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História Trouble - Capítulo 05.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Olá, meus amores, como estão? Voltei com mais um capítulo pra vocês, quero agradecer pelos comentários do capítulo anterior, fico muito feliz que estejam gostando. E aos leitores fantasmas, por favor, apareçam! A opinião de vocês é importante também, preciso saber o que estão achando de ‘’Trouble’’, ok? Não se escondam de mim, juro que não mordo. Enfim, anjos, espero que curtam o capítulo e perdão por qualquer erro ao longo deste, já sabem, né? Avisem-me. Boa leitura a todos :)

Capítulo 5 - Capítulo 05.


Fanfic / Fanfiction Trouble - Capítulo 05.

Capítulo 05.

Devo ter sido a primeira a acordar na casa. Por dois simples motivos: primeiro porque eu não queria esperar para usar o banheiro, e segundo porque o sono simplesmente desapareceu às três horas da manhã. Resolvi tomar um banho para limpar qualquer impureza do meu corpo, escolhi a roupa — calça jeans, blusa preta de manga curta e tênis —, amarrei o cabelo no alto, terminei no exato momento em que o canto do galo soava, provavelmente umas sete horas.

Ouvi passos e conversas no andar baixo minutos depois, aprontei-me para sair do quarto. Os degraus rangeram quando eu descia e obvio que todos se voltaram para mim.

— Bom dia.  — desejei ao chegar ao fim da escada.

— Bom dia, querida.  — papai ergueu a xícara de café fumaçante para responder.

Ele estava sentado ao lado de Tio Carlo, na mesa repleta de comida de uma ponta a outra. Mamãe entrava com uma jarra de suco na mão e depositava entre os inúmeros alimentos. Sentei-me perto dela, de frente para Sebastian. Tia Edith ficou na ponta esquerda da mesa.

Passei manteiga em um pão e optei pelo suco. Minha família começou a conversar entre si, eu acabei ficando de fora, permanentemente colocando um pedaço de algo na boca para fingir não poder falar. Nem fazia vinte e quatro horas que havíamos chegado e eu já queria ir embora. Era sempre assim; eu gostava do percurso da viagem, mas ao chegar ao destino já ansiava pela volta. Estava com saudade do meu quarto.

Pensar nisso, automaticamente me levou de volta a noite anterior. Meu corpo inteiro deve ter ruborizado ao lembrar-me do ato. Eu não tinha parado para refletir sobre aquilo, na verdade não tinha o que refletir. Embora isso não mudasse o fato de que eu estava com vergonha de mim mesma.

O pior não foi ter feito aquilo. O pior foi ter feito pensando em um cara que não era o meu namorado. Caramba, será que é possível alguém ir para o inferno duas vezes?

— Amelie? Amelie, estou falando com você.  — a voz de mamãe assustou-me, fazendo com eu erguesse a cabeça bem rápido.

— Desculpe, o que disse?  — com uma passada de mão pela testa, eu voltei dos pensamentos importunos. Notei que estava com os braços cruzados em cima da mesa, fitando um pedaço de bolo intacto.

— Sebastian a convidou para andar a cavalo depois do café, vai ser bom conhecer as instalações novas da fazenda, não acha?

— Ah, sim. Vai ser legal.

Fiquei triste por não esboçar empolgação, às vezes eu me sentia a pior pessoa do mundo.

Eu nunca havia montado em um cavalo, como aquilo poderia ser legal?

 

— Essa coisa vai me matar.  — pronunciei assim que olhei para o animal a minha frente.

O garanhão de pelo marrom balançava o rabo negro de um lado para o outro dentro de seu estábulo, pronto a atacar o primeiro de ousasse montá-lo. Sebastian riu da minha cara.

— Não é essa coisa, o nome dele é Ridley.  — ele alisou a crina do cavalo e o animal pareceu gostar.  — E ele não vai te matar, Ridley é o cara mais simpático que temos aqui.

— Isso não me faz acreditar que não serei jogada longe.  — pousei as mãos na cintura, recuando dois passos.

— Confie em mim, você vai sobreviver. Dê uma chance a ele.  — Sebastian se afastou para que eu me aproximasse do bicho.

Suspirei e tomei coragem.

— Muito prazer, Ridley, eu sou a Amelie.  — cuidadosamente passei a mão pelo chanfro, sentindo-o bufar.  — Prometa que será bonzinho comigo.  — vi-o piscar e balançar ainda mais o rabo, olhei sorrindo para Sebastian.  — Acho que posso fazer isso.

— Tenho certeza que sim.

Dois cavalos foram preparados devidamente, depois de prontos Sebastian me ajudou a subir e montar em Ridley e fez o mesmo com o seu.

Começamos a trotar devagar, Sebastian ao meu lado e eu paralisada em cima do animal. Seguimos por uma estradinha, passando entre o verde das plantações, sentindo o aroma das flores. Os primeiros minutos foram silenciosos, terminando apenas quando meu primo comentou:

— Você costumava gostar de passar uns dias aqui quando era pequena.

— Eu ainda gosto.  — corrigi-o.

