas feições se fecharam, ao dizer o que tenha dito para deixa-la tão desconfortável naquele momento da ligação com tia Alanys.

Eu estava muito bem aconchegado no tapete macio da sala, desviando dos passos rápidos da mulher, tentando evitar um esmagamento. Mamãe fez lembrar que este ano eu completaria dezoito, uma data especial para todo Nott, mas realmente encarava aquilo como um número qualquer. 

- Tudo bem… Certo, então espero que aproveite. Lyzander, querido, dá para sair do caminho? - quebrando o círculo, a morena vai na direção da cozinha. - Venha para Santa Monica.

Ouço o som do telefone sendo desligado e sinalizando o fim da ligação. Mamãe aparece novamente na sala, após um curto período, constatando que tia Alanys não irá para a ilha este verão, devido a uma outra viagem. Visitar as pirâmides egípcias pareceu mais interessante que o reencontro com a família. Mas de todo não é tão ruim, afinal assim que mamãe deu a notícia, uma ideia acendeu como uma lâmpada acima da minha cabeça.

- Mãe. Já que a tia não vai este ano, isso quer dizer que West Wind irá ficar vazia, não?

- Suponho que sim.

- Então… já que este é o meu verão dos dezoito e a família não vai estar totalmente lá para a comemoração do meio do verão, que tal os Tropicais ficarem em West Wind? Prefiro esta forma de presente do que a festa de costume.

Observei a mulher franzir o cenho e soltar um muxoxo, o que não me dá muitas esperanças.

- Você vai ter que ver isso com a sua avó, e também com Alanys, o que não é problema porque vira e mexe ela está no meio dos tropicais, quase pode-se chamar uma integrante.

- Ótimo. Vou dar uma ligada para a vovó.

Vovó Antoinette como sempre não foi de dificultar as coisas, permitindo a estadia em West Wind, mas um acordo também foi selado: a presença no almoço de domingo teria que ser obrigatoriamente uma questão vital. Confirmei piamente e em minha mente já pude ver a confusão matinal para chegar em tempo da sobremesa de tia Anastasia, pois o atraso também era garantido.

Agradeci a vovó vezes suficientes para faze-la desligar a ligação e no intervalo de discar para a casa de tia Alanys, sinalizei um positivo para a mamãe que observava de longe.

- Hm, alô? - reconheci a voz doce no outro lado da linha.

- Alison! Aqui é o Lyzander, tudo bem?

Houve uma curta pausa onde imaginei o rosto da minha prima se contorcendo em uma careta, mas quis crer que a garota manteria o mínimo de afeição para não desligar na minha cara atribuindo uma boa ofensa.

- Ah, Ly! Estou ótima e você? A propósito, uma pena não passar os dezoito com você.

Bom, se foi sincero eu nunca irei saber, mas me convenceu. - Tudo em cima também. Fica tranquila, aproveite o sol do Egito por mim, afinal na ilha este não é um luxo que podemos ter.

Trocamos algumas risadas que despertaram o interesse de mamãe, me dando conta de quanto tempo não tinha um momento daquele com Alison. Talvez nunca tinha ocorrido realmente, e me fez guardar a reflexão para mais tarde do porque a garota não fazia parte dos Tropicais.

- Realmente… bom, Ali. Sua mãe está aí?

A permissão de Alanys veio mais rápido que a da vovó. Com tudo ok, fui encarregado de pegar a chave em Wellcrouth e pedir para alguém dar uma olhada no sótão, que poderia estar com mais pó que o quarto dos barcos engarrafados do vovô.

Encerrei a ligação com agradecimentos excessivos e corri para mamãe, a fim de dar a boa notícia.

- West Wind é nossa!

- E vai demorar para dar a notícia para os outros? Na verdade você nem perguntou se eles queriam.

Confirmei que só daria a notícia na ilha e deixei escapar uma risada, garantindo com toda a certeza que eles não se incomodariam de passar o verão com a casa inteira só para nós.

- Então vá arrumar suas coisas, amanhã acordaremos cedo para chegar em tempo do almoço e comermos o peixe do Alan.

- O peixe da Salvatore, você quis dizer.

Eu estava na lancha que ia na direção da ilha que foi meu lar de verão todos os anos da minha vida. Meu pai estava no controle e ele realmente adorava aquilo, ele adorava o mar, adorava o vento, ele amava a ilha. Minha mãe estava próxima, ela também sempre se sentia animada para voltar ao nosso destino privilegiado dessa época do ano. Eu particularmente amava o verão só por esta razão; a ilha.

Minha família era dona de uma ilha particular cravada na Califórnia. Exatamente vinte e sete minutos de lancha para o paraíso. E quando digo que a ilha é o paraíso, não estou brincando.

A fortaleza dos Nott.  

Alguma música lenta tocava em meus ouvidos por meio de fones, mas eu estava disperso olhando pro mar e mais um pouco já podia ver a grande quantidade de areia e árvores. Mais um pouco uma das casas, e então o cais.

Grande parte da família já estava lá: Meus avós, meus tios, os pequenos, e Mabel, Ansel, Victoria e Cameron. Meus primos.

