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História Trouble - Capítulo 08.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


CÊS PENSARAM QUE NÃO IA TER CAPÍTULO NOVO HOJE, NÉ?
Olá, amores, como vocês estão? Já quero pedir desculpas pela demora, meu notebook quebrou, precisei mandá-lo para o conserto só ontem consegui pegá-lo, isso me atrasou muito. Desculpa mesmo, galera!!!
Primeiro capítulo de 2017 hoho Quero agradecer por todos os comentários e pelos novos leitores que estão chegando, amo escrever para vocês. Perdão por ter sido tão malvada e terminado o 07 daquela forma, mas o suspense é tudo, gente! Enfim, aqui estamos, espero que vocês gostem e se encontrarem algum erro, não deixem de me avisar. Ótima leitura a todos.

Capítulo 8 - Capítulo 08.


Fanfic / Fanfiction Trouble - Capítulo 08.

Capítulo 08.

Senti que eu estava prestes a entrar em combustão. As mãos de Shawn me seguravam com firmeza, as minhas espalmavam-se em seu peito, meu cabelo cobria metade do meu rosto e eu preferi não pensar qual a expressão ostentava no instante. Ele me encarava sério, fiquei até com medo de dizer algo e provocá-lo. Mas no fundo, eu ansiava para ver aquele homem fora de controle.

— O que você quer?  — repeti. Debati-me contra ele e Shawn me soltou. Recuei alguns passos, segurando no corrimão da escada, pronta a correr a qualquer instante.

— Porque não atendeu as minhas ligações?

A resposta não era obvia? Não queria ouvi-lo nem vê-lo, não queria que o desejo de beijá-lo novamente aparecesse — se bem que nunca deve ter desaparecido.

— Fiquei preocupado, Amelie. Pensei que não quisesse mais me ver. — aquilo também o apoquentava?  — Você saiu correndo daquele jeito como se eu fosse te bater.

— Eu estava, quer dizer, eu estou envergonhada e você deveria saber disso, Shawn.  — tentei não encará-lo, mantendo o olhar baixo enquanto falava.

— Vergonha do quê, Amelie?

Ele, por acaso, estava brincando comigo? Precisei olhá-lo desnorteada. Era possível que ele estivesse ainda mais bonito? Como sempre, vestia preto; a camisa meio transparente permitia que eu admirasse a brancura dos músculos bem definidos ali embaixo. E de repente meu corpo esquentou, a voz ficou presa na garganta e mais do que nunca eu quis me jogar nos braços dele. Quando Shawn deu passos em minha direção, eu prontamente ergui a mão para detê-lo.

— Não... não se aproxime.  — pedi e, felizmente, ele obedeceu.  — Olha, Shawn, não tenho que ficar me justificando para você, tá bom? Você já me viu, sabe que estou viva, porque não vai embora logo?

— Eu deveria ir mesmo.  — seu tom se elevou.  — Você me faz ficar dias preocupado, buscando uma forma de falar contigo e quando eu finalmente consigo, você me afasta.

— Desculpe, não tinha a intenção, eu juro. Mas ainda assim, preferia não falar com você.

— Qual é o problema, Amelie? Porque não quer conversar sobre o que aconteceu?

Muitos ‘’porquês’’ para uma conversa só, pior era não ter resposta para eles. Projetei inúmeras replicas em minha cabeça, só que nenhuma delas pareceu boa o suficiente. Suspirei frustrada.

— O que espera que eu diga, Shawn? Não sei o que deu em mim naquele dia, me perdoa.  — machucava a possibilidade de ele estar bravo comigo ou considerar o osculo como um erro.

— Não há nada para ser perdoado, tentei te dizer isso, mas você simplesmente correu.  — ele apertou a ponta do nariz e deslizou a mão pelo cabelo, nervoso.  — Porra, eu não paro de pensar em você, Amelie.

A confissão me pegou desprevenida, suas palavras e expressão me fizeram vacilar. Também não paro de pensar em você, Shawn. Quis gritar para ele, dizer que não estava sozinho naquela insânia. Não movi uma fibra, entretanto.

— Não deveria ter feito aquilo.  — a voz soou curtos segundos depois.  — Não foi correto te beijar.  — beijar parecia um termo estranho e perigoso para mim.   — Certo, isso é tudo. Se me der licença, tenho coisas a fazer, eu estava ocupada antes de você chegar.

— Aham.  — ele olhou para a televisão, onde o filme continuava e em seguida para mim.  — Está se esquivando outra vez.

