1. Spirit Fanfics >
  2. Trouble >
  3. Capítulo 02.

História Trouble - Capítulo 02.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Olá, amores, como estão? Espero que estejam todos bem. Quero começar agradecendo a todos por darem uma chance a fanfic, sei que ainda está meio vago sobre como tudo vai acontecer, mas garanto que será legal. Torço para que gostem do capítulo e se verem qualquer erro, por favor, me avisem.
Ótima leitura á todos!

Capítulo 2 - Capítulo 02.


Fanfic / Fanfiction Trouble - Capítulo 02.

Capítulo 02.

Se existisse alguém que falasse mais do que mamãe, eu ainda não conhecia. Enquanto eu empurrava o carrinho de compras pelo setor de hortifruti, ela me contava animada sobre sua nova exposição em um centro comunitário da cidade.

— A proposta é fazer as crianças terem mais contato com a Arte.  — ela explicou, colocando alface e tomate no carrinho.  — Será algo diferente do que costumo fazer, mas tenho certeza de que será incrível.

— Você sempre deixa tudo incrível, mãe.  — falei como se fosse obvio.

— Obrigada, docinho.  — ela parou para sorrir.  — Ficaria feliz se você pudesse ir, é um momento importante pra mim, será ótimo ter você lá.

— Claro, vou adorar.  — voltei a empurrar o carrinho.  — Já que estamos falando em estarmos juntas... não vou poder ir a sua festa de Halloween.

— O quê? Por quê? O que aconteceu?  — eu sei o quanto significava para ela eu estar presente nessas ocasiões de família, mas eu não queria passar a noite toda respondendo as perguntas dos meus tios e dando doces para cada criança que batesse em minha porta.

— Andrew vai dar uma festa também, prometi a ele que iria.  — foi só ouvir o nome dele, que mamãe parou subitamente.  — Vai ser estranho meu namorado dar uma festa e eu não comparecer.

— E quanto a mim? Você é minha única filha, Amelie.

— Papai vai te fazer companhia.  — tentei animá-la.  — Não sairei do seu lado na exposição, mas preciso que me libere pra essa festa. Ela suspirou derrotada.

— Não pense que vai me escapar do feriado de ação de graças.  — por seu olhar, eu não escaparia mesmo.

— Tudo bem.  — concordei.

Terminamos as compras cerca de uma hora depois, empurramos tudo no carro e voltamos para casa.

[...]

Na tarde de sexta-feira, Andrew me mandou uma mensagem perguntando se eu gostaria de ir comprar nossas fantasias. Respondi que sim, embora soubesse que ele iria pagar por tudo e isso me deixasse receosa. Eu precisava mesmo de um emprego e parar de depender, financeiramente, dos meus pais e do meu namorado.

Levantei-me da cama após lhe enviar a resposta e me arrumei — jeans e blusa de alça vermelha —, joguei o celular e a carteira dentro da bolsa e esperei-o sentada no sofá da sala.

Andrew não demorou a chegar, minutos depois ele já buzinava, chamando a minha atenção.

— É bom ver você.  — disse voltando a dar partida no carro.

— Bom ver você também.  — aproveitei para ligar o som.  — Já estava mofando dentro de casa. E ai, já pensou em alguma fantasia?

— Quero ser um vampiro, tipo o Drácula, sabe?

— Isso não é muito clichê?

— Qual é, vamos ficar lindos de vampiros, principalmente você.  — ele estendeu a mão para fazer carinho em meu pescoço.  — O que acha?

— Estava pensando em ir com outra fantasia.  — tentei soar o mais natural possível.  — Vai ficar chateado se não combinarmos?

— Claro que não.  — ele ficaria sim.

Resolvi mudar de assunto. Perguntei-lhe como iam os preparativos para a faculdade, Andrew pareceu se animar. Não falamos sobre como ficar nosso relacionamento com seu ingresso na faculdade. Ele iria morar em outra cidade e eu continuaria ali, pacatamente. Talvez Andrew conhecesse alguém mais interessante do que eu, fariam coisas mais interessantes...