Desembarquei da lancha, houve aquela comemoração; piadas, sorrisos, beijos e abraços. Passei por todos eles e fiz o que tinha que fazer, então fui ao encontro dos garotos.

- Sempre o último - Victoria disse, risonha.

- É que eu gosto da parte em que vocês me esperam, tipo - gesticulei os dedos simulando aspas. - o motivo do verão chegou.

Cameron ri alto. Os outros acompanham.

Cameron era euforia.

Sorrio para Mabel, dou um tapinha no ombro de Ansel e então chego em Cameron. Ele se encaminhou até meu corpo, sufocando-me logo em seguida. Naquele contato, o perfume de Cam invadiu minhas narinas, lembrando-me da abstinência que senti dele por dias. Era como um calmante diretamente aplicado em minhas veias, abrandando minhas preocupações.

Era incrivelmente místico o quão Cameron me confortava, minutos em sua presença eram o suficiente para que todos os temores fossem aplacados, seu cheiro fazia-me entorpecer com a tranquilidade que o garoto me passava.

Acontece que após eventos recorrentes do verão passado, comecei nutrir uma paixão pelo meu primo, Cameron não deve ter noção disso ou finge que não, pois desvia de algumas investidas de forma que nos questionamos até que ponto sua capacidade mental pode ser duvidosa.

Vovó me afaga, plantando beijos na minha bochecha, somados a frase típica.

- Meu neto mais velho! O reizinho.

Uma boa brecha para um deboche épico que não passaria despercebido tarde da noite quando todos estiverem quase dormindo e esse ser o estopim de um ataque de risadas.

Em conseguinte, vovô Sebastian como um velho caranguejo agarrou minha mão direita num aperto, que de acordo com seus conhecimentos: o quão forte for, atinge diretamente o nível de caráter de um homem.

“Você precisa apertar com força” me ensinou no verão dos treze.

Sempre questionei esse medidor de índole.

- Pronto para pilotar Athena? - a voz marcante saiu de trás da bigodeira branca do homem.

- Mal espero para capturar Moby Dick.

E não me pergunte qual o verão que o vovô iniciou a saga de me ensinar os modos de pilotar o barco dos Nott, a antiga Athena, que de acordo com o velho, foi uma das maiores razões para laçar o coração de vovó Antoinette.

Após as pequenas apresentações, a lástima da vovó pela falta de Alanys. Seguimos todos para Wellcrouth, no intuito de ter o prazer do primeiro almoço, o pontapé do verão.

Em nossa marcha, observei de canto, o amadurecimento de Victoria. A beleza feminina transbordando na cor de suas bochechas, os cabelos loiros trançados de uma forma relaxada que a deixara impecável.

Por mais que meus sentimentos por Cameron estivessem recebendo uma boa alimentação vitaminada, Victoria era de longe a integrante da família com mais afeição para comigo. Talvez o crescimento compartilhado nas paredes de End Gates tenha contribuído para tanto. Minha confidente nunca tinha vacilado, e me mantinha no direito de comportamento mútuo com a garota. Nossos laços foram tecidos por meio de segredos e regados a lágrimas noturnas na sacada da casa mediana da ilha.

Vislumbrei a rota que seguíamos para chegar em Wellcrouth, a casa principal.

Wellcrouth foi a primeira instalação residencial da ilha, a mais importante e por tanto mais bela. Clássica por fora, moderna por dentro. Vovô e vovó viviam nela e junto a eles, tio Alan. O mais velho dos herdeiros Nott. A casa possuía tantos quartos que no verão dos dez, houve uma tentativa de abrigar toda a família nela. A primeira noite foi de certa forma tolerável, mas logo a falta de privacidade e os gritos de diferença entre tia Alanys e Anastasia, fez a ideia primordial do uso das diferentes casas ser novamente brilhante.

Tio Alan é pai de Cameron e Mabel. Está noivo de uma mulher chamada Cecília, que começou a vir para a ilha no atual verão. Ela é bonita, elegante e educada. Seu problema é a insegurança. Ouvi vovó falando sobre ela ao telefone com minha mãe. E realmente, é quase um pecado se você está na presença de um Nott. No ninho de cobras você precisa agir como uma ou acaba sendo picado.

A segunda casa de Nott’s Island é End Gates, sua cor é vermelha e formidável. Meu lar. Mamãe e tia Anastasia compartilham essa casa pois ambas possuem um só filho, de mesma idade (eu sendo mais velho alguns meses). A mãe de Victoria sempre foi a mais próxima da minha, o que facilitou a convivência inicial na casa. Seu marido havia sumido há muito, fazendo dela a única solteira dos irmãos.

A casa mais distante era West Wind, o nosso paradeiro dessa vez. A edificação era moradia de Alanys, a mãe de Alison e dos gêmeos. A questão é que os gêmeos fazem mais bagunça que todas as crianças que passaram pela família e este já foi um bom motivo para vovó adorar a ideia de Alanys ocupar a casa próxima da Praia Baixa.