— Dane-se se é isso o que pensa, essa conversa não está nos levando a lugar algum.

Havia muito mais por trás de nossas palavras, falávamos e falávamos e voltávamos para o ponto de partida. Eu sabia que um dialogo não curaria nossos dilemas, precisávamos de outra coisa. E eu sabia por conta da tensão entre nós e a inquietação em minhas extremidades.

Ficar perto dele era como estar em um mar revolto de emoções. Eu poderia enlouquecer e regozijar de um instante para o outro.

— Vai embora, Shawn, por favor.  — pestanejei. Não sabia o motivo de enraivecer com ele, talvez eu não entendesse e nem aceitava o que sentia.

— Eu vou, Amelie, se é isso mesmo o que quer.  — ele ergueu os braços em rendição.  — Mas já que está me expulsando, você precisa ouvir umas verdades.

— Como assim?  — questionei.

— Acha que pode continuar com isso, Amelie? Consegue enganar a si mesma, mas não a mim.  — foi se aproximando, não tive forças para pará-lo.

— Do que é que você está falando?  — engoli o seco, os olhos castanhos perdidos nos meus. Oh, Deus!

— Você não o ama.  — praticamente gritou.  — Eu descobri em sei silencio naquela noite.  — ficou de frente para mim.  — Diga que estou errado, Amelie. Diga.

A fúria percorreu minhas veias, meu sangue zumbia nos ouvidos e esquentava as bochechas. Shawn perto demais, seu calor, seu cheiro e até seu tamanho me atrapalhavam pensar.

— Como você tem a ousadia de vim até a minha casa e dizer o que sinto ou não? Você não sabe de nada, Shawn Mendes.  — soquei seu peito e o empurrei, recebendo um sorriso jocoso dele.

— Eu digo o que estou vendo, Amelie. Porque teima em ficar com ele, se não o suporta?  — vê-lo tão irado era amedrontador e excitante.

— Cala a boca.  — outro empurro, Shawn mal se moveu.  — Cala a boca, cala a boca, cala a...

E ele calou. A minha. As mãos enlaçaram minha cintura, elevando-me centímetros do chão para me encurralar entre a parede e sua forma. Doía ter a verdade jogada na cara, minha mudez denunciando os meus sentimentos. Odiei-me pela tamanha exposição.

— Olhe para mim, Amelie.  — atendi o rogo, dando de cara com ele curvado, o rosto tão perto que o halito brigava com o meu.  — Ele não te satisfaz, não é? Não te faz feliz.

Os dedos tiraram meu cabelo da frente e escorregaram para minha mão estirada.

— Era isso o que estava tentando me contar na terça, certo?  — os dedos traiçoeiros tornaram a subir por meu braço, causando cócegas e tremeliques.

Foi ai que o polegar contornou o formato dos meus lábios. Foi ai que eu me vi entregue. O simples gesto me fez lançar a cabeça para trás, tragando o ar com dificuldade. Aquele homem seria a minha perdição.

— Quantas vezes ele já te fez gritar, Amelie? Te fez tremer?  — a voz baixa e rouca, sensual. O meio das minhas pernas formigava.  — Você sabe que posso te tratar melhor do que ele. Por isso você me provoca, por isso fode com a minha cabeça, por isso brinca comigo.

Ele suspirou, eu me arrepiei.

— É uma pena que uma garota como você não seja valorizada, que não goze devidamente.  — pasmei.  — Você está vivendo uma mentira, não tem que ser assim, Amelie. Deixe-me ajudá-la.

— Você é louco.  — qualquer tentativa de debater era inútil, me faltavam argumentos para contrariá-lo.

— Louco, Amelie? Você começa toda essa... loucura e eu sou o louco?  — desdenhou. A mão se fechou em torno do meu pescoço, sem exercer constrição.  — Me responda. Porque continua com ele se é a mim que você quer?

Como eu iria responder tal questão se eu sequer conseguia falar? Contudo, decidi que não iria deixá-lo pensar que tomava o controle da situação.

— Quem disse que eu te quero, Mendes? Não sei de onde tirou essa conclusão, mas está muito errado.   — falei depressa.  — Você é quem veio me procurar e não o contrario.  — apoiei as duas mãos na sua que se mantinha em mim.  — Porque faz tanto caso, Shawn? Foi apenas um beijo, até parece que nunca beijou alguém.

Shawn agarrou as minhas mãos e prendeu-as uma de cada lado da minha cabeça. Seu corpo colou-se ao meu, senti-o inteiro. Ofeguei.

— Você é teimosa e orgulha, como é capaz de pensar que eu não queria te beijar também, Amelie?

— O-o q-quê?  — gaguejei.

— Eu parei porque tive medo de que se arrependesse, mas você se foi sem me dar a chance de falar.  — os dedos se entrelaçaram aos meus com furor.  — Eu quero você, Amelie.

Devo ter engasgado com a própria saliva, se antes que estava prestes a explodir, ali nos braços de Shawn, eu atingia meu ápice.

— E aquilo nem foi um beijo.  — ele umedeceu os lábios.  — Isso é um beijo.

E eu não tive tempo para reflexionar.

Finalmente, ele me beijou. E caramba... nada se comprava a sensação. A exaltação tomou conta com ele pedindo passagem para explorar a minha boca. Não era delicado nem havia sensibilidade. Os lábios de Shawn esmagavam os meus impetuosamente, com obsessão e desejo.

Tinha certeza de que se ele não me amparasse, eu já teria me esparramado no chão. Minha vontade era tocá-lo, aplanar o cabelo, o peito, as costas, o... Jesus!

Meu peito fatigava durante o beijo, minhas forças esvaídas. De tão langorosa, eu conservei a boca aberta para que ele sugasse minha língua. Gemi involuntariamente. Os braços estirados acima da cabeça ocasionava uma dormência agradável.

A carência de um sutiã deixava os mamilos rijos cravejados no peito firme de Shawn. Por fim, ele me libertou, ambas as mãos acariciaram o meu rosto e foram escorregando até alcançarem a minha lateral. Levou um tempo até que eu me desse conta e atacasse-o. Voejei para o cabelo, puxando os fios macios, raspando as unhas na nuca; ele sorveu meu lábio inferior e o lambeu antes de perdurar o beijo arrebatador.

Afastei-me da parede estando na ponta dos pés, Shawn rumou para as costas, apertando minha blusa como se lutasse para não arrancar a peça do meu corpo.

Se eu pudesse emparelhar o que sentia, diria que é como quando se ouve sua musica favorita. Vontade de cantar, gritar, saltitar e rodopiar. Euforia, coração batendo tão rápido que ficava complicado respirar e dar conta da mescla de sensações. Era uma analogia boba e em outras eventualidades eu desprezaria, mas naquela hora tudo fazia sentido para mim.

O ar foi necessário, quase protestei com os lábios dele se afastando. Todavia, não me abandonaram. Shawn me aprisionou novamente, traçando uma trilha de beijos da mandíbula até o pé do ouvido. Automaticamente rocei as pernas uma na outra, eu estava ardendo. Como era possível?

Apertei as unhas em suas costas e ombros. Puta merda, eu o queria tanto que desejava feri-lo.

— Amelie.  — sussurrou, a voz carregada de luxuria.

— Shawn, nós...

Não permitiu que eu falasse, sua boca calou-me com ânsia. Suor vertia da minha nuca, eu queimava de dentro para fora, as chamas se alastravam por cada célula.

Então paramos. Minhas mãos descansaram em seu peitoral, a cabeça baixa no meio delas. Shawn expirava cabisbaixo em meu ombro. Os dois rendidos.

Não me deixe, não me deixe, não me deixe. Era tudo o que eu queria dizer.

— Não me deixe.  — o devaneio fluiu alto demais. Aquela era minha resposta para seu conjunto de perguntas.

— Eu não vou, Amelie.  — ele me abraçou, mantendo-me aquecida. Me perdi no gesto.

Estiquei os braços para circular seu pescoço. Ah, eu amava nossa diferença de altura. O vislumbrei lamuriosa.

— Fica aqui. Comigo.  — o convite me lembrou de que minutos atrás eu o expulsava dali.

— Não me peça isso.  — Shawn comprimiu os lábios e os soltou com uma arfada.  — Eu adoraria ficar, Amelie.  — ele examinou meu corpo, recuando um pouco a cabeça para fazê-lo. Envergonhei-me por trajar uma camiseta de desenho infantil.  — Deus, eu realmente adoraria.

— Então fique.  — encorajei-o.

— Infelizmente não posso, tenho um trabalho a fazer.  — explicou pesaroso.  — Quer vir comigo?

— Sem clima para festas hoje.  — brinquei, ele esbanjou um riso nasal.  — Tem certeza de quer ir?  — esforcei o máximo para me erguer e ficar perto de seu rosto, os lábios levemente avermelhados.  — Estarei sozinha por um bom tempo.

Shawn piscou algumas vezes atordoado, supostamente tentado a aceitar a petição. Notei-o atentando para os lados e em seguida relaxar os ombros para sorrir.

— Você é terrível, Amelie. — sacudiu a cabeça.

— Já me disseram isso.  — crispei nossos corpos quentes.  — Está bem, deixaria você ir.  — guiei-i para trás e fingi que iria beijá-lo.  — Dessa vez.

E distanciei-me. Esfriei instantaneamente, meu corpo suplicando pelo dele.

— Ainda precisamos terminar essa conversa, do jeito certo.  — sua convicção provocou calafrios na espinha.

Eu torcia muito, muito para que terminássemos logo. Não, o quê? Hãm?

— Posso te ver durante a semana?  — concordei com a cabeça.  — Melhor eu ir ou vou me atrasar.  — pronunciou sem jeito.  — Até logo, Amelie.

Mendes veio de novo, segurou meu rosto entre suas mãos e depositou um beijo carinhoso em minha testa. Fechei os olhos, aproveitando seu toque pela ultima vez.

— Até, Shawn.

Sem querer, eu o acompanhei até a porta. Sorrimos e nos despedimos, observei-o correr até o carro e me tranquei em casa. Desabei no sofá, minhas estruturas desmoronavam. Ok, agora eu tinha uma causa de verdade para me arrepender, embora não visse sinais de tristeza surgir.

Por enquanto eu só tinha uma veracidade: tomaria uma decisão e magoaria alguém com ela.

[...]

No domingo, mamãe quis almoçar fora. Fomos a um restaurante tailandês, papai queria ter uma tarde tranquila no conforto do lar, mas fazer Noemia mudar de ideia era perda de tempo.

Relativamente eu me animei com o programa, tanto que me alegrei por sair de casa. Não sei se era certo estar bem depois do que sucedera na noite passada. Imaginei que não fosse dormir enroupada por martírios, foi o oposto. Dormi maravilhosamente bem. Já estava ciente de que o meu lugar no meu lugar no inferno era garantido, pagaria caro por tal comportamento.

Nunca cogitei a intenção de traição, eu a repudiava, na verdade. Não sei como eu tinha chegado até ali, em um piscar de olhos eu me envolvia com o proibido, pisoteava a minha moral e ainda por cima não era capaz de me ressentir.

Apesar de tudo, Andrew não merecia ser enganado e mesmo o sentimento sendo completamente novo e me deixasse incerta para qualquer decisão, no âmago eu compreendia que Shawn estava certo.

Inexplicável o porquê eu prosseguia em um relacionamento sendo que não existia amor. Andrew era bom, as vezes um bom ouvinte e tinha um ótimo abraço, mas parando para pensar, talvez eu me precipitei ao dizer sim para um namoro com alguém que eu nem sentira paixão. Não tinha passado tanto tempo e só agora eu via quão imatura eu era.

Senti-me nas nuvens por ter um namorado bonito e descolado, Andrew tinha me conquistado, porém não como um homem. Nós confundimos as coisas. Ele foi o primeiro em minha vida, gostaria de poder dizer que seria o único. No entanto, não seria.

— Já estou pensando em como organizaremos o jantar de Ação de Graças.  — mamãe comentou, voltávamos para casa.

— Vai convidar as mesmas pessoas do ano passado?  — perguntei.

— Provavelmente sim. Tia Edith não virá por conta da cirurgia, mas espero vê-la no Natal.  — ela parecia confiante.  — Está livre para convidar Andrew.

— Vou ver, mas obrigada.  — tentei sorrir normalmente.

Há um ano eu ficaria contente por passar o feriado com minha família e meu namorado, papai o conheceria melhor e veria que Andrew não é o esdrúxulo que ele pensava. Mas porque agora, a ideia não me parecia favorável?

Mamãe assentiu e se virou para Arthur. Os dois iniciaram uma conversa e eu me afundei no banco de trás.

Pelo resto dia, eu permaneci colocando as tarefas do curso em ordem e organizando meu guarda-roupa, tirando peças que não me interessavam mais, encaixotei e separei para doação. Mamãe ficaria feliz.

Pensei em mandar uma mensagem para Shawn, lhe dizer boa noite, mas preferi não adiantar as coisas.

Terminei a noite deitada na cama, fazendo um giro por meus pensamentos e anseios. Custei longos minutos naquela tarefa, de bruços, olhando para o abajur desligado.

Qualquer pessoa que pudesse lê-los, diria que eu era uma tremenda vadia manipuladora, só que jamais daria ouvidos a opinião alheia. Pela primeira vez eu me empolgava com alguém, o proibido era verdadeiramente divertido e encantador. Errado sim. Indecoroso não. Gostava da sensação desconhecida, do puxão no ventre e toda aquela áurea sexual e afetuosa que Shawn me causava.

Entretanto, algo diferenciava. Não somente uma ânsia carnal, mas Shawn me enfeitiçava. Sempre tinha ótimos assuntos, sabia como animar alguém, cheirava bem e tinha aquele sorriso. Ah, o sorriso!

Incrível como aquela curva me fascinava nele, Os lábios se repuxavam e exibiam perfeitamente os dentes, os olhos se enrugavam pouquíssimo. Gravar esses detalhes era mecânico. O pior era que quanto mais ficava com Shawn, mais queria conhecê-lo, descobrir seus planos, seus interesses, mais queria ficar com ele.

Shawn Mendes me desassossegava.

[...]

E completou-se uma semana desde que entrei para a Chatoyant, conforme os dias se passavam eu me apegava mais ao meu trabalho e aos bichinhos. Vira e mexe eu me encontrava com um filhote nos braços, ajudando a cuidar de outro ou tendo um descansando aos meus pés. Era um amor. Distraia-me tanto que mal via o tempo correr, Ross me avisava quando eu podia ir embora, eu achava graça. Não que fossem só flores durante esses sete dias, contudo a parte mais legal predominava.

Naquela manhã ganhei meu avental, a peça azul com meu nome bordado de preto. Fiquei extremamente feliz, agradeci Ross umas três vezes. Agora, definitivamente, eu fazia parte da equipe.

Quase intervalo, eu conversava com Clara sobre lugares para ir ao menos uma vez na vida. Ela encostada no balcão e eu do outro lado.

— Santorini é o meu sonho.  — segredei e ela assentiu.  — Deve ser tão lindo, espero ir lá um dia.

— Cara, deve ser mesmo.  — ela descascava o esmalte roxo.  — Pra mim, o melhor lugar do mundo seria em uma praia de águas cristalinas. Eu me sentaria na areia, beberia água de coco enquanto observava aqueles belos surfistas sem camisa.  — mordiscou o lábio como se deliciasse-se com a fantasia.

Dei risada com seu comentário, Clara e eu tínhamos concepções sobre lazer bem diferentes. E continuamos a conversa, não sei quanto minutos se passaram até que eu sentisse o celular vibrar no bolso da calça. Ergui o indicador para que Clara esperasse.

— Oi, Shawn.  — virei para o oposto da minha colega e falei. Fiquei surpresa com a ligação, embora soubesse que nos veríamos naquela semana.

Oi, Amelie. Espero não estar atrapalhando. — confortante ouvir sua voz.

— É claro que não.  — olhei para o relógio no alto da parede.  — Na verdade, estou saindo para o almoço agora mesmo.

Almoço? Por acaso, está trabalhando, ham?

— Uhum, há uma semana.  — Clara se despediu com um aceno.  — Como você está?

Bem. Queria saber se quer almoçar comigo, aproveitando que já está saindo também.  — percebi que ele hesitava nas palavras.

— Eu adoraria.  — estaria cometendo outro erro? Mas o que haveria de ruim em um encontro em publico?

Ótimo, estarei no The Fifties.

— Te vejo lá, até logo, Shawn.

Desligamos juntos. Tirei o avental, peguei minha bolsa e sai do pet shop arrumando o meu cabelo com os dedos. Felizmente, o The Fifties era perto e eu poderia ir andando.

Uma brisa fina soprava, amenizando o calor. Apertava com força a alça da minha S.C Cotton, um nervosismo básico me percorria e eu sentia aquele friozinho na barriga. Respirei fundo e busquei me acamar, não queria transparecer ansiedade na frente de Shawn.

Minutos se passaram até eu poder ver Mendes, sentado em uma das mesas ao ar livre, fuçando o celular. Usava uma camiseta cinza, calça com rasgos nos joelhos, desta vez tinha um novo anel em indicador esquerdo, Estava receosa. Como agir depois de termos nos beijado? Casualmente como dois bons amigos? Eu deveria esperar algo dele ou vice-versa? No fim, mandei qualquer duvida para o inferno.

Aproximei-me e sentei-me ao seu lado, ele olhou sério e em seguida sorriu lindamente.

— Que bom que chegou.  — ele beijou-me a bochecha.  — Bom te ver, Amelie.

— Eu digo o mesmo, Shawn.  — tirei a bolsa e deixei-a encostada a mim.

Primeiramente, fizemos nossos pedidos, quisemos o mesmo; fogazza de queijo e suco de uva. Pedi também uma fatia de bolo de chocolate. Depois aguardamos chegar.

— Então você está trabalhando.  — iniciou a conversa.

— É. E tem sido maravilhoso, trabalho em um pet shop. Não sabia que gostava tanto de animais.  — respondi, inocentemente, abobada.

— Fico feliz por você, Amelie.

— Obrigada, acho que ‘to no lugar certo fazendo a coisa certa.  — ele deu risada com a lembrança de sua frase.  — Muito movimento na loja?

Eu não sabia o que perguntar, o clima constrangedor pairava e tirava-me as ações. Coloquei o cabelo atrás da orelha, sem tirar os olhos dele.

— O de sempre, tenho alguns eventos para o fim de semana.  — e o silencio se estabeleceu por um tempo até ele se pronunciar novamente.  — Sabe que ainda temos um assunto a tratar.

— Sim, eu sei.  — ali, eu levei a atenção para o ambiente a nossa volta.

Cada vez mais pessoas chegavam, pouco a pouco as mesinhas redondas eram ocupadas. O corpo de Shawn colado ao meu, minha respiração levemente alterada.

— Se não quiser conversar sobre isso agora...

— Não.  — esbravejei.  — Não há motivos para adiar o inevitável.

Nossos pedidos chegaram, o que me deu tempo para pensar nas possíveis respostas.

— Não sei dizer o que acontece comigo, Shawn. Você... você me causa certas coisas que não consigo descrever.

— Coisas boas?  — passou o braço pelos meus ombros, apoiando-o no encosto da cadeira.

— Na maioria das vezes sim.  — belisquei um pedaço da fogazza.   — Mas isso não é certo, não é? Nós dois sabemos o porquê.

— Você quer que seja?  — ele não poderia ser menos direto?

Aturdida, o fitei. Qualquer movimento a mais, eu juntaria nossos lábios. E como eu queria beijá-lo enlouquecidamente.

— Eu só quero que saiba, Amelie, que tudo o que eu lhe disse é verdade.  — quase sussurrou, o peito ofego marcado na camisa.  — Só precisa me dizer quando quiser acabar com isso,

— Você acha que aquilo foi errado?  — referi-me os dois beijos.

— Dada as circunstancias, sim. Mas não me arrependo.  — quis dizer que nem eu, mas a única reação foi abaixar a cabeça.  — Talvez na devêssemos mais repeti-lo.

O certo a se fazer, só que eu, maléfica, apetecia o contrario. Entretanto, uma lembrança irritante surgiu no fundo da minha mente. Se eu entendera bem, Shawn também estava ligado sentimentalmente a alguém. O que ele pretendia estando daquela forma comigo? Eu não queria ser a outra dele, e não queria que ele fosse o meu outro.

— É claro, por mim tudo bem.  — sorte que a voz não saíra vacilante. Fingi não atinar seu punho se fechar nem a sobrancelha arquear.  — Quer dizer, é melhor para todos que isso termine.  — seja lá o que fosse.

— Tem toda a razão.  — concordou, ainda que não demonstrasse satisfação. Porque ele embraveceu?

Achei que Shawn fosse se afastar, todavia permaneceu me enlaçando, mal tocara em seu lanche e eu comi apenas metade do meu, o bolo me interessou mais. Ofereci-lhe um pedaço, ele negou.

— Ainda tenho dez minutos, Shawn, não quero gastá-lo em silencio.  — reclamei.  — E não me venha com perguntas filosóficas, eu demoro muito para formular respostas coerentes.

Para a minha alegria, ele riu.

— Certo, hum...  — ele fez uma careta como quem está pensando.  — Diga-me algo que ninguém sabe sobre você.

— Mudei de ideia, pode fazer suas reflexões.

— Nem pensar.  — seu humor deve ter se estabilizado.

— Ok.  — engoli o pedaço de bolo; existia vários ‘’algos’’ que meu vinculo social não sabia sobre mim, pensei no menos disparatado.  — Mamei mamadeira até os nove anos. Se você rir, eu te mato.

— Estou tentando.  — sorriu.  — Quer saber de algo embaraçoso sobre mim? Uma vez na quarta serie, eu fui para a escola sem cueca e só me dei conta disso na aula de educação física, fiquei tão desesperado na hora que falei para a professora e ela chamou a minha mãe.

— Não parece tão terrível.

— E não é. O pior foi ouvir minha mãe todos até a sétima serie perguntar se eu tinha vestido a cueca.  — ele piscou, chocado.

— Sinto muito.  — brinquei e acariciei sua mão.

— É, acontece quando se é criança.  — sacudiu a cabeça.

— Sempre quis ter um irmão mais velho, mas deve ser estranho depois que se acostuma a ser sozinha.  — àquela hora, meu bolo tinha acabado.  — Você tem irmãos?

— Tenho uma mais nova.  — pela primeira vez, ele focou outra direção.  — Qual a sua musica favorita?

— Isso é como perguntar a uma mãe qual dos filhos ela gosta mais.  — postulei.  — Mas hoje, eu diria que é Crawling in the Dark. É uma musica nostálgica, me faz lembrar de quando eu tinha doze anos e queria ter uma banda.

— Você seria a vocalista?

— Ah, não. Nem pensar. Minha voz é uma tragédia. Eu seria a baterista, mesmo sem saber como tocar uma.  — falei séria e depois ri de mim mesma.  — Todos tivemos uma época estranha, eu sei.

E ficamos nessa de perguntas aleatórias, foi bom saber mais sobre ele. Qualquer assunto se tornava prazeroso. O braço me rodeando, a voz soprando quase em meu ouvido, a proximidade, tudo era, deliciosamente, errôneo.

Somente quando eu ouvi a buzina alta de um carro, que me lembrei do trabalho, precisava voltar.

— Infelizmente, meu tempo acabou.  — lastimei.  — Obrigada pelo almoço.

Peguei minha bolsa e procurei a carteira dentro. Antes de tirar as notas para pagar meu gasto, Shawn interveio:

— Não se preocupe, eu pago.

Ainda discuti, mas não deu em nada. Já estava apressada e resolvi deixar por conta dele. Guardei a carteira e peguei o batom para dar um retoque básico.

O aroma adocicado de morango expeliu enquanto enfeitava meus lábios de rosa. Podia sentir o olhar de Shawn acompanhando meus movimentos. Terminei e virei para ele.

— Ficou bom?  — sua contemplação caiu em minha boca, ele se remexeu desconfortável.  — Você gostou, Shawn?

— Gostei, Amelie.  — demorou para que a resposta chegasse.  — Ficou lindo.

— O cheiro é agradável.  — estalei os lábios.  — Quer saber se o gosto também é?

Nem acreditei no que havia dito. O que acontecera com pôr fim as provocações? Estávamos novamente naquele circulo vicioso. Shawn estarreceu, a mão pousada na mesa caiu em meio a suas pernas. Suspirei com o gesto.

— Eu deveria saber que você me aprontaria algo assim.  — ele mudou de sereno para encolerado.

— Só te fiz uma pergunta.  — defendi-me, fechando os dedos em seu joelho.

— Uma pergunta, Amelie? Sério?  — repetiu com sarcasmo.  — Você é perigosa e imprevisível.

— Pelo jeito como fala, eu pareço uma criminosa.  — ousei zombar.  — Não sou assim, Shawn.

— Você é.  — convicto.  — Nunca sei quando vai atacar. Você me tenta, Amelie. Empenho em permanecer nos trilhos e você me tira deles.

Ele estava atordoado, saindo do controle, finalmente. Algo em mim gritava para voltar ao trabalho, mas existia outra coisa que me atava a ele.

— Você me deu novas qualidades, Shawn. Que bom que alguém enxergou-me alem.  — tombei a cabeça um pouco para o lado.  — Gosto de você, Shawn, gosto muito.  — tive de admitir.

Arqueei a mão em seu joelho, rastejando pela coxa e apertando o local. Certo, era eu quem necessitava de limites. Ele não fez nada para me impedir, nem quando cheguei perto de sua zona coibida. Minha boca salivou, daria tudo para saber o que ele pensava.

— Amelie, Amelie.  — arriei-me com seu tom apavorante. A mão inerte transportou-se para meu rosto, a palma quente esquentou a bochecha, o polegar desenhava círculos.  — Eu ainda vou te colocar em seu devido lugar.

Sádico na voz, ameaçador. Dizer que não fiquei temerosa era mentira, mas eu adorei. O dedo formatou meus lábios, borrando o batom, manchando a pele. Se eu não estivesse tão atarantada naquela imensidão castanha, eu teria reclamado.

De preferência, eu queria que o meu lugar fosse de joelhos a sua frente.

Não, não é isso. Deus, não.

Distanciei-me abruptamente, pensamentos aflorados demais. Shawn sorriu de um jeito completamente canalha. Fui capaz de me recompor e com a ajuda de um guardanapo, limpar a sujeira dos lábios.

— Preciso ir, Mendes.  — joguei a bolsa no ombro conforme levantava e fui me afastando na calmaria.

— Não vai se livrar de mim tão cedo, Amelie. Se quer uma diversão, vou lhe mostrar com o quê brincar.  — todo jogado no assento, os braços e pernas abertas, o olhar firme, terrivelmente convidativo. Debati-me internamente para não pular de vez em seu colo.

Olhei para trás uma única vez, lancei o meu sorriso mais sincero para ele. Shawn Mendes era uma das minhas fraquezas e uma das fortalezas ao mesmo tempo. Ele era confusão, duvidas, bonança, luxuria e mais um ponto que não pude discernir. Todavia, sabia que estava prestes.

[...]

Ao chegar em casa de noite, mamãe me recebeu com o abraço. Disse a ela que tomaria um banho e desceria para o jantar. No quarto, eu tranquei a porta e me atirei na cama, olhando para o teto, relaxando todo o corpo.

Banhei-me e fui comer, contei sobre o meu dia para os meus pais. Papai reclamou de dor nas costas. Na verdade, ele reclamava disso há dias.

— Talvez deva ir ao medico, Arthur.  — Noemia tocou seu ombro.

— Tem razão, se pela manhã a dor persistir, eu irei.  — ele fez uma careta sofrida.

Ajudei com a louça e durante a tarefa, Andrew me ligou. Fui atender do lado de fora.

— Boa noite, Andrew.  — sentei-me no primeiro degrau de frente para a porta.

Oi, Amelie. Como está? Ansiosa para o fim de semana?  — provavelmente ele comia alguma coisa.

— É...  — definitivamente não, pois não queria ir.  — Vai ser legal.

Vai ser incrível, gata. Você vai adorar, será bom termos esse tempo a sós.

— Lembre-se de que prometeu se comportar. Não me faça repetir a nossa conversa.

Fiz uma promessa, não fiz?  — pausou.  — Mas não vejo problemas se algo acabar acontecendo.

Nada vai acontecer, Andrew.  — frisei.  — Se não puder respeitar isso, pode esquecer.

Tudo bem, tudo bem. Só me responda uma coisa, porque tem tanto medo de tentar outra vez, Amelie?

— Não tenho medo, só não me sinto confortável, sabe disso.

Entendo que a primeira vez foi um fiasco, mas será diferente agora.

— Pode ser que sim, mas não quer dizer que eu esteja pronta.  — revirei os olhos, impaciente e titubeante.  — Na verdade, seria melhor adiarmos essa saída, deveríamos ficar por aqui nesse fim de semana.

Você vai comigo, não tem escolha. Já programei tudo, não vai me fazer cancelar.  — mesmo que ele passasse um grau de descontração, eu captei a braveza por trás.

— Não é assim que funciona, querido. Se eu não quiser ir, você não que opinar, apenas aceite.  — exprimi mais rude do que pretendia.  — Vou desligar, até mais, Andrew.

Espera, espera.  — gritou.  — Desculpe, não quis dizer isso. Vamos fazer do seu jeito, ok? Podemos nos ver amanhã?

— Depois do meu expediente.

Combinado, gata.

E desligou.

Olhei para a tela do meu celular até que a luz se apagasse. Longo tempo correu para que mamãe apontasse a cabeça na brecha da porta e dissesse:

— Tudo bem aí, filha?

— Tudo, estava falando com Andrew. Já vou entrar.

— Seu pai tomou um remédio para a dor e está indo deitar, melhor eu ficar com ele. Não se esqueça de trancar a porta.

— Pode deixar, não demoro.

Ela assentiu e entrou desejando-me boa noite.

Encolhi os joelhos e abracei-os, embora eu me compadecesse de Andrew por ter uma namorada ruim, por eu ser ruim, não conseguia me arrepender do que fiz. Ao contrario, eu queria mais. Queria mais dele.

Shawn Mendes era o meu problema, mas também a minha solução.

Mostre-me pra que isso serve, faça eu entender isso
Eu tenho rastejado no escuro procurando pela resposta


Notas Finais


Acabou! Prometo que logo eu irei atualizar, espero mesmo que tenham gostado. Se quiserem conversar, sigam-me no twitter: http://twitter.com/walkerstitches Até o próximo, amorecos.


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