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História Trouble - Capítulo 09.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Olá, amores, como estão? Sei que demorei um pouquinho, mas estou atolada até o pescoço por conta de estágio e prévia de TCC, graças aos céus que já é reta final e logo estarei livre disso. Quero agradecer a todos pelos comentários, vocês são incríveis e amo cada comentário. Leitores novos sejam bem-vindos e divirtam-se. Enfim, espero que gostem, perdão por qualquer erro. Ótima leitura a todos.

Capítulo 9 - Capítulo 09.


Capítulo 09.

Eu odiava comparar as pessoas. Primeiro porque eu detestava quando faziam isso comigo e segundo, ninguém pode ser igual a ninguém. Assim, eu evitava qualquer tipo de ‘’fulano é melhor que ciclano’’ e coisas desse tipo. Porém, ali nos braços de Andrew, eu percebia o quanto Shawn era melhor.

Enquanto as explosões de Exterminador do Futuro brilhavam na tela da tevê, Andrew me puxava para perto. Inicialmente, nossos planos seriam de ir a um restaurante e depois ele me levaria para casa, como sempre. Só que com a chuva torrencial que começou a cair, concordamos que um filme em sua casa seria mais agradável. Ou pelo menos deveria ser.

A sala estava em pleno escuro, as gotas d’água podiam ser ouvidas claramente chocando-se no telhado; todos os detalhes me deixavam, estranhamente, sufocada. Andrew me circulava pelos ombros, mantendo-nos colados e, de certa forma, desconfortáveis. Olhei-o de relance, sua atenção focada na tela, a feição tranquila, embora o maxilar permanecesse trancado.

Fui dele para a porta, a vontade súbita de correr e me ver longe daquele lugar. Porque eu estava ali? Porque insistia em perdurar aquele relacionamento, mesmo sabendo que desgastante para nós dois? Eu queria poder gritar.

— Você está bravo, não está?

A resposta era obvia. Horas antes eu cancelara pelo telefone o nosso fim de semana juntos. Odiei tê-lo feito, Andy estava animado, havia preparado perfeitamente os dois dias e eu simplesmente preferi jogar fora o seu esforço. Ele tinha todo direito de ficar chateado, entretanto era errado fingir querer algo só para satisfazê-lo. Sei o que estar a sós com Andrew significava, ele dizia que não, mas sabia que sim.

Sinceramente não estava pronta para tentar fazer novamente com Andrew, a primeira vez desastrosa ainda me receava. Lembro de estarmos no meu quarto, papai e mamãe haviam viajado para comemorar o aniversario de casamento, a casa era toda nossa.

Não posso negar, estava ansiosa. Finalmente iria fazer sexo, conheceria a sensação da qual todos falavam. Preparei-me para a noite, queria que fosse especial. Coloquei um vestido bonito, a lingerie vermelha minha cor favorita. Recordo de seu sorriso ao me ver, da blusa de botões jeans que ele usava; o achei bonito, tão bonito.

Jantamos, conversamos e rimos e ai, as lembranças pulam para ele me carregando até o quarto. Então, pensei que o bom de verdade começaria. Foi um engano.

Andrew foi rápido em me despir, apressado para consumar o ato que mal soltou um elogio misero. Não que eu esperasse algo completamente romântico, mas deveria fazer parte, não é? Quando me dei conta, ele veio por cima de mim, perguntou se eu estava preparada, respondi que sim, insegura e amedrontada.

Não me tocou como e onde eu queria, não durou o tempo que imaginava. Questão de minutos e acabou. Não sentir prazer nem a dor da perda, fiquei imóvel enquanto ele fazia o que tinha que fazer.

Andrew, fizemos algo errado.  — murmurei para ele, que se jogava ao meu lado.

— Como assim?  — questionou meio grogue.

— Tudo que senti foi... nada.  — encarei o teto.  — Quer dizer, a-achei que seria... diferente.

— Amelie, foi a sua primeira vez, não precisa se culpar. Vai ser melhor na próxima.  — ele jogou o braço por cima da minha barriga.

Ah sim, claro. A culpa era minha.

Afinal, eu era a garota, a que estava nervosa e que tinha um hímen para ser rompido. É lógico que Andrew não poderia ter culpa.

Afastei-me, desdobrei as pernas e suspirei a procura das minhas botas. Calcei-as rapidamente, mais um segundo com ele e eu me asfixiaria.

— Estou sim, Amelie, é obvio.  — sua postura mudou.  — Porra, estou cansado de você sempre inventando desculpas para não sair comigo. Como quer que eu me sinta?

— Não ficou inventando desculpas, Andrew. Eu apenas não quero ir, prefiro ir ao cinema ou sei lá.  — me alterei, o grito subiu pela garganta.  — Porque não aceita minhas escolhas sem questionar, ao menos uma vez?