No almoço, houveram os pratos já conhecidos: o peixe que tio Alan comprava em Salvatore, (a mini cidade próxima da ilha) e garantia que era feito por ele. As amoras salgadas da vovó. Os camarões da mamãe. E a novidade era a sobremesa de Cecília que ninguém tocou.

Por incrível que pareça, eu não gosto de frutos do mar. São olhares de incredulidade toda vez que repito essa sentença, mas talvez essa seja só a minha maldição. Talvez.

Cameron estava do meu lado mastigando de boca aberta, o que fazia Victoria, na outra ponta, fitar o garoto com faíscas nos olhos. Ao lado dela, Mabel, recebia instruções da mamãe de como preparar uma máscara natural para a pele. E do meu lado esquerdo, no último lugar da mesa estava Ansel.

Por favor deixa eu sentar na ponta?”

“Tudo bem, eu te protejo.”

Ansel não era Nott. Mas era um dos Tropicais.

Descendente de uma família que ajudou a construir a ilha, que havia se desgastado com passar dos anos, reduzindo os Hawks a um baixo número. Todavia, eram influentes em Salvatore e, ao meu ver, seu nome tinha tanto prestígio quanto o nosso. Mesmo assim, não era o suficiente para ele se sentir em casa.

Em dezessete verões, Ansel nunca deixou de marcar presença em um único. Crescido em nosso meio, era acolhido por grande parte da família que o via como um igual. Bem, grande parte, pois como Cecília, ele sabia o que era não ser um Nott. E vovó, por mais amável que fosse, como uma rosa; dona de uma fragrância marcante, seus espinhos destacavam com maestria a ausência do segundo nome naqueles dois.

- Como foi o natal? - fiz um leve toque com o braço direito no corpo avantajado do garoto.

- Bom, mas senti falta daqui - sorriu agradecido.

Ansel era mansidão.

Não demorou para Alan, sob efeito do álcool, iniciar suas histórias mirabolantes e os relatos sobre peixes gigantes que dariam um bom tema de documentário para o Discovery Channel.

O que nos levou a outro destino de distração. Agraciados (ou não) pela tradição da família passar inteira unida na Praia Média na primeira tarde do verão.

Por mais que maravilhosa, fora cansativa. Mas valeu cada abraço e sorriso ao dar a notícia da estadia em West Wind.

Quando a noite quente nos abraçou, eu e Victoria fomos para End Gates para transferir nossos pertences para a casa mais distante da ilha. O horário marcado para nos encontrar com o restante dos Tropicais era onze da noite, o que foi um bom intervalo para um banho, afinal o dia longo na praia havia sido uma boa maneira de inserir quase que torrões de sal na minha cabeça.

Desci as escadas com os fios ainda úmidos e tentei procurar Victoria pela casa vermelha. Mamãe ainda estava em Wellcrouth e eu podia acreditar que tia Anastasia também. Chamei pela garota duas vezes pelo salão que unia a sala e a cozinha e não encontrei ninguém.

- Victoria? - perguntei para as cortinas que balançavam com tranquilidade na sacada de entrada.

Já estava começando a selecionar os insultos para a loira, escolhendo um palavrão novo a cada degrau que completava, na ida para o segundo andar. Faria uma última inspeção nos quartos de visita para então partir para West Wind.

- Eles não precisam saber, passaram a vida inteira convivendo com isso, o que vai mudar agora? - a voz feminina de Anastasia parecia fazer pouco caso da situação.

- Muda tudo! Vai mudar tudo. E isso explica o comportamento da vovó - a resposta de Victoria se mostrou alterada, elevando-se a primeira.

Mãe e filha se encontravam no fim do corredor dos quartos de hóspedes de End Gates e no topo da escada eu podia ouvir o quase nada do assunto de ambas.

- Você não vai falar uma palavra sequer desse assunto ou seu relacionamento negligente com o empregado vai chegar no ouvido do seu avô, você entende?

Não houve resposta de Victoria, talvez fosse pela escassez de palavras ou pelo susto que o som de uma das portas, batendo com violência, causou em nós três.

Obviamente a curiosidade aflorou como uma erva daninha nos meus pensamentos. Primeiro pelo assunto em si, segundo por Victoria estar de rolo com um empregado. Será da ilha? Mas privei minha prima do desconforto de iniciar a conversa aquela noite. Depois do ocorrido, desci as escadas simulando plumas nos pés e gritei do térreo pela garota, que me acompanhou até o ponto de encontro do resto dos Tropicais.

Victoria desceu as escadas dando a desculpa de estar no banho. Talvez não se deu conta dos cabelos secos.

...

- Achei que já estávamos na metade do verão e vocês não iam aparecer! - Mabel nos ralhou.

Não houve resposta.

- Vamos? - Ansel não esperou a confirmação, desafiando Cameron para uma corrida até West Wind.

- Quem chegar por último vai ser O Reizinho!

O verão havia oficialmente começado.


Notas Finais


Assista ao trailer de TROPICAL. https://vimeo.com/184423139

Disponibilizei a fanfiction também em outros sites do gênero.


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