Aumentei o volume do som quando os pensamentos se tornaram altos demais.

 

Entramos na tal loja de mãos dadas, como eu já suspeitava, estava cheia. A Abracadabra era uma mistura de cores e pessoas, tanto que eu nem sabia por onde começar. Andrew sorriu e acenou para alguém que vinha em nossa direção.

— Ei, Mike.  — ele o cumprimentou.

— Andrew.  — Mike era um sujeito baixo e rechonchudo que usava óculos redondos e penteava, estranhamente, o cabelo para o lado. Ele me encarou pela primeira vez e sorriu.  — Amelie.

— Como vai?  — perguntei sem interesse, lembro que éramos da mesma turma na sexta serie, mas nunca fomos amigos.

— Escolhendo uma fantasia também?  — Mike ajeitou os óculos que caia sob o nariz.

— É, vamos dar uma festa no próximo sábado.  — Andrew soltou minha mão e me abraçou pela cintura.  — Gostaria de ir?

— O quê? Uma festa? Sério? Poxa, eu estava planejando só sair por ai gritando doces ou travessuras.  — ele subiu o cós da calça, envergonhado.  — Vai ser ótimo.

— Legal, a festa começa as nove.  — Andrew avisou.

— Nos vemos lá.  — Mike ergueu o polegar para confirmar.

— Você salvou o sábado dele.  — falei para Andrew quando nos afastamos.  — Como o conheceu?

— Quem eu não conheço nessa cidade, Amelie?

Guiamos-nos por um imenso corredor repleto de fantasias, mascaras, perucas e todo o tipo de utensílio que se pode imaginar. Plumas pendiam do teto, deixando o lugar ainda mais colorido. As araras e vitrines exibiam mil e uma opções, passei a mão por entre algumas só para ter ideia do que escolher. Passamos os próximos dez minutos explorando a Abracadabra até sermos, finalmente, atendidos por um rapazinho chamado Jake.

— Então, gostaram de algo? Querer ver uma fantasia especifica?  — ele perguntou, educado.

— Você teria da Morticia Addams?  — falei primeiro. Andrew me olhou serio, provavelmente ainda esperando que eu fosse mudar de opinião e ser uma vampira.

— Temos tudo, querida.  — ele piscou e nos chamou com o indicador.

Puxei Andrew pela mão e entramos no corredor a nossa direita. De alguma maneira, Jake parou e puxou de uma das inúmeras prateleiras um saco plástico que guardava um vestido preto dentro.

— Agora é só experimentar, fazemos todos os tipos de ajustes que forem necessários.  — ele me entregou o vestido.

Jake nos indicou os provadores e eu fui Andrew, por sorte um estava vazio. Pendurei a bolsa e a arara do vestido nos ganchos e me despi. Com cuidado, desci o zíper do saco transparente e tirei de lá o vestido. Dobrei o cuidado para vesti-lo. Ao olhar para o espelho, eu até me assustei.

A peça era longa, muito justa e com um decote demasiado. As mangas terminavam em uma forma triangular sob as costas das mãos e havia alguns detalhes que caiam abaixo do punho. Ele se folgava um pouco abaixo dos joelhos, onde se abria e deixava um punhado de tecido sobre o chão, quando eu estivesse andando aquilo ficaria ainda mais bonito.

Sai do provador e logo o olhar de Andrew e Jake estava em mim.

— E então...  — dei uma voltinha, abrindo os braços.  — ficou bom?

— Perfeito.  — eles responderam em uníssono, dei risada.

— Obrigada, vou ficar com esse.  — voltei para o provador, ainda recebendo os olhares.