— Sério? Seu corpo está aqui, mas você parece estar em outro lugar.

O quanto eu deixava transparecer aquilo?

— Apenas alguns problemas femininos, não é grande coisa.  — não o encarei enquanto conversávamos.

— Isso é saudade do namorado? Não aguenta ficar algumas horas sem ele?

Se eu não estivesse com tanto medo, eu teria colocado Ridley para correr e deixaria aquele imbecil sozinho. Será que eu não podia passar dois míseros dias sem ouvir seu nome?

— Ele está ingressando na faculdade, né? 

— Podemos não falar sobre Andrew?  — cortei com a voz ríspida.

— Claro, foi mal.

Cogitei pedir desculpas, mas a minha paciência estava no zero. Sempre quando conversavam comigo, era para falar sobre Andrew. O que Andrew está fazendo? Como Andrew está? Andrew vai para a faculdade? Andrew isso... Andrew aquilo... Porque nunca perguntavam quais os meus planos, o que eu queria para o futuro, os meus desejos. Nunca era assim. Andrew ficava a minha frente e eu era apenas a sua sombra.

O silencio reinou, observei a direção oposta sentindo o vento soprar em meu rosto, provocando uma sensação gostosa. Pedi a Sebastian para que voltássemos cerca de vinte minutos mais tarde.

De volta ao casarão, encontrei mamãe do lado de fora, com uma tela e tintas ao seu redor. Aproximei-me dela, sendo logo questionada:

— Como foi o passeio?

— Quase bom.  — respondi e ela me encarou, o pincel suspenso no ar.

— Você é inacreditável, Amelie.  — mamãe balançou a cabeça e voltou ao trabalho.

— Vou para o quarto, preciso terminar de ler o meu livro.  — falei já me afastando.  — Só me chama quando for a hora de ir embora.

Noemia riu.

 

Sentei na beirada da janela, com o livro aberto em meu colo, o fone de ouvido no ultimo volume, avulsa a tudo em meu enlace. Por alguma razão, eu não conseguia me concentrar plenamente, reli o parágrafo três vezes para obter sentido.

Fiquei nessa praticamente o dia todo; um livro, musica e eu naquele quarto. Ninguém bateu na porta para me atrapalhar e eu pude, após um imenso esforço para afastar os devaneios, dedicar-me a leitura.

As horas passaram mais depressa do que eu imaginava, quando o fim da tarde caiu, meu estomago reclamou de fome e só então eu abandonei a minha cúpula.

O jantar foi servido em fartura novamente, tanta comida que acabei ficando em duvida com o que escolher. A conversa se estendeu e dessa vez eu pude participar mais. Papai contava suas piadas sem graça, eu ria para não deixa-lo envergonhado. Tia Edith nos falou a respeito da cirurgia e eu assentia para afirmar que prestava atenção.

Fomos todos para os aposentos uma hora depois. Incrivelmente, eu dormi rápido naquela noite, foi deitar e apagar. Nada de sonhos, nada de fantasias, relaxei tanto que no dia seguinte fui a ultima a acordar.

[...]

Finalmente a manhã de sábado chegara e nós íamos embora. Enquanto papai terminava de colocar a ultima mala no carro, mamãe se despedia de Tia Edith.

— Por favor, diga que irão passar o Natal conosco.

— Faremos o possível, Noemia, acho que estarei recuperada até lá.  — elas trocaram um abraço.  — Você também, Amelie.  — ela abriu os braços para mim.  — Não demore a nos visitar, hein.

— Certo.  — sorri e me afastei.

Após os abraços, entramos no carro, papai deu partida e eu acenei para o que ficavam para trás.

 

Na metade do caminho eu chequei o celular, as mensagens e ligações perdidas de Andrew passavam das vinte. Todas ignoradas. Durante os quase três dias, eu sequer lhe dei sinal de vida. Sei que ele ficaria puto comigo, mas eu não tinha a mínima vontade de respondê-lo.

Os meus martírios vidravam somente em Shawn Mendes. Por mais que eu inundasse a minha cabeça com outras coisas, ele sempre estava . Não importa o quanto eu tentasse, no final eu estaria pensando nele. Isso me incomodava e ocasionava uma crise de ansiedade, ao ponto de eu ofegar. Desci o vidro para pegar um pouco, isso não era normal. Ou eu estava adoecendo ou enlouquecendo.

Ou os dois.

Mamãe começou a falar sobre sua exposição no dia seguinte e a passar creme nas mãos.

— Fico feliz que estarão lá comigo, não é sempre que tenho meu marido e minha filha me prestigiando.

— Vai ser ótimo para nós também, querida. Não é, Amelie?  — ele me encarou através do retrovisor.

— Com certeza, aposto que irão adorar o seu trabalho.  — respondi com sinceridade.

— Obrigada, amo vocês.

Eles continuaram o dialogo e eu me calei no banco de trás.

[...]