— E o que eu faço alem de aceitar, Amelie? Quantas vezes eu me calo quando você diz que não e nem liga para o que eu quero?  — ele se levantou se foi acender as luzes, desligou a televisão.  — Me dê uma boa razão, a verdadeira, para não viajar comigo.

Cogitei contar-lhe tudo. Contar que meus pensamentos e corpo estavam em outro e que ele não era capaz de me fazer sentir o que o outro fazia. Shawn não precisava me tocar para me excitar, ao passo que ele mal provocava-me faíscas. Talvez desabafar logo me livrasse daquele infame peso nas costas. Dar um basta naquela relação maçante. Todavia, calculei as palavras antes de prosseguir.

— Andrew... isso... essa coisa... esse namoro não está funcionando.  — prostrei-me de pé, segurando-me para não perder o controle. Ele me olhava, a braveza murchou.  — Não percebe o quanto estamos nos ferindo?

— O-o que está dizendo, Amelie?  — aproximou-se.

— Que talvez seja melhor darmos um tempo. Digo isso só porque estamos sempre brigando por banalidades e cansa. Me cansa. A você não?  — amargurada interroguei.

— Mas todos os casais passam por isso, é normal.

— Não, Andrew, não.  — sacudi a cabeça.  — Não é normal quando se tem vontade de gritar. Não tem que ser assim.

— E a sua sugestão é de que terminemos? Assim resolverá todos os nossos problemas. — sua risada foi esnobe.

— Eu não disse isso. Mas será bom se tivermos um tempo para pensar se é realmente o que queremos.

— Não tenho duvidas quanto a nós, eu te amo, Amelie.  — e o silencio se estabeleceu, um incomodo pairando e Andrew aguardando minha replica.  — Amelie...

— É melhor que eu vá embora.  — meus olhos lacrimejaram, lamurioso ser tão indiferente, porém eu não conseguia dizer o mesmo, as palavras entalavam e não saiam. Catei a bolsa em cima da poltrona e joguei a alça no ombro.

— O que te deixa incerta, Amelie? Existe outra pessoa?

A questão me derrubou, existia outra pessoa. Mas eu não queria um tempo com Andrew porque tinha esperanças de começar algo sério com Shawn, pelo contrario, não estava a fim de relacionamentos. Eu só não queria traí-lo, agir por suas costas e continuar como estivesse tudo bem.

— Não estou saindo com ninguém, se é o que quer saber.  — rolei os olhos.  — Só quero um pouco de espaço, pode me fazer esse favor?

— Acho que sim.  — seu olhar esbugalhava, ele não parecia concordar com o que dizia.

— Obrigada.  — assenti e respirei, dando passos até a porta, passei por ele e toquei a maçaneta.

— Deixa eu te levar para casa.  — pediu baixinho.

— A chuva diminuiu, posso pegar um ônibus aqui perto.  — esperei que ele entendesse.

— Como quiser.  — cruzou os braços e eu terminei de abrir a porta, recebendo uma rajada de vento gélido no rosto. Dei uns passos para fora, Andrew gritou encostado ao batente.  — Vai perceber que somos perfeitos um para o outro e esse tempo será um erro.

Olhei-o e comprimi os lábios, dei meia volta para retornar a andar. Ainda estava eufórica, ainda sem poder discernir se no sentido bom ou ruim. Pelo menos a sensação de liberdade surgiu, torci para que ela não fosse embora.

E para que eu não tivesse tomado a decisão errada.

[...]

Por ser sexta-feira, meu animo parecia renovado. Levantei antes do despertador irritante soar, tomei um banho e me arrumei, bizarramente feliz. Desejei ir caminhando até o Chatoyant com o fone explodindo em meus ouvidos, saí de casa depois de tomar um café da manhã reforçado e fui trabalhar. Adorava o clima pela manhã quando chovia na noite anterior, parecia que tudo ganhava vida, o cheiro da grama molhada era afável aos olfatos.

Devo ter demorado uns minutos a mais para chegar ao pet shop, perdi o primeiro ônibus e tive que esperar o próximo. Em passos largos, do terminal até a loja, eu fui caminhando.

Retirei os fones ao passar pela porta, de repente tudo silenciou sem a voz de Anthony Kiedis. A temperatura lá dentro era mais quente, meu corpo notou a diferença e eu ofeguei. Saudei Ross e Clara com um high Five e rodeei o balcão.

— Cara, vocês souberam que o cachorro da Sra. Lucena está doente de novo?  — comentou Ross com um ar de pena.

— Desde que estou aqui, ela já apareceu duas vezes procurando por analgésicos, não pensei que fabricavam remédios assim para animais.  — guardei a bolsa e peguei meu avental.  — Mas o que ele tem?