Com a minha fantasia escolhida, foi a vez de Andrew. Foi rápido encontrar uma que o agradasse, quando ele entrou na cabine para provar, eu me sentei em um banquinho e esperei, Jake aproveitou para atender outros clientes e nisso eu fiquei sozinha. Repousei a bolsa em meu colo e abri-a para fingir fazer algo. No meio de plásticos de balas, um batom e a carteira, eu encontrei o papelzinho branco rasgado com o numero de telefone de Shawn, o DJ. Porque eu tinha ficado com aquilo? Milla é quem deveria ligar para ele hoje.

Mordi o lábio inferior pensando se deveria ou não tentar ligar e perguntar sua resposta. Será que ele atenderia ou, ao menos, lembraria quem sou eu? Procurei o celular e resolvi tentar. Disquei seu numero e ainda demorei uns segundos antes de fazer a ligação. Ele só atendeu no quinto toque.

Alô?  — sua voz estava calma, mesmo que um barulho incomodo pudesse ser ouvido atrás. Travei sem saber o que falar, olhei para o lado, vendo uma menina sair do provador fantasiada de enfermeira.  — Quem está falando? 

— Hm... alô.  — pigarreei, para acabar com a gagueira.  — Shawn?

Sim. Quem está falando?  — tornou a perguntar.

— É a Amelie, estive na sua loja na quarta com uma amiga. Precisávamos de um DJ, você nos passou o seu numero.  — cocei ligeiramente a nuca e me mexi no assento.

A moça da festa de Halloween.  — ele lembrava sim.  — Vocês não ligaram, achei que já tinham achado outro cara.

— Na verdade, nem pensamos nisso.  — depois de ter dito, eu percebi o quão ridículo tinha soado. Shawn deu risada.

Isso é bom, porque dispensei outras três festas para ajudar vocês.  — eu não esperava por aquela resposta.

— Não precisava ter feito isso, poderíamos ter achado outro cara.  — brinquei.  — Muito obrigada.

Sem problemas, Amelie. Dei um jeito das outras festas não ficarem sem DJ. Só um minuto.  — ele gritou para alguém do outro lado da linha.  — Vocês tem alguma preferência com relação às musicas?

— Eu não me importo, mas Milla deve ter uma lista.

Certo, será que pode fazer uma lista e me trazer aqui na loja? Estarei lá na segunda.  — alguém o chamou novamente lá atrás, ouvi-o ronronar.

— Claro, assim acertamos os últimos detalhes.  — endireitei as costas.  — Até segunda.

Até, Amelie.  — ele desligou.

Assim que guardei o celular, Andrew saiu do provador. A fantasia de vampiro tinha combinado com ele, sem duvidas.

— Você está maravilhoso.  — levantei e enlacei seu pescoço.  — Tinha razão quando disse ficaríamos lindos.  — dei-lhe um beijo rápido.

— Sempre tenho razão.  — ele sorriu de um jeito malicioso, dei um passo para recuar, mas ele me puxou de volta e dessa vez, me beijou realmente.  — Nosso dia juntos está de pé amanhã?

— Com certeza, agora vai trocar de roupa, Drácula.  — bati em seu peito e o empurrei para dentro do provador.

[...]

Quando Andrew me deixou em casa naquela tarde, já estava próximo das seis horas. Papai ainda não tinha chegado da escola e mamãe quase ignorou a minha presença quando fui lhe dar um oi em seu ateliê, ela estava ocupada demais buscando inspiração para preencher a tela em branco a sua frente.

Subi para o meu quarto e pendurei logo o vestido em meu guarda-roupa, só depois me livrei das roupas e fui tomar um banho. Após sair do banheiro, enrolada em uma toalha, eu me joguei na cama e, sem querer, peguei no sono.

 

Fui despertada com algo fazendo cócegas em meu ouvido, abri os olhos devagar para ver o que me incomodava e encontrei minha amiga Greta, ao meu lado. Tentei fechar os olhos para voltar a dormir e fingir que ela não estava ali, mas a infeliz fez questão de me balançar pelos ombros.