O despertador alto me fez quase cair da cama com um susto, desativei-o após tatear o travesseiro em busca do aparelho. Levantei de uma vez ou acabaria dormindo de novo. Fui direto para o banheiro, tomei banho sem molhar os cabelos e depois voltei para o quarto enrolada em uma toalha. Escolhi uma roupa — vestido preto de alça, ele descia justo e se soltava indo até a metade das coxas —, calcei sapatilhas também pretas, soltei o cabelo e passei gloss de morango nos lábios. Assim que terminei de dar uma voltinha em frente ao espelho, meu celular vibrou com uma mensagem de Andrew.

Podemos conversar? Não aguento ficar
     nesse clima chato com vc.

Revirei os olhos, mas cedi. Eu aceitaria suas desculpas mais uma vez. Resolvi responder:

Estou indo para o centro comunitário com meus pais.
Pq não aparece por lá?

A resposta foi apenas um ‘’estarei lá’’, suspirei e joguei o celular na bolsa. Antes dei mais uma olhada no espelho e sorri. Meus pais já me esperavam no andar de baixo quando eu desci a escada. Papai atentava para o relógio de pulso e mamãe falava ao telefone quase gritando que já estava a caminho.

Impressionante como ela nunca transparecia nervosismo ou insegurança, mamãe era confiante, eu a invejava por isso. Ao contrario dela, eu era frágil.

— Estamos prontos?  — ela perguntou, finalizando a ligação.

Concordamos e saímos.

 

Mamãe não parou de falar o caminho inteiro, eu estava feliz por ela, mas Noemia começava a me dar dor de cabeça. Seu celular não parou de tocar um minuto, até papai deve ter se incomodado. Com sorte, chegamos ao Centro meia hora depois. Ela foi a primeira a descer do carro, tirando os óculos escuros e sorrindo.

O Centro Comunitário Haitch oferecia diariamente atividades gratuitas para mais de três mil pessoas, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos — palavras da minha mãe. Naquela manhã, as pessoas chegavam sorridentes, a maioria delas jovens. O lugar era enorme, na frente um outdoor nos apresentava o Haitch.

Na entrada, duas moças entregavam folders com toda a programação do dia, horários de apresentações e palestras, as atividades depostas em cada sala, tudo inclusive banheiros e saída de emergência. Rodei os olhos para o panfleto branco, dobrado em três, as coisas pareciam interessantes ali, fiquei curiosa para visitar cada uma.

A exposição de mamãe começaria dali uma hora, eu teria tempo de sobra para explorar todo o centro.

— Tudo bem se eu for dar uma volta por ai? Prometo estar com você daqui a pouco.  — falei para mamãe.

— Claro, amor, você vai adorar esse lugar. Divirta-se.  — ela deu umas tapinhas em meu ombro.

— Vejo vocês depois.  — despedi-me.

Quase dez horas e o Haitch praticamente estava lotado. Andei um pouco, passei por algumas pessoas e cheguei a um amplo espaço reservado para as performances de danças. Uma musica eletrônica soava enquanto alguns dançarinos se alongavam. Esperei até a apresentação começar, um circulo se formou para assistir os rapazes dançarem o hip-hop mixado com outros estilos. Eles davam piruetas e faziam charme para a plateia. O aplauso foi unanime no final.

Outras apresentações viriam, mas decidi rumar para outro lado. Lendo o panfleto, encontrei sessões de cinema, rodas de leitura, grupos sócio-educativos, programas de atendimento a família, aulas de artesanato e culinária, cabeleireiro e também de ginástica. Na parte de esportes, futebol e vôlei. Caminhei, parando um pouco em cada lugar.

Conhecendo parte do térreo, eu subi para o primeiro andar, ali também estava cheio. Examinei um painel decorado com fotografias de sorrisos, foi impossível não sorrir também.

O som suave de um violão atingiu os meus ouvidos e tirou-me o foco do painel. Marchei em direção ao sonido. A sala era a ultima do corredor, desviei das pessoas para alcançá-la. Preso a parede, um cartaz com letras garrafais brancas e um fundo vermelho, lia-se:

AULA DE MUSICA
            INICIO ÁS 11:00

O som perdurou e cessou segundos depois, esperei mais alguns para colocar a cabeça na porta e espiar a sala. Havia outra porta na extremidade oposta e quem quer que estivesse tocando, saiu por lá. Sem segurar o esmero, dei alguns passos para dentro do ambiente, a mão apoiada no batente da porta.

Puffs coloridos e redondos se espalhavam pelo chão, de forma que pareciam espectadores para os instrumentos. Meia dúzia de guitarras, dois violões, uma bateria e um piano. Driblando os estofadinhos, eu me aproximei da parafernália.

Passei os dedos pelas teclas do piano e apertei uma por curiosidade, rodei os olhos pela sala para certificar que ninguém havia entrado. Ao dar passos para alcançar os instrumentos de corda e contornar os detalhes de uma guitarra, eu acabei me distraindo e não notei que o alguém estava de volta. Isso só foi possível quando o aviso foi proferido:

— A aula ainda não começou.