— Pelo o que eu saiba é insuficiência renal, os rins não funcionam corretamente e tem crises de dores muito fortes. Ela o levou no veterinário há uns três meses e eles disseram que a melhor opção seria sacrificá-lo para evitar sofrimento ao animal.

— Caramba, situação difícil.  — amarrei o avental nas costas.  — É triste vê-lo sofrendo, mas será que ele preferiria a morte?

— Acha que o cão possa ter preferência?  — Clara franziu o cenho.

— E por que não? Eu não iria querer que minha família me sacrificasse, quem sabe se não é igual com os animais, hum?

— É ainda mais penoso para quem está cuidando, Amelie, já imaginou como seus pais ficariam se vissem você numa cama sem poder falar, se mexer ou agonizando? Seria terrível.  — ela pousou a mão no peito.

— Pensando por esse lado, você tem razão, odiaria ver meus pais sofrendo por minha causa.  — apavorante apenas imaginar.

— Bom, vamos torcer para que ele tenha seu alivio, seja lá qual for a forma.  — Ross apoiou os cotovelos no balcão, Clara e eu assentimos.

— Será que existe céu e inferno para os animais?  — ela refletiu.

— São criaturas excelentes, não podem ir para um lugar ruim. Espero que encontrem um com muita água, comida e musica. Se existe um paraíso um paraíso, esse seria o meu.  — divaguei.

— É.  — os dois murmuraram e riram ao mesmo tempo.

— Deixando de lado todo esse papo sobre morte, voltemos ao trabalho.  — Ross se endireitou e apontou para nós.  — Divirtam-se.

E voltamos mesmo.

 

Ajudei uma jovenzinha a escolher uma coleira para o seu Shih-tzu e aguardei os minutos para o meu intervalo. Fui checando as redes sociais enquanto caminhava até o food truck. Nenhuma mensagem ou ligação de Andrew. No e-mail, estava na inbox a data e o titulo do livro que encerraria os encontros do Clube do Livro daquele ano. Confirmei a presença.

Comprei um hambúrguer e me sentei, na primeira mordida o celular toca; era Shawn. Deixei tocar três vezes para atender.

— Oi, Shawn.  — falei logo.

E ai, Amelie? Espero que tenha ligado na hora certa.  — era bom ouvir sua voz.

— Estou comendo agora mesmo, talvez não seja uma boa hora.  — brinquei.  — Eu estou ótima, o trabalho tem sido cada dia mais interessante.

Quando fazemos o que gostamos, o trabalho vira apenas uma particularidade.  — observou, eu concordava plenamente.  — Olha, não quero te atrapalhar, pois isso serei breve.

— Não está atrapalhando, Mendes, eu amo conversar com você contigo.  — consequentemente, senti as bochechas esquentarem. Que piegas.  — Trabalhando na loja hoje?

Sim, Stella tirou folga e estou trabalhando por dois. A garota faz falta, ela é meu braço direito aqui.  — ele deu um suspiro cansado.  — Mas vou sair vivo.

— Tomara.  — umedeci os lábios, uma mulher passou ao meu lado, guiando a criança pelo braço.  — É estranho falar pelo telefone, não te ver. Fico imaginando o que está vestindo.

A frase me assemelhou a uma pervertida, embora eu estivesse comentando inocentemente. O jeito que Shawn Mendes se vestia era fascinante para mim, hipnotizante gravar seus detalhes; a cor da camisa sempre ficava bela com a calça preta e com seu tom de pele.

Poderia ter pedido uma foto, eu não me importaria em mandar uma. — o tom sutilmente malicioso, ri sem graça.  — Também fico imaginando-a, Amelie, é bom saber que a fantasia é recíproca.

— Você pensa em mim, Shawn?  — um pouco de ketchup escorreu do lanche, aparei-o com o indicador e levei-o até a boca, lambi-o, fazendo a sucção soar mais alta do que teria de ser. Gostaria que ele pudesse ver.

Acontece o tempo todo, tenho medo de ficar obcecado.

— São coisas boas?

Nem sempre. Às vezes são mais...  — pausou.  — não bons. Me pergunto se é certo pensar em você dessa forma.

— Eu gostaria de ouvir.  — me ajeitei na cadeira, cruzei as pernas por baixo da mesa.

Quer mesmo falar sobre isso pelo telefone?  — pensei que ele fosse se intimidar, mas o cara era impudente.

— Na verdade, prefiro que me diga pessoalmente. 

Eu também prefiro.  — era instigante supor o que aquele homem pensava sobre mim, algo quente subia por minha espinha com a cena pornográfica bolando em minha cabeça.  — Escuta, Amelie, vai fazer algo amanhã á noite? Um amigo vai tocar, prometi estar lá. Gostaria de ir?

Automaticamente, pensei nos planos frustrados de Andrew e achei melhor omitir a briga e o ocorrido com ele.

— Me manda o endereço por mensagem.  — aceitei sem pestanejar.

Ótimo, quero muito te ver.  — infelizmente, eu também queria.  — Vou ter que desligar agora, posso retornar mais tarde?

— Claro, vou terminar de comer e voltar para o pet shop. Até mais, Shawn.  — fiz um barulho de beijo e desliguei.

Meus instintos ainda avisavam que eu estava totalmente fodida. Mas se fosse do jeito que eu queria, por mim tudo bem.

[...]

Depois me despedir do Chatoyant, eu liguei para Greta e pedi para que fosse até a minha casa. Necessitava contar a ela os últimos acontecimentos, sua opinião era importante. Por sorte, cheguei logo; mamãe preparava o jantar e papai estava com o notebook aberto na mesa, os dedos espertos raspando nas teclas.

— Ei, boa noite.  — desejei e procurei água na geladeira.  — Hum, que cheiro bom.

— É sopa de carne moída com legumes.  — mamãe respondeu e se virou para mim.  — Como foi o trabalho?

— Tranquilo, ‘to um pouco cansada, mas faz parte.  — tomei alguns goles e guardei a garrafinha.  — A propósito, tudo bem se Greta dormir aqui hoje?

— Vou colocar mais um prato na mesa.  — ela sorriu.

— Obrigada, mãe.  — agradeci.  — Vou tomar um banho, se ela chegar, pode mandá-la subir?  — pus as mãos nos ombros de papai e beijei-o na bochecha, ele afagou meus pulsos.  — Já desço.

No quarto, eu respirei aliviada por finalmente retirar os tênis e me despir. Fiz um coque no cabelo e entrei embaixo do chuveiro. Enrolei-me em uma toalha ao terminar e me observei no espelho da penteadeira; tirei alguns pelinhos das sobrancelhas e passei hidratante no corpo. Greta chegou minutos em seguida, abrindo a porta e jogando a bolsa no colchão.

— Você só me chama quando faz merda. O que foi agora?  — ela parou no centro do quarto e me aguardou.

— Eu estou bem, obrigada por perguntar.  — ironizei.  — Mas você está certa.

Contei tudo a ela enquanto vestia uma roupa limpa, sobre Shawn na minha casa, sobre Andrew, até sobre o cachorro da Sra. Lucena eu contei. Greta escutou calada para depois se alarmar.

— Porra! E o Andrew sabe sobre você e o Shawn?

— Não, é obvio. E não existe ‘’Shawn e eu’’.  — fiz aspas com os dedos.  — E antes que pergunte, não estou ficando com ele.

— Ah, jura? Amelie, vocês se falam todos os dias, se pegaram na sala da sua mãe!  — exclamou divertida.   — Ele é tão importante que você terminou com o Andrew.

— Greta, eu só estava farta desse relacionamento, não suportava mais olhá-lo e deixá-lo me beijar. Isso me dava nojo.  — tentava falar baixo para meus pais não ouvirem. Despejei a verdade e minha amiga sentou-se comigo no chão, as costas apoiadas na cama.  — Gosto dele, mas não é o suficiente.

— E o que você sente pelo DJ?  — achei graça por chamá-lo assim.  — Não pode dizer que é nada, sei que não é.

— É complicado.  — joguei a cabeça para trás, derrotada.  — Diferente, sabe? Shawn é incrível, Greta. A conversa com ele, os momentos, os toques dele...  — fechei os olhos, recordando seu beijo.

— E o que você pretende? Transar com ele?

Era presunçoso pensar que iríamos transar e até que Shawn gostaria disso. Porque ele transaria comigo? O que mudava agora que Andrew estava fora de campo? — como sou insensível — E porque a ideia de sexo com Shawn Mendes ocasionava tremores em meu sistema nervoso e uma, anormal, agitação no ventre?

— Amelie, respira.  — Greta me empurrou de leve. Olhei-a sem entender, notando eu segurara a respiração todo o tempo.

— Por enquanto, estou sem pretensões.  — balbuciei não totalmente convicta.  — Vou deixar as coisas acontecerem, um pouco. Não sei.

— Você é, sem duvidas, a pessoa mais estranha que eu conheço.  — ela apontou o indicador em minha direção.  — Mas, por favor, se transarem, não se esqueça de me dizer se ele é bom ou não.

— Vai pro inferno.  — pronunciei, minimamente ruborizada.  — Por falar nele, você irá comigo na festa amanha.

— Eu tenho opção?  — mesmo sua feição entediada, eu sabia que Greta dificilmente negava uma festa.

— Não, não tem.  — levantei e chequei a hora no celular.  — Vamos jantar e depois você toma um banho, não deite na minha cama fedendo desse jeito.  — zombei e chutei seu pé.

— Se foder, Amelie.  — mostrou o dedo do meio.

Ri e ajudei-a a se levantar também.

 

Mesmo com nossas inúmeras diferenças, eu amava Greta porque não havia julgamentos, ela estava longe de ser politicamente correta e até mergulhava nas minhas insânias. Não que eu achasse que tudo o que eu fazia era certo, todavia não precisava de alguém que só me recriminasse.

Dormimos tarde naquela quinta-feira, quase esqueci de que ainda trabucaria no sábado. Depois que ela pegou no sono, eu me virei para o lado e atentei para a parede.

Pensei, a maior parte, em Shawn e em como estava ansiosa para reencontrá-lo. Desde quando eu gastava a madrugada pensando em alguém? Andrew não me inquietava, porque com Mendes era diferente? Odiava não compreender o que era essa mudança e todo esse êxtase que ele me provocava.

Como ele entrava em minha vida do nada e mexia com as minhas estruturas? Minha índole praticava um jogo perigoso e proibido, e eu não queria que acabasse. O impudico que me consumisse, eu não importaria. Pela primeira vez eu me sentia viva, sentia o sangue correr nas veias queimando-me e dificultando o lado racional, todo meu corpo respondendo o chamado de outro. Eu desejava Shawn Mendes.

E por Deus, eu adorava essa sensação.

[...]

Fui desperta por Greta, ou melhor, pela musica que soava de seu celular. Ela estava no banheiro, escovando os dentes enquanto dançava, gostaria de estar tão bem disposta, mas a vontade era voltar a dormir.

— Greta, quer abaixar essa coisa?  — gritei para ela, revirando-me em meio aos lençóis.  — Vai acordar os meus pais.

— Desculpe.  — falou após cuspir na pia.  — Só queria animar um pouco.

— São oito horas, Greta, não tem como ficar animada.  — briguei, cobrindo a cabeça com um travesseiro.

— Se eu fosse você, também levantaria, não vai trabalhar?

— Pois é.  — suspirei.  — Aqui vamos nós.

Tropeçando nos próprios pés, eu fui caminhando para entrar no banheiro no lugar dela.

— Pode ficar aqui até eu voltar? Faz sentido já que vamos juntas á festa.  — falei através da fresta da porta.

— E o que eu vou fazer até lá?  — questionou, circulando pelo quarto.

— Meus livros precisam ser organizados, ficaria grata se alguém me ajudasse.  — lancei-lhe uma piscadela e bati a porta antes que ela contestasse.

 

Passei na livraria antes de chegar ao pet shop, Assassinato na Mesopotâmia estava na promoção, tive sorte. Saindo, eu fui olhando pela quinta vez a mensagem de Shawn no celular, ele havia mandado de madrugada. Então, ele também tinha problemas para dormir?

Mas o que me chamou atenção foi o recado logo abaixo do endereço.

‘’Desculpe por uma mensagem tão tarde, mas alguém não me deixou dormir. O que faço com vc, Amelie?’’

Não pude deixar de sorrir, me animava saber que não era a única a se desassossegar com toda aquela loucura. Preferi não responder, a noite nos veríamos e ai ele poderia fazer o que quiser comigo.

[...]

Não sei quantas vezes eu peguei o celular para rever a hora, quando não era isso, era o relógio na parede acima da porta de entrada do Chatoyant. As unhas tamborilavam no balcão, para me distrair — alem de atender os clientes — brinquei com os filhotes de gatinhos que estavam doação.

Quatro horas correram, o que foi ótimo, o pessoal do trabalho e eu saímos juntos, conversando e andando pela calçada.

— Pra mim, o melhor filme do ano é Capitão America – Guerra Civil.  — Brandom comentou, passando o braço pelos ombros de Clara.

— O quê? Não cara. Teve bons efeitos especiais e tudo mais, mas nunca será melhor que Rogue One.  — Steve discordou.

— Os dois são ótimos, não consigo me decidir.  — Clara fingiu pensar.  — E você, Amelie? Qual o melhor filme em sua opinião?

— Ah, não sei. Não assisti muitos filmes esse ano, fiquei mais envolvida com os livros.  — joguei o cabelo para trás.

— Cara, como você consegue ler? É tão chato e entediante.  — Steve fez cara de nojo.

— Você tá bem errado, ler é maravilhoso e libertador.  — os três riram do meu comentário.  — Querem saber? Vocês são idiotas.

— Olha a queridinha de Shakespeare falando, gente.  — Clara disse sarcástica.  

— Ah, cala a boca.  — trombei nela.  — Um dia vão descobrir que estou certa.

Andamos por um trecho a pé, compramos sorvete e quase três horas, eu me despi do trio e peguei o ônibus de volta para casa.

[...]

A festa estava marcada para começar as oito, então até lá eu sai com Greta para comprar uma sai e escolhendo algo que combinasse. Também coloquei algumas atividades do curso em dia, embora meus pensamentos estivessem avessos a tudo.

Por volta das seis, começamos a nos arrumar. Greta e eu nos ajudamos a escovar os cabelos e ela com a minha maquiagem — era melhor nisso do que eu. Sua roupa: calça jeans, top cobrindo somente os seios, jaqueta de couro e botas de salto. Quanto a mim, saia preta soltinha, blusa listrada de mangas compridas que mostrava minha barriga e, daquela vez, optei por saltos também.

Terminamos tarde demais, quatro minutos para as oito. Nos apressamos em pegar as bolsas e sair de casa.

[...]

Pegamos um taxi e descemos no endereço marcado pouco depois das 8h30. Nunca havia estado ali, mas gostei do que vi. Não era um espaço como aquele de balada, mas sim uma simplória casa de shows. A fechada piscava em um letreiro púrpura, algumas pessoas fumavam e conversavam na entrada.

— Vamos logo.  — Greta me puxou pela mão, atravessamos a rua.

O interior era repleto de luzes, existia um bar rodeado por mesinhas, o palco ficava oposto. Por incrível que pareça, se encontrava lotada. O motim se acomodava em torno dos quatro rapazes que faziam o som ao vivo.

— Vem, Amelie, comprar uma bebida.  — fui com ela até o bar.

— Não sei se é uma boa ideia, da ultima vez que bebi, acabei com um machucado terrível na testa.  — ainda podia sentir a dor chata.

— Relaxa, tá bom? É só não exagerar.  — muito simples.  — Anda, pega.  — ela me deslizou o corpo médio com liquido rosa, o cheiro doce de morango me causou uma careta.

Misturei como o canudinho e ingeri um gole, provavelmente levaria toda a noite para que eu o bebesse inteiro. Resolvemos nos reunir aos espectadores, fomos abrindo caminho entre eles até estarmos no centro. Olhei de um lado para o outro a procura de Shawn. A falta de iluminação precisa dificultava a minha visão, mas embaixo daquela piscadela, captei a imagem de quem eu menos esperava. Virei-me desesperada para Greta.

— Andrew está aqui.

— O quê? Aonde?  — murmurou nervosa, avistando por cima do meu ombro.

— Á direita, na mesa com uns caras.  — torci para que ele não tivesse me visto.  — O que ele tá fazendo aqui?

— É um show, qualquer um pode entrar.  — falou obvia.  — Amelie, não deixe esse babaca estragar a sua noite, ok?

— Ok.  — assenti e lá se foram dois goles da bebida rósea.  — Por acaso já viu o Shawn?

— Ainda não, você já?  — Greta começou a dançar.

— Hum-hum.  — neguei.  — Quer saber, dane-se.

Uma música animada soou, foi bom para levantar o ânimo, porém sentia meu corpo tremer de exaspero e ansiedade. Onde estaria Shawn? Será que desistiu de ultima hora? Não, não, porque ele não mandou mensagem avisando? Shawn não faria isso.

Lá estava eu, rondando os olhos novamente á minha volta, sem obter resultado algum. Suspirei frustrada, qual o objetivo daquilo?

 

Quando me cansei, avisei a Greta que pegaria outra bebida — a minha, incrivelmente, acabara antes do esperado —, retornei ao bar, me sentei em uma daquelas cadeiras altas e cruzei as pernas. Não demorou até que uma presença me sondasse.

— O que você quer, Andrew?

— Só dizer olá.  — disse passivo, apoiando o braço no balcão.  — Veio sozinha?

— Não interessa, você não tem nada mais legal para fazer?

— Até tenho, mas não esperava encontrar a minha namorada aqui.  — tentou tocar-me no rosto, mas eu desviei.

— Andrew, não estamos mais...  — a frase ficou no ar. Em um revirar de olhos, eu encontrei Shawn.

Em um cantinho do palco, encostado na parede, um copo de bebida na mão direita e... papeando com uma garota. Estavam próximos, ela jogava o cabelo loiro para o lado enquanto ele se curvava para que tivesse o pescoço enlaçado pelos braços femininos e a ouvisse falar em seu ouvido. Meus ombros se enrijeceram, a respiração cortada. Aquela seria a sua pessoa especial? Engoli em seco e busquei a nova bebida, goladas seguintes.

Foi aí, como mágica, que seu olhar deparou com o meu. O meio-sorriso se desfez e mesmo sem tocá-la, ele pareceu envergonhado. Ergui a sobrancelha, remexendo-me desconfortável e reorientei o olhar.

— ... e somos assim, Amelie, brigamos hoje, nos acertamos amanhã.  — Andrew continuava a falar.

— Já chega, eu disse que preciso de tempo. Então, por favor, não fale comigo nem me procure.

Botei-me de pé em disparada, Andrew puxou meu braço quando dei de costas. A força, ele me beijou, segurando meu rosto com ambas as mãos. Tentei empurrá-lo, mas ele era mais forte. Somente ao cravar as unhas em seu ombro, Andrew me largou.

— Fica longe de mim, miserável.

E me afastei. Greta não estava à vista e eu não a fim de procurá-la. Senti-me prensada e empurrada pelas pessoas, meus pés indo para e lá e para cá sem comando certo.

E aí, tudo parou. A música, a gente, as luzes, só havia o coração idiota acelerado e a queimação no estomago. Tinha noção do corpo prostrado atrás do meu, nem precisava espiar para ter certeza; o cheiro e a forma o denunciavam.

— Procurei você à noite inteira.  — sussurrou, os dedos se fecharam em torno da minha pele desnuda.  — É bom te ver, Amelie.

— Aposto que sim,  — ergui a cabeça para encará-lo.  — Shawn.

Mesmo de saltos, ele mantinha nossa diferença de altura. Encostada a ele, seu toque me incendiava, as mãos suavam, pernas tremiam. Dei um passo para frente, ficando de cara com ele. Tão bonito, vestido de preto e de jaqueta jeans, uma luz amarelava tilintava em seu rosto, fazendo brilhas os olhos castanhos.

— Eles são bons.  — maneei a cabeça para o palco.  — Ótimo show.

— É, são ótimos.  — massageou a nuca. Estávamos tão perto, uma mão permanecia em minha cintura, o polegar subia e descia.  — Desculpe por não ter falado com você antes, eu...

— Não se preocupe.  — interrompi-o.  — Você deve estar bem ocupado.  — questão de frisar a ultima palavra.

— Amelie, aquilo não é o que parece.  — afigurava preocupada em querer explicar.

— Tudo bem, Shawn, você não me deve satisfações.  — lentamente tirei sua mão de mim, sua feição foi indiferença.

— Achei você, docinho.  — a voz estridente emanou e a garota, dona dela, agarrou Shawn pelo braço. Ela sorriu e após me observou.  — Desculpe, estavam conversando? Amiga sua, Shawn?

— Diana essa é Amelie, Amelie, Diana.  — nos apresentou sem jeito. Incomodado, talvez?

— Como vai?  — tentei agir normalmente, só que consumia de raiva, minha nuca em chamas, o rosto idem. Olhei para a mesa de Andrew, ele ria com os supostos colegas. Senti repulsa pelo que iria fazer, mas a cólera e o álcool não me permitiam pensar direito.  — Preciso voltar para o meu namorado agora, aproveitem o espetáculo.

Era errado, porém eu queria que Mendes sentisse o que eu estava sentindo. E deu certo, ele baixou o olhar e mordeu o lábio inferior.

— Porque não ficamos todos juntos? Gostaria de conhecer os amigos de Shawn.  — Diana sugeriu, idiotamente animada.

— Sem problemas por mim.  — não mostrei abatimento.

Passei por eles, alcançando Andrew em largos passos. Ele me fitou surpreso, cessando a conversa na mesa. Eu poderia lidar com aquilo. Primeiro cumprimentou Shawn, os dois secos e grossos, depois Diana.

— Se importa de sentarmos aqui?  — curvei-me ao perguntar baixo e diretamente para Andrew.

Ele sorriu e eu soube a resposta.

 

Sentamos em um circulo, de forma que Andrew ficou a minha direita e Shawn a minha esquerda com a loira ao seu lado. A banda tocava musicas que as pessoas iam pedindo e, eu só queria adivinhar onde Greta havia se metido.

Não participei do assunto do grupo, apenas ria e assentia vez ou outra. Felizmente, Andrew não comentou nada sobre nós, então a farsa foi bem sucedida. O que verdadeiramente me atordoava era Mendes. Não suportava ele estar com aquela garota. Necessitava fazer algo, saber se estava fingindo como eu.

Dado momento, eu desencostei da cadeira e pus em prática os devaneios indecentes.

Devagar escorreguei a mão para baixo da mesa. Inicialmente para minha própria perna e depois para o meu objetivo. Deslizei do joelho até a coxa de Shawn, ele se moveu comprimindo os lábios. Ótimo. Com o pé, toquei sua panturrilha, massageando de cima para baixo. Achei que ele fosse me deter ao descer o braço, entretanto parou os dedos centímetros dentro da minha saia.

— Vou dançar um pouco.  — falei simplesmente, finalizando a brincadeira. Seu olhar foi de espanto e estranheza.

Larguei a mesa e fui para o aglomerado novamente. Uma musica, duas, quem sabe três, foram a conta para que ele viesse atrás de mim. Então comecei a andar, certeza de que Shawn me acompanhava, nem ousei olhar para trás.

Sem conhecer o local, desci por uma pequena escadaria atrás do palco. Os degraus rangeram e no ultimo a portinhola bateu. Soube que não sairia dali tão cedo. O barulho do interruptor fez acender uma modesta lâmpada fluorescente azul. Na sala havia caixas de sons empilhadas, uma mesa velha de sinuca esquecida no canto, uma outra mesa de madeira á minha esquerda.

— Cansou de todo o showzinho?  — a voz áspera e a ambiguidade me arrepiaram.

— Porque me convidou, Shawn? Para te ver se esfregar em uma garota?  — interroguei enojada.

— E você para trazer seu namoradinho de merda?  — riu nasal, se aproximando calmamente.  — Eu não tenho nada com Diana, ela é irmã do cara que está cantando, grudou em mim desde que cheguei aqui.

— Já disse que não preciso de satisfações.  — cruzeis os, agora estávamos frente a frente.  — O que pretende com isso? Quer provar alguma coisa? 

— O quê? Eu não sou assim, Amelie.  — elevou o tom.  — Não uso outra pessoa para causar ciúmes, você não faz ideia de como eu detesto vê-la com aquele desgraçado.

— Tem ciúmes de mim?  — não expectava a revelação. Sua expressão enfurecida me fez ofegar.

— Você está brincando comigo, Amelie.  — outro riso de incredulidade. Ele tão perto que eu tropecei para trás.  — Você sabe o quanto me deixa louco como eu te desejo, e tem coragem de usar isso para me atingir. Amelie, Amelie, não sou tão fraco quanto pensa.

— E eu achei que queria me ver, mas você sequer apareceu e já estava no canto com outra.

— Não tente me tornar o vilão aqui.  — esbravejou.  — Você começou esses joguinhos, quer pará-los agora?

Caralho, como ele ficava gostoso com aquela braveza toda. Pisquei, olhando para seus lábios.

— Não vou parar.  — falar e respirar era difícil.  — Sei que você também não vai.  — aparei nossa distancia, pegando suas mãos e levando-as para minha cintura.

— Porque continua com ele, Amelie? Sabe que ele não é bom para você.  — uma mão galgou para o meio do meu cabelo.  — Ou Andrew só é um peão, que você usa para me tirar do sério?

Shawn supôs olhando para cima e em seguida, debruçou o rosto para me fitar nos olhos. Não soube o que responder e nem queria que ele soubesse do meu termino com Andrew, ainda. A musica seguia alta lá em cima, meu corpo pulsava lá embaixo.

— Você é bom para mim? — ergui-me nas pontas dos pés, fingindo beijá-lo, mas recuei. Ele franziu o cenho.  — Garante que pode me dar o que o outro não me dá?  — convicção de que ele podia sim.  — Então, porque não me toca logo? Porque se segura tanto?

— Ainda tenho minha honra, Amelie. Não quero que faça algo para se arrepender depois, eu não me perdoaria por magoá-la.  — ele achava mesmo que eu poderia me compungir se fizéssemos sexo? Céus, longe disso!

— Shawn...  — comecei, envergonhada pela confissão. O rosto ardendo antes mesmo de prosseguir. Agarrei a gola de sua jaqueta, ele juntou nossas testas, balançando nossas anatomias no ritmo da canção sensual que a banda agora entoava.  — Penso em você desde a primeira vez que te vi, imagino você de todas as formas possíveis. Isso me enlouquece. Você me enlouquece.

Os dedos pressionaram os meus fios com mais exatidão, meus olhos fechados aproveitando a sensação quente que era tê-lo por perto. O repuxão no ventre deixou-me fraca.

— E o que mais você quer que eu faça, Amelie? Sabendo que estou perdido por você, quer que arranque meu coração e jogue-o em seus pés? O que precisa para entender que eu também a quero possível e impossivelmente?  — ele apertou minha cintura, mantendo-me prensada em seu peito, quase erguendo-me do chão.

Traguei o ar morosamente, meu coração batendo tão rápido que meu peito doía e minhas vértebras pareciam dormentes. Eu não podia mais esperar, era angustiante tê-lo por perto e tão longe ao mesmo tempo, não aguentava o fardo de desejá-lo e não possuí-lo. Queria ser dele, ser tocada, saber realmente o que é prazer. Pois ninguém causava em mim o que Shawn Mendes causava. Ninguém me queimava ou envenenava minhas células de cobiça, nunca quis alguém como eu ansiava aquele homem.

Por isso, eu fui sincera ao abrir os olhos e sussurrar contra seus lábios:

— Eu quero você, Shawn. Aqui e agora. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, em breve estarei atualizando. Se quiserem, falem comigo pelo twitter: http://twitter.com/tokyoghouxl Um beijo e um abraço e até o próximo ♥


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