— Como foi que entrou aqui?  — perguntei, puxando a toalha para cobrir o meu corpo.

— Sua mãe.  — ela disse olhando-se no espelho da minha penteadeira.  — Porque não atendeu as minhas ligações?

— Será porque eu estava dormindo?  — procurei algo para vestir e acabei pegando a primeira camiseta que encontrei na gaveta.  — O que você quer?

— Recebi seu convite para a festa de Halloween.  — ela se virou para me encarar.

— Que bom, agora pode ir embora.  — joguei a toalha nela. Greta era minha melhor amiga, mas eu odiava ser acordada.  — Que horas são?

— Umas oito, sua mãe me convidou para o jantar, espero que não se importe. 

— Não, é até bom. Vou sair com Andrew amanhã, ele disse que vamos praticar kitesurf, você pode arrumar a minha bolsa com tudo que devo levar.  — Greta estreitou os olhos.  — Agora vamos comer, dormir me deu fome.

 

— Tá levando camisinha?

Greta perguntar ao terminar de enfiar um monte de roupas, cremes e um par de tênis na minha mochila. Olhei incrédula para ela, deixando de lado a arrumação da minha necessaire.

— Nós não vamos transar, Greta.  — pronunciei com firmeza.

— Até parece que vocês não transam.  — ela zombou girando uma das minhas calcinhas no dedo.

— Nós tentamos uma vez e foi um completo desastre.  — tomei a peça dela e guardei na gaveta.

— O que foi que aconteceu?  — ela cruzou os braços e eu arfei por um instante.  — Não diga que está com vergonha. Porra, sou sua melhor amiga.  — encarei-a, pensando se compartilhava ou não aquele segredo constrangedor.

— Eu não senti nada.  — falei rápido.

Greta ficou em silencio para logo depois explodir em uma gargalhada, que a fez se curvar. Revirei os olhos.

— Como assim não sentiu nada?  — ela fingiu secar uma lágrima. 

— Foi a minha primeira vez, não estava preparada e não senti nada. Nem dor, nem prazer, absolutamente nada. Disse a Andrew que não faríamos isso de novo até eu me sentir confortável.  — só ai ela parou de rir.

— Nossa, isso é triste. Que bom que ele aceitou sua decisão.

— Ele não aceitou, só respeita.  — comentei.  — Já é o suficiente.

— Caramba, é decepcionante, eu achei que vocês fodiam o tempo todo.  — ela balançou a cabeça negativamente.

— Você precisa ir embora, adeus Greta. Nos vemos no sábado.  — abri a porta para ela sair.

Ela se despediu com um abraço e se foi, bati a porta e passei a chave.

[...]

Na manhã seguinte, eu acordei às sete horas. Tomei um banho rápido, vesti um maiô rosa por baixo do short jeans e da camiseta branca, terminei de arrumar a mochila e peguei os óculos de sol. Ao chegar no primeiro degrau da escada, encontrei Andrew tentando iniciar uma conversa com meu pai. Ele parecia nervoso, as mãos cruzadas e quase sem piscar. Suspirei antes de chama-los.

— Bom dia. Pai, pare de deixar Andy com medo, por favor.  — pedi.

— Bom dia, Amelie.  — Andrew veio até mim, limitando-se a dar um beijo em minha bochecha. Ele pegou a minha mochila e abriu a porta para ir embora.  — Te espero no carro, foi bom te ver, senhor Freye.

— Eu, definitivamente, não gosto dele.  — papai repetiu o que eu já sabia.  — Sua mãe ainda está dormindo, é melhor que vá antes ou ela vai arrumar um jeito de te impedir.

— Obrigada, pai.  — abracei-o e beijei-o no rosto.  — Estarei aqui amanhã ao meio-dia.

— Caso algo aconteça, não pense duas vezes para me ligar.  — ele olhou para Andrew, que colocava o boné para frente e acenava para mim.  — Divirtam-se.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo.

Abaixei os óculos e caminhei até o carro de Andrew.

 

A Huntington Beach era quase impossível de ser descrita, um paraíso etéreo. Andrew conversava com nossos instrutores de kitesurf, perguntando sobre as ondas, se existia algum risco, como os equipamentos deveriam ser usados, enquanto eu admirava toda aquela beleza natural. Decidi não praticar o esporte junto com ele, pelo simples motivo de que não eu não sei nadar. Preferi ficar sentada na areia, observando-o de longe e sem parar de curtir o ambiente.

Estiquei uma fina toalha sob a areia, tirei o short e a camiseta e me sentei. Andrew se divertia, podia vê-lo sorrir e pulando sobre a água, eu não teria a mesma coragem.

Quando ele parou para descansar, uma hora depois, Andrew correu até mim e sentou ao meu lado.

— Certeza que não quer tentar? Não é tão difícil quanto parece.  — ele me encorajou, passando o braço molhado por meu ombro.

— Vou deixar para quem sabe. 

— Não sabe o que está perdendo.  — ah, eu sabia sim.  — Vou praticar mais um pouco, podemos ir embora depois.

— Não precisa ter pressa, o dia está lindo. Enquanto você pratica, eu ligo para Milla, tenho que falar com ela sobre as musicas.

— Tudo bem.  — ele se levantou e beijou.  — Até já.

Tinha trazido comigo, minha velha e boa bolsa estilo mensageiro, passei protetor solar antes de ligar para Milla e peguei minha agenda para anotar as musicas. Ela prometeu que seriam poucas, mas no final foram 43, Milla ficou feliz em saber que Shawn seria o DJ da festa e ainda mais por ele ter recusado três festas por conta da nossa.

Na terça vou levar os enfeites e toda a decoração para a casa de veraneio, você vai comigo.  — ela ordenou, até pensei em recusar, mas eu tinha que cumprir a promessa de que faria a festa ser maravilhosa.  — Quero estar com tudo pronto até a sexta-feira.

— Vamos fazer com que tudo dê certo.  — declarei sorrindo.  — Escuta, preciso desligar. Andrew está vindo, nos vemos na terça.

— Ok, Amelie, beijinhos.  — nos despedimos.

O resto do dia passamos caminhando na praia, sentados na areia e bebendo água de coco. De noite ficamos no apartamento que pertencia à mãe de Andrew, pedimos pizza e fomos dormir quase uma da manhã. Por insistência dele, eu aceitei que dormíssemos na mesma cama, embora tenha criado uma linha imaginaria delimitando nossos espaços.

Naquela noite, eu sonhei com a festa, com as pessoas dançando um pop e também sonhei com Shawn.

[...]

Voltamos para casa no domingo, mais cedo do que o planejado. Andrew estava de mau-humor e eu amanheci com uma dor de cabeça terrível, arrumamos nossas coisas e em duas horas eu estava na frente de casa com mamãe me recebendo com um sorriso. Despedi-me de Andy com um beijo e assim que sai do carro, ele acelerou.

O dia todo foi tedioso e chato, domingos eram sempre sem graça. Passei as horas observando em silêncio, mamãe terminar mais um quadro, assistindo filmes em espanhol e torcendo para aquele fim de semana acabar logo.

 

Resolvi ir à loja de Shawn, quando mamãe saísse à tarde para encontrar com seus amigos, também artistas. Assim ela poderia me dar uma carona e eu não precisava pegar um ônibus.

Atravessei a rua para chegar a Flashlight, olhando pela terceira vez a hora no celular, entrei na loja sequei o suor das mãos na calça. Geralmente eu tinha problemas para conversar com as pessoas, sem Milla ali seria uma árdua tarefa. Encontrei Stella mexendo em uma prateleira e ao seu lado, um rapaz com as mangas da blusa rasgadas, ela dava risadinhas toda vez que ele pronunciava algo.

Fiquei com vergonha de atrapalhá-los, rumei para perto do balcão e dei graças quando vi Shawn com os cotovelos apoiados nele, ele parecia entretido assistindo algo no tablet. Seus lábios se moviam junto com a música que tocava no aparelho, aproximei-me devagar com medo de interrompê-lo. Traguei o ar antes de falar:

— Oi.

Automaticamente, ele ergueu a cabeça para me encarar. Shawn parou a musica e sorriu. Porque ele era tão simpático? Confesso que isso me incomodou de um jeito inusitado.

— Olá, Amelie.  — ele empurrou o tablet para o lado e eu dei mais um passo, ficando de frente a frente.

— Trouxe a lista que você pediu.  — peguei as folhas rasgadas da minha agenda e entreguei-as. Notei a tatuagem em seu braço quando ele esticou-o para pegar as folhas da minha mão.  — Milla é quem escolheu todas, só pra deixar claro.

— Certo. Isso é só uma base para eu saber que tipos de musicas devo tocar.  — ele examinou as folhas minuciosamente, e ao mesmo tempo eu tamborilava as unhas no balcão, olhando para ele. Quando Shawn endireitou a cabeça novamente, não tive tempo de desviar e foi um momento constrangedor.

Ele deve ter percebido que eu o observava, entretanto nos fitamos e abrimos a boca para balbuciar ao mesmo tempo. Dei risada, sentindo os braços e rosto esquentarem.

— Quer acrescentar alguma música?  — ele perguntou mudando o olhar de mim para algo atrás de mim.

— Acho que Milla já colocou tudo ai.  — umedeci os lábios, tirando o cabelo dos ombros.  — Escuta, como vai funcionar o pagamento? Você quer tudo de uma vez ou metade antes e a outra depois?

Shawn parou para pensar, sustentou o braço esquerdo na beirada do balcão, mordendo o lábio inferior e soltando-o segundos depois.

— Metade e metade.  — retrucou.  — Só precisa fazer mais uma coisa para mim.  — ele ergueu o indicador para que eu esperasse e tirou uma caneta do bolso, jogando por cima das folhas.  — Preciso do endereço.

— Ah sim, claro.  — relaxei os ombros para pegar a caneta. Anotei o endereço no verso de uma das folhas junto com o horário da festa.

— Tenho que levar os equipamentos no dia anterior, alguém pode me receber ai?  — ele leu com calma.

— Estarei lá com Milla, pode ir a hora que quiser.  — disse-lhe, ele tombou um pouco a cabeça para o lado assentiu.  — Mais alguma coisa?

— Preciso estar fantasiado? Porque não me sinto muito legal com essas coisas.  — ele perguntou sério, porém eu não pude evitar achar graça da questão.  — Isso é um sim?

— Não, Shawn, não precisa. Vá de um jeito que se sinta bem.  — dizer o nome dele pela primeira vez, também me causou o mesmo incomodo inusitado de antes.

— Ufa.  — ele expirou e riu também.  — Isso é um alivio, você nem imagina o quanto.

— Sem problemas.  — tive que secar o suor das mãos mais uma vez.  — Então... mais alguma coisa?  — repeti.

— Não, isso é tudo.  — Shawn juntou as folhas e a caneta.  — Até sexta, Amelie.

Ele ergueu a mão para mim, sorrindo e fazendo eu me sentir, ridiculamente, esquisita. Pisquei duas vezes bem rápido e agarrei sua mão, o aperto era firme como o da primeira vez que nos vimos e eu torci para que ele não percebesse o suor na minha. Encontrei seu olhar outra vez para, enfim responder:

— Até sexta, Shawn.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Beijos e até o próximo. Se quiserem, falem comigo pelo twitter: http://twitter.com/WALKERSTITCHES


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...