Meu corpo encolheu devido ao susto, o sangue zumbindo em meus ouvidos deixando-me inteiramente envergonhada. Céus, eu odiava aquele tipo de situação. Mantive a cabeça baixa.

— Desculpe, não quis ser invasiva.  — sussurrei e dei meia volta para sair o mais rápido dali.

— Eu estou brincando, Amelie.

Parei antes da segunda pisada, engoli o seco, uma pitada de assombro me possuindo. Primeiro porque o estranho sabia o meu nome e porque só existia um estranho que me causava aquele tipo de estarrecimento ao chamar-me pela designação.

Compassadamente virei o corpo para o individuo, já sentindo o leve atordoo. Mesmo que eu não o tivesse visto, seria incapaz de esquecer aquela voz. Trazendo os olhos para os do outro, eu vi o quanto ele já tinha se apressado e dado os passos em direção a mim. Levei uns segundos para processar o achegamento.

— Foi mal, não devia ter dito isso.  — ele notou a minha expressão de pânico e tentou me acalmar.  — Relaxa, não tem problema algum você estar aqui.

— Você me assustou de verdade.  — repousei os ombros e tomei coragem para sorrir.  — O que faz aqui, Shawn?

— Vou dar a aula de musica e você? Veio visitar o centro?  — ele sorriu também, exibindo a bela fileira de dentes brancos, os olhos se fechando minimamente ao curvar de seus lábios.

— Mais ou menos.  — sacudi a cabeça para buscar o foco.  — Minha mãe organiza uma exposição de Arte, eu só estou acompanhando.

— Legal.  — disse.  — Então, quer ser a primeira aluna do dia?  — o convite em encabulou ainda mais.

— O quê? Não, nem pensar, não tenho coordenação motora pra isso.

— Já tentou alguma vez?  — neguei.  — Como pode dizer que não consegue?  — ele ergueu a sobrancelha como se esperasse uma boa resposta. Droga, eu não tinha uma.

— Eu sei quando não sou boa em algo.

— Vamos testar a sua afirmação.  — ele maneou a cabeça e buscou um puff para que eu me sentasse e um violão.

Sem querer, eu obedeci, sentindo-me uma criança no primário. Shawn me entregou o violão preto e puxou outro puff para sentar a minha frente, mesmo assim ele continuava mais alto do que eu.

— São todos seus?  — referi-me aos instrumentos.

— A bateria e o piano não, infelizmente.  — lamentou.

— Sabe tocá-los?

— Ainda preciso melhorar na bateria.  — explicou.  — Vamos iniciar essa aula.

— Você vai rir de mim.

— Porque eu faria isso, Amelie?

— Por que as pessoas acham engraçado caçoar da dificuldade alheia.

— Não é engraçado, é desrespeitoso. Eu jamais tiraria sarro por você não saber fazer algo.

— Acho bom, senão nunca mais apareço em suas aulas.  — brinquei.

— Confie em mim.

Sustentei o violão na perna e passei as mãos por ele. Shawn elucidava onde eu deveria posicionar-me e os nomes das peças. Os dedos desajeitados passaram pelas cordas, fazendo um barulho enfadonho.

— Eita!  — murmurei e ele deu risada.  — Viu só? Você está rindo de mim.

— Não é isso.  — manteve o sorrisinho de canto.  — Você está com medo do violão, Amelie, não vai funcionar assim. Você tem que senti-lo. Deixa eu te mostrar.

Entreguei o violão, ele o segurou com confiança. Delicadamente e com maestria, fez soar uma melodia calma e doce. Shawn olhava atentamente, como se tivesse um tesouro fino e raro nos braços. Os lábios se moveram, certamente cantarolava mentalmente, sem emitir som algum.

Admira-lo ocorria de forma tão involuntária, que eu me peguei fazendo isso naquele instante. Era prazeroso assistir os dedos compridos tocando, ou ver as veias saltadas em seu braço. O cabelo bem penteado para cima, os olhos atentivos ao objeto. A pele branca em contraste com as vestes pretas, a dualidade perfeita. Até mesmo os pequenos detalhes como uma breve abertura na gola da camisa e o anel no dedo médio direito... tudo nele era atrativo.

Eu não era assim! Geralmente observar alguém era a ultima coisa que eu fazia. Contudo, tratando-se de Shawn Mendes, esse principio não se aplicava. Eu gostava de observá-lo, gravar os traços, os movimentos ou a roupa que ele usava. Era tão simples que se tornava único e precioso.

A consonância serena foi a trilha sonora da minha divagação. Eu queria perguntar o que ele achava de mim, será que e era tão fascinante como ele era pra mim? Ou não passava de uma garotinha sem graça?

Como se lesse os meus pensamentos conflitantes, ele parou a sinfonia e me encarou com uma expressão divertida.

— O que achou?  — passou a mão pela perna e segurou o violão com a outra.

— É lindo... quando você o faz. Prefiro continuar aprendendo Espanhol, é menos complicado para mim.

— Isso parece complicado para mim.  — o cenho franziu.

— Já tentou alguma vez?  — engrossei um pouco a voz para imitá-lo.

— Certo, você me pegou.  — rimos ao mesmo tempo, e ai ficamos em silencio. Shawn me fitando sério, questionei-me se ele também me inspecionava.

Se os olhos castanhos percorriam o meu corpo, memorizando as particularidades. Não. Shawn era respeitador demais para tamanha ousadia, e se fazia isso, fazia discretamente. O que me aporrinhava por que ele tinha um controle que inexistia em mim.

— O machucado sumiu.  — os dedos acariciaram minha testa, exatamente como fez há sete dias.

— Ainda bem, aquilo estava horrível.  — tive que desviar o olhar por segundos.

Quando ele ia quebrar o contato, eu segurei seu punho. Shawn não se moveu.

— Doeu?  — perguntei enquanto contornava as formas da tatuagem em seu braço.

— Sim, mas nada insuportável.  — senti que ele queria distanciar-se. Será que o toque o desconfortava?

— É bonita.  — tracei uma linha até os seus dedos, virando o braço e descansando a palma centímetros acima do joelho. Os dedos ficando, perigosamente, embaixo da barra do vestido.

Sua pele quente e macia deixou a minha em chamas.

— Você tem outras?  — umedeci os lábios bem devagar, louca com a proximidade.

— Essa é a única, Amelie.  — não havia resquício de abalo em sua voz. O quanto de autocontrole aquele homem tinha?

Sem jeito, ele tirou o violão do colo, os dedos em mim escorregaram para o lado e o meu corpo tencionou inteiro para frente, essa brecha eu não queria permitir surgir. Aquilo demonstrava o quanto ele me afetava e em contradição, Shawn parecia não sentir nada. Porque ele não se intimidava? Porque não exibia um sinal de perturbação?

Pronta para perguntar qual era o seu problema, eu abri a boca, só que ao constatar que seu rosto vinha na reta do meu, qualquer ruído ficou preso na garganta.

O perfume masculino me inebriou, os dedos astutos entraram mais pelo vestido, apagando qualquer vestígio de raciocínio que eu possuía.

E então, quando apenas um fio nos separava, Mendes parou e rodou o polegar, gentilmente, por minha pele aquecida.

— A aula vai começar, Amelie.  — e nisso ele se levantou e levou consigo o toque deleitante.

Filho da puta desgraçado do caralho.

Encarei seu assento, enfurecida e inconformada. Como ele era capaz de tal coisa? O que aquele demônio estava fazendo comigo?

Vozes de crianças preencheram a sala e eu tratei de me acalmar. Elas ocuparam os puffs coloridos e algumas o próprio chão. Contei vinte e cinco delas, de olhos brilhando para os instrumentos. Pensei em sair, mas por algum motivo, eu não queria deixá-lo, era bom estar com Shawn, mesmo enfrentando um furacão de emoções. Puxei o meu assento para o fundo, e assim obtive a vista panorâmica do ambiente.

Shawn permaneceu em pé, primeiramente perguntando o nome de cada um, as crianças de seis a oito anos responderam animadas. Ele conversou com elas sobre o gênero musical, cantor e instrumento favorito. Ele era definitivamente bom.

Cheguei a pensar que sua atenção estava avessa a mim, mas Shawn lançou-me uma piscadela, arrancando um sorriso meu em retorno. Foi bom saber que mesmo entretido, ele tinha ciência da minha presença.

Ele distribuiu os violões e as guitarras, ficando com uma para si. O que os tinham, formaram uma retilínea em sua frente, os outros sentados aguardavam ansiosos a suas vezes.

Durante a sua dedicatória, nossos olhares se cruzaram justamente quando eu cruzava a perna e jogava o cabelo para trás. Seu vislumbre demorou um pouco mais na região em que o vestido não cobria. Aproveitei para raspar as unhas ali, erguendo a peça preta e consentindo que ele enxergasse a lateral da minha coxa.

Shawn pigarreou e coçou a nuca. Não me atrevi, pelo contrario, permaneci com a feição insonte, prestando atenção em seus ensinamentos.

 

Ao final da aula, as crianças reclamaram por mais tempo. Felizmente uma moça que trabalhava lá, levou-as embora após Shawn prometer que voltaria qualquer dia desses. Com a sala vazia, eu me levantei e caminhei até Shawn, que terminava que organizar as guitarras nos suportes. Ergueu a cabeça para falar comigo.

— Isso foi divertido.

— Você leva jeito com crianças.  — comentei.  — Bom... acho que eu vou indo, tem umas coisinhas que gostaria de ver.

— Se importa se eu lhe fizer companhia?  — a interrogação foi tímida.

— Claro que não.  — afirmação soou mais entusiasmada do que deveria.

Fechamos a porta ao sair, ele caminhou ao me lado, o silencio entre nós e o a barulho a nossa volta, suas mãos permaneceram nos bolsos da calça. Descemos para o térreo, onde acontecia a apresentação de uma musica traduzida em Libras, paramos para assistir. O numero de pessoas havia dobrado.

Sai com Shawn antes que acabasse, entramos em varias salinhas. Todas as palavras que trocamos até ali, foram ‘’legal, bacana, interessante’’. Porque isso acontecia? Em um segundo eu ficava prestes a arrancar minhas roupas e gritar, já no seguinte, eu só queria conversar sobre qualquer banalidade e rir com ele.

Chegamos a uma sala com bexigas coloridas presas a porta, foi só aparecermos que fomos surpreendidos por uma mulher alta com trajes de ginástica.

— Por favor, não tenham vergonha, dancem conosco.  — ela nos puxou pelas mãos e soltou ao estarmos dentro da sala espelhada.  — Eu sou Grace e vocês?

— Amelie.

— Shawn.

— É um prazer, Amelie e Shawn.  — ela sorriu.  — Oferecemos aula de dança para casais aqui. Porque não se juntam a nós?

— Hm, eu não danço.  — Shawn se pronunciou.

— Vamos tentar sim, será legal.  — tomei a frente.

— Ótimo, fiquem a vontade.  — Grace nos deu espaço.

Senti-o fuzilar-me com o olhar, virei o corpo para o dele.

— Isso vai compensar a vergonha que me fez passar com o violão.

— Ninguém estava vendo, Amelie.  — ele apontou para os casais que dançavam.  

— Não vai ser tão ruim assim.  — aproximei-me pousando a mão em seu peito, ele subiu o olhar dela para o meu.

— Você é realmente impossível.

Sem saída, ele circulou a minha cintura e entrelaçou nossas mãos livres, um gesto tão trivial, mas que me fez tremer. Ficamos um tempo naquela posição, um encarando o outro sem dizer absolutamente nada, até Grace colocar outra musica e chamar nossa atenção: ‘’dancem, dancem’’.

Ele disse que tem muito dinheiro
Querido, ele não pode comprar meu amor
É com você que eu estou sonhando

Nossos pés se moveram lentamente, para um lado para o outro. Eu queria que ele não notasse, mesmo impossivelmente, que as minha mão estava suando ou que a minha respiração entrava e saia com complexidade.

— Porque o Espanhol?  — perguntou de repente.  — Porque decidiu aprender Espanhol em meio a tantos idiomas?

Custei a encontrar palavras para replicá-lo, nem mesmo os meus pais me perguntaram aquilo. Somente eu e a pessoa responsável por meu amor pelo idioma sabíamos o porquê.

— Minha avó materna é fluente em cinco idiomas, quando eu era pequena ela me apresentou a todos, mas o Espanhol foi o que me conquistou. Comecei a estudar há um tempo.  — expliquei.  — É a única coisa que acredito ser boa.

— Não pode estar falando sério.  — me repreendeu.  — Você deve ter muitos dons aí dentro. Pare de falar essas coisas.

— Estou sendo realista, Shawn, realista.  — terminei de falar e ele me girou, o vestido rodou no ar e eu dei risada, voltando encolhida para seus braços. Nossas mãos não se deram, agora eu encostei a bochecha no peito masculino e ele segurou-me pelas costas.  — Como você se interessou pela musica?

— Acho que eu já nasci com ela, isso não tem explicação. Só piorou quando eu ganhei o primeiro violão.  — a sua maneira de falar era encantadora. Foi aconchegante tê-lo tão perto e mais um pouquinho de altura, seu pescoço ficaria acessível para mim. Espera, o que?   — Não consigo me imaginar fazendo algo que não envolva a musica, sabe?

— Uhum.  — balancei de leve a cabeça.  — Eu queria ser assim, fazer o que eu amo. O problema é que eu não sei o que amo.

— Profissionalmente?

— Também.  — admiti.

Tentam me fazer apaixonar
Mas você tem aquela indecência
E é isso que eu quero

Vi-o segurar o lábio inferior entre os dentes, guiando-nos na dança. Suspirei com os braços me envolvendo em uma espécie de amplexo, estar ali era insólito, seguro, calmo e quente. Eu quis mandar um recado para os meus neurônios dizendo que gostar daquilo era errado, eu não podia. Também quis correr, mas algo diabólico me mantinha asida a ele, os pés pesando chumbo me impossibilitando.

— Você faz tanta coisa legal, Shawn, você toca, você ensina, você é DJ e eu aqui, tentando encontrar algo.  — seu riso me fez erguer a cabeça.  — Quer dizer, eu tenho 19 anos, já deveria saber que profissão combina comigo, com quem vou me casar ou quantos filhos terei? Isso é um absurdo, eu fico indecisa até na escolha de um filme para assistir.

— Amelie...  — foi a vez de ele balançar a cabeça, ainda rindo.

— Desculpe, não deveria estar desabafando dessa forma.  — me apressei a falar.

— Não, eu gosto de te ouvir.  — se eu não estivesse louca, eu poderia dizer que vi seu rosto avermelhar, não muito diferente do meu.  — Você é jovem, Amelie, não deixe essa pressão torturar você.

— Não é tão fácil quanto parece. Família, amigos... todos esperam um pouco de você. E se eu não tiver nada para oferecer?

— Você não tem que provar nada para ninguém, somente para si mesma. Não perca seu tempo tentando agradar as pessoas erradas, no momento certo você se encontra no lugar certo fazendo a coisa certa.  — achei graça de seu vocábulo.

— Confesso que eu esperava ouvir algo como ‘’ouça seu coração’’ ou ‘’faça o que tem vontade de fazer’’, isso é chato porque é o que qualquer um diz,

— Que bom que eu não disse então, não quero ser um chato.

— Se tivesse dito, você não mudaria no meu conceito.

— E como eu sou em seu conceito?  — a curiosidade em seu olhar era evidente.

Agora eu estou lidando com esses meninos
Quando eu realmente preciso de um homem

Afastei-me, dançando sozinha enquanto ele me olhava aguardando sua resposta. Rebolei um pouco o quadril, a alça esquerda do meu vestido caiu para o lado e não fiz menção de ajeita-la. Tive que dar uma voltinha, o ritmo da musica me permitia tal movimento. Mordi o lábio enquanto voltava para ele; agarrei a lateral do vestido e cada passo, eu o subia mais. O sorriso de Shawn desapareceu. Não soube muito bem o que estava fazendo, nem liguei para o fato de que não estávamos sozinhos, para mim tudo o que existia era Shawn Mendes e seu olhar sedento.

Finalmente juntei-nos outra vez, traspassando os braços por seu pescoço, quase ficando na ponta dos pés para isso.

— Você é ótimo, Shawn. Inteligente, engraçado, educado e, esquisitamente, gosta de me ouvir.  — falei como se fosse a coisa mais inaceitável do mundo, ele riu.

— Não sou ótimo, sou excelente.  — vangloriou-se.  — Na verdade, estou longe de ser, mas obrigado.

— Você tem um conceito sobre mim?  — eu tinha que perguntar, ainda que o retruque me desse medo.

Ele apertou-me contra seu corpo, curvando a cabeça para colar a bochecha na minha, sua respiração batia em meu ombro nu, o arrepio me causou fraqueza. Brinquei com os fios de cabelo macio em sua nuca. Santo Deus, perdoe o meu pecado. Ainda nos movimentando, ele sussurrou:

— Você é quase impossível de descrever, Amelie. Não é tão frágil quanto aparenta ser, sabe sim o que quer, caso contrario já teria percebido onde se meteu e se arrependeria.  — por tudo o que existia de mais sagrado, será que ele tinha noção do efeito que causava? Será que ele podia ouvir o meu coração metralhando?

Não podem me amar como você
Ontem à noite eu estava deitada na cama, tão triste

Porque eu percebi a verdade

Sem avisos, Shawn me abaixou naquela cena típica de final de dança. Meus braços agarrando seu pescoço, o rosto a um filete do meu. Ele segurou minha perna, fazendo-a enlaçar o seu quadril. Um clichê de filme romântico.

Eu nunca amei tanto um clichê.

— Mas você é boa em uma coisa, Amelie.  — os lábios parquearam na curvatura dos meus seios, perdi o compasso do processo da respiração.  — Você tira o meu juízo como ninguém.

A musica parou e tudo o que ele fez foi depositar um beijo em minha pele exposta, subir os dedos por meu braço e colocar a alça do vestido no lugar, arfei alto. Ao nos endireitarmos, eu traguei o ar desesperadamente, fui obrigada a me desvencilhar dele. Não sei se eu deveria ter dito algo ou alegar que ele também tirava o meu, entretanto minha única reação foi petrificar.

Grace gritou para elogiar os alunos e para anunciar outra musica em um novo ritmo. As coisas voltaram ao eixo e então eu lembrei-me de mamãe e de sua exposição, a qual eu prometera aparecer sabe Deus quanto tempo atrás.

— Eu me esqueci da minha mãe.  — comentei para ele com os olhos altamente arregalados.  — Eu me esqueci da minha própria mãe, Shawn. Preciso encontrá-la. Agora.

O bom de ter saído correndo, foi não ter encerrado por enquanto aquele assunto alvoroçante. Eu sabia que ele estava atrás de mim, e não explico como eu conseguia correr sendo que minhas pernas pareciam dormentes.

Cheguei onde a exposição ocorria, encontrei meus pais e corri para falar com eles. Mendes prostrou-se ao meu lado.

— Me desculpem, eu acabei... perdendo a hora.  — falei ofegante.  — Quanto atrasada eu estou?

— Quase uma hora e meia.  — mamãe falou e eu esperei a bronca.  — Mas tudo bem, fico feliz que tenha ao menos conhecido o Centro.

— É claro.  — relaxei e percebi que os dois olhavam para Shawn.  — Hm, pessoal esse é o Shawn. Shawn, esses são meus pais, Noemia e Arthur.

Eles se cumprimentaram.

— Como vai?  — papai sorriu.

— É um prazer, Shawn.  — Noemia soltou sua mão.

— Igualmente.  — respondeu.

— Andrew estava procurando por você, pensei que haviam se encontrado. — Arthur adicionou.

— Andrew está aqui?  — o mais engraçado foi Shawn fazer a mesma pergunta e ao mesmo tempo. Não sei qual de nós ficou mais sem graça.

Droga, a mensagem! Como eu me esqueci de Andrew também?

Quem tirava o juízo de quem ali?

— Tudo bem, vou atrás dele.  — pronunciei.

— Não vai ser necessário.  — Shawn apontou por cima do meu ombro, e eu me virei encontrando Andrew caminhando para nós.

Mamãe inventou que iria falar com algumas pessoas e papai a acompanhou, Shawn não moveu um músculo.

— Ai está você, por onde andou? Quase não te encontro.  — ele se aproximou e passou o braço por meus ombros.  — Shawn? Por aqui também?

— Qual a probabilidade de estarmos todos no mesmo lugar?  — seu sarcasmo me surpreendeu.

— Shawn faz um trabalho incrível, acabamos nos encontrando.

— Sei.  — Andrew me virou.  — Como foi a viagem? Eu senti saudades.  — ele me beijou antes que eu pensasse no que responder, teria o parado se não visse Shawn desviar o olhar e trocar o peso de uma perna para outra.

— Também senti.  — menti descaradamente, fingindo arrumar alguns fios de seu cabelo.  — A viagem foi ótima.

— E então, Shawn...  — ele o encarou novamente.  — Alguma festa para o próximo fim de semana.

— Te aviso se aparecer alguma.  — curto e grosso.

Os dois iniciaram uma conversa rápida, Mendes sempre usando o sarcasmo para responder e Andrew nem deve ter notado. Shawn não trocou um olhar comigo durante o converso. Estranhei seu comportamento, esbarrando com apenas um motivo: ele estava com ciúmes.

Demorei a acreditar na cogitação, todavia não havia nada mais plausível. Então o que o oscilava era eu estar com Andrew? Para ter a confirmação, eu me aninhei nos braços do meu namorado, brincando com os dedos em seu pescoço. Shawn apertou os lábios um no outro e massageou a nuca. Se aquilo não significava incomodo com a cena, eu estava mesmo enlouquecendo.

— Preciso ir agora, foi bom ver você.  — captei a falta do plural e senti que ele não se referia a Andrew.

— Firmeza, cara.  — eles trocaram um aceno.

— Se cuida, Shawn.  — eu não queria me despedir, não queria deixá-lo, e se eu não visse nunca mais? O pesar das palavras caiu sobre mim, senti vontade de pedir para que ele ficasse, que falasse mais sobre musica, que me abraçasse e provocasse arrepios em meu corpo.

— Você também, Amelie.  — e ele se foi. Passos largos até a porta, sem exibir aquele sorriso bonito.

Fiquei ao leu, com Andrew tagarelando sobre uma merda de carro novo. Inexplicavelmente, eu me encontrei de mau humor. Queria ir embora, os braços de Andrew me irritavam, sua voz me deu náuseas, de repente a graça do dia se esvaiu.

— Quer sair um pouco daqui?  — foi a coisa mais legal que ele disse até ali.

— Por favor.

Saímos para uma sorveteria próxima ao Haitch, contei-lhe como fora a viagem e ele embalou o assunto do carro no meio. Comi meu morango com leite condensado em silencio, trancando a mente para seus comentários.

Isso foi horrível.

Eu sei.

[...]

Pelo resto do domingo, eu fiquei trancanda no quarto. Ora lendo outrora jogada na cama encarando o teto. Andrew e eu não comentamos sobre a quase briga que tivemos, o que foi bom, pois eu não estava a fim de gastar saliva com aquilo.

 Quase sete da noite, checando as redes sociais no celular, eu me deparei com o contato de Shawn. O dedo coçando para ligar e perguntar como ele estava e ouvir sua voz. No final, eu me acovardei. Afundei o rosto no travesseiro e abafei um grito.

Eu precisava entender o que era toda aquela balburdia em mim. Aquela coisa de esquecer o mundo quando estou com Shawn...

Sei que estava infectada por algum tipo de doença ainda não diagnosticada, eu não estava em mim, não tinha controle das minhas ações e menos das falas. Eu estava indo contra os meus princípios, contra minha honra e simplesmente não conseguia parar. Os freios da insensatez não funcionavam, a insanidade me dirigia.

Shawn tinha razão; eu sabia o que queria. Não tudo, mas eu tinha certeza de algo e não podia negar.

Eu sabia que o queria perto.

Muito perto.  

 


Notas Finais


Ufa, acabou! Eu me empolgo tanto escrevendo Trouble que mal percebo quando passam das 5.000 palavras. Gostaria de saber o que vocês acham de capítulos longos, porque eu sei que às vezes é cansativo e eu tenho essa mania de descrever de mais. Por a fanfic ser curta, no máximo 16 capítulos, eu acredito ser bacana ter capítulos maiores. Enfim, me falem o que pensam ;) Espero que tenham gostado, anjos, e qualquer coisa falem comigo por MP ou pelo twitter: http://twitter.com/WALKERSTITCHES Até o próximo